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Mastozoología neotropical

versión impresa ISSN 0327-9383versión On-line ISSN 1666-0536

Mastozool. neotrop. v.14 n.2 Mendoza jul./dic. 2007

 

Estrutura de comunidades de pequenos mamíferos e densidade de Necromys lasiurus (Rodentia, Sigmodontinae) em áreas abertas de cerrado no Brasil Central

Rafael G. Becker1, Gabriela Paise1, 2, Leandro C. Baumgarten3 e Emerson M. Vieira1, 4

1 Laboratório de Ecologia de Mamíferos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo - RS, Brasil. 2 PPG Biologia - Diversidade e Manejo da Vida Silvestre, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo - RS, Brasil. 3 PG em Ecologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas - SP, Brasil. 4 Laboratório de Ecologia de Mamíferos, Zoologia, CP 275, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo, RS, 93022-000, Brasil <emersonmv@unisinos.br>.

RESUMO: Investigamos comunidades de pequenos mamíferos de Cerrado em formações vegetais abertas do Parque Nacional de Emas (PNE), no Brasil Central. Amostramos 10 áreas que representavam as principais variações fisionômicas das áreas abertas do PNE. Avaliamos variações entre áreas na abundância, riqueza de espécies e densidade da espécie de pequeno mamífero mais comum na região (Necromys lasiurus). Amostramos no total 10 áreas usando armadilhas dispostas em linhas de captura. Em uma das áreas utilizamos o método de Linhas de Verificação para estimar a densidade de N. lasiurus. Com um esforço de 1440 armadilhas-noite, capturamos 180 indivíduos, cinco roedores e dois marsupiais. Necromys lasiurus representou 86.7 % do total de indivíduos e foi a única espécie presente em oito das dez áreas amostradas, estando ausente apenas nas áreas úmidas. Clyomys laticeps foi a segunda espécie mais freqüente, ocorrendo em quatro áreas e representando 3.9% do total de indivíduos capturados. Uma Análise de Correspondência não indicou uma separação clara entre as áreas amostradas nas duas épocas e agrupou os campos úmidos, influenciados pela captura do roedor Oxymycterus delator e do marsupial Lutreolina crassicaudata. Não houve diferença significativa entre os sucessos de captura das duas épocas. No entanto, capturamos significativamente mais jovens de N. lasiurus no auge da estação chuvosa do que na época de transição. A densidade estimada dessa espécie no período de transição entre estações, de 19.02 ind/ha, foi alta em comparação com outras áreas de Cerrado. O presente estudo indicou que as áreas abertas do PNE possuem comunidades de pequenos mamíferos semelhantes a formações similares em outras regiões de Cerrado.

ABSTRACT: Small mammals' community structure and density of Necromys lasiurus (Rodentia, Sigmodontinae) in open areas of the Cerrado in central Brazil. We investigated small-mammal communities of open Cerrado areas at the National Park of Emas (NPE), Central Brazil. Ten areas were sampled representing the full range of physiognomic forms of open areas at the NPE. Variation among areas in abundance, species richness, and also density of the most common small-mammal species in the region, were evaluated. The sampled areas were 4 in the dry-wet season and 6 in the rainy season, using traps forming lines. In one area we used the method of Assessment Lines to estimate N. lasiurus density. With an effort of 1440 trapping-nights we captured 180 individuals, five rodents and two marsupials. Necromys lasiurus represented 86.7% of total of captured individuals and was the only species captured in eight of 10 areas. Clyomys laticeps was the second most frequent species, occurring in four areas. A Correspondence Analysis did not show clear differences among areas but grouped the wet-grassland areas, which were dominated by the rodent Oxymycterus delator and the marsupial Lutreolina crassicaudata. We also did not detect significance difference in capture rates between seasons. However, we captured young N. lasiurus individuals significantly more in the rainy season than in the dry-wet season. The estimated density of this species by the beginning of wet season was 19.02 ind/ha, which was high in comparison with other Cerrado areas. The present study indicated that open areas of the NPE harbor small-mammal communities similar to open areas of other Cerrado regions.

