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Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica

versión On-line ISSN 1851-2372

Bol. Soc. Argent. Bot. vol.53 no.4 Córdoba dic. 2018

http://dx.doi.org/10.31055/1851.2372.v53.n4.21981 

DOI: http://dx.doi.org/10.31055/1851.2372.v53.n4.21981

Anatomia y morfologia

Macroscopia da madeira de Eucalyptus como ferramenta para identificacáo a campo

 

PAULA ZANATTA1, TALITA BALDIN2*, DEBORA DUARTE RIBES3, PATRÍCIA SOARES BILHALVA DOS SANTOS4 e DARCI ALBERTO GATTO3

Summary: Macroscopy of Eocalyptos wood as a field identification tool. The objective of the research was to perform a macroscopic anatómica! study of the woods of six species of the genus Eocalyptos and to contribute to their identification at the field level. Eocalyptos acmenoides, E. bosistoana, E. deanei, E. longifolia, E. moelleriana e E. racemosa wood, not yet described anatomically, were analyzed. For this study, the basic specific mass was estimated and the samples were sanded and scarified with a scalpel, analyzed with a magnifying glass (10x magnification) and macroscopically described according to the norms of procedures in studies of wood anatomy, proposed by Coradin. The results showed similarities among the species regarding color, texture, grain, odor and grouping of the pores. The anatomical characters related to the pore distribution and the axial parenchyma are fundamenta! for macroscopic differentiation and recognition of these species.

Key words: basic density, eucalypt, macroscopic features, wood identification.

Resumo: O objetivo da pesquisa foi realizar um estudo anatómico macroscópico das madeiras de seis espécies do género Eocalyptos e contribuir para identificado destas em nivel de campo. Foram analisadas madeiras de E. acmenoides, E. bosistoana, E. deanei, E. longifolia, E. moelleriana e E. racemosa, ainda nao descritas macroscopicamente. Para esse estudo, foi estimada a massa específica básica e entao, as amostras foram lixadas e escarificadas com bisturi, analisadas com lupa conta fios (aumento 10x) e macroscopicamente descritas de acordo com as normas de procedimentos em estudos de anatomia da madeira, propostas por Coradin. Os resultados demonstraram semelhangas entre as espécies quanto a colorado, textura, gra, odor e agrupamento de dos poros. Contudo, os caracteres anatómicos relacionados a distribuido de poros e o parénquima axial foram fundamentais para a diferenciado macroscópica e reconhecimento destas espécies.

Palavras-chave: características macroscópicas, eucalipto, massa específica básica, identificado de madeira.

Introducáo

A madeira é um material constituido por um conjunto de diferentes tipos de células, as quais apresentam fungoes específicas de sustentagao, armazenamento e transporte de substancias vitais para a sobrevivencia do vegetal (Kalita et al., 2016). O conhecimento da sua constituigao anatómica é um importante ramo da ciencia, fundamental no emprego de qualquer espécie arbórea, visto a ampla diversidade existente.

Ao transformar o material em madeira serrada, as características morfológicas sao eliminadas, tais como folhas, flores e frutos, o que dificulta a identificagao botánica. Uma das formas mais confiáveis de identificar uma espécie é por meio da anatomía da madeira em nivel microscópico aliada a chaves dicotómicas. Contudo, para que isso seja possível, sao necessários equipamentos e técnicas mais avanzadas, bem como profissionais qualificados, o que demanda mais custo e tempo para elaborado da técnica. Para que ocorra a identificado rapidamente em nivel de campo, seja no recebimento no pátio ou como fiscalizado de transporte de madeiras, a macroscopia, com visualizado de caracteres anatómicos a olho nu ou com aumento máximo de 10x, pode atuar como uma ferramenta eficaz no reconhecimento de espécies, com um alto grau de confiabilidade (Zenid & Ceccantini, 2012).

Entre as diferentes madeiras, as do genero Eucalyptus, pelo elevado número de exemplares, sao de difícil identificado por apresentarem semelhangas visuais, o que muitas vezes leva á utilizado equivocada causada pela ausencia do devido conhecimento da espécie e de suas propriedades intrínsecas. Sendo assim, a falta de informagóes e práticas inapropriadas (cor, textura, gosto e cheiro) executadas a campo levam a identificagóes erróneas, fraudes e emprego inadequado das espécies.

