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Avá

versión On-line ISSN 1851-1694

Avá  n.10 Posadas mar. 2007

 

ARTÍCULOS

"Mundo Acadêmico" - professores universitários, práticas de leitura e escrita e diversidade social.

Tania Dauster 1, Dione Dantas do Amaral, Mônica Guimarães, Sandra Mendes

1 Tania Dauster é professora do Departamento de Educação da PUC - Rio; Pesquisadora do CNPq; Coordenadora do Projeto de Pesquisa: "O Campo Simbólico da Universidade - os professores, a diversidade cultural e a excelência acadêmica" - PUC-Rio, CNPq, 2002 a 2005 e Pesquisadora/Coordenadora da Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio - email: tdauster@edu.puc-rio.br; Endereço: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio, Rrua Marquês de São Vicente, n.225, Gávea, Rio de Janeiro-RJ-Brasil, cep: 22453900, telefone (21) 35271816 ;Dione Amaral é doutoranda do programa de Pós-Graduação do Departamento de Educação da PUC-Rio e esquisadora da Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio; Mônica Guimarães é bolsista de apoio técnico da FAPERJ; Sandra Mendes é bolsista de iniciação científica do CNPq - PIBIC.

Resumo

Este artigo contribui para a reflexão sobre a transmissão da cultura letrada no contexto universitário a partir de material etnográfico sobre estilos de aula, práticas pedagógicas e de formação do leitor. O impacto da tecnologia digital , o lugar do livro, a relação entre a pesquisa e a excelência acadêmica, e um novo perfil de aluno são discutidos tendo em vista o material coletado através de observação participante e entrevistas com um universo de professores universitários.

Palavras-chave: Universidade; Livro; Lectura; Escrita.

Abstract

This article contributes to our understanding of the transmission of written culture in the context of the university based on ethnographic material about classroom styles, pedagogical practices and the formation of readers. The impact of digital technology, the role of the book, the relationship between research and academic excellence and a "new" profile of the student are discussed in light of material collected by means of participant observation and interviews with a sample of university professors.

Key words: University; Book; Reading; Writing.

Fecha de recepción: Julio 2006
Fecha de aprobación: Agosto 2006

Introdução

Este texto tem com objetivo dar continuidade às discussões e artigos que temos feito em torno das práticas de leitura e escrita no contexto de uma universidade localizada na zona sul da cidade do Rio de Janeiro-Brasil.

O projeto de pesquisa que serve de base a esta reflexão, embora tenha mantido o mesmo campo empírico da pesquisa antecedente, configurou-se a partir de outro ponto de vista. Com isto queremos sinalizar que não é nossa intenção refletir sobre depoimentos e práticas dos estudantes universitários como fizemos anteriormente, mas, sim, tomar agora para análise tanto as práticas quanto os depoimentos de professores desta mesma instituição.

A questão da formação de leitores é um dos temas que nos impele a investigar as práticas de leitura e escrita, assim como a transmissão da cultura letrada no contexto universitário. Será que o ensino superior forma leitores? Leitores técnicos, leitores literários? O que é formar leitores? Como desenvolver o gosto pela leitura em suas diferentes e múltiplas dimensões? Como os professores se relacionam com as "antigas" e novas tecnologias da leitura e da escrita? Como se dá no cotidiano a transmissão da cultura letrada? Como estas questões se articulam com a chamada "excelência acadêmica" e com a diversidade sócio-cultural dos estudantes?

Na perspectiva metodológica adotada, buscamos no discurso do universo estudado os significados, valores e representações recorrentes, mas também outras percepções que sem serem reiterativas são relevantes e significativas para os objetivos desta pesquisa. A leitura do material coletado através das entrevistas nos revelou, por outro lado, dados inesperados. Dados que não estavam ainda problematizados por nós, e que neste sentido vieram a constituir-se como nossas descobertas no campo. Cabe mencionar que as entrevistas foram feitas com o intuito de cobrir as perguntas e temas acima citados, considerando ao mesmo tempo uma perspectiva de relato em uma linha de história de vida. O nosso propósito foi captar o ponto de vista dos professores nos seus próprios termos.