Palavras chaves. Cerrado. Ecologia de comunidades. Necromys lasiurus. Roedores.

Key words. Cerrado. Community ecology. Necromys lasiurus. Rodents.

INTRODUÇÃO

   O Cerrado constitui o segundo maior bioma morfoclimático da América do Sul, ocupando cerca de dois milhões de Km², representando cerca de 22% da superfície do Brasil, somado a pequenas áreas do leste da Bolívia e noroeste do Paraguai (Eiten, 1972; Oliveira-Filho e Ratter, 2002). As formas fito-fisionômicas do Cerrado variam de campos abertos até florestas densas sendo que as formações não-florestais correspondem a 80% do total (Eiten, 1977). Dentre as fito-fisionomias do Cerrado, as áreas abertas são compostas por três tipos principais de vegetação: campo limpo - constituído por gramíneas e graminóides; campo sujo - formas savânicas mais ralas com arbustos, pequenas palmeiras e arvoretas bastante espaçadas entre si; e campo úmido - constituído por uma vegetação mais rala de gramíneas ou gramino-ervosos, associadas a cursos d´água (Goodland, 1971; Eiten, 1990). Essas três formações vegetais cobrem cerca de 17% da área do cerrado (Dias, 1996).
   Associada às diversas formas fisionômicas do Cerrado há uma alta riqueza de espécies vegetais. Devido a essa riqueza e também à alta taxa de endemismo de plantas, o Cerrado consta na lista dos biomas do mundo que merecem especial atenção sob uma ótica conservacionista - os chamados "hotspots" mundiais (Myers et al., 2000). Aliada a essa riqueza florística existe também um alto número de espécies de mamíferos, com pelo menos 194 espécies desse grupo (Marinho-Filho et al., 2002). Desses, cerca de 60 espécies pertencem à ordem dos roedores ou dos marsupiais. As espécies desse grupo são abundantes em todas as fito-fisionomias do Cerrado (Redford e Fonseca, 1986; Marinho-Filho e Reis, 1989). Em áreas abertas, especificamente, ocorrem cerca de 40 espécies, sendo que 16.5% são exclusivas desses ambientes (Marinho-Filho et al., 2002).
   Para uma conservação adequada da biodiversidade do Cerrado, e em especial dos pequenos mamíferos, é necessária a obtenção de informações básicas sobre composição das comunidades, densidade das espécies, e variação desses parâmetros associadas às diferentes formações de Cerrado e também a diferentes regiões deste extenso bioma. Até hoje, a maioria dos estudos publicados, enfocando especificamente pequenos mamíferos de áreas abertas de Cerrado, foram realizados na região do Distrito Federal (e.g. Alho, 1981; Borchert e Hansen, 1983; Lacher e Alho, 1989; Gettinger e Ernest, 1995; Vieira e Marinho-Filho, 1998). Essa limitação geográfica pode prejudicar generalizações sobre padrões de composição das comunidades e parâmetros ecológicos básicos das espécies, tais como uso de hábitat e densidades populacionais.
   Uma das espécies de pequenos mamíferos amplamente distribuída no Cerrado é Necromys lasiurus (anteriormente Bolomys lasiurus; ver Massoia e Pardiñas, 1993; Musser e Carleton, 2005). Esse roedor geralmente é o pequeno mamífero dominante nas áreas onde ocorre, apresentando altas densidades durante todo o ano (Alho e Pereira, 1985). Estudos realizados em áreas abertas do Cerrado do Distrito Federal, no Brasil central, apontam densidade máxima de 14.3 a 27.0 indivíduos/ha para essa espécie (Alho, 1981; Henriques et al., 1997). Marinho-Filho et al. (1994) salientam que N. lasiurus representa mais de 30% dos indivíduos capturados na maioria das áreas amostradas no bioma.
   No presente estudo, investigamos comunidades de pequenos mamíferos de Cerrado no Parque Nacional de Emas (PNE), localizado ao sul da distribuição de Cerrado, a mais de 500 km de distância do Distrito Federal. Nosso objetivo foi inventariar as formações vegetais abertas existentes no parque visando obter informações para comparação com outras áreas, propiciando generalizações mais robustas sobre composição das comunidades e abundância de espécies de pequenos mamíferos em formações abertas do Cerrado de maneira geral. Especificamente, nos propusemos a responder as seguintes questões.
   1. Quais os padrões de abundância, riqueza de espécies e similaridade entre comunidades de pequenos mamíferos em dez diferentes áreas de vegetação aberta de Cerrado?
   2. Existem diferenças entre estações (transição entre época seca e época chuvosa x auge da época chuvosa) quanto à abundância total e riqueza de espécies nessas áreas?
   3. Qual a densidade de N. lasiurus, a espécie dominante geralmente associada a áreas abertas (Marinho-Filho et al., 1994), em uma área de campo no PNE?
   4. Existe sazonalidade nos padrões reprodutivos e estrutura etária dessa espécie no PNE?

