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La trama de la comunicación

versão impressa ISSN 1668-5628

Trama comun. vol.26 no.1 Rosario jun. 2022

 

ARTÍCULOS

Cotidianidade na pauta jornalística: articulações possíveis na narrativa de BruRovira

Daily life in the journalistic agenda: articulations in BruRovira’s narrative

 

Por Tayane Aidar Abib y Mauro de Souza Ventura

tayaneaabib@gmail.com

ms.ventura@unesp.br

Tayane Aidar Abib.
Brasileña.
Doctora en Comunicación Mediática por la Universidad Estadual Paulista (Unesp). Bacharel en Periodismo por la Universidad Estadual Paulista.
Área de especialidad: Procesos Mediáticos y Prácticas Socioculturales.
e-mail: tayaneaabib@gmail.com
ORCID: 0000-0003-2110-6640

Mauro de Souza Ventura.
Brasileño.
Doctor en Teoría Literaria y Literatura Comparada por la Universidad de São Paulo (USP). Bacharel en Periodismo por la Pontificia Universidad Católica (PUC). Docente en el departamento de Comunicación Social de la Universidad Estadual Paulista (Unesp).
Afiliación Institucional: Facultad de Arquitectura, Artes, Comunicación y Design de la Universidad Estadual Paulista.
Área de especialidad: Procesos Mediáticos y Prácticas Socioculturales.
e-mail: ms.ventura@unesp.br
ORCID: 0000-0002-5557-228X


Resumo:

No âmbito das teorias do jornalismo, investiga-se a predileção noticiosa da mídia hegemônica por fatos marcados pelas categorias de desvio e proeminência social para, em ordem de contraponto, situar a pauta informativa no território da cotidianidade. Desde entrecruzamentos teóricos realizados com a sociologia, a filosofia e a história, reflete-se sobre o ritmo dos dias como constructo de sentidos e resistência, íntima e social, dos sujeitos ordinários. A partir de uma análise interpretativa de reportagens do catalão BruRovira, sobre senhoras do bairro Gótico, de Barcelona, publicadas no periódico La Vanguardia, evidencia-se a articulação de dinâmicas narrativas atravessadas pelo protagonismo de personagens anônimos. Como resultado do estudo, propõe-se a matriz do desacontecimento enquanto estratégia de narração orientada à cotidianidade de homens e mulheres ordinários, de modo a inscrever uma processualidade jornalística outra, em termos de critérios e técnicas narrativas, uma vez que um tal escopo só se viabiliza pela articulação de um ethosdestoante à cultura profissional.

Palavras-chave: Jornalismo; Desacontecimento; Cotidiano; Personagens anônimos; BruRovira.

Summary:

Within the scope of journalism theories, this article investigates the hegemonic media news predilection for facts marked by the categories of deviation and social prominence, in order to place the information agenda in the territory of everyday life. Since theoretical intersections carried out with sociology, philosophy and history, it reflects on the rhythm of days as a construct of meanings and resistance, intimate and social, of ordinary people. From an interpretive analysis of reports by the catalan BruRovira, about elders in the Gothic quarter of Barcelona, published in the journal La Vanguardia, this study shows the articulation of narrative crossed by the protagonism of anonymous characters. As a result of the study, we propose the matrix of unhappenings as news as a narrative strategy oriented to the daily lives of ordinary men and women, in order to inscribe a different journalistic process, in terms of criteria and narrative techniques, since such a scope can only be made possible by the articulation of an ethos that is different from the professional culture.

Describers: Journalism; Unhappenings as news; Daily life; Anonymous characters; Bru Rovira.


