SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 issue33Preliminary study to optimize the extraction of bioactive phenolic compounds of quinoa (Chenopodium quinoa Willd)Experimental electronic system for the measurement of gait parameter variables in elderly people author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

  • Have no cited articlesCited by SciELO

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Revista de Ciencia y Tecnología

On-line version ISSN 1851-7587

Rev. cienc. tecnol.  no.33 Posadas June 2020

 

Articulos

Efectos de los microplásticos en el medio ambiente: Un macroproblema emergente

Efects of microplastics on the environment: an emerging macroproblem

Efeitos dos microplásticos no meio ambiente: Um macroproblema emergente

 

Lisandro D. Giraldez Alvarez1' *, Fernanda Braz De Jesus1, Ana P. Lacerda Costa1, Leticia E. Ferraz Bastos1, Daniel A. Moura De Souza1, Douglas Gongalves da Silva1

1- Laboratório de Química Analítica e Ambiental. Departamento de Ciencias Naturais (DCN). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). ESTRADA DO BEM QUERER, KM 4, BAIRRO UNIVERSITARIO, VITORIA DA CONQUISTA, Bahia, CEP: 45031-300. Brasil.

*E-mail: giraldezli@gmail.com

Recibido el 19 de noviembre de 2019, Aprobado el 16 de marzo de 2020.


Resumen

Como material liviano, duradero, versátil y potencialmente transparente, los plásticos son ideales para una variedad de aplicaciones. Sin embargo, se producen alrededor de 300 millones de toneladas de plástico por año, de las cuales 13 millones llegan a ríos y océanos lo que puede causar daños irreparables a esos ecosistemas y afectar organismos con capacidad limitada de adaptación. Se estima que hasta el momento se han producido 8300 millones de toneladas métricas (TM) de plástico, de las cuales 6300 TM se han transformado en desechos a partir de 2015, y solo el 9% fueron reciclados. El riesgo que pueden representar los microplásticos (MP's) para la salud humana aún no es un problema definido, pero existen numerosas evidencias de los impactos negativos del plástico y sus desechos, los microplásticos y nanoplásticos, ingeridos por organismos de diversos ecosistemas. Por lo tanto, el objetivo de este trabajo fue llevar a cabo una investigación bibliográfica sobre el estado actual del conocimiento sobre los microplásticos y sus impactos en el medio ambiente, especialmente en ambientes acuáticos.

Palabras clave: Microplásticos; Medio ambiente; Contaminación acuática.

Abstract

As a lightweight, durable, versatile and potentially transparent material, plastics are ideal for a variety of applications. However, around 300 million tons of plastic are produced per year, of which 13 million reach rivers and oceans causing irreparable damage to this ecosystem and affecting organisms with limited adaptation capacity. It is estimated that 8300 million metric tons (MT) of plastic has been produced. From 2015 onwards, 6300 MT has become waste and only 9% of it has been recycled. The risk that microplastics (MPs) can represent for human health is not yet a definite problem, but there is numerous evidence of the negative impacts of plastic and their wastes, microplastics and nanoplastics, ingested by organisms from diverse ecosystems. Therefore, the objective of this work was to carry out a bibliographic investigation on the current state of knowledge about microplastics and their environmental impacts, especially in the aquatic ones.

Keywords: Microplastic; Environment; Aquatic pollution.

Resumo

Por tratar-se de um material leve, resistente, versátil e potencialmente transparente, os plásticos se tornam ideais para uma diversidade de aplicares. Porém, cerca de 300 milhoes de toneladas de plástico sao produzidos por ano, dos quais 13 milhoes sao levados aos rios e oceanos podendo causar danos irreparáveis a esse ecossistema afetando os organismos com capacidade limitada de adaptagao. Estima-se que 8300 milhoes de toneladas métricas (MT) de plástico foram produzidas até o momento, das quais 6300 MT se tornaram residuos a partir de 2015, e foram reciclados apenas 9%. Mesmo que os microplásticos (MP's) estejam onipresentes nos oceanos, o risco que podem causar á saúde humana ainda nao é uma questao definida. As evidencias dos impactos negativos do plástico e seus detritos microplásticos e nanoplástico ingerido pelos organismos de diversos ecossistemas, sao fornecidos constantemente pela comunidade científica. Por isso, o objetivo deste trabalho foi realizar uma investigagao bibliográfica sobre o estado atual do conhecimento sobre os microplásticos e os seus impactos sobre o meio ambiente, principalmente nos ambientes aquáticos.

Palavras-chave: Microplásticos; Médio ambiente; Contaminagao aquática


 

Introdugao

A produgao de materiais pelo ser humano na sua procura pela praticidade no dia a dia ocasiona, muitas vezes, vários problemas relacionados á saúde em geral e á preservando do meio ambiente. Nas últimas décadas a produgao de plástico cresceu radicalmente e, como consequencia, o seu acúmulo e contaminagao do meio ambiente como foi observado, por exemplo, no estuário de Goiana, Brasil, e no Delta Atrato, Colombia [1] [2].

