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Insuficiencia cardíaca

On-line version ISSN 1852-3862

Insuf. card. vol.16 no.1 Ciudad Autónoma de Buenos Aires Mar. 2021

 

ARTIGO ORIGINAL

Qualidade de vida em pacientes com insuficiência cardíaca: análise de três anos em um serviço especializado

Carla Campos Miranda1, Ingrid Ardisson Colodete1, Mayara da Silva1, Pietro Dall'Orto Lima2, Vinicius Angelo Astolpho2, Rodolfo Costa Sylvestre2, Renato Giestas Serpa3, Osmar de Araujo Calil3, Luiz Fernando Machado Barbosa3, Roberto Ramos Barbosa3

1 Graduação em Medicina. Escola de Medicina. Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). Vitória. Espírito Santo. Brasil.
2 Residente de Cardiologia. Serviço de Cardiologia. Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. Vitória. Espírito Santo. Brasil.
3 Professor da Escola de Medicina. Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). Vitória. Espírito Santo. Brasil.

Instituição: Escola de Medicina. Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM). Vitória. Espírito Santo. Brasil.

Correspondência: Dr. Roberto Ramos Barbosa.
Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória.
Av. Nossa Sra. da Penha, 2190 - Santa Luíza, Vitória - ES, 29045-402. Brasil.
E-mail: roberto.barbosa@emescam.br
Telefone: + 55 (27) 99961-4907 2

Recebido: 04/01/2021
Aceitado: 12/03/2021


Resumo

Introdução. A insuficiência cardíaca (IC) apresenta elevada morbimortalidade, além de exercer grande impacto sobre a qualidade de vida (QV). O Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) é um escore que avalia a QV dos pacientes portadores dessa síndrome, no qual uma maior pontuação reflete uma menor QV.
Objetivo. Avaliar a QV dos pacientes com IC após três anos de seguimento em um serviço ambulatorial especializado de um hospital-escola.
Métodos. Estudo unicêntrico, descritivo e prospectivo em que se aplicou o MLHFQ, de modo voluntário e sigiloso, a pacientes com IC com fração de ejeção reduzida acompanhados ambulatorialmente na clínica de IC. Foram analisados os resultados dos MLHFQ dos pacientes comparando-se o momento da inclusão no estudo, em 2014, e após o seguimento de três anos, em 2017/18.
Resultados. Dos 76 pacientes inicialmente entrevistados, 74 (97,4%) responderam ao questionário e foram incluídos no estudo, em 2014. Após seguimento de três anos, 39,2% (29/74) dos pacientes responderam novamente ao questionário e em 59,8% (45/74) não se pôde aplicar o MLHFQ pela segunda vez (óbitos: 11; perda de acompanhamento no serviço: 21; não localizados: 13). O escore médio obtido pelo MLHFQ foi de 40,3 ± 21 pontos no momento da inclusão e 31,6 ± 23 pontos após três anos de acompanhamento no serviço (p=0,001).
Conclusão. Observou-se baixa QV em pacientes com IC incluídos no estudo, havendo melhora significativa após três anos de acompanhamento no serviço especializado. As clínicas de IC podem aumentar expressivamente a QV dos pacientes portadores de IC, proporcionando potencial benefício prognóstico.

Palavras-chave: Insuficiência cardíaca; Qualidade de vida; Multiprofissional; Questionário

Summary
Quality of life in heart failure patients: three-year analysis in a specialized service

Background. Heart failure (HF) presents high morbidity and mortality, besides having great impact on quality of life (QoL). The Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) is a score that assesses the QoL of patients with this syndrome, in which the higher