Na medida que por motivos de ofício ou de estudo, o espaço no qual a pesquisa foi realizada nos é familiar, a situação de proximidade passa a compor a nossa problemática e o nosso ângulo de observação (Geertz,C., 2000; Velho,G.2003). Outrossim, a dupla inserção como pesquisador e "nativo" implica num estranhamento do familiar (Velho,G., 1978). Como diz o mesmo autor "familiaridade e proximidade física não são sinônimos de conhecimento" (1980, p. 15), palavras que cabem na situação de contato no nosso campo pesquisado. Isto porque, mesmo partilhando com os professores entrevistados um cotidiano universitário, nem por isso poderíamos dizer que conhecíamos o ponto de vista deles sobre uma série de assuntos que serão aqui tratados.

A nossa atitude de estranhamento levou-nos também a buscar como esses professores classificavam e organizavam a sua experiência profissional, assim como as suas representações e práticas.

Antes de iniciarmos as nossas reflexões, é importante transmitirmos os nossos sentimentos sobre esta via gem em torno de nós mesmos. Na medida em que líamos os depoimentos duas emoções nos afetavam. Uma traduz- se pelo privilégio do contato com este grupo pertencente a uma elite acadêmica e a outra pela confiança que em nós foi depositada pelos seus integrantes. Além disso, admiramos as qualidades intelectuais e de sensibilidade de todos os professores. Por tudo isso, acreditamos, que os resultados de nossas interpretações são apenas aproximações à riqueza e à densidade dos depoimentos que nos foram generosamente dados. Esclarecemos, ainda, que o texto se divide em seis itens: O Contexto Universitário; O Gosto pelos Livros; Entre o manuscrito e o digital: as práticas de escrita e de leitura; A Aula, A Pesquisa e A Excelência Acadêmica; Os Estudantes e Considerações Finais.

O contexto universitário - uma descrição física e social a partir dos professores

Essa instituição universitária situase na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma universidade de orientação religiosa, particular, vista como de elite, que vem desenvolvendo de maneira cuidadosa um sistema filantrópico para poder abrigar estudantes de setores sociais não privilegiados economicamente, disponibilizando vários tipos de bolsas para estes estudantes, inclusive as bolsas de ação social. Esta categoria de bolsa além de liberar o aluno das mensalidades, pode significar outros tipos de ajuda. Por exemplo, apoio para passagem, alimentação, fotocópia, impressão de trabalhos digitados, entre outros itens necessários ao dia a dia do aluno, concedidos através de minuciosa avaliação dos recursos de cada candidato (Candau, V. 2003).

O nosso universo pesquisado é pequeno, mas significativo, permitindo abrir hipóteses sobre as atitudes de um número maior de docentes neste espaço. São nove professores pertencentes aos seguintes departamentos: Psicologia, Física, Filosofia, Serviço Social, História, Letras, Matemática, Desing e Educação. São sete mulheres e dois homens, situando-se quanto à idade entre 39 e 70 anos na ocasião de nossas entrevistas. Vale explicitar que a seleção dos entrevistados foi feita considerando- se a rede de relações da equipe da pesquisa, faceta metodológica característica das investigações na própria sociedade do pesquisador.

Comecemos nossos comentários através da forma pela qual os professores vêm o seu espaço físico e social de trabalho, que chamamos o campus. As dimensões relativamente pequenas do campus da universidade, se comparadas a outros campus, aparecem aos olhos dos professores como uma qualidade que leva à integração entre estudantes e professores de diferentes departamentos, permitindo por isto mesmo um "olhar transversal sobre o conhecimento" (Joana).

A estrutura física é vista como um convite ao exercício de transdisciplinaridade que surge como um valor acadêmico e que se revela no trânsito de estudantes pelas distintas áreas de saber.

Nos mesmos horizontes de Joana, Carmem acredita que a perspectiva atual de construção do saber passa pela interdisciplinaridade. Para ela não se pode trabalhar um objeto no seu strictu sensu, ou seja, sem construí-lo nas relações entre os diferentes saberes.

É curioso ver como os depoentes estabelecem relações entre o espaço físico pequeno, concentrado e prazeroso da universidade e os valores que remetem tanto à sociabilidade (Simmel, G., 1978) gratuita entre alunos e professores, quanto a outras práticas de convívio acadêmico expressas nas articulações interdisciplinares que são pertinentes à esfera da construção do saber universitário.

No discurso tanto de Helena, quanto de Paula, emerge um outro valor associado a este mundo acadêmico. Trata-se da sua dimensão humanista.