Introdução

“Os jornalistas não gostam de que se fale da máquina midiática. De todo modo, se considerarmos o fenômeno da informação [...] é realmente disso que se trata”, escreve o autor francês Patrick Charaudeau (2009, p.241), assinalando a acepção central que fundamentará nossas incursões neste artigo. Se a legitimidade da profissão por muito se assentou na crença social de que o conteúdo midiático é reflexo do que se passa no espaço público, importa-nos neste estudo sublinhar que o universo da informação é, de fato, resultado de uma construção. A visão de mundo que nos é apresentada diariamente pela instância midiática, antes de um dado natural, é um produto acabado, configurado de acordo com dinâmicas e atores que, cada qual em seu setor, e implicado por seus constrangimentos e convenções, fazem as engrenagens funcionarem.
Mais vale pensar, por isso, na realidade pública divulgada pelos meios como uma realidade seletiva, e não sintética. O jornalismo, afinal, conforme já ressaltava Walter Lippmann, em 1922, “não é um relato em primeira mão do material bruto, [...] é uma série completa de seleções [...] e não há padrões objetivos aqui” (2008, p.301). Cabe-nos, assim, realizar um estudo da noticiabilidade hegemônica que, em contraponto à teoria do espelho, e alinhada a reflexões críticas que consideram formas ativas de atuação profissional, investigue os critérios que configuram o produto noticioso e as possibilidades de contraposição informativa em termos de marcação de pauta (Sodré, 2009). Se o conceito de acontecimento jornalístico se atravessa pelas categorias de desvio e proeminência social dos fatos, importa-nos enfatizar uma espécie de interesse noticioso às avessas, orientado à cotidianidade de sujeitos comuns, que aqui situamos no escopo propositivo da noção de desacontecimento.
Aprofundando nossas incursões teóricas, desenvolvemos, então, uma analítica do cotidiano desde os campos da Sociologia, da Filosofia e da História, a fim de evidenciar contribuições à compreensão da vida de todos os dias como construto de sentidos e resistência dos sujeitos, pelas criações subjetivas que os movimentam em suas rotinas. Com o objetivo de situar tais apontamentos no plano da narrativa, acionamos a prática jornalística do catalão BruRovira, especificamente em suas reportagens sobre anciãs do clubeda leitura do bairro El Gotic, de Barcelona, publicadas no periódico La Vanguardia entre os anos de 2004 e 2007. Nas histórias de Josefa, Ana Luisa e Dolores, sublinhamos, por análise interpretativa, traços de sua dinâmica profissional que dão mostras de uma predileção noticiosa pelos diminutos do comum, à contramão da gramática hegemônica.