MÉTODOS

Área de estudo

   Realizamos o estudo no Parque Nacional das Emas, em Goiás (18º15'50"S; 52º53'33"W) (Fig. 1). Esse Parque possui uma área de 131 832 ha, dos quais mais de 70% são compostos por formações abertas (Rodrigues et al., 2002). A temperatura anual média é de 20,9ºC e a precipitação de 1629 mm, com duas estações bem definidas, uma seca e mais fria, entre maio e setembro, e outra chuvosa e mais quente, entre outubro e abril.


Fig. 1. Localização do Parque Nacional das Emas-GO com a indicação das dez áreas estudadas. Código das áreas: campo úmido 1 (CUM1), campo úmido 2 (CUM2), campo limpo 1 (CAL1), campo sujo queimado 1 (CSQ1), campo sujo queimado 2 (CSQ2), campo sujo 1 (CAS1), campo sujo 2 (CAS2), campo sujo 3 (CAS3), campo sujo 4 (CAS4) e campo cerrado (CACE).

Métodos de campo

   Para captura dos animais usamos o método de linhas de captura. Em cada área amostrada montamos uma linha de 24 estações de captura com 20 de distância entre elas, resultando em uma transecção de 460 m de extensão total por área. As armadilhas usadas (uma armadilha por estação) foram da marca "Sherman", de dois tamanhos: grande (11 x 12.5 x 37 cm) e pequeno (9 x 9.5 x 23 cm). No total, cada transecção era composta de 16 armadilhas pequenas e oito armadilhas grandes, essas últimas colocadas a cada três estações de captura. Utilizamos como isca uma mistura de creme de amendoim, banana, farinha de milho, óleo de fígado de bacalhau e baunilha. As armadilhas eram revisadas todas as manhãs e no final da tarde. Os animais capturados eram marcados (quando da primeira captura), pesados, sexados e soltos no local de captura. Para a marcação colocamos anilhas nas orelhas ("monel" nº5, National Band and Tag Co.). Classificamos os indivíduos, quanto à idade, pela relação com o peso máximo obtido para a espécie (adultos - 2/3 ou mais do peso máximo, sub-adultos - entre 1/3 e 2/3 desse valor e jovens - até 1/3 desse valor). As fêmeas eram avaliadas quanto à condição reprodutiva (grávidas ou lactantes). Espécimes testemunhos de todas as espécies foram coletados e depositados no museu da Universidade de Campinas em São Paulo.
   Amostramos os pequenos mamíferos em duas séries de campo distintas. Uma em outubro/2001 (fase 1 - transição entre épocas seca e chuvosa) e outra entre janeiro e fevereiro/2002 (fase 2 - meados da estação chuvosa). Houve 30 dias de amostragem em cada fase, totalizando 60 dias. Durante todo o estudo amostramos dez áreas de campo, quatro na primeira fase e seis na segunda. Na primeira fase escolhemos quatro áreas denominadas conforme suas características fisionômicas: CACE (Campo cerrado), CAL1 (Campo limpo 1), CSQ1 (Campo sujo queimado 5) e CSQ2 (Campo sujo queimado 2). As áreas CSQ1 e CSQ2 haviam sido queimadas no ano anterior, entre 6 e 7 meses antes do início do estudo. Já na segunda fase escolhemos seis áreas denominadas: CUM1 (Campo úmido 1), CUM2 (Campo úmido 2), CAS1 (Campo sujo 1), CAS2 (Campo sujo 2), CAS3 (Campo sujo 3) e CAS4 (Campo sujo 4). A distância média entre as áreas amostradas era de 14.2 km (amplitude de 1.5 km a 30.8 km; Fig. 1). Em cada área, as séries de captura duravam seis noites, resultando em um esforço amostral de 144 armadilhas-noite por área. Houve, portanto, considerando as duas fases, um esforço total de 1440 armadilhas-noite.
   Uma das áreas amostradas na primeira fase (CACE) teve uma configuração de armadilhas diferenciada para que pudéssemos estimar a densidade de N. lasiurus por meio do método de Linhas de verificação ("assessment lines"), descrito por O'Farrell et al. (1977). Esse método consiste no estabelecimento de duas transecções paralelas ("census line") interceptadas por seis linhas de verificação. Embora esse método permita a estimativa direta de densidade de pequenos mamíferos, ele tem sido pouco utilizado em estudos ecológicos em regiões neotropicais (e.g. Lacher et al., 1989).