A compreensao das vias de poluigao e dos impactos decorrentes nos ecossistemas é importante nao apenas para um melhor entendimento das respostas negativas, mas também para formular medidas de prevengao [3]. Nesse sentido, um problema que vem sendo discutido atualmente sao os residuos de plásticos nos ambientes aquáticos, por trazerem consequencias adversas aos animais marinhos e a saúde humana. A crescente contaminagao de nossos oceanos com detritos plásticos é um problema de grande preocupagao ambiental. Recentemente, estimou-se que 8300 milhoes de toneladas métricas (MT) de plástico foram produzidas até o momento, das quais 6300 MT se tornaram residuos a partir de 2015, dos quais foram reciclados apenas 9% [4].

Para se compreender as fontes e vias de poluigao do plástico nos ambientes aquáticos é necessária uma avaliagao abrangente sobre os riscos desses contaminantes orgánicos, para se ter uma definigao, o entendimento e a quantificagao do langamento desses residuos, tanto geográfico quanto temporal [5].

Por tratar-se de um material leve, resistente, versátil e potencialmente transparente, os plásticos se tornam ideais para uma diversidade de aplicagoes. Principalmente quando se leva em conta suas notáveis propriedades de barreira ao oxigenio/umidade, seu baixo custo, a bioinércia e sua leveza, que fazem deles formidáveis materiais para embalagem [6]. Apesar disso, as evidencias dos impactos negativos do plástico e seus detritos microplásticos e nanoplástico ingeridos pelos organismos de diversos ecos-sistemas sao fornecidas constantemente pela comunidade científica [7].

O Joint Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine Environmental Protection (GESAMP), define microplásticos como “partículas de plástico com menos de 5 mm de diámetro, que incluem partículas na faixa de nano--tamanho (1 nm)” [8]. Sem embargo, considerando toda a atengao e pesquisa que existe até o momento, ainda nao há um consenso claro sobre uma definigao que seja extensa o suficiente para abranger todos os critérios necessários para descrever os ‘microplásticos’, por isso recentemente foi proposta a seguinte definigao para os microplásticos: “Microplásticos sao qualquer partícula sólida sintética ou matriz polimérica, com forma regular ou irregular e com tamanho variando de 1 pm a 5 mm, de origem primária ou secundária de fabricagao e insolúveis em água” [9].

Os microplásticos sao de grande ameaga á biota, por serem persistentes e levarem longos periodos para se degradar, devido também ao seu pequeno tamanho, pois podem ser ingeridos por uma grande variedade de organismos, os quais, por sua vez sao atetados por conta de sua grande ca-pacidade de absorver e concentrar contaminantes, fator que acarreta vários efeitos [10]. Além disso, os microplásticos apresentam o potencial de absorver contaminantes quimicos, o que leva os organismos aquáticos á ingestao de poluentes orgánicos e inorgánicos [11]. Ressalta-se, ainda, que sua abundáncia continue a aumentar, despertando uma séria preocupagao para os seres humanos e a fauna marinha [7].

Embora muitas investigagoes, incluindo várias revisoes criticas sobre MPs no ambiente tenham sido conduzidas, a maioria delas está focada em suas ocorrencias no ambiente marinho [12], sendo importante destacar que de 195 países no mundo só 23 estudaram a poluigao por plásticos em água doce [13]. Por isso, o objetivo deste trabalho é realizar uma investigagao bibliográfica sobre o estado atual do conhecimento sobre os referidos microplásticos e os seus impactos sobre o meio ambiente, principalmente nos ambientes aquáticos.

Efeitos dos microplásticos sobre os organismos marinhos

O conhecimento de sua distribuigao em ambientes remotos como regioes polares e o mar profundo é escasso. Amostras de sedimentos coletadas no observatório Ártico HAUSGARTEN a profundidades entre 2340 e 5570 m mostraram uma elevada quantidade de microplásticos (42-6595 microplastics/kg) com um tamanho de <25 pm em 80% das amostras. Um total de 18 polímeros diferentes foram encontrados com o polietileno clorado na maior proporgao (38%), seguido pela poliamida (22%) e polipropileno (16%), indicando que os mares podem ser importantes transportadores desse material [14].

Efeitos sobre peixes

Diversos sao os efeitos negativos da ingestáo de micro e nanoplásticos pelos peixes. Análises mostraram que a carga total desses poluentes no trato gastrointestinal de um peixe durante a sua vida é alta, o que consequentemente poderá afetar sua saúde. Observou-se, como efeitos, o bloqueio intestinal, o dano físico, as alteragoes histopatológicas no intestino, as mudangas de comportamento e do metabolismo lipídico e sus transferencia para o fígado [15]. Resultados preocupantes foram obtidos a partir de estudos realizados no estuário do Douro (Portugal) que microplásticos, bem como a abundáncia e distribuigao desses residuos e larvas de peixes, os quais mostraram que a densidade que MPs superou a de larvas de peixes na maioria das estagoes e áreas estuarinas onde foram coletadas (na proporgao de 1,0 larvas: 1,5MPS). Os microplásticos (MPs < 5 mm) sao particularmente perigosos para os estágios iniciais da vida dos peixes, porque sua ingestao pode induzir bloqueio intestinal, limitando a ingestao de alimentos ou expondo os organismos á contaminando devido á capacidade dos MPs. de absorgao de poluentes [16].