Atualmente as espécies do genero Eucalyptus sao as mais plantadas no mundo, com 20 milhóes de hectares em cerca de 90 países, nas regióes da África, América, Ásia, Austrália e Europa (Myburg et al. 2014). Estas, juntamente com o Pinus sp., sao consideradas as principais matérias-primas da indústria brasileira de processamento de toras, produgao de polpa e celulose, com aplicagóes nos mais diversos segmentos de produgao madeireira.

Existem mais de 700 espécies catalogadas de Eucalyptus, o que instiga os pesquisadores a realizar minuciosas avaliagóes, a fim de obter maiores informagóes sobre suas diferengas (Vital, 2007). Apesar da importancia da madeira de eucalipto no setor industrial mundial, pesquisas relacionadas á caracterizagao anatómica macroscópica do genero sao pouco exploradas. As investigagóes mais abordadas sao relacionadas com dimensóes de fibras, as quais fornecem embasamento científico para indústria de papel e celulose. Contudo, pelas potenciais características do genero, há um emprego expressivo na construgao civil e como madeira serrada, os quais necessitam do conhecimento de suas características anatómicas para reconhecimento e destino final. Assim, com a identificagao macroscópica, a partir das descrigóes anatómicas a olho nú ou com baixa magnificagao (10x), é possível reconhecer e predizer o uso correto da madeira, o que evita gastos desnecessários e problemas futuros (Alves et al., 2012; Pirralho et al., 2014; Giachi et al., 2016).

Frente ao crescente uso de madeiras de Eucalyptus, oriundas de reflorestamento, surge a necessidade de descrever e comparar espécies desse genero em decorrencia da grande semelhanga anatómica. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo anatómico macroscópico de madeiras de seis espécies do genero Eucalyptus (E. acmenoides, E. bosistoana, E. deanei, E. longifolia, E. muelleriana e E. racemosa), cultivadas no Rio Grande do Sul e contribuir para reconhecimento destas em nivel de campo.

Material e Métodos

As madeiras estudadas foram coletadas com 43 anos de idade em plantios comerciais instalados no ano de 1974, de propriedade da empresa Celulose RioGrandense (CMPC), na cidade de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul. O clima da regiao onde os povoamentos estao implantados caracterizase como subtropical úmido, predominando solos profundos, muito profundos e excessivamente bem drenados (CMPC, 2016).

Foram adquiridos discos no diámetro a altura do peito (DAP), tomado a 1,30 m do nivel do solo, de seis espécies de Eucalyptus: E. acmenoides, E. bosistoana, E. deanei, E. longifolia, E. muelleriana e E. racemosa. Junto aos discos de madeira coletou-se material botánico, que serviu para a identificagao das espécies. Todo material estudado foi coletado por Talita Baldin, na data de 11 de maio de 2015, no horto florestal Barba Negra da empresa CMPC Celulose Riograndense, na cidade de Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul, Brasil. As exsicatas, confeccionadas a partir do material coletado, foram incorporadas ao Herbário do Departamento de Ciencias Florestais da Universidade Federal de Santa Maria (HDCF), sob os registros disponibilizados (Tabela 1).

Para a determinagao da massa específica básica foram retiradas duas cunhas diametralmente oposta (Fig. 1), as quais permaneceram imersas em água até atingir o ponto de saturagao necessário á medigao. Os valores determinados para esta variável seguiram a metodología proposta pela American Society for Testing and Materials D 239593 (ASTM, 1995).

*Herbário do Departamento de Ciéncias Florestais da Universidade Federal de Santa Maria (HDCF).



Fig. 1. Esquema de amostragem e localizagao das amostras para identificagao botánica, massa específica e caracterizagao macroscópica.

Tabela 1. Registro no herbário das espécies utilizadas no estudo.