   Para utilização desse método de Linhas de verificação estabelecemos duas transecções paralelas, cada uma com 36 estações de captura espaçadas em 10 m, resultando em uma extensão total de 350 m. A distância entre as transecções foi de 35.4 m. As linhas de verificação, dispostas em um ângulo de 45° em relação às transecções paralelas, continham 16 estações de capturas também distantes 10 m um das outras, totalizando 150 m de extensão total (Fig. 2). O sistema de amostragem usado foi similar ao sugerido por O'Farrell et al. (1977). Durante seis dias armamos somente as armadilhas das transecções paralelas. Após esse período esperamos dois dias e a seguir armamos somente as armadilhas das linhas de verificação. Mantivemos essas armadilhas operando até que o número de animais novos capturados fosse menor do que 10% do total capturado. Para comparação dos parâmetros de abundância e riqueza dessa área com os valores das outras áreas, usamos somente os dados dos animais capturados nas 24 primeiras estações de uma das transecções paralelas, escolhida aleatoriamente. Com isso, os dados para essa área (CACE), que foram comparados com as outras, foram resultado de uma configuração similar e esforço amostral idêntico àqueles realizados nessas outras áreas.


Fig. 2. Representação gráfica da disposição das armadilhas utilizada para obtenção de estimativas de densidade de N. lasiurus, de acordo com o método modificado de O´Farrel (1977). As distâncias entre as transecções de armadilhas (em metros) também estão indicadas.

Análise dos dados

   Para uma análise exploratória da relação entre as áreas quanto à composição das comunidades, espécies dominantes e possíveis variações entre épocas do ano, utilizamos uma Análise de Correspondência ("Correspondence Analysis" - CA) (Ter Braak, 1995) usando o programa PC-ORD 4.20 (McCune e Mefford, 1999). Para testar a hipótese de que haveria diferenças, quanto a taxas de captura ou riqueza de pequenos mamíferos, entre as duas épocas do ano (transição seca e chuvosa x chuvosa), comparamos os valores obtidos em cada área em cada época, para cada um desses parâmetros, usando o teste não-paramétrico de Mann-Whitney (Zar, 1996).
   Comparações de abundância também foram feitas considerando somente a espécie dominante, N. lasiurus. Além disso, como taxas diferenciais de capturas poderiam estar associadas a uma maior capturabilidade dos indivíduos em determinada estação, para essa espécie comparamos também o número médio de capturas por indivíduo. Para todas as comparações, entre estações, não utilizamos os dados obtidos nas áreas de campo úmido. Isso porque se tratavam de ambientes claramente diferentes dos demais e com uma comunidade de pequenos mamíferos distinta (Vieira e Palma, 2005), além de terem sido amostradas somente na estação chuvosa.
   Investigamos também o investimento reprodutivo e estrutura populacional de N. lasiurus analisando a razão sexual, a proporção de fêmeas reprodutivas (grávidas ou lactantes) em relação número de fêmeas não-reprodutivas e também a proporção de jovens em relação aos adultos. Esses valores foram comparados entre estações por meio do teste do qui-quadrado (Zar, 1996). Para essas comparações utilizamos também os animais capturados nas armadilhas adicionais colocadas na área CACE para estimativas de densidade.

