SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.7 issue14Arrendamientos rurales en la provincia de Buenos Aires, entre la ley y la práctica, 1940-1960Acción colectiva y corporaciones agrarias en la Argentina: transformaciones institucionales a fines del siglo XX author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

  • Have no cited articlesCited by SciELO

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Mundo agrario

On-line version ISSN 1515-5994

Mundo agr. vol.7 no.14 La Plata Jan./June 2007

 

No menor frasco, o melhor perfume: Norma Giarracca y Jorge Montenegro (comps.) 2007. Cuando el territorio es la vida: la experiencia de los Sin Tierra en Brasil. Buenos Aires: Antropofagia y GEMSAL

Menendes Motta, Márcia Maria1

1Departamento de História
Universidade Federal Fluminense
menendesmotta@ig.com.br ou marciam@vm.uff.br

   O pequeno livro " Cuando el território es la vida: la experiência de los Sin tierrra em Brasil" é um convite para os estrangeiros, interessados em conhecer um pouco mais de perto a dinâmica e estratégias do principal movimento social do mundo contemporâneo: o movimento dos trabalhadores rurais sem terra no Brasil, o M.S.T. Ao analisar - a partir de trabalhos de campo - os assentamentos e a construção territorial do movimento, o livro nos oferece a oportunidade de compreender a complexidade do M.S.T e suas implicações, para o Brasil e para os países latino-americanos.
   A apresentação redigida por Bernardo Mançano Fernandes já ilumina alguns aspectos presentes na obra, cujas marcas são oriundas das pesquisas produzidas pelo geógrafo, em particular as questões que envolvem a territorialização do movimento.
   O primeiro capitulo: "Apuntes de um trabajo de campo: el MST, São Paulo" registra os trabalhos de campo realizados por Norma Giarraca e Jorge Montenegro, em setembro de 2005. Ao procurar conhecer a origem da grilagem na região, os autores apresentam alguns apontamentos sobre o tema, permitindo que os leitores compreendam a historicidade do fenômeno no Brasil. Além disso, os autores visitaram a Fazenda Santa Rita e o Acampamento de Patativa do Assaré. Neste último lugar, procuraram extrair algumas "impressões de viagens" das mulheres ali acampadas. O mesmo foi feito em outros acampamentos. Para tanto, construíram um norte para suas indagações, a partir da pergunta: O que vocês esperam, qual é o sonho de vocês?
   O segundo capítulo: " Un recorrido por el asentamiento. Charqueadas del MST", de autoria de Maria Cornelli, Luciana Guerreiro, Inês Petz e Juan Waheren esquadrinha a dinâmica da ocupação de um assentamento, em particular o de Charqueadas, um dos primeiros formados pelo MST. Instalado no município do mesmo nome, o assentados experimentaram um lento processo de reconhecimento social pela comunidade envolvente. Os desafios tiveram direcionados para destruir os estereótipos normalmente acionados em relação a assentamentos do MST, com também somaram esforços para a construção de casas, cooperativa e setores correlatos. Para tanto, foram necessárias várias fontes de financiamento para a compra de equipamentos, consolidando não somente a produção, mas também a comercialização dos produtos orgânicos produzidos no assentamento.
   O terceiro capitulo "Movimiento Sin Tierra: antecedentes y construcción territorial", dos mesmos autores acima mencionados, investiga o processo histórico que deu origem ao MST, a partir da perspectiva inaugurada por Bernardo Mançano. Os autores percorrem as experiências pretéritas dos predecessores do MST para construir uma linha histórica do passado da luta pela terra no Brasil. Em seguida, reconstroem o surgimento do MST e os princípios organizativos que formataram o movimento. Neste sentido, alinhavam os principais fatores que teriam contribuído para a gestação do movimento. Em primeiro lugar, as transformações da economia brasileira a partir da década de setenta, o que implicou a mecanização da agricultura e a adoção de novos produtos para a exportação. Em segundo, o emblemático e ainda pouco estudado papel da Igreja, em particular a Comissão Pastoral da Terra. Em terceiro, o processo de deslegitimação da ditadura em sua relação com o avanço dos movimentos sociais. Por último, a chamada crise das formas tradicionais de representação do mundo do trabalho. É digno de nota também a tentativa de alinhavar os princípios organizativos e políticos do MST, pouco conhecido pelos leitores estrangeiros. Além disso, Comelli e colegas explicam como o processo de territorialização forjou a necessidade de se construir uma educação escolar e infra-estrutura básica capaz de atender às demandas dos assentados. A luta e organização do movimento constituíram assim um processo marcadamente original, onde a questão do território é um alicerce fundamental para a compreensão de uma nova maneira de produzir a política.
   O ultimo artigo do livro, "Notas sobre el trabalho de campo", de Norma Giarracca desnuda a metodologia empregada por toda a obra. Ao explicitá-la, Giarracca assume, sem reservas, que a fusão entre teoria e "experiências" é decisiva para a constituição de um conhecimento cientifico. Por conseguinte, na contracorrente dos que advogam a neutralidade da ciência, a autora revela-nos como é possível aliar teoria e prática política, um amálgama para o conhecimento sobre o homem, sobre as suas formas organizativas e - para não esquecer - sua capacidade única de resistir.
   Em suma, o livro " Cuando el territorio es la vida " é uma carta-convite para a compreensão do movimento dos trabalhadores rurais sem terra e é também um testemunho escrito do engajamento dos pesquisadores.

Fecha de recibido: 22 de mayo de 2007.
Fecha de publicado: 4 de julio de 2007.

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License