Efeitos sobre coráis

Constatou-se que uma espécie de coral de água fria exposta por um período de 5 meses a micro e macroplásticos, apesar de nao ter ocasionado a morte, afetou o organismo tanto em termos de captura quanto em taxa de crescimento. Os pólipos de Lophelia pertusa, expostos aos microplás-ticos, apresentaram um crescimento consideravelmente menor em relagao ao controle. Além disso, foi observado o crescimento reduzido do septo sob a exposigao micro-plástica em comparagao ás condigoes de controle (307 ± 360 mm e 1260 ± 770 mm, respectivamente). Neste estudo foram analisadas em conjunto, outras espécies, as quais nao expressaram alteragoes significativas. No entanto, considerando-se que algumas espécies podem ser mais afetadas que outras, a poluigao plástica pode levar a uma redugao da biodiversidade nos ecossistemas onde esses organismos habitam [17]. Seis espécies de corais pétreos de pólipos pertencentes aos géneros Acropora, Pocillopora e Porites foram expostos a microplásticos (polietileno, tamanho 37-16 pm, concentragao ca. 4000 partículas L-1) durante quatro semanas. Cinco das seis espécies analisadas apresentaram respostas diferentes á exposigao, como por exemplo a fixagao de microplásticos aos tentáculos ou filamentos mesenteriais, produgao de muco, crescimento excessivo ou morte tecidual [18].

Para análise dos efeitos a longo prazo em corais, realizou-se um estudo de microcosmo nos organismos pertencentes aos géneros Acropora, Porites, Pocillopora e Heliopora. Estes foram expostos, por um período de seis meses, a uma concentragao de 200 particulas L-1 microplásti-cas relacionadas a níveis de poluigao. As espécies Acropora muricata e Pocillopora verrucosa mostraram sinais de comprometimento da saúde seis semanas após inicio da exposigao. A taxa de crescimento (mudangas na área da superfície, volume e taxa de calcificagao) foi avaliada em análise de varredura 3D e medigoes de peso, nas quais foi possível observar impactos negativos em A. muricata e H. coerulea. Na primeira, o crescimento da área superficial foi 33% menor quando comparado ao grupo controle; a segunda apresentou taxas de calcificagao reduzidas em 3% sob a exposigao, mostrando ao longo do tempo a ocorréncia da diminuigao da forga do efeito. Esses dados mostram como a exposigao a microplásticos pode ter efeitos negativos em algumas espécies importantes de corais [19].

Efeitos sobre ostras

Foi possível observar o impacto de microesferas de poliestireno (micro-PS) na fisiologia da ostra do Pacífico. Ostras adultas foram expostas experimentalmente ao micro-esferas de poliestireno, por 2 meses durante um ciclo reprodutivo. Após 2 meses, as ostras expostas apresentaram significativas redugoes na velocidade espermática (-23%), no diámetro (-5%) e no número de oócitos (-38%). Em comparagao com os filhos controle, o rendimento das larvas e o desenvolvimento larval dos filhos derivados de pais expostos diminuíram 41% e 18%, respectivamente [20].

Na regiao oriental da Bacia do Levantine (na costa libanesa) foi avaliada, pela primeira vez, a poluigao microplástica e os polímeros encontrados mais frequente-mente. Neste estudo, foram coletadas em Tripoli, Beirute e Sidon duas espécies de frutos do mar anchovas (Engraulis encrasicolus) e ostras-espinhosas (Spondylus spinosus) regularmente consumidas pela comunidade libanesa, assim como água do mar e sedimentos dos mesmos locais. Os resultados apresentaram diferentes padroes na concentragao de MPs: a água de Sidon apresentou elevado grau de contaminagao (6,7 MPs/m3) por microplásticos, enquanto em Tripoli a maior contaminagao foi observada nos sedimentos (4,68 MPs/g). Foram observados 83,4% e 86,3% de microplásticos na biota de anchovas e ostras-espinhosas, respectivamente, mas os índices mais altos de MPs/indivíduo foram vistos nas anchovas e ostras da regiao de Beirute. Os autores ainda acrescentam que a quantidade de resíduos ingeridos por esses animais pode resultar em potenciais problemas de saúde, já que há alto consumo dessas espécies na regiao; e atribuem a grande quantidade de microplásticos na Bacia oriental do Medite-rraneo á presenga dos aterros costeiros e dos resíduos mal administrados [21].

Efeitos sobre Zoopláncton

A contaminagao por microplásticos do ambiente aquá-tico é considerada um problema crescente. Sao, portanto, notórios os efeitos que a ingestao de microplásticos pelos animais marinhos - incluindo mexilhoes, peixes, aves marinhas e até mesmo zooplanctons - trazem para a biota. Apesar de haver poucas pesquisas relacionados á ingestao dos microplásticos por zooplanctons, através de estudos realizados em laboratório usando a microscopia de fluo-rescéncia foi identificado que trece taxones de zooplancton tenían la capacidad de ingerir bolas de poliestireno de tamanhos que varia de 1.7 a 30.6 pm, con una absorción por parte de los indivíduos que varía según los taxones, la etapa de la vida y el tamaño de las bolas, fato que pode influenciar as fungoes e a saúde dos individuos [22].