RESULTADOS

   Houve um total de 321 capturas de 180 indivíduos, resultando em um sucesso geral de captura de 22.30%. Capturamos cinco espécies de roedores e duas espécies de marsupiais nas dez áreas de amostragem. Dentre essas, N. lasiurus foi a espécie mais abundante, com 86.7% do total de capturas e a única presente em oito das dez áreas amostradas, estando ausente apenas nas áreas úmidas (Tabela 1). A Análise de Correspondência não indicou uma separação clara entre as áreas amostradas nas duas estações e agrupou os campos úmidos (CUM1 e CUM2), influenciados pela captura de Oxymycterus delator e Lutreolina crassicaudata (Fig. 3).


Fig. 3. Representação gráfica dos resultados da Análise de Correspondência para as diferentes áreas amostradas nas duas estações do ano, transição seca-chuvosa (quadrados) e chuvosa (círculos) no Parque Nacional de Emas, GO, no Brasil central. Autovalor do 1º eixo = 0.99; autovalor do 2º eixo = 0.16. Códigos das espécies (em letras maiúsculas): MODO (Monodelphis domestica), LUCR (Lutreolina crassicaudata), CERR (Cerradomys sp), NELA (Necromys lasiurus), CATE (Calomys tener), OXDE (Oxymycterus delator) e CLLA (Clyomys laticeps). Códigos das áreas (em negrito e letras minúsculas) como na Tabela 1.

   Considerando todas as áreas, obtivemos um sucesso médio de captura de 29.7% na transição entre estações e de 17.4% no auge da estação chuvosa. Porém, não houve diferença significativa entre as áreas de campo seco nessas duas estações. Da mesma forma, não encontramos diferença significativa entre as estações quanto ao número de espécies capturadas por área (Tabela 2). Considerando somente a espécie dominante, N. lasiurus, nas duas estações, esse padrão se manteve tanto para o número total de capturas quanto número de indivíduos. Não detectamos também diferenças significativas entre o número médio de capturas por indivíduo de N. lasiurus (Tabela 2), indicando que os animais não estavam mais propensos a serem capturados em qualquer uma das estações.

   Em relação à atividade reprodutiva de N. lasiurus, capturamos uma maior proporção de fêmeas em condição reprodutiva no período de seca (25.70% das fêmeas em atividade reprodutiva, N =101) do que no período chuvoso (10.71%). No entanto, essa diferença não foi significativa (c ² = 2.04, P = 0.15). O número de machos capturados na estação seca (47.4%, N = 192) também não foi significativamente diferente do número capturado na estação chuvosa (60%, N = 70; c ² = 2.79, P = 0.10). No entanto, capturamos significativamente mais jovens na época chuvosa (20% da população total) do que na época seca (9.4%; c ² = 5.32, P < 0.04).
   A densidade estimada de N. lasiurus, no período de final da seca, foi de 19,02 ind/ha, relativamente alta em comparação com outros estudos (Tabela 3). Nessa época do ano, inclusive, a densidade de N. lasiurus no PNE deve atingir valores ainda maiores, provavelmente acima de 25 ind/ha. Isso porque, em uma das áreas amostradas, o número de indivíduos capturados foi mais de 40% maior do que na área onde estimamos a densidade da espécie (Tabela 1).