Acontecimento jornalístico

Assumimos como norte a noção de que a realidade transmitida pelos meios é uma construção, o produto de uma atividade institucionalizada que, através de uma processualidade rotineira e enquanto campo que joga com demandas políticas e econômicas externas, legitimou-se para operar uma seletividade no plano social, apresentando-nos recortes de mundo assumidos como relevantes para o coletivo. Essa tal acepção, que nos choca à uma visão de positivação do fato, desborda de cara à maturação de uma analítica da notícia, para dar conta das escolhas que convencionalmente se realizam em função de categorias que também foram culturalmente acordadas.
A essa espécie de porta de entrada à maquinaria informativa, Nelson Traquina (2005) se refere como saber de reconhecimento. O termo saber justamente porque nos recorda do histórico de profissionalização e reivindicação do jornalismo como portador de uma prática especializada, e porque, ademais, enfatiza a cadência de compartilhamento de interpretações que daí se desenrola entre os membros da tribo. Quanto ao reconhecimento, a ideia coloca em jogo a empreitada de captação, que o imaginário profissional idealiza como “faro”, dentre as incontáveis ocorrências que se sucedem todos os dias, daqueles fatos que ganharão o estatuto de notícia. Muniz Sodré (2009, p.71) é referencial para nossa compreensão do processo: diz o autor brasileiro que os profissionais partem do “fato em bruto, ou das qualidades ainda indiferenciadas de um evento, para transformá-lo em ‘acontecimento’, por meio da interpretação em que implica a ‘notícia’”. O relato noticioso a que temos acesso, neste sentido, é o desdobramento ou a ampliação dos fatos sociais “segundo parâmetros jornalísticos de tratamento [...] que comportam apuração de dados e informações, entrevistas, redação e edição de textos, em função da ‘cultura’ jornalística” (SODRÉ, 2009, p. 71).
Em outras palavras, a notícia é a construção do acontecimento de acordo com o conjunto de convenções que estruturam o campo jornalístico; uma micronarrativa que resulta da processualidade do fato em acontecimento, no qual o acontecimento se torna esse escopo-central a carregar, em sua configuração, a prática semântica do exercício de informar. Aí também entra a acepção de Patrick Charaudeau (2009, p.05), para quem o acontecimento “depende do olhar que se estende sobre ele, olhar de um sujeito que o integra num sistema de pensamento e, assim fazendo, o torna inteligível”. À emergência da ocorrência, portanto, inscreve-se uma etapa de construção de sentidos, do qual o texto noticioso é a forma final de uma sequência de reconhecimento, tratamento e narração pela empiria.
É devido a uma tal incursão que nos alinhamos à posição de Sodré (2009, p. 75) de conceituar o acontecimento, matéria-prima jornalística, como fato-marcado, em que a noção de marcação é elegida precisamente para sublinhar que não é qualquer fato que desperta o sistema da informação pública, mas que esse necessita ser semioticamente marcado por um código de produção para sua transformação. Também Alsina (2005, p. 140, grifo nosso) afirma que “losmass mediaenmarcanlosacontecimientos y de esta forma expresan una valoracióndelhecho”, enfatizando uma espécie de determinação, ou mediação institucional, na definição das notícias – que justamente organiza o esquema simbólico para seu reconhecimento.
Desde aí, o problema que se coloca é exatamente a interrogante sobre o trabalho de ordenamento do sentido ao qual se dedica o sujeito na relação com esse mundo fenomenal.Recapitulando o que Charaudeau (2009, p. 98) chama de processo evenemencial, ou acontecimental, precisamos considerar três momentos deste processo de construção: a) há algo que modifica o ‘estado normal’ das coisas no mundo, b) há um sujeito dotado de sensibilidade que percebe tal mudança, e c) há a significação que este mesmo sujeito confere a esta mudança; de modo que, na lida com o acontecimento, o indivíduo assume uma dupla faculdade: “perceber, através de uma experiência direta [...] aquilo que os fenômenos têm de potencialmente estruturável, e estruturar o mundo comentando-o (configuração) com auxílio da linguagem”.
A começar pelo primeiro aspecto da lógica descrita pelo autor francês, e que nos coloca diante de uma concepção funcional da história muito bem incorporada no discurso jornalístico: interessa depreender aquilo que causa uma quebra na organização do mundo, ou que provoque um desequilíbrio nas estruturas que sustentam essa ordem – o excepcional frente ao comum, o desvio em relação à norma. O acontecimento, conforme Adriano Duarte Rodrigues (1999, p.27), distingue-se facilmente de uma multiplicidade de fatos virtuais porque tem uma natureza especial, “ditada pela lei das probabilidades, sendo inversamente proporcional à probabilidade de ocorrência”. É tudo o que irrompe na superfície lisa da história, ou “o que se destaca sobre um fundo uniforme e constitui uma diferença” – para fazer alusão ao pensamento de Stella Martini (2000, p. 30), e sublinhar que um acontecimento só pode emergir numa fratura.
Cabe-nos evidenciar, neste sentido, como a noção de acontecimento se associa a de ruptura com a rotina do cotidiano, e como esse certo impacto sensorial que provoca o indivíduo se atravessa pela imposição de determinados elementos sobre a aparente uniformidade que vivemos. A história, entretanto, como bem pondera Márcia Benetti (2004, p. 145, grifo nosso), nada tem de linear ou compacta. “É complexa e irregular, marcada por fenômenos sociais diversos que contem, cada um, algum índice de notabilidade – para alguém”. É que o aparato perceptivo-cognitivo dos que escrevem a história – especialmente dos que a transformam em narrativa, os jornalistas – parece só apreender como notáveis as ocorrências ou feitos que se enquadram nessa modalidade de uma repentina ascensão.
O exercício profissional jornalístico, deste modo, lida com o acontecimento enquanto estratégia de narração do fato social, aqui fazendo referência aos critérios de produção da notícia que, em um primeiro momento, envolvem diretamente o reconhecimento pelos valores-notícia e, em via complementar, os procedimentos que lhe seguem formatando sentidos a partir da cultura que se compartilha pela tribo. Quando abordamos a sistemática noticiosa desde seu estágio inicial – e é esse o empenho reflexivo do presente artigo -, atemo-nos à ideia de marcação dos fatos por valores que são assumidos como orientadores “não por serem únicos, incomparáveis ou irrepetíveis, mas por determinarem categorias singulares de controle dos fluxos [...] que a comunidade jornalística identifica [...] como origem de uma possível narrativa” (Sodré, 2009, p. 75).
Os valores-notícia já foram objeto de estudos diversos, e não faz parte de nossos objetivos pormenoriza-los aqui. Cabe, isso sim, sublinhar que, a despeito das distintas nomenclaturas para suas especificações, esse tal constructo cognitivo, “um julgamento feito pelos seres humanos” (Shoemaker, 2014, p. 16), relaciona-se com as dimensões de anormalidade e de proeminência dos atores envolvidos. De uma configuração jornalística ancorada no escopo do acontecimento, com reconhecimento noticioso articulando-se pelos eixos de desvio e proeminência social, desdobram-se implicações que, em um plano cognitivo, modela um certo recorte do espaço público e da compreensão social sobre o seu funcionamento (Charaudeau, 2009; Shoemaker, 1996). Um mapa cognitivo, digamos assim, que nos legitima certos quadros de referência e de interpretação hegemônicos a partir do qual avaliamos nossa situação coletiva e momento histórico. Não à toa, Márcia Benetti (2004, p. 161) adverte para a noção de silenciamento que, desde a compreensão do jornalismo como acontecimento, mobiliza uma reflexão que nos é fundamental:

Podemos saber, de forma fluida e um tanto distante, que o mundo é maior e mais diverso do que nossas esferas de realidade mais próximas fazem parecer. [...] No entanto, dificilmente essa diversidade poderá adquirir o estatuto de possibilidade, tantas são as interdições que sofre em seu enquadramento. [...] O que o jornalismo não diz, as angulações que ele descarta, as vozes que ele ignora – ou a forma como ele marginaliza o que parece perigoso e acomoda o diferente na ordem de um regime discursivo – terminam por estabelecer, indiretamente, um suposto consenso social (Benetti, 2004: 161).