Espécie

Registro no herbário (HDCF*)

Eucalyptus acmenoides

11.6762

Eucalyptus bosistoana

7. 6758

Eucalyptus deanei

12. 6763

Eucalyptus longifolia

13. 6764

Eucalyptus muelleriana

5. 6755

Eucalyptus racemosa

6.751

 

Para análise descritiva dos caracteres gerais e anatómicos macroscópicos, foram utilizadas as normas de procedimentos em estudos de anatomía da madeira, propostas por Coradin (1991). Assim, nas cunhas restantes de cada disco, observaram-se: distado entre cerne e alburno, cor, odor, gra, brilho, textura, camadas de crescimento e visibilidade, tipo, distribuyo e frequencia de poros, parenquima e raios.

O método empregado para preparar as amostras foi o de escariñcagao manual. Para isso, primeiramente, as amostras foram lixadas nos diferentes planos anatómicos da madeira (transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial), escarificadas manualmente com um bisturi, para melhor visualizagao das características, e, posteriormente escovadas para limpeza da superficie. No caso de avaliagao de caracteres anatómicos, uma lupa conta ños (de fácil aquisigao em campo) foi utilizada.

Para conñrmar a análise descritiva realizada nas diferentes espécies, fez-se macrofotograñas das segóes transversal e tangencial de cada madeira. Estas foram obtidas por meio de uma camera digital (Digital Still Camera DSC-S75 Sony) acoplada a uma lupa ótica Zeiss Stemi SV11. Os programas MI PRO standard v1.1 e GIMP 2 auxiliaram no processamento e manipulagao das imagens geradas após o método de escariñcagao manual.

Resultados

Eucalyptus acmenoides Schauer

a)    Descrigao dos caracteres gerais

A massa especíñca básica da madeira da espécie E. acmenoides é considerada média (0,64 g.cm-3). A cor da madeira deñnida como marrom muito pálida possuindo cerne e alburno indistintos. Apresenta brilho moderado na sua superficie e o odor é imperceptível. A gra é direita, textura é ñna e as camadas de crescimento sao distintas por uma zona com coloragao mais escura.

b)    Descrigao anatómica macroscópica

No plano transversal, os poros sao visíveis sob lente de 10x, com porosidade difusa uniforme, comumente solitários, aparentemente múltiplos, distribuidos em um angulo de, aproximadamente, 45° em relagao aos raios (Fig. 2A). Os poros destacam-se em quantidade, classiñcados em muito numerosos de pequeno diámetro. Parenquima axial é invisível e o radial apresenta raios ñnos e numerosos visíveis apenas sob lente 10x. No plano longitudinal tangencial o parenquima radial é visivel sob lente 10x, nao estratiñcado e normalmente com raios altos e largos (Fig. 2B). No plano radial o espelhado dos raios é pouco contrastado. A madeira apresenta camadas de crescimento individualizadas


Fig. 2. A: Eucalyptus acmenoides em segao transversal evidenciando os poros distribuidos em um ángulo de aproximadamente 45° em relagao aos raios (seta a). B: Mesma espécie em plano longitudinal tangencial evidenciando raios altos (seta b). C Eucalyptus bosistoana em segao transversal evidenciando os poros solitários (seta c) e parénquima axial, vasicéntrico e aliforme (seta d). D: Plano longitudinal tangencial em E. bosistoana. E: Segao transversal de Eucalyptus deanei evidenciando porosidade difusa, agrupamento radial, de dois a quatro poros, por vezes, solitários (seta e) e parénquima axial confluente, vasicéntrio e aliforme linear (seta f). F: Parénquima radial na mesma com raios altos, normalmente na mesma diregao e altura (seta g), em plano longitudinal tangencial.

por zonas fibrosas mais escuras, nestas, inclusive, os vasos tendem a ser sempre solitários e distribuidos de forma uniforme.