Efeitos dos microplásticos em organismos de água doce

Até agora, a maioria das pesquisas em microplásticos se concentrou em o ambiente marinho como fui apresentado por Bletter et al (2018) mostrado que 87% dos estudos de poluigao por plásticos estao relacionados aos ambientes marinhos e apenas 13% aos sistemas de água doce, com uma taxa de crescimento de aproximadamente 41 vs. 7 artigos por ano, para ambientes marinhos e de água doce, respectivamente [13]. Embora os ambientes de água doce e terrestre sejam reconhecidos como origens e vias de transporte de plásticos para os océanos, ainda existe uma falta comparativa de conhecimento sobre essas questoes ambientais [23].

A ingestao de microplásticos por invertebrados de água doce nao foi relatada fora de estudos realizados em laboratório. Sem embargo, em um grande corpo de água urbano alimentado pelo rio Irwell, em Manchester, Reino Unido, foi estudada a ingestao de partículas microplásticas de sedimentos de fundo por Tubifex tubifex. Os sedimentos hospedeiros apresentaram concentrares microplásticas variando de 56 a 2544 partículas/kg, 87% das partículas microplásticas ingeridas por Tubifex eram microfibras (55 - 4100 pm de comprimento), enquanto os 13% restantes eram fragmentos microplásticos (50 - 4500 pm de comprimento). Enquanto as microesferas estavam presentes na matriz de sedimentos do hospedeiro, elas nao foram detectadas no tecido do verme Tubifex. A concentrando média de microplásticos ingeridos foi de 129 ± 65,4 partículas tecido/g. Também foi mostrado, nesse estudo, que os vermes Tubifex retem microplásticos por mais tempo que outros componentes da matriz de sedimentos ingerida. A ingestao microplástica por vermes Tubifex representa um risco significativo para transferencia trófica e biomagnificagao de microplásticos na cadeia alimentar aquática [24].

No lago Rawal, na capital do Paquistao, foi investigada, pela primeira vez, a presenta e concentrando de microplásticos nas águas superficiais e sedimentos do lago. A abundancia de microplásticos em água de água e sedimentos foram de 0,142 itens/0,1 L e 1,04 itens/0,01 kg, respectivamente. Nesse estudo, os resultados indicaram que as fibras e fragmentos eram os tipos mais dominantes de microplásticos. A incidencia de microplásticos no lago Rawal afetam nao apenas os organismos aquáticos e a cadeia alimentar, mas também pode ter impactos significativos na populagao das cidades vizinhas [25].

É interessante destacar um estudo pioneiro que relata a toxicidade comportamental induzida por MPs de polietileno em representantes de grupos de anfibios. Physalaemus cuvieri tadpoles foram tratados por um corto período de tempo de 7 dias a uma concentragao de MP’s de polietileno de 60 mg/L e apresentaram problemas de loco-mogao, sintomas de efeito ansiogenico, bem como deficit de resposta defensiva anti-predatória quando expostos a predadores (Cyprinus carpió). A análise dos dados permi-tiu inferir até que ponto esses poluentes podem afetar os individuos e seus predadores naturais que vivem em áreas contaminadas [26]. O mesmo grupo de trabalho anterior mostrou que a bioacumulagao de poluentes no fígado tadpoles estava correlacionada com diferentes alteragoes histopatológicas como dilatagao dos vasos sanguíneos, infiltragao, congestao, degeneragao hidrópica, hipertrofia e hiperplasia, indicando a histopatotoxicidade dos MPs. Também, foram observadas alteragoes no tamanho dos núcleos dos hepatócitos, volume e forma induzidos pela exposigao aos Mps, fato que evidenciou o efeito citotóxico desses poluentes [27].

Efeitos sobre Zebrafish

Existem trabalhos mostrando os efeitos dos poluentes organicos persistentes sobre o ambiente aquático, mas poucas evidencias existem sobre os efeitos combinados da ingestao de poluentes orgánicos junto com os micro-plásticos. Zebrafish (Danio rerio) foi submetido durante 3 semanas a quatro tipos de alimentos diferentes (alimento nao tratado; alimentos suplementados com microplásticos; alimentos suplementados com microplásticos a 2% com uma mistura de bifenilpoliclorado (PCB), retardantes de chama bromados (BFR), compostos perfluorados (PFCs) e metilmercúrio; e alimentos suplementados apenas com a mistura de contaminantes). Neste trabalho, os resultados indicaram que os microplásticos isoladamente nao produzem efeitos relevantes ao peixe-zebra nas condigoes experimentais testadas, porém, o efeito combinado de microplásticos e contaminantes absorvidos modificou significativamente a homeostase de seus órgaos de uma maneira maior do que apenas com os contaminantes [28].

Os microplásticos sao frequentemente consumidos por organismos marinhos por apresentarem tamanho semelhan-te aos seus itens alimentares, sendo potencialmente tóxicos e prejudiciais [29]. Foi observada a bioacumulagao e toxi-cidade dos microplásticos nos organismos do peixe-zebra expostos a tres formas de MPs (migangas, fragmentos e fibras). Obtiveram como resultado o acúmulo dependente da forma na ordem de fibras (8,0 mg/mg) > fragmentos (1,7 mg/mg) > migangas (0,5 mg/mg). Esses detritos mostraram efeitos negativos no intestino dos peixes, como danos a mucosa e elevagao da permeabilidade, inflamagao e interrupgao do metabolismo, sendo o microplástico na forma de fibra o maior responsável pela severa toxicidade intestinal dos animais; além desses efeitos, foi visualizada a indugao de disbiose da microbiota intestinal. É Importante destacar que, independentemente da forma microplástica capaz de causar impactos negativos, as outras formas nao devem ser ignoradas na avaliagao dos riscos á saúde ocasionados pelos microplásticos [30].