Se o aparato noticioso engendrado na maquinaria informativa se estabelece por negociações e operações seletivas bem acordadas na cultura profissional, é inevitável assumir que, enquanto uma escolha, o acontecimento-notícia é também uma omissão. “Toda forma de ver é uma forma de ocultar”, diz Alsina (2005, p. 127), e é precisamente o conteúdo desprezado, ou deixado à sombra por tal processualidade eletiva, que nos desperta uma postura indagativa.Ecoando as palavras de Benetti (2004, p. 146), “são fatos cinicamente percebidos como ordinários ou comuns e que, por isso, não alcançam os requisitos que lhes permitiram ocupar o estatuto de acontecimento jornalístico”. E que Sodré (2009, p. 76) aborda como fatos não-marcados, “que não significam fatos sem importância social, e sim fatos não imediatamente relevantes para o cânone da cultura jornalística[...] portanto, normalmente desconsiderados pela marcação (pauta) da grande mídia”.
Em nosso percurso investigativo, temos elegido designar essa seara, sobre a qual há muito para se investigar, a partir da noção de desacontecimento: uma espécie de matriz jornalística que, por um ethosresistente às conformações vigentes, articula um código de produção às avessas da semântica hegemônica da profissão – especialmente por uma predileção noticiosa a temáticas e sujeitos tradicionalmente marginalizados pelo interesse público e midiático.

Cotidianidade como constructo de sentidos

O território da vida cotidiana se inscreve, aqui, como pauta por excelência para a cobertura de uma tal cultura ordinária. As recorrências que nos acompanham em nossos dias, para Esquirol (2009), nos fornecem, por um lado, o apoio e a segurança que buscamos e, por outro, um dinamismo com pouco desgaste de energia. Neste sentido, a rotina da vida diária não se inscreve na contramão da novidade e da mudança, mas, antes, é a via mesmo que as possibilita, como soma da circularidade e do novo, de uma ação que é também libertação. As repetições cotidianas, na acepção do filósofo catalão, não são apenas reminiscências ou monotonias; são movimentos adiante, que no compasso do retorno nos abrem o possível futuro, e que na oportunidade do agora nos firmam, cada vez mais intimamente, o lugar das coisas que importam.
Essa ‘roda’ diária, por isso, é também hábito: uma maneira continuada ou regular de se fazer próprio, não como uma posse, e sim como uma forma de ser, que se associa à ideia de ‘habitação’, um ambiente que nos é familiar. Desde aí, a cotidianidade é o que torna a vida um abrigo, que nos mantém aquecidos e seguros frente a intempéries diversas, justamente porque, em partitura de previsão e de reinício, nos entrega um ritmo orientador de vida.
A cotidianidade que nos serve à incursão de uma ontologia originária é, deste modo, a mesma que nos estabelece como sujeito-protagonista de produção de sentidos. Em uma segunda visada interpretativa, então, a vida de todos os dias é também vida autêntica, porque se traduz em atividade de criação e recriação permanentes. Agnes Heller (2000, p.17), ainda que alinhada a uma abordagem mais objetivada e estruturalista, ressalta o elemento da personalidade que constitui o homem do cotidiano, “atuante e fruidor”, que coloca “‘em funcionamento’ todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, ideias e ideologias”, fazendo da característica dominante do ritmo dos dias a espontaneidade. “A condução da vida supõe, para cada um, uma vida própria [...]; cada qual deverá apropriar-se a seu modo da realidade e impor a ela a marca de sua individualidade” (p. 40).
Esse tal mecanismo das criações, por muitas vezes minúsculas, já que nos espaços de nossa intimidade, nos realça ou, para valer-se de um termo acionado por Maffesoli (1996), “epifanizam” o real:

Em poucas palavras, isso significa prestar atenção ao que, de um modo espantoso, levando em conta as diversas imposições sociais, equivale a dizer “sim, apesar de tudo”, à vida. [...] E isso não em função de qualquer otimismo de privilegiado, mas considerando o sólido vitalismo social que, mesmo através das mais duras condições de vida, não deixa de se afirmar (Maffesoli, 1996:11).