Há contradições nesta percepção desse espaço? Sem dúvida. Pode-se também verificar na abordagem crítica dos professores que embora percebendo de forma muito positiva a instituição em que trabalham, vêem problemas na sua organização. Estes passam, por exemplo, pela "renovação de quadros", pela "sobrecarga dos professores" incitados por "uma cobrança de produção" que desafia o tempo a ser dedicado ao ensino.

Para Jorge, a universidade tem pouca vida cultural. Yale, onde fez seu pós-doutorado, em contraste, tem cinema na universidade duas ou três vezes por semana. Helena lamenta o caráter quantitativo da avaliação feita pelos órgãos federais que conduz a uma banalização da produção, uma vez que esta passa a ser vista em função de números de artigos, deixando a questão da qualidade de lado.

Quisemos trazer as definições dos professores sobre seu próprio espaço de trabalho que curiosamente se entrelaçam com uma determinada concepção de prática acadêmica. Em princípio este movimento nos permite dar a conhecer melhor tanto os professores quanto o nosso lócus de pesquisa.

Em resumo, vimos, como Candau (2003), que se trata de um espaço social cujos princípios, padrões de convivência e características ecológicas são importantes para os entrevistados, por serem traços que compõem a trama de seus trabalhos. Chamamos atenção para as condições de trabalho, para o espaço físico agradável, "oxigenado" e cheio de verde das árvores e plantas, para a concepção humanista preservada na convivialidade, para uma cultura acadêmica forte que valoriza o ensino e a pesquisa, para o respeito em relação à diversidade religiosa e étnica e para a sua dimensão filantrópica.

O gosto pelos livros

Embora os professores entrevistados não usem a categoria autor, todos o são, uma vez que são profissionais com mestrado e doutorado, publicam livros e artigos. Dois dentre eles se classificam como "consumidores" de livros. Rubens, por exemplo, diz "sou mais consumidor de livros que leitor". Compra livros em congressos e tenta manter uma biblioteca atualizada para poder emprestar aos alunos.

Este é um dado recorrente entre os professores. Comprar livros, guardálos tanto na universidade quanto nas suas bibliotecas pessoais, adquirí-los com verbas de pesquisa, emprestá-los a alunos e eventualmente a colegas e doá-los às bibliotecas.

Diante da categoria "consumidor( a)" de livros, é importante trazer a reflexão de Chartier (ibid., p. 59), que vê que o consumo cultural ou intelectual pode ser ele mesmo pensado enquanto uma produção ou como uma "outra produção" afastando-se assim qualquer noção de passividade que lhe possa ser identificada.

Aquisição de livros é um ato que simboliza um padrão de consumo e um estilo de vida. É interessante frisar que os livros representam um "bem" cultural, imaterial e muito estimado. Alguns entre eles nem podem entrar no sistema de empréstimos e troca de publicações que faz parte da sociabilidade entre professores e seus colegas ou alunos. Outros são escondidos e entesourados como um "bem" cuja relevância deve ser preservada de forma individualizada e restrita ao próprio individuo e a seu trabalho intelectual.

Esta é uma faceta deste universo, ou seja, o valor dado à própria produção ou a produção intelectual como valor, o prestígio da obra realizada que representa uma distinção (Bourdieu, 1979) no campo disciplinar e entre os pares, meta a ser alcançada e, alvo de investimentos consideráveis.

Sem retirar a importância do livro como objeto e texto, vale examinar as palavras de Rubens. Este professor, discutindo livros e leituras, admite não ter "o livro como única forma de gerar conhecimento ou coisas, pois já fez filmes e fotografia, o que é uma forma de escrita". Sem dúvida, tais colocações ampliam as concepções das práticas de escrita e leitura e mostram que do ponto de vista etnográfico estas ações têm outras definições igualmente pertinentes.

Para Mary Douglas (2004), "os bens são como bandeiras" ( p. 43). Em outras palavras, os bens funcionam como sinais e, portanto, são comunicadores. Enquanto "bens têm outro uso importante: também estabelecem e mantêm relações sociais" (ibid, p. 105).

Uma vez que sabemos que não é o objeto em si mesmo que encerra a força simbólica, mas é o uso que dele se faz nas relações cotidianas, vemos que é assim que o livro se torna símbolo e signo nesta "tribo".

Assim sendo, a posse e o uso de livros como bens de consumo caracterizam a cultura material desta "tribo" configurada a partir de "equipamentos fixos" (ibid, p. 105), ou seja, os livros, impressos e outros suportes e ferramentas próprios da cultura letrada.