Tabela 3.
Densidade (ind/ha) estimada para Necromys lasiurus em diversos locais no Brasil. Os valores apresentados são os valores máximos obtidos, a não ser quando indicado. Também está indicado o método utilizado em cada estudo; IC = indivíduos capturados, NM = número mínimo de animais ocorrendo na grade ("Minimum Number Known Alive"), GR = grade de captura (valores entre parênteses indicam a área coberta pela grade, em hectares), SF = sem uso de faixa adicional, em estudos envolvendo grades de captura, CF = com uso de faixa adicional, em estudos envolvendo grades de captura, LV = Linhas de verificação.

DISCUSSÃO

   O Cerrado possui, associadas às áreas não florestadas, em torno de 32 espécies de pequenos mamíferos não-voadores (Marinho-Filho et al., 2002). Apesar disso, as formações mais abertas de Cerrado são, geralmente, compostas localmente por poucas espécies (Vieira e Palma, 2005). Os nossos resultados estiveram de acordo com esse padrão geral, pois obtivemos uma baixa riqueza por sítio amostrado (média de duas com amplitude de variação de uma a quatro espécies).
   Segundo levantamento de Rodrigues et al. (2002), feito tanto na estação seca quanto na chuvosa, e com o uso conjugado de armadilhas convencionais (10 664 armadilhas-noite) e armadilhas de interceptação e queda (2898 armadilhas-dia), o Parque Nacional das Emas possui 28 espécies de pequenos mamíferos não-voadores e, destas, 21 ocupam áreas não florestais. Em nosso estudo capturamos sete espécies ou 33% desse total. Essa diferença deveu-se, provavelmente, ao fato de não termos amostrado áreas de Cerrado sensu stricto, onde há uma maior riqueza de espécies do que nas áreas de campo (Vieira e Palma, 2005). Além disso, houve provavelmente a influência da diferença nos esforços de captura e do fato de termos utilizado um único método de captura (armadilhas convencionais).
   Tomblin e Adler (1998) afirmam que espécies mais versáteis (mais generalistas) em termos de uso de hábitat apresentam densidades relativamente mais altas do que espécies mais especialistas. Isso parece ser o caso de N. lasiurus no PNE, que além de ser a espécie mais freqüente, foi também a mais abundante na maioria desses hábitats. Essa espécie de roedor é amplamente distribuída nas diferentes fisionomias do Cerrado, exceto em florestas de galeria (Mares et al., 1996), sendo considerado generalista quanto à utilização de hábitat (Alho, 1982). No entanto, N. lasiurus parece preferir áreas abertas menos densas e pode ocorrer também em áreas bastante alteradas (Reis e Marinho-Filho, 1998; Vieira et al., 2005). No presente estudo, esse roedor dominou também áreas que haviam pegado fogo entre 6 meses e um ano antes, o que está de acordo com estudos que abordam efeitos de queimadas em pequenos mamíferos de Cerrado (Vieira, 1999; Briani et al., 2004).
   Gettinger e Ernest (1995) e Vieira e Marinho-Filho (1998) demonstraram que N. lasiurus é ausente ou pelo menos pouco freqüente em áreas de campos úmidos. De fato, no presente estudo, áreas de campo úmido foram as únicas onde não capturamos indivíduos dessa espécie. Aparentemente, a ausência desse roedor generalista em áreas abertas mais úmidas parece ser um padrão geral para esta espécie em comunidades de Cerrado (Vieira e Palma, 2005). Em contrapartida, áreas úmidas são ocupadas por roedores mais especialistas nesse tipo de hábitat, como Oxymycterus spp. (Eisenberg e Redford, 1999). Sendo assim, a ocorrência de capturas de O. delator exclusivamente em campo úmido, que observamos, já era esperada.
   Alho e Pereira (1985) e Alho et al. (1986) investigaram a variação sazonal na abundância de pequenos mamíferos de Cerrado e detectaram diferenças significativas entre a estação seca e chuvosa, com um maior número de capturas na estação seca. No presente estudo, apesar de termos obtido taxas de captura mais altas na estação seca, não encontramos diferenças estatísticas entre as duas estações. Esse padrão se manteve quando consideramos somente as capturas da espécie dominante (N. lasiurus). Essa não-sazonalidade da espécie não corrobora os estudos citados anteriormente, porém também foi observada por Alho e Souza (1982) no Distrito Federal, onde as densidades permaneceram constantes durante o período de nove meses.