Na dimensão do cotidiano que, sob o prisma do sociólogo francês, nos aparece como ‘centralidade subterrânea’, a marca distintiva se encontra em um querer viver irreprimível, cuja força ganha forma por uma criatividade instintiva a que Cremilda Medina (2014, p. 83), em um neologismo muito à brasileira, chama de sevirol – “o verdadeiro milagre da vida apesar de tudo”. Em foco, está uma espécie de capacidade de sobrevivência do humano ser na inventividade, suas ‘virações’ para lidar com a dinâmica vivida, cujo domínio expressivo não pode ser outro que o espaço-tempo diário. Os pequenos fatos da vida cotidiana carregam o fundamento incontornável de nossas maneiras de ser, o sentimento de vida que, em aparente simplicidade, tensiona o nosso aqui e agora com os outros, nas contradições mesmo de um fervilhar existencial. Se viver é possibilidade, conforme Esquirol (2009, p. 53), “nos hallamosirremisiblementeemplazadosen este maravilloso y a la vez trágico, abismo de fascinación y de tragédia” que nos mostra que o supérfluo contém também o profundo.
E isso para nossas existências em esfera individual e social. A criação e recriação de sentidos que caracteriza a cotidianidade, para Maffesoli (1984, p. 19), é ainda o que constitui “o essencial da trama social [...], muitas vezes esquecido pela investigação sociológica”. As ocorrências a princípio banais tecem, assim, socialidade e permanência coletiva que, para os intuitos de estudo da pós-modernidade do autor francês, configuram uma fenomenologia poética, ou ‘ética da estética’, a revelar um modo de ser com outros também emocional. Desde aí, a cotidianidade são as relações interativas de afetos e sensações que mobilizam o corpo social em vivências minúsculas e, deste modo, fortalecem a criação de um ‘nós’, como um impulso de base que nos recorda que a sociedade não é só uma mecânica político-econômica, determinada por rígidas estruturas. O perdurar societal se faz também no estar-junto que se compartilha numa crônica banal da vida diária.
Por isso, dessas duas acepções-fundantes do olhar para a cotidianidade, enquanto repetição que orienta nosso existir e enquanto criação/recriação de sentidos que vitaliza-nos em plano individual social, podemos depreender uma significação final que a configura como movimento de resistência do humano ser. Na perspectiva do filósofo catalão, a cotidianidade podeser tomada como nossa resposta inerente ao abismo que é viver porque é a dimensãocriativa e orientadora que faz o nosso existir ser também resistir. “Resistimos porque lavulnerabilidad amparada es capaz de madurar, de crear y de dar […] La génesis se dasobre todo allí donde la vida personal late y circula con intensidad; allí donde la vida sesiente; allí donde la vida se ilumina” (Esquirol, 2018, pp.08-09).
A circularidade dos hábitos que, como já vimos, nos oferece ambiente cálido e seguro, ao nos colocar em vinculação com o entorno sustenta-nos como a resistência do que somos não pelos bens em si mesmos, mas pelas relações de identificação que com eles somos capazes de gerar. A resistência íntima de que fala o autor, assim, é daordem dos significados que estabelecemos com o que está à nossa volta; é a dificuldade que o mundo nos coloca às nossas pretensões e a fortaleza que podemos ter diante de tantos processos de desintegração que, desde seu prisma, só se edifica porque o pêndulo cotidiano é refúgio que nos guarda em nós mesmos. À vista disso que o pensamento de Esquirol sobre a cotidianidade é uma espécie de hermenêutica do sentido da vida, pois a situa como o que nos ‘salva’- “trasfondo de laexistencia humana” (Esquirol, 2015, p. 17).
O ritmo dos dias, portanto, no qual orbitam nossa criação e recriação de sentidos, a edificação de nossa resistência íntima, e o jogo de invenção de nossas astúcias sutis frente às produções impostas, é espaço-tempo que nos inscreve em vinculação direta com as tramas tecidas pelo humano ser. De um tal modo que ao jornalismo que se enseja divergente, em ruptura à predileção pelo desvio e pela proeminência social, como aqui se está a defender, não há via mais potente que a de pautar a cotidianidade desde essas complementares designações.