Entre o manuscrito e o digital: as práticas de escrita e de leitura

A tecnologia dos computadores pessoais vem desenvolvendo novas linguagens, estratégias e possibilidades, transformando os contextos em que se escreve e o que se escreve. Como os professores vêm lidando com estas transformações da escrita/leitura? Quais as representações e práticas a respeito desta "nova escrita?" Quais os usos do computador e da internet no contexto universitário? Como e em quais ocasiões praticam a escrita à mão? Quais os significados destas escritas?

Uma primeira observação a ser feita é que a maioria dos entrevistados pratica a escrita à mão com regularidade e também faz uso da escrita digital nas suas atividades diárias. Percebese que uma prática não exclui a outra, variando apenas a freqüência e intensidade de uso de um ou outro suporte. No depoimento a seguir, o único professor que diz praticamente não escrever mais à mão é Rubens. Ele relata sua preferência pela escrita eletrônica:

"A nossa geração aprendeu a ler em papel, essa é a verdade. Eu não escrevo mais em papel há muito tempo, só faço rabiscos. Escrevo em computador. Até porque mexo muito com números e, hoje em dia, até um bilhete, eu faço tudo na tela. Perde-se a lógica".

Quando Rubens diz "perde-se a lógica", está se referindo, provavelmente, às novas operações intelectuais associadas a este novo suporte - a tela. Vale lembrar que para R. Chartier (2002), está posta uma diferenciação entre uma lógica mais linear, seqüencial e dedutiva, relacionada aos manuscritos e impressos e outra que se desdobra de forma simultânea e relacional, própria do mundo digital.

Há que se pensar, ainda, que nos manuscritos e impressos é possível a variação da forma do objeto para distintas classes de textos, em oposição ao suporte eletrônico, onde diferentes categorias de textos são dados à leitura num formato único, a tela do computador. Isto, sem dúvida, implica em uma nova maneira de construir os significados dos textos.

Esta nova prática de leitura implica, ainda, em novos usos do corpo, novos gestos e posturas que são tidas, por muitos, como desconfortáveis, uma vez que limitam os movimentos de quem lê e escreve. Rubens e Carmem criticam o objeto computador no seu aspecto material e físico. Para ela, a luz da tela incomoda os olhos. Para ele, estas "máquinas" ainda são pouco confortáveis e necessitam ser aperfeiçoadas. "É muito ruim um computador só naquela posição. Eu acho que ninguém gosta muito de ler em tela".

Sem dúvida, entre o suporte em papel (livros, cadernos etc) e o aparelho computador (mesmo portátil), verificam-se duas relações entre o corpo do leitor e o texto a ser lido/escrito, bem diferentes. De um lado, o formato em livro, caderno etc, parece mais amigável para se transportar e se abre mais facilmente à leitura, do outro, o peso do aparelho e a mediação do teclado condicionam novos gestos e posturas para a leitura e a escrita, nem sempre agradáveis e que necessitam de aprendizado para o uso correto.

Conforme os depoimentos dos professores, a escrita digital faz parte das práticas cotidianas de quase todos eles. Podemos então questionar: O que é que se escreve à mão? O que se escreve no computador? Quais os usos e funções destas escritas? O que as caracteriza e as diferencia?

Uma primeira constatação é que o e-mail, a correspondência eletrônica na rede internet, é o tipo de vídeoescritura mais utilizado pelos professores. A troca de mensagens é uma prática recorrente e incorporada à rotina acadêmica. Esta forma de comunicação escrita é intensa na comunidade de professores, e entre estes e os alunos, não somente da mesma universidade como as de fora do estado e do país. O teor destas mensagens é, geralmente, relativo ao trabalho: são trocas de informações, avisos sobre cursos, lista de exercícios, datas de eventos, convites para palestras etc. A comunicação digital, por sua vez, apresenta características peculiares ao meio eletrônico. A mais evidente é a sua concisão e objetividade. Os usuários da rede sabem que a regra é não se estender demais na mensagem. É a "netiqueta" (a etiqueta a ser observada pelos usuários da rede) como diz uma estudiosa do assunto, Nicolaci-da-Costa (1998).