   A existência de pouca variação sazonal nas densidades da espécie no PNE foi reforçada pelos dados obtidos sobre condição reprodutiva. Esses dados sugerem que N. lasiurus se reproduz tanto na época de seca quanto na chuvosa, o que corrobora os dados de Vieira (1997). No entanto, detectamos diferença significativa, entre estações, em relação à estrutura etária da população, com uma maior proporção de jovens na época chuvosa. Essa maior proporção de jovens deve estar relacionada à maior quantidade de invertebrados disponível, em áreas de Cerrado, a partir do início da época chuvosa, em outubro (Pinheiro et al., 2002). Com isso, haveria um aumento potencial na população adulta já no final da época de chuva, a partir de fevereiro. Uma maior taxa de mortalidade, aliada a um menor sucesso reprodutivo, a partir do início da estação seca, poderia fazer com que os tamanhos populacionais voltassem a cair. Com isso, para a confirmação de possíveis variações sazonais na área estudada, devem ser realizados estudos com amostragens mais freqüentes ao longo do ano, e não apenas em duas épocas, como realizamos no presente estudo.
   Alguns estudos indicam que as populações de N. lasiurus podem variar marcadamente, podendo mesmo desaparecer localmente em certas áreas (Mello, 1980; Magnusson et al., 1995). Essa espécie pode também atingir altas densidades, como registrado por Alho (1981) em Cerradão (> 40 ind/ha, Tabela 3). No entanto, dados de densidade podem ser bastante tendenciosos, caso não haja correção para uma área efetiva de amostragem (Fernandez, 1995). Esse efeito é ainda maior quando a área total da grade de capturas é pequena, como no caso do estudo de Alho (1981) - 1 ha, e provavelmente reduzido quando se usa gradeados grandes, como Alho e Pereira (1985) - 16 ha (White et al., 1982). Os nossos dados sugerem que N. lasiurus atinge densidades muito altas no PNE em comparação com outras regiões. Isso porque o valor que encontramos é mais de quatro vezes maior do que em qualquer outro estudo em que houve correção pela área efetiva de amostragem ou o uso de gradeados abrangendo uma área relativamente grande (> 10 ha). Isso sugere que o ambiente dominante das áreas abertas do PNAS, caracterizado por solo seco, predominância de gramíneas e um componente arbóreo-arbustivo escasso, é ideal para a espécie.
   Outra espécie que foi relativamente abundante nas áreas abertas do PNAS foi o roedor Clyomys laticeps (Echimyidae). Essa é uma espécie relativamente incomum no Cerrado do Brasil central, sendo rara ou ausente na maioria dos estudos conduzidos nessa região (e.g. Fonseca e Redford, 1984; Alho et al., 1986; Lacher et al., 1989; Henriques e Alho, 1991; Mares et.al., 1996). Reis e Marinho-filho (1998) sugerem que essa espécie não seja capturada freqüentemente devido a seus hábitos escavadores. No entanto, estudos conduzidos no pantanal com armadilhas convencionais na superfície do solo indicaram que essa espécie pode ser localmente abundante e capturada com relativa facilidade na transição entre campo e mata (Lacher et al., 1986). Em área de Cerrado em São Paulo, no sudeste do Brasil, Vieira (1997) capturou com freqüência Clyomys bishopi em campo cerrado. No presente estudo, C. laticeps foi a segunda espécie em abundância relativa nas áreas de campos secos. Isso sugere que o PNE possui densidades mais altas dessa espécie em relação a outras áreas de Cerrado da região do Brasil central. Aparentemente, o gênero Clyomys ocorre em distribuição mais restrita no Cerrado, com abundâncias maiores na porção oeste e meridional desse bioma.

LITERATURA CITADA

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Recibido 21 marzo 2006.
Aceptación final 2 mayo 2007.

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