A narrativa jornalística de BruRovira

Apesar de trabalhar atualmente como colaborador do programa radiofônico A vivir que sondos dias, da emissora SociedadEspañola de Radiodifusión(SER), BruRovira tem uma carreira profissional marcadapor sua atuação como repórterde mídia impressa. Durante 25 anos, contribuiu com o periódico espanhol La Vanguardia(1984-2009), onde se consagrou na cobertura de pautas sociais e internacionais, e recebeu os prêmios Miguel Gil Moreno de Periodismo (2002) e Ortega y Gasset (2004) pelo conjunto de seu trabalho.
O exercício jornalístico que se está a defender neste artigo demanda, no entanto,um movimento de aproximação para ir além dos simples dados e alcançar a complexidadedas histórias. Sendo assim, é importante destacar que Rovira fez escola emum ambiente de resistência e com figuras referências ao jornalismo catalão, como JosepMaríaHuertasClavería, JoaquínIbarz e Manuel VázquezMontalbán, que lutaram peladefesa da liberdade de imprensa durante o regime ditatorial de Francisco Franco (1939-1975), desde o GrupDemocràtic de Periodistes. Inspirou-se, também, no trabalho de RyszardKapuściński, sobretudo em suas incursões pelo continente africano, fazendo da atitude de reportar a partir de personagens anônimos a peça chave de sua conduta profissional.
Da convicção do historiador e repórter polaco de que, “para se ter direito a explicar, é preciso ter um conhecimento direto, físico, emotivo, olfativo sobre aquilo que se fala” (Kapuściński, 2002, p. 15, tradução nossa), Rovira aprendeu o valor da observação às pequenas coisas. Identificar aqueles detalhes que significam aos sujeitos, conferem sentido ao seu cotidiano e acabam por conectar suas micro-realidades a dimensões sociopolíticas mais amplas. Os elementos aparentemente simples carregam a potência de uma história, com sua vitalidade, suas contradições e fragilidades. O jornalismo, afinal, como ensina Kapuściński (2002, p. 37, tradução nossa), é também ofício de emoções, já que “a fonteprincipal de nosso trabalho são ‘os outros’”. E, para Rovira, é pelo escopo que atrela osdiminutos às subjetividades humanas que somos capazes de alcançar a complexidade doreal – como uma espécie de porta de entrada à compreensão das redes contextuais queformam a vida em sociedade.

Yo prefiero, y hago, un periodismo de carreteras secundarias en el sentido que el mainstreamno me interesa. Lo que me interesa es circular más por los lados, por dentro, es decir, salir del discurso oficial para enfatizar un modo distinto de hacer. […] Y ese modo distinto es también una provocación. Periodismo es conocimiento de lo que ocurre a través de las personas, de los sentimientos y, sobre todo, del escuchar. La idea de carreteras secundarias, para mí, es dar fortaleza a todo eso que se ha perdido (Rovira, 2019:informação verbal1).

Trata-se de um modus operandi que BruRovira manifestou com potência eliberdade em seus anos de reporterismopara o jornal espanhol La Vanguardia, sobretudo no período em que contribuiu com as seções La Revista (1989-1997) e CarreterasSecundarias (2004-2007) do diário. Durante a etapa de trabalho junto à coluna Carreteras Secundarias, o repórter publicoumatérias sobre um grupo de ex-alcoolatras que, semanalmente, reunia-se no Centro de Serviços Sociais do bairro Gótico, de Barcelona, para ajudar-se mutuamente. Os registros relatam a convivência rotineira entre os personagens, sem reduzir o enfoque da abordagem à dependência química que os assolava, tratando, sobretudo, da tessitura de sentidos que cada qual conferia à sua vida: o gosto, por exemplo, de Vittorio em cozinhar;de Ramon em pintar quadros;de Juan Benavente em se apegar às memórias de sua juventude como combatente da Legião Espanhola, e todos conjugados pelo imaginativo de um futuro que poderia redimi-los.
Às narrativas desse que Rovira denominou de “bando dos poetas” (2016), o jornalista associou reportagens sobre anciãs que também se reuniam no Centro do El Gotic,para um clube de leitura, compartilhando de seus movimentos criativos, pelo ritmo dos dias, para lidar com as intempéries da vida.Quase dez anos depois, todos esses textos, sobre os homens e as mulheres das vielas pouco notadas de Barcelona, foram compilados no livro Solo pidounpoco de belleza (2016), e é a partir dele que desenvolveremos incursões interpretativas para evidenciar traços dessa cotidianidade em feição de resistência, por um jornalismo interessado em apreender os diminutos do comum.
A narrativa de Josefa, senhora andaluza que dedicou quarenta anos de serviço como governanta em casas de industriais catalães, pode ser bem ilustrativa de tais apontamentos. Rovira a encontrou pela primeira vez após um dos encontros semanais do grupo, no elevador do edifício do centro social, levando no rosto um largo sorriso pelo que viria a se apresentar como um dia de comemoração: “-Mi madre. Es su cumpleaños.- Felicítela de mi parte. - Pero ¡qué dice usted!  ¡Mi madre murióhaceveinticuatroaños!”(Rovira, 2016: 85).Josefa criou o seu próprio jeito de lidar com as lacunas da vida, e da morte. Ao dia do aniversário de cada um de seus familiares, mesmo daqueles que ela não pôde conhecer ou que já haviam falecido, ela organizava uma comemoração muito íntima, seguindo sempre o mesmo ritual: comprava um bolinho, buscava se sentar em um lugar bonito do bairro, fechava os olhos e pensava no aniversariante do dia.