Esta objetividade e rapidez com que as mensagens circulam entre a comunidade acadêmica é um dos pontos considerados como positivos uma vez que liberam os professores para outras atividades. Há, no entanto, tensões neste aspecto, uma vez que, mesmo facilitando o cumprimento das tarefas, também veicula novas demandas que chegam na tela. Segundo Beatriz, "em cada e-mail você tem uma demanda de trabalho. É uma entrevista que te pedem por e-mail, é sugestão de bibliografia, é um encontro para atender". Por sua vez, a rapidez da mensagem eletrônica leva às escritas abreviadas que, para Carmem, são formas inexplicáveis de escrever, "é uma agressão à língua".

Praticamente todos os entrevistados mencionam o pouco tempo que têm para dedicar-se mais às leituras, para escrever, para preparar uma boa aula. Parece-nos, que tentar entender leitura e escrita no momento atual é considerar além das transformações do suporte que as materializa, também a influência da aceleração dos ritmos contemporâneos de vida que, por sua vez, estão intimamente relacionados à criação destas novas tecnologias. Esta aceleração é vista associada a mudanças não só nos valores dos indivíduos bem como nos seus padrões de comportamento.

Helena, professora de Filosofia, diz que entrega os seus trabalhos quase sempre no último dia, pois não gosta de se sentir pressionada. Cíntia gosta de escrever à mão, escreve muito, tem vários livros publicados. Ultimamente por uma questão de saúde vem reduzindo seu ritmo. "Eu me obrigo a descansar, porque durante muitos anos eu escrevia o fim de semana inteiro. O máximo que faço agora é ler alguma coisa". Rubens sonha em ter um tempo livre, para ler os livros recém publicados da sua área que comprou, mas teve que deixá-los esperando na estante. Ele, no entanto, lê muito na tela, uma vez que alguns trabalhos do Design, só estão disponíveis na versão on line.

Nos usos deste tempo para ler e escrever, os professores se organizam de modo diferencial a partir de suas disposições, seus gostos e suas habilidades. Ao utilizarem as formas mais tradicionais de escrita e leitura, assim como a nova escrita eletrônica, eles tentam simultaneamente, otimizar este tempo e manter a qualidade do seu trabalho. Como dissemos anteriormente, o manuscrito é utilizado com muita freqüência neste grupo de professores. Pelos depoimentos percebe- se que é uma prática fundamental na execução de trabalhos onde há necessidade de uma maior elaboração intelectual. As primeiras idéias, o início do processo criativo, parecem surgir melhor no papel. Vários dos entrevistados disseram fazer um manuscrito prévio com esquemas e notas para só aí, então, partir para a escrita no computador.

Para Helena o processo criativo se dá através da escrita à mão. O computador é bem vindo, mas, numa etapa posterior, para os ajustes finais do texto. Ao escrever seus trabalhos à mão, ela relata alguns rituais que gosta de seguir como, por exemplo: usar um papel especial, "da papelaria União, que é mais grosso, e uma lapiseira 0.7, mais macia". A escrita manuscrita é tida como um ato de prazer e de envolvimento pessoal, que exige dedicação.

Para alguns, a escrita na tela parece, muitas vezes estar associada à frieza, ao pragmatismo e à funcionalidade, sem envolver qualquer componente emocional para a sua execução. Ao contrário, a escrita à mão é a que melhor expressaria a dimensão emocional daquele que escreve.

As relações sociais como vão sendo reveladas mostram não só a convivência e o uso das novas tecnologias digitais como, também, a manutenção de outras tecnologias ligadas ao lápis, ao papel e a caneta. Ou seja, pode-se dizer, que existem pelo menos dois estilos acadêmicos geradores de sociabilidade e rituais distintos nos diferentes níveis de ensino, pesquisa e administração.

A unidade deste universo de professores entrevistados se por um lado pode ser expressa a partir de um mesmo pertencimento ao mundo profissional universitário e, sobretudo, à mesma instituição que apresenta marcas fortes culturais, segundo eles próprios, por outro apresenta descontinuidades simbólicas expressivas.

Como se vê, as novas e "antigas" tecnologias da escrita pressupõem diferenças de uso que, por sua vez, relacionam-se a valores e emoções dos usuários. Desta forma, podem ser detectadas "fronteiras simbólicas" (Velho, 1978) que até certo ponto, colocam o professor Rubens e algumas professoras em universos diferentes.