Eucalyptus bosistoana F. Muell

a)    Descrigao dos caracteres gerais

A madeira possui massa específica básica alta, 0,78 g.cm-3, coloragao marrom claro, com cerne e alburno indistintos. A superficie é opaca e o odor imperceptível. A gra é direita, textura fina e as camadas de crescimento sao distintas.

b)    Descrigao anatómica macroscópica

Os poros sao visíveis sob lente 10x em plano transversal. A porosidade ocorre em anéis porosos, variando a sua frequencia na camada de crescimento (Fig. 2C). Poros sao solitários e aparentemente múltiplos, numerosos e diámetro pequeno. O parenquima axial é vasicentrico e aliforme linear, visível sob lente 10x. No plano longitudinal tangencial o parenquima radial é levemente visivel a olho nu, nao estratificado e normalmente com raios altos (Fig. 2D). No plano radial o espelhado dos raios nao é contrastado. Madeira com camadas de crescimento individualizadas pela distribuigao dos poros.

Eucalyptus deanei Maiden

a)    Descrigao dos caracteres gerais

Madeira de massa específica básica considerada média (0,59 g.cm-3). Coloragao marrom muito pálida, possuindo cerne e alburno indistintos. Superficie brilhosa e odor imperceptível. A gra é classificada como ondulada, a textura é fina e as camadas de crescimento sao pouco distintas.

b)    Descrigao anatómica macroscópica

Em plano transversal os poros sao visíveis a olho nu e em porosidade difusa. Poros numerosos e de diámetro médio, predominantemente em agrupamento radial, de dois a quatro, por vezes, solitários. Parenquima axial vasicentrio e aliforme linear, este último, predominantemente em poros solitários (Fig. 2E). O parenquima radial é levemente visível a olho nu, finos e numerosos. No plano longitudinal tangencial o parenquima radial é visivel a olho nu e com raios altos, normalmente na mesma diregao e altura (Fig. 2F). Em plano radial o espelhado dos raios é pouco contrastado. A madeira de E. deanei apresenta camadas de crescimento individualizadas por zonas fibrosas mais escuras.

Eucalyptus longifolia Link

a)    Descrigao dos caracteres gerais

A madeira de E. longifolia tem massa especifica básica média (0,66 g.cm-3). A cor, definida como marrom avermelhado no cerne e marrom claro na regiao do alburno. Apresenta brilho entre opaco e moderado na sua superficie e o odor é imperceptível. A gra é direita, a textura é fina e as camadas de crescimento sao distintas apenas no alburno.

b)    Descrigao anatómica macroscópica

Em plano transversal os poros sao visíveis sob lente 10x, com porosidade em anéis porosos no alburno (Fig. 3A) e difusa nao uniforme no cerne e (Fig 3B). Poros solitários, pouco numerosos a numerosos e de pequeno diámetro. O parenquima axial é paratraqueal vasicentrico, contudo no alburno é pouco visivel sob lente 10x.

Em plano longitudinal tangencial o parenquima radial é visivel apenas sob lente 10x, nao estratificado e normalmente com raios altos. Em plano radial o espelhado dos raios nao é contrastado. As camadas de crescimento sao individualizadas por anéis porosos pela frequencia dos poros na regiao do alburno.

Eucalyptus muelleriana A.W. Howitt

a)    Descrigao dos caracteres gerais

A massa especifica básica da madeira de E. muelleriana é considerada alta (0,72 g.cm-3). A cor definida como marrom muito pálida, possuindo cerne e alburno indistintos. Apresenta brilho moderado na superficie e o odor é imperceptível. A gra é inclinada, a textura é média e as camadas de crescimento sao pouco distintas.

b)    Descrigao anatómica macroscópica

Em plano transversal, os poros sao visíveis sob lente 10x e a porosidade é em anel semicircular (Fig. 3C). Os poros sao solitários, classificados como pouco numerosos e médios. Parenquima axial paratraqueal vasicentrico e parenquima radial fino e numeroso, visiveis apenas sob lente 10x. No plano longitudinal tangencial o parenquima radial é visível a olho nu, nao estratificado e normalmente com raios altos (Fig. 3D). Em plano radial o espelhado dos raios nao é contrastado. Camadas de crescimento individualizadas por anéis semicirculares.