- Cuando siento su presencia a mi lado nos comemos el pastelito.Hoy pensaré en mamá. No importa que ella no esté. La ausencia física es irreal…Es el pensamiento el que hace que las cosas sean lo que son. O lo que no son. Porque, aunque las cosas existan, si no las piensas, no hay nada (Rovira, 2016: 86).

A história de vida de Josefa, como a das outras protagonistas, é contada por Rovira na chave dessas significações subjetivas, que perfazem o cotidiano por entre as lembranças de seu passado e o sustento íntimo que busca no aparentemente banal.Sua apuração jornalística envolve o olhar atento às camadas do infra-ordinário (Perec, 2010), para identificar a rede de afetos que atravessa as apropriações realizadas por cada qual, e uma escuta também sensível ao tempo do Outro, articuladaem configuração dialógica (Buber, 1982; Medina, 2008). Vê-se como a pauta do cotidiano, neste sentido, não se dissocia de movimentos de alteridade e compreensão do repórter às fontes do relato. Pelo convívio próximo ao dia a dia de Josefa, na vinculação do diálogo que gera confiança, Rovira foi apreendendo essa espécie de semântica do trivial que organiza a rotina da anciã: o amparo pelas celebrações que realiza em família, ainda que vivenciadas apenas dentro de si, pelos livros que recentemente aprendeu a ler e compartilha com as amigas do centro, pelo cafezinho que toma vez ou outra na praçaTraginers, e pelo pequeno luxo de ter suas próprias roupas íntimas e perfume:

- Los vestidos, las chaquetas, este chal que usted me ve puesto, la falda ancha que ya me ha dicho que le gusta mucho, con estos colores… pues todo esto lo voy a buscar a un local en el barrio de Santa Caterina donde lo regalan. […]  Pero la ropa interior, no. La ropa interior prefiero comprarla… A mí me gusta ducharme todos los días y luego ponerme mi ropa interior bien limpia…una tiene sus cosas…este es mi pequeño lujo, la ropa interior...y unas gotas de colonia. Tiene que ser colonia 1916, no sé si la conoce usted… a veces, una de las amigas me regala un bote, pero normalmente la compro yo… (Rovira, 2016: 104).

Esses itens, mais que sensação estética ou de utilidade, enfatiza Bosi (2001, p. 25), “nos dão um assentimento à nossa posição no mundo, à nossa identidade”, como se tivessem uma espécie de habilidade de “falar à nossa alma”. O que nos leva a ter predileção por uns, e não outros, é de uma ordem que extrapola nossas tentativas de explicação, mas o ponto é que tais objetos carregam muito de nossas afeições e, assim sendo, nos simbolizam para os pormenores que importam. Ao jornalismo do desacontecimento são, por isso, elementos-chave para a vinculação dos protagonistas ordinários à cotidianidade.
Nos dias de Ana Luísa, professora de inglês e música aposentada, vinda de Buenos Aires ainda garota, a solidão é aplacada junto ao piano, que apesar de ter tido parte da maquinaria corroída por ratos nos últimos tempos, permanecia como seu consolo ao lado da janela de seu apartamento na praça delPi. Às vésperas do Natal daquele 2006, quando recebeu a visita de Rovira, já era possível ver na cozinha as comidas em preparo para a ceia, ainda que ninguém, além das músicas de Beethoven, lhe fosse fazer companhia no jantar.
- Brindaré sola. Me gusta mucho brindar. Brindar por lo que he vivido. Por mis recuerdos. […] Entonces se dirigió hasta el piano, abrió la tapa del teclado, ajustó la banqueta, cerró los ojos. - ¿Le gusta Granados? – preguntó - ¿Albéniz? – Tecleó algunas notas. – Déjese, déjese, escuche esto, Beethoven...ay, Beethoven, siempre Beethoven(Rovira, 2016: 163).