A aula, a pesquisa e a excelência acadêmica

Para Helena a qualidade e a excelência acadêmica, no que diz respeito a uma boa aula e um bom professor passam por uma produção que faça sentido para a vida da pessoa e que seja algo "intimamente ligado com as questões essenciais do indivíduo". Liga-se, também, a um profissional cujo fazer é fruto de uma "vocação", ou seja, de um talento. Para ela não é o "título que faz a excelência acadêmica, é a dignidade, a ética, porque o professor está transmitindo um conhecimento".

Paula, quando começou a dar aula, "tinha uma preocupação quase exclusiva com o conteúdo..." "Era importante que os alunos recebessem o saber como valor". Hoje, ela usa a sua aula para ensinar além da matéria, "um conteúdo também de relações sociais". Paula chama atenção para a propagação de um sistema de valores que incluindo o currículo, comporte outros princípios que estão associados a atitudes e comportamentos, segundo ela, próprios ao "espaço universitário" e à sociabilidade "coletiva". Portanto, há distintas classes de valores e saberes a serem transferidos, ou seja, tanto os de cunho disciplinar, como aqueles que são básicos como o "respeito" na convivência cotidiana e outras atitudes adequadas a um universitário. "Educação é postura", diz ela.

Carmem refere-se ao gosto de preparar aulas e programas embora veja o curso como algo vivo e, portanto, demandando "flexibilidade". Definese como uma "pessoa antiga" que até pode irritar-se com "essas tecnologias novas" de aula. Diz-se de "outra época de aula", talvez dando preferência à encenação de "um diálogo na sala de aula". O discurso de Carmem faz pensar ainda que existe uma pluralidade de estilos de aula, uma construção histórica e social que vai transformando as formas de ensino universitário, de um antes: que era "cuspe e giz" para hoje com o uso de recursos tecnológicos que na sua crítica correm o "sério risco de confundir informação com conhecimento". Na verdade, estes diferentes estilos convivem no dia-a- dia da universidade.

Beatriz rejeitando o termo excelência reflete sobre qualidade acadêmica da seguinte maneira. Pressupõe "sintonia" com os problemas da sociedade, pressupõe "seriedade e ética 'impecável' algo nem sempre presente". A universidade "é um lugar que forma gente". "Pode não formar leitor, mas forma profissional". "Compromisso, identificação dos problemas sociais são dimensões que aparecem como a 'razão de ser' do conhecimento". Então, a qualidade acadêmica tem a ver com o clima de "trabalho e respeito".

No discurso dessa professora a "competição" e "a falta de debates sobre a questão da universidade" no seu próprio espaço, podem ser elementos comprometedores da qualidade acadêmica, na ausência de uma associação de docentes.

Para Joana, "excelência tem a ver com dar uma outra qualidade à vida, tanto à vida social, quanto à vida do conhecimento..".. Para Miriam "é o convívio da pesquisa com o ensino".

Ou seja, pode-se dizer que as concepções aqui abordadas sobre ensino na sua relação com a pesquisa e sobre o lugar da aula na vida dos professores, fazem parte de um sistema de crenças da vida universitária e que, como tal são orientadoras dos sistemas de práticas e rituais acadêmicos. Então, preparar a aula, usar um texto como "pretexto" e interpretá-lo, empenhar-se, ter o texto na mão, encenar um diálogo, usar recursos tecnológicos contemporâneos, montar "pastas" para fotocópias e articular pesquisa com ensino são facetas ritualísticas que se repetem e dão identidade à vida acadêmica. Em outras palavras, dão sentido e são plenas de significado na lógica do "modelo de universidade" experimentada por esses professores. Por outro lado, pode-se interpretar tais concepções como aspectos geradores da chamada "excelência acadêmica", uma vez que estes rituais e práticas em que pesem as diferenças e contradições, constituem a dinâmica dos "modelos nativos" dessa mesma instituição.

Já que os rituais produzem a própria qualidade da vida social (Peirano, M., 2003), tudo indica que esses rituais da vida cotidiana dos professores, uma vez postos em relações, reforçam e enfatizam concepções da vida universitária. Sem dúvida, como diz Cardoso de Oliveira (1998), "o homem não pensa sozinho, mas o faz socialmente"; o que em outras palavras significa que os dados, "construções" que construímos ao selecionar estes depoimentos, por sua vez construções sociais, são as interpretações de primeiro grau (Geertz, C., 1978) que tecem a própria "teia de significados" (ibid) desta cultura acadêmica. Trata-se de uma linguagem institucional cujas categorias são familiares aos integrantes desta "comunidade" profissional.