Efeitos dos microplásticos no solo

Até agora os impactos causados por microplásticos nos ecossistemas do solo, especialmente de terras agrícolas, apesar de serem reconhecidos como um grande reservató-rio de microplásticos. Diante disso, foi avaliada a resposta biofísica do solo usando diferentes tipos de microplásticos adicionados ao solo que continha a Aporrectodea rosea (minhoca de ponta rosada) endógena e plantada com Lolium perenne (azevém perene), como polietileno de alta densidade convencional (HDPE), fibras microplásticas de vestuário e ácido polilático biodegradável (PLA). Os resultados mostraram que menos sementes germinam quando expostas ás fibras ou microplásticos PLA; houve também uma diminuido no pH do solo com a presenta de HDPE; além disso foi reduzida consideravelmente a biomassa de A. rosea exposta ao HDPE quando comparada ás amostras controle [31].

Os distúrbios das relagoes vitais entre o solo e a água, somado á fungao microbiana e a estrutura do solo foram estudadas por Machado et al (2018). Expuseram um solo argiloso a concentragoes nominais ambientalmente relevantes (podendo chegar até 2%) de quatro tipos de microplásticos comuns (fibras de poliéster, fibras poliacrí-licas, contas de poliamida e fragmentos de polietileno), por um período de 5 semanas. Após esse tempo, mediu-se a capacidade de retengao de água, a densidade aparente, atividade microbiana, a condutividade hidráulica e a agregagao do solo. Os resultados mostraram que os mi-croplásticos afetaram a capacidade de retengao de água, a densidade aparente e a relagao funcional entre a atividade microbiana e os agregados estáveis da água, sugerindo que os microplásticos sao potencialmente grandes estressores antropogenicos de longo prazo e impulsionadores da mu-danga global nos ecossistemas terrestres [32].

Efeitos químicos do plástico

Vários aditivos e monomeros de plásticos sao perigosos para a saúde humana e o meio ambiente. Por exemplo, di-(2-etil-hexil)-ftalato (DEHP) e bisfenol A, sao tóxicos para a reprodugao; cloreto de vinila, acrilonitrila, benzeno e 1,3-butadieno, sao cancerígenos; formaldeído, acri-lonitrila, diisocianato de tolueno (TDI) e metacrilato de metila, sao alergenicos; benzeno, fenol e 1,3-butadieno, sao mutagenicos; benzeno apresenta alta toxicidade crónica; fosgenio e TDI apresentam toxicidade aguda muito alta; éter pentabromodifenílico (PeBDE), acrilonitrila e TDI sao ambientalmente perigosos com efeitos a longo prazo [33].

Sabe-se que trilhoes de fragmentos de residuo plástico flutua sobre o mar, mas apenas 1 a 2% entram nos oceanos anualmente. Para explicar o desaparecimento dos plásticos, Zhu et al. (2020) irradiou microplástico pós-consumo (polietileno, PE; polipropileno, PP; e poliestireno expandido, EPS) e obteve como resultado que a luz simulada pode remover residuos de plástico do mar, além de fragmentar, oxidar e alterar a cor dos polímeros irradiados. No entanto, foi constatado que o carbono orgánico (DOC) é um dos principais subprodutos da fotodegradagao plástica movida a luz solar e que esse DOC liberado foi amplamente utilizado por bactérias marinhas, havendo resultado em impactos mistos nos microrganismos oceánicos e nas redes alimentares que eles suportam [34].

Quando liberado no meio ambiente o microplástico sofre um tipo de envelhecimento e interage com substancias, tais como contaminantes orgánicos, sendo essencial para avaliar o impacto do mesmo sobre o ambiente. Ao investigar os efeitos dos microplásticos de poliestireno acelerando seu envelhecimento por UV, análises físicas e química de partículas mostraram que o envelhecimento levou a uma oxidagao superficial e uma pequena formagao de microfissuras, concluindo que essa abordagem gerou estimativas aprimoradas das interagoes entre microplástico de poliestireno envelhecido e contaminantes orgánicos [35].

Os microplásticos podem apresentar efeitos negativos diretos, como também podem modificar a toxicidade e a biodisponibilidade dos poluentes. Foi testado durante uma semana o efeito combinado de tres formulagoes químicas de glifosato (herbicidas) e dois tipos de micro-plásticos em Daphnia magna (um tipo de microcrustáceo), tendo como resultado a mudanga na toxicidade das formulagoes, causando em algumas combinagoes até a mortalidade dos animais. E essas mudangas ocasionadas pelos microplásticos podem estar relacionadas com a conformagao química dessas moléculas, e a interagao das mesmas provoca efeitos duplos ruins [36].