Fig. 3. A: Eucalyptus longifolia em segao transversal evidenciando porosidade em anel no alburno (seta a). B: Mesma espécie em segao transversal evidenciando a porosidade difusa do cerne (seta b). C: Segao transversal em E. muelleriana evidenciando porosidade semicircular e poros solitários (seta c). D: No plano longitudinal tangencial de E. muelleriana o parénquima radial (seta d). E: Eucalyptus racemosa em segao transversal evidenciando poros solitários (seta e) e agrupados (seta f). F: Parénquima radial (seta g) na segao tangencial de E. racemosa.

Eucalyptus racemosa Cav.

a)    Descrigao dos caracteres gerais

Madeira com massa específica básica de 0,57 g.cm-3, classificada como de média. A cor da madeira é definida como marrom pálido na regiao do alburno e marrom levemente avermelhado no cerne. A superficie é brilhosa, com odor imperceptível. Gra inclinada, a textura é fina e as camadas de crescimento sao distintas.

b)    Descrigao anatómica macroscópica

No plano transversal os poros sao visíveis a olho nu, com porosidade em anel poroso (Fig. 3E). Poros solitários e em maior frequencia na transigao do anel de crescimento, atribuindo um aspecto de faixa em algumas regioes. Sao pouco numerosos e de diámetro médio, com ampla variagao de tamanho. O parenquima axial é praticamente invisível, contudo, nas regioes de grande aglomeragao de poros, podem ser visualizados como vasicentrico. O parenquima radial é visível sob lente 10x e pode ser classificado como fino e numeroso. No plano longitudinal tangencial o parenquima radial é visível a olho nu, nao estratificado e normalmente com raios altos (Fig. 3F). Em plano radial o espelhado dos raios é bem contrastado. A madeira apresenta camadas de crescimento individualizadas por distribuigao dos poros em anéis porosos, demarcados pela sua maior frequencia e por variagao de diámetro.

Discussáo

O método de escarificagao manual para descrigao de espécies é simples, rápido e utiliza ferramentas acessíveis. Acredita-se que em nivel de campo, este se torna adequado para identificar, reconhecer e empregar corretamente madeiras (exóticas ou nativas; autorizadas ou restritas ao corte) que circulam no mercado, em um grau alto de confiabilidade. No entanto, por se tratar de uma técnica que utiliza um preparo superficial com lixas, os poros ficam obstruidos, o que limita a detecgao de tilos nas estruturas porosas.

As descrigoes das caracteristicas anatómicas macroscópicas e as fotomacrografias das diferentes espécies de Eucalyptus visualizadas anteriormente podem ser consideradas ferramentas importantes para serem utilizadas na identificagao de madeiras em nivel de campo. Estas dao um embasamento científico, considerado seguro e rápido na fiscalizagao de madeiras transportadas em rodovias e auxiliam o reconhecimento destas seis espécies, como por exemplo, em serrarias.

A homogeneidade dentro de uma mesma familia já é constatada na literatura, principalmente em nivel macroscópico. Assim, estudos que envolvem a descrigao de vasos, parenquima e raios se torna importante para descobrir peculiaridades que diferenciam as espécies, dentro de um mesmo genero (Reis, 2015).

A massa especifica básica das madeiras de E. bosistoana e E. mulleriana foram superiores ás demais espécies estudadas e se assemelham ao E. botryoides e E. tereticornis, com 0,72 g.cm-3 e 0,76 g.cm-3, respectivamente, encontrado por Ávila Delucis et al. (2014), que também circulam e sao empregadas no mercado madeireiro da regiao.

De modo geral, no que se refere aos caracteres gerais, houve similaridade quanto á coloragao, gra, textura e odor, corroborando com a literatura de várias espécies de Eucalyptus (Dadswell & Burnell, 1932; Dadswell, 1972; Metcalfe & Chalk, 1950; Van Vliet & Baas, 1984; Détienne & Jacquet, 1983; Pirralho et al., 2014).

Com relagao á estrutura do lenho, unicamente o E. acmenoides demonstrou poros distribuidos uniformemente na madeira, e também parenquima invisivel e camadas de crescimento distintas por zonas mais escuras. Estas caracteristicas, juntamente com a coloragao, sao similares ás encontradas por Alves et al. (2012) ao descrever o E. cloeziana, as quais podem ser facilmente confundidas.