Os estudantes - cultura letrada e diversidade social

Uma vez que professor e aluno são categorias relacionais, assim como "aluno de ontem" e "aluno de hoje" estas considerações se inscrevem em uma "teia de significados" correlatos dependentes do lugar de quem fala. Por detrás da categoria aluno, espelhase uma visão do que é o jovem, outro termo marcado pelos contornos da relativização.

Examinando os depoimentos dos professores, percebemos diferenças significativas na maneira pela qual o alunado é visto.

Indagado se sentia mudança no perfil do aluno, Rubens coloca-se contra um "discurso clássico" que diz que "o aluno lê menos". Para ele, o aluno entra "maduro, chega com gás e informação". É um outro aluno com o qual temos que aprender a conviver. Para ele, na sua área, "a comunicação se dá de várias formas, por imagem, debate, discussão". Em termos da chamada "diversidade cultural" entre os alunos, o professor constata que no seu departamento não existe "aluno bolsista social". Isto não se dá "por preconceito". A explicação deste fato reside em questões econômicas, pois "uma pessoa que nasce em uma comunidade carente, não fica sabendo o que é design". Ao falar dos alunos de sua área, ressalta que "mudaram... que têm outro tipo de conhecimento, uma outra maneira de pensar". Na sua experiência de professor, há alunos que pelo acesso a Internet ou ao "Discovery" demonstram "saber" certos assuntos. Para esse professor, "a gente não sabe ainda lidar com essa forma de aprendizado, que os alunos trazem do segundo grau, alunos aí no caso, que têm recursos".

A imagem que é apresentada deste alunado é de uma formação "grande e pulverizada".

"Isso é uma coisa confusa para a gente lidar. Eles não têm mais um nível de conhecimento alto ou baixo, eles têm fragmentos, às vezes muito profundos, algumas coisas eles sabem horrores, e por outro lado, não sabem nada. Então é um conhecimento diferente, e a gente não sabe lidar com isso ainda".

Para Carmem, "houve uma certa mudança na sensibilidade" dos alunos. É possível que a sua causa resida em uma "exposição muito grande à televisão, aos meios eletrônicos e ao computador" gerando uma "certa frieza". Suas explicações situam-se entre dois pólos, um de caráter mais individual - o aluno ser ou não uma pessoa interessada e o outro centrado na sociedade, nos processos coletivos, ou seja, na "socialização com tanta aparelhagem". Carmem fala do risco de confundir "informação" com "conhecimento".

Os alunos são vistos por distintos ângulos e distintas maneiras, mesmo sendo consideradas algumas recorrências. Por exemplo, Miriam nos fala de um aluno mais pragmático, objetivo e que não se interessa em aprofundar o conhecimento, sendo uma minoria aquele que deseja mergulhar no conhecimento. Explica esta diferença por um "empobrecimento do pensamento", pois "o pensar hoje em dia é muito difícil, pois as pessoas não querem pensar". Para Helena a "internet e os meios de comunicação de massa" aparecem como um fator interveniente na quantidade de informação que os alunos possuem e na dificuldade que têm de processá-la. Assim, esta professora apresenta-nos o seguinte paradoxo: "alunos que chegam esvaziados, com a espiritualidade meio diluída", e que ao mesmo tempo armazenam muita informação no contato diário com a mídia.

Ao ser questionada sobre a possibilidade da universidade formar leitores, técnicos, literários, assim declara Helena:"... não é só 'saber ler' que faz você 'saber ler'. Saber ler é saber pensar".

Para a professora, são poucos os que conseguem ser despertados para tal, mesmo admitindo que este é o objetivo da universidade.

Joana, a respeito do mesmo tema, concorda em uma mudança de perfil do alunado, que hoje não é proveniente apenas das chamadas escolas de excelência. Acredita que a universidade tenha que se instrumentalizar para superar os limites apresentados atualmente. Ela percebe que os conceitos não estão formulados e as palavras são tomadas pelos alunos dentro do senso comum em inúmeras instâncias. Neste contexto a professora tem como propósito "ensinar a ler".