O descarte do plástico no maio ambiente também contri-bui para a liberagao de metais pesados, tais como mercúrio (Hg), normalmente utilizado na produgao de cloro; trata-se do principal ingrediente do PVC, do chumbo (Pb) e do cádmio (Cd), usados para a estabilizagao. Esses resíduos geralmente sao liberados durante o uso e o descarte. Para avaliar os efeitos tóxicos nas espécies comerciais de peixes Lepidopus caudatus utilizou-se a expressao de vitelogenina e metalotioneínas; e em todas as amostras analisadas nao foram encontrados microplásticos no trato gastrointestinal, mas sim uma grande quantidade de substáncias químicas, constatando-se, dessa forma, que os peixes podem reter esses metais pesados no organismo e repassá-los constantemente através da cadeia alimentar [37].

Para estudar o risco que podem causar á saúde humana foi avaliada, usando uma revisao sistemática de artigos publicados, a ingestao de microplásticos a partir da análise dos alimentos consumidos normalmente em uma dieta norte-americana, incluindo água potável, a qual representa aproximadamente 15% da ingestao calórica normal, e o potencial de inalagao desse material; foi estimado que o consumo anual de microplásticos por pessoa varia de 39000 a 52000 partículas, dependendo da idade e do sexo; e esses números podem aumentar consideravelmente se as estimativas incluírem a inalagao e a ingestao de água, chegando, nesse caso, a 90000 microplásticos consumidos anualmente por pessoa. Isso pode desencadear implicagoes para a saúde humana, representando assim um grande motivo de preocupagao [38].

Sao evidentes as consequencias do plástico no meio ambiente aquático, porém ele apresenta efeitos diretos sobre os seres vivos, incluindo o ser humano, devido ao consumo. Esses efeitos podem ser pela ingestao, ocasionado o estrangulamento, o aprisionamento ou a toxicidade. Com relagao a essa última, o IARC (Agencia Internacional de Pesquisa em Cáncer) inclui diversos tipos plásticos, com seus componentes ou derivados que sao causadores de cáncer, como os derivados de PVC (policloreto de vinila) oi PS (poliestireno). Mesmo nao havendo efeitos físicos e químicos direto em seres humanos, sabe-se que o plástico pode absorver contaminantes como PCBs (bifenilos policlorados), PAHs (hidrocarbonetos aromático policí-clicos) ou DDT (diclorodifeniltricloroetano), aumentar relativamente o potencial efeito poluente, degradando-se em microplástico e causar impacto físico direto a partir da toxicidade, devido a incorporado de compostos químicos, tais como plastificantes, aditivos, metais pesados etc. [39].

Conclusoes

Diante do que foi mostrado a respeito da contaminado dos ambientes aquáticos por meio do plástico, é necessário um monitoramento extenso, com amostragens sistemáticas em sedimentos e águas superficiais para entender melhor a origem dos insumos. A partir dos resultados apresentados em esta revisao, podemos observar dos elementos importantes a considerar: O primeiro é a constatado de que a maioria dos artigos publicados tem o seu foco nas águas marinhas em detrimento dos estudos realizados em água dolce, com o qual sugerimos e recomendamos, que mais esforgos sejam dirigidos á pesquisa dos efeitos dos micro-plásticos sobre a água doce, considerando principalmente, que esta fonte de recursos naturais constituí uma mateira prima fundamental de diversas indústrias, como a pesquei-ra, e por suposto, um recurso primordial para a vida dos seres humanos. O segundo ponto a destacar é a observado, nao quantitativa, da falta de uma metodologia específica para identificar e analisar a presenga dos microplásticos em diversos ambientes naturais. Sem embargo, gostaría-mos de sugerir, como ponto de partida, o seguimento dos métodos de laboratorio de análises publicadas por Marine Debris Program, da National Oceanic and Atmospheric Administration [40] assim como também as metodologias publicadas pelo Joint Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine Environmental Protection (GESAMP) [8]. Embora, essa falta de uma metodologia padronizada de análise esteja faltando e as pesquisas estar focadas nas águas marinhas, os resultados publicados mostram a gravidade que os microplásticos causam a diversos seres vivos, chegando como foi publicado, a afetar aos seres humanos também.

Embora ainda nao tenham sido estabelecidas relagoes de causa e efeito conclusivas sobre a saúde humana, as pesquisas mostram diversos efeitos sobre a vida dos recursos hídricos, o que, consequentemente, pode acarretar inúmeros problemas no futuro. As substancias e produtos chamados de poluentes emergentes, presentes no dia a dia da populagao, nao sao de simples identificagao e nao sao removidos pelos sistemas convencionais de tratamento de esgoto existentes nos países [41].

Embora existam algumas campanhas langadas para reduzir a quantidade de plásticos nos oceanos, sao limitadas e dirigidas á consciencia dos indivíduos. Em 2017, a Indonésia se comprometeu a reduzir o plástico langado no mar; o Uruguai prometeu introduz imposto sobe os sacos plásticos e a Costa Rica sinalizou com a intengao de melhorar o gerenciamento de resíduos e a educagao para reduzir o uso de sacolas. Foi proposto, naquele contexto, que, em 2020, sejam totalmente eliminadas as maiores fontes de plástico no mar: os microplásticos de cosméticos e as embalagens descartáveis. Mas, considerando os efeitos apresentados nesta revisao, o princípio de precaugao deve ser priorizado por parte das autoridades sanitárias e am-bientais dos diferentes países e organizagoes internacionais e nao se limitar ao langamento de campanhas publicitárias dirigidas á consciencia das pessoas. Para finalizar, gosta-ríamos de destacar mais um dado preocupante publicado por Bletter et al [13], o qual mostra que a grande maioria das pesquisas sobre microplásticos em água doce é desenvolvida em países denominados do primeiro mundo, sendo, praticamente ignorados os problemas da poluigao originada por los microplásticos sobre os recursos dos países em vias de desenvolvimento,