O parenquima do tipo vasicentrico e aliforme apareceram em abundáncia na maioria das espécies. Verificou-se que para o genero Eucalyptus esta estrutura é comumente encontrada em espécies como: E. grandis, E. citriodora, E. pellita, E. globulus e E. gummifera (Tomazello Filho, 1985; Poubel et al., 2011; Alves et al., 2012). O agrupamento dos poros se destacou por ser em maior parte solitários, igualmente a E. grandis e E. urophylla (Brisola & Demarco, 2011).

Acredita-se que caracteres como porosidade e tipo de parenquima podem fornecer informagóes valiosas para diferenciagao e identificagao de espécies do genero. Assim, a Tabela 2, esboga as descrigóes consideradas mais relevantes e que facilitam o reconhecimento das madeiras estudadas.

Tabela 2. Descrigao dos caracteres anatómicos macroscópicos mais importantes para identiicagao das espécies estudadas.

Espécie

g.cm-3

Coloragao

Gra

Brilho

Textura

Camadas de

crescimento

Visibilidade

dos poros

Poros

Porosidade

Parénquima

Eucalyptus

acmenoides

0.64

marrom muito pálida

direita

moderado

ina

distintas

sob lente 10x

solitários

difusa

invisível

Eucalyptus

bosistoana

0.78

marrom claro

direita

opaco

ina

distintas

sob lente 10x

solitários

anéis porosos

vasicéntrico aliforme

Eucalyptus

deanei

0.59

marrom muito pálida

ondulada

brilhoso

ina

pouco distintas

olho nu

agrupamento

radial

difusa

confluente

vasicéntrico

aliforme linear

Eucalyptus

longifolia

0.66

marrom avermelhado

(cerne); marrom claro (alburno)

direita

opaco a

moderado

ina

distintas apenas

no alburno

sob lente 10x

solitários

difusa (cerne); anéis porosos (alburno)

vasicéntrico

Eucalyptus

mulleriana

0.72

marrom muito pálida

inclinada

moderado

média

pouco distintas

sob lente 10x

solitários

anel semi circular

vasicéntrico

Eucalyptus

marrom levemente

0.57

avermelhado (cerne);

inclinada

brilhosa

ina

distintas

olho nu

solitários

anéis porosos

invisível

racemosa

marrom pálido (alburno)

 

Conclusáo

As espécies do genero Eucalyptus estudadas demonstraram semelhanga nas caracterizagOes gerais e anatómicas. Contudo, uma riqueza de detalhes essenciais foi observada para contribuir na correta identificagao e diferenciagao das espécies estudadas. O método de escarificagao com bisturí e análise com lupa conta fios (aumento 10x) é rápido e eficiente para reconhecimento em nivel de campo. Recomenda-se ao identificador atengao em detalhes anatómicos, quanto á distribuigao de poros e camadas de crescimento, bem como parenquima axial.

Após o corte da árvore e exclusao de todos os caracteres botánicos, as descrigoes realizadas podem ser utilizadas como ferramentas de reconhecimento e distingao entre as espécies em nivel de campo. Sendo assim, estudos anatómicos de fácil abordagem se tornam importantes e podem atuar no auxilio a óigaos de fiscalizagao e contribuir uma garantia na comercializagao legal de madeiras.

Agradecimentos

Os autores agradecem a CMPC pela disponibilidade das madeiras de Eucalyptus e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [151833/2018-9].

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Recibido el 3 de julio de 2018, aceptado el 17 de septiembre de 2018. Editora: Ana M. Gonzalez.

1

   Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciéncias Agroveterinárias, Departamento de Engenharia Florestal, Lages, SC, Brasil.

2

   Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Engenharia Florestal, Montes Claros, MG, Brasil.

3

   Universidade Federal de Pelotas, Pós-graduagao em Ciéncia e Engenharia de Materiais, Pelotas, RS, Brasil.

4

   Universidade Federal do Pará, Departamento de Engenharia Florestal, Altamira, PA, Brasil.

* talita.baldin@hotmail.com

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