Beatriz tal como outros professores menciona os efeitos da mídia sobre os estudantes na "conjuntura contemporânea". Nas suas palavras "uma cultura contemporânea de muita confusão". Ela percebe os alunos "confusos", uma certa "dispersão", um "convite às distrações". A professora, também, acha que existe, nos dias de hoje, uma certa "quebra disso que era o que é ser professor, o que é ser aluno". Com isso Beatriz chama atenção para a construção histórica e social dos papéis de professores e alunos. Ela faz questão de derrubar o mito de que são os alunos provenientes dos setores de baixa renda aqueles que têm dificuldade com a língua portuguesa. Como se esta fosse uma problemática exclusiva de um setor social. A professora afirma que tem excelentes "alunos de classe popular, negros, dos vestibulares comunitários", que escrevem muito bem. Por assim ter declarado, foi acusada de escamotear a situação. Contudo, insiste que problemas aparecem nas classes "populares, médias e altas".

A problemática referente aos usos da leitura e escrita nos padrões da norma culta é tema importante entre os integrantes da universidade, nos seus diferentes níveis. Existe a intenção política de implementar estratégias curriculares criando disciplinas que tenham como foco as práticas de leitura e escrita, desde o ingresso na universidade, para todos que assim o queiram, como advogam Beatriz e Joana.

Vimos que se de um lado existe um processo de "deselitização" (Dauster, 2003) da universidade, com a entrada de setores populares em alguns de seus cursos, por outro lado não podemos dizer o mesmo sobre grande parte dos departamentos e carreiras, ainda significativamente elitizadas. Ou seja, este processo em curso, embora expressivo é ainda pleno de contradições e constrangimentos.

Considerações Finais

Em que pesem as contradições que certamente aparecem no cotidiano da vida universitária, retornamos à Geertz para lidar com o significado, (ibid, p. 103) tomando as categorias apresentadas no discurso dos professores, como símbolos que sintetizam um padrão cultural e uma visão de mundo. Assim, encontram-se recorrentemente nas suas falas as questões da ética e da função social do conhecimento, símbolos, sim, de um "conjunto distinto de disposições (tendências, capacidades, proposições, habilidades, hábitos, compromissos, inclinações)". Como ainda diz o mesmo autor, uma disposição descreve "uma probabilidade de atividades a serem exercidas ou de a ocorrência se realizar em certas circunstâncias" (ibid, p. 109 e 110). Estas palavras convidam a pensar: os professores estão falando de um certo lugar - a universidade - mas de distintas tradições acadêmicas. Mesmo considerando-se as suas especificidades, as recorrências de valores tais como - comportamento ético e função social do conhecimento dão o tom e o caráter da vida acadêmica nesta universidade. Outrossim, fazem parte de seus sistemas de crenças e, até certo ponto, são orientadores de suas ações, em que pesem as tensões entre o que se pensa e o que se faz.

Sobre livros e leitura, trazemos outra vez Mary Douglas. Como diz a pesquisadora "o homem precisa de bens para comunicar-se com os outros e para entender o que se passa a sua volta" (ibid, p.149).

Cabe sublinhar, ainda, que entre textos e pretextos, diversas práticas de leitura e escrita vão sendo transmitidas de forma mais e menos intencional nas sociabilidades acadêmicas. Instituemse dessa forma relações de socialização das distintas gerações na cultura letrada.

Em uma perspectiva histórica de longa duração, a relação de ensino é apresentada a partir do modelo socrático do diálogo. A maieutica, parturição de idéias para Platão (Teeteto), está subentendida na relação dialógica da teoria do conhecimento de sua filosofia. A dialógica está viva entre nós ao lado do modelo tecnológico-digital de construção do conhecimento que irrompe na cena universitária diferencialmente (Chartier, R., 1990) provocando outras escritas e leituras e outros lugares de autor e leitor.

Constatamos a partir do ponto de vista dos professores a convivência de distintos estilos acadêmicos, as mudanças quanto às práticas de leitura e escrita, tendo em vista os usos do computador, os múltiplos papéis exercidos pelos professores, suas crenças e valores no que tangem a universidade e suas visões a respeito da diversidade dos estudantes.

Finalmente, acreditamos que no decorrer de nosso trabalho mostramos a coexistência de distintas práticas e estilos acadêmicos, assim como diferentes visões do papel da universidade interagindo (Velho, 1994). Mostramos intensas mudanças culturais em curso. Portanto nos aproximamos da própria energia e dos movimentos de uma sociedade complexa.

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