A evidencia científica mostrando os macroproblemas que os microplásticos originam para o médio ambiente sao mais que evidentes como para limitar o problema a uma questao simplesmente de curiosidade científica.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os funcionários del DCN pelo o seu trabalho de apoio para todos os professores. LDGA agradece a la FCEYN de la Universidad de Buenos Aires pela formagao de qualidade oferecida de forma gratuita e universal.

Referencias

1.    A. R. A. Lima, M. F. Costa, and M. Barletta. Distribution patterns of microplastics within the plankton of a tropical estuary. Environ. Res., vol. 132, pp. 146-155, 2014.         [ Links ]

2.    T. Correa-Herrera, M. Barletta, A. R. A. Lima, L. F. Jiménez-Segura, and L. B. Arango-Sánchez. Spatial distribution and seaso-nality of ichthyoplankton and anthropogenic debris in a river delta in the Caribbean Sea. J. Fish Biol., vol. 90, no. 4, pp. 1356-1387, 2017.         [ Links ]

3.    M. S. Islam and M. Tanaka. Impacts of pollution on coastal and marine ecosystems including coastal and marine fisheries and approach for management: A review and synthesis. Mar. Pollut. Bull., vol. 48, no. 7-8, pp. 624-649, 2004.         [ Links ]

4.    R. Geyer, J. R. Jambeck, and K. L. Law. Production, use, and fate of allplastics ever made. Sci. Adv., vol. 3, no. 7, pp. 25-29, 2017.         [ Links ]

5.    L. C. M. Lebreton, J. Van Der Zwet, J. W. Damsteeg, B. Slat, A. An-drady, and J. Reisser. River plástic emissions to the world’s oceans. Nat. Commun., vol. 8, pp. 1-10, 2017.         [ Links ]

6.    A. L. Andrady.Microplastics in the marine environment,” Mar. Pollut. Bull., vol. 62, no. 8, pp. 1596-1605, 2011.

7.    G. Caruso. Microplastics as vectors of contaminants. Mar. Pollut. Bull., vol. 146, no. April, pp. 921-924, 2019.

8.    gesamp. Sources, fate and effects of microplastics in the marine environment: a global assessment (Kershaw, P. J., ed.). (IMO/FAO/UNESCO-IOC/UNIDO/WMO/ IAEA/UN/UNEP/UNDP Joint Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine Environmental Protec-tion). Rep. Stud. GESAMP, vol. No. 90, p. 96 p., 2015.

9.    J. P. G. L. Frias and R. Nash. Microplastics: Finding a consensus on the definition. 2019.

10.    K. Duis and A. Coors. Microplastics in the aquatic and terrestrial environment: sources (with a specific focus on personal care products), fate and effects. Environ. Sci. Eur., vol. 28, no. 1, pp. 1-25, 2016.

11.    D. G. de Carvalho and J. A. Baptista Neto. Microplastic pollu-tion of the beaches of Guanabara Bay, Southeast Bra-zil. Ocean Coast. Manag., vol. 128, pp. 10-17, 2016.

12.    P. Wu et al. Environmental occurrences, fate, and im-pacts of microplastics. Ecotoxicol. Environ. Saf., vol. 184, no. April, p. 109612, 2019.

13.    M. C. M. Blettler, E. Abrial, F. R. Khan, N. Sivri, and L. A. Espino-la. Freshwater plastic pollution: Recognizing research biases and identifying knowledge gaps. Water Res., vol. 143, pp. 416-424, 2018.

14.    M. Bergmann et al. High Quantities of Microplastic in Arctic Deep-Sea Sediments from the HAUSGARTEN Observatory. Environ. Sci. Technol., vol. 51, no. 19, pp. 11000-11010, 2017.

15.    B. Jovanovic. Ingestion of microplastics by fish and its potential consequences from a physical perspective. Integr. Environ. Assess. Manag., vol. 13, no. 3, pp. 510-515, 2017.

16.    S. M. Rodrigues et al.Microplastic contamination in an urban estuary: Abundance and distribution of microplastics andfish larvae in the Douro estuary. Sci. Total Environ., vol. 659, pp. 1071-1081, 2019.

17.    V. Mouchi et al. Long-term aquaria study suggests spe-cies-specific responses of two cold-water corals to macro-and microplastics exposure. Environ. Pollut., vol. 253, pp. 322-329, 2019.

18.    J. Reichert, J. Schellenberg, P. Schubert, and T. Wilke. Responses of reef building corals to microplastic exposure. Environ. Pollut., vol. 237, pp. 955-960, 2018.

19.    [19] J. Reichert, A. L. Arnold, M. O. Hoogenboom, P. Schubert, and T. Wilke. Impacts of microplastics on growth and health of hermatypic corals are species-specific. Environ. Pollut., vol. 254, p. 113074, 2019.