Na rotina dessa senhora de 93 anos, a resistência se mostra também por uma estima às recordações que os acessórios espalhados pela casa lhe evocam: a toalha de mesa bordada à mão, as xícaras e o bule de porcelana, as fotos de família emolduradas pela parede – peças da mãe Maria, com quem dividiu o mesmo lar até o seu falecimento em 1980, e que seguem envelhecendo com ela e lhe fornecendo uma sensação de continuidade. No profundo das aparências, as minúcias revelam-se como essas metáforas em trânsito, as quais os indivíduos se agarram para conferir um tipo de ordem ao caos da existência. É no como os sujeitos se apropriam de suas vidas, nas coisas que elegem ou não assinalar, que o jornalista extrai o substrato para compor os personagens: deixa-se conduzir pela maneira mesmo que eles orientam suas tramas.
Na reportagem sobre Dolores, anciã que há vinte anos busca um recomeço em Barcelona, após o abandono da mãe na infância e uma juventude trabalhando em fábricas de lata de conserva em Tudela, essa abertura jornalística dada ao fluir das histórias se deixa entrever pelas incursões complexasque ela realiza ao contar de si. Seu desejo de viver uma nova etapa na capital catalã, como forma de superar os desgostos do passado, não se dissocia do peso que ainda tem a realidade que deixou para trás. E sua identidade é relatada por Rovira como essa encruzilhada de tempos, no qual a ficção também se destaca por seu envolvimento com os romances da literatura russa. Nos personagens das obras que empresta das bibliotecas, ela projeta a chance de pontos de viragem que há tanto busca para si.“- Les doy conversación para que no viva adormecida. Es como con las personas, cuando te interesas por sus vidas, les hace el favor de tenerlos en consideración” (Rovira, 2016: 215). Ademais das amigas, são eles os companheiros com quem partilha a esperança de enfim seguir adiante sem o fardo das dores passadas. “- A Barcelona llegué con una sola maleta y un bolso de mano. Quería empezar una nueva vida sin que nadie me conociera. Tenía 66 años y no miréhacia atrás” (Rovira, 2016: 223).
Onde é que está a potência se não nesse horizonte de inventividade que, em justa medida, não nos deixa desistir? Aos passos erráticos e solitários de Vittorio, Ramon e Benavente, e das senhoras Josefa, Ana Luisa e Dolores, do clube de leitura que se reúne no mesmo Centro de Serviços Sociais do El Gotic, e que integram especialmente a analítica deste artigo, as lembranças em ilusão e nostalgia são uma forma de seguir compensando as perdas. Memória e imaginação vão, assim, se estabelecendo como os dispositivos orientadores dessa cotidianidade em feição de resistência presente na autoria de Rovira. Ora como refúgio, ora como desejo de escape, portam esse jogo de significações pelos diminutos que atravessam as rotinas, e que nos aproximam dos usos que cada indivíduo confere ao que tem.

Considerações

Entrecruzamos, neste artigo, articulações de ordem teórica e interpretativa acerca do newsmaking em vias de divergência, especificamente sobre anoticiabilidade hegemônica nos termos que Traquina (2005) denominou de “saber de reconhecimento”, a fim de compreender os critérios que orientam a comunidade profissional na seleção dos fatos reportados. Aprofundamos, neste sentido, o estudo sobre acontecimento jornalístico enquanto estratégia de narração centrada nas categorias de desvio e proeminência social, a operar um recorte de mundo também pautado pelas dimensões da ruptura, do insólito, do inesperado e das demandas das figuras de poder. Considerando o território dos fatos não-marcados (Sodré, 2009) pelos valores tradicionais, inscrevemos a noção do desacontecimento como uma espécie de matriz provocativa ou de resistência à gramática profissional, pela cobertura do cotidiano de personagens anônimos.
Seguimos, por isso, com uma incursão teórica em chave de dialogia entre os saberes da Filosofia, da Sociologia e da História, de modo a sublinhar suas contribuições à reflexão sobre a cotidianidade enquanto construto de sentidos. Desde o pensamento de Josep Maria Esquirol (2009, 2915), Michel Maffesoli (1984, 1996) e Michel de Certeau (1994), destacamos a potência criativa singular dos movimentos que atravessam as rotinas,como uma sorte de resistência dos sujeitos frente às intempéries da vida: a recorrência dos afazeres, a repetição dos gestos, as dinâmicas subjetivas que se ritualizam no compasso dos dias foram, aqui, dotadas de complexidade semântica para um exercício jornalístico interessado pelos diminutos – que na prática do repórter catalão BruRovira ganha a expressividade de carreteras secundarias.
Em uma última etapa de estudo, por isso, acionamos suas reportagens publicadas no periódico La Vanguardia, e depois reunidas em livro, sobre a cotidianidade de anciãs do grupo de leitura do bairro El Gotic, de Barcelona, com o objetivo de evidenciar os traços de um tal escopo no plano da narrativo, identificando nos registros sobre Josefa, Ana Luisa e Dolores os sentidos ordinários que engendram seus dias, pelo trânsito de suas memórias e expectativas. Com isso, inscrevemos, por fim, a pauta do cotidiano como território fértil para a produção do Desacontecimento sobre o mundo exterior, e como ponto de partida a projetar uma processualidade outra, em termos de dispositivos e técnicas narrativas, uma vez que uma tal matriz só se viabiliza pela articulação de um modo de ser e fazer (ethos) destoante, que aqui se manifestou pela autoria de BruRovira.

Notas:

1 Entrevista concedida aos autores em 02 de outubro de 2019.

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Fecha de recepción: 16-04-2021.
Fecha de aceptación: 19-03-2022.

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