20.    R. Sussarellu et al. Oyster reproduction is affected by exposure to polystyrene microplastics. Proc. Natl. Acad.

Sci. U. S. A., vol. 113, no. 9, pp. 2430-2435, 2016.

21.    M. Kazour, S. Jemaa, C. Issa, G. Khalaf, and R. Amara. Microplastics pollution along the Lebanese coast (Eastern Mediterranean Basin): Occurrence in surface water, sediments and biota samples. Sci. Total Environ., vol. 696, p. 133933, 2019.

22.    M. Cole et al. Microplastic ingestion by zooplankton. Environ. Sci. Technol., vol. 47, no. 12, pp. 6646-6655, 2013.

23.    A. A. Horton, A. Walton, D. J. Spurgeon, E. Lahive, and C. Svend-sen. Microplastics in freshwater and terrestrial envi-ronments: Evaluating the current understanding to identify the knowledge gaps andfuture research prio-rities. Sci. Total Environ., vol. 586, pp. 127-141, 2017.

24.    R. Hurley, J. C. Woodward, and J. J. Rothwell. Ingestion of Microplastics by Freshwater Tubifex Worms. Environ. Sci. Technol., vol. 51, no. 21, pp. 12844-12851, 2017.

25.    T. Irfan, S. Khalid, M. Taneez, and M. Z. Hashmi. Plastic driven pollution in Pakistan: the first evidence of environmental exposure to microplastic in sediments and water of Rawal Lake. 2020.

26.    A. P. da C. Araújo and G. Malafaia. Can short exposure to polyethylene microplastics change tadpoles ’behavior? A study conducted with neotropical tadpole species be-longing to order anura (Physalaemus cuvieri). J. Ha-zard. Mater., vol. 391, 2020.

27.    A. P. da C. Araújo, A. R. Gomes, and G. Malafaia. Hepatotoxicity of pristine polyethylene microplastics in neotropical physalaemus cuvieri tadpoles (Fitzinger, 1826). J. Ha-zard. Mater., vol. 386, 2020.

28.    S. Rainieri, N. Conlledo, B. K. Larsen, K. Granby, and A. Barranco. Combined effects of microplastics and chemical con-taminants on the organ toxicity of zebrafish (Danio rerio). Environ. Res., vol. 162, no. December 2017, pp. 135-143, 2018.

29.    S. Jinhui, X. Sudong, N. Yan, P. Xia, Q. Jiahao, and X. Yongjian.

Effects of microplastics and attached heavy metals on growth, immunity, and heavy metal accumulation in the yellow seahorse, Hippocampus kuda Bleeker. Mar. Pollut. Bull., vol. 149, no. August, p. 110510, 2019.

30.    R. Qiao et al. Accumulation of different shapes of microplastics initiates intestinal injury and gut microbiota dysbiosis in the gut of zebrafish. Chemosphere, vol. 236, p. 124334, 2019.

31.    B. Boots, C. W. Russell, and D. S. Green. Effects of Microplastics in Soil Ecosystems: Above and Below Ground. Environ. Sci. Technol., vol. 53, no. 19, pp. 11496-11506, 2019.

32.    A. A. De Souza MacHado et al. Impacts of Microplastics on the Soil Biophysical Environment. Environ. Sci. Technol., vol. 52, no. 17, pp. 9656-9665, 2018.

33.    E. Commission. European Union Risk Assessment Re-port. 2002.

34.    L. Zhu, S. Zhao, T. B. Bittar, A. Stubbins, and D. Li. Photoche-mical dissolution of buoyant microplastics to dissolved organic carbón: Rates and microbial impacts. J. Hazard. Mater., vol. 383, no. August 2019, p. 121065, 2020.

35.    T. Hüffer, A. K. Weniger, and T. Hofmann. Data on sorption of organic compounds by agedpolystyrene microplastic particles. Data Br., vol. 18, pp. 474-479, 2018.

36.    M. Zocchi and R. Sommaruga. Microplastics modify the toxicity of glyphosate on Daphnia magna. Sci. Total Environ., vol. 697, p. 134194, 2019.

37.    A. Salvaggio et al. Biomarkers of Exposure to Chemical Contamination in the Commercial Fish Species Lepi-dopus caudatus (Euphrasen, 1788): A Particular Fo-cus on Plastic Additives. Front. Physiol., vol. 10, no. July, pp. 1-13, 2019.

38.    K. D. Cox, G. A. Covernton, H. L. Davies, J. F. Dower, F. Juanes, and S. E. Dudas. Human Consumption of Microplastics. Environ. Sci. Technol., vol. 53, no. 12, pp. 7068-7074, 2019.

39.    C. B. Pastor and D. V. Agullól. Presencia de Microplásticos em Aguas y su Potencial Impacto em la Salud Pública. Rev. Esp. Salud Públic. vol. 93, pp. 1-10, 2019

40.    N. Marine Debris Program. Laboratory Methods for the Analysis of Microplastics in the Marine Environment: Recommendations for quantifying synthetic particles in waters and sediments. No. July, 2015.

41.    L. X. Nascimento and L. D. G. Alvarez. Contaminantes Orgánicos Emergentes: Impactos y Soluciones para la Salud Humana y el Medio Ambiente. Pp. 28-34, 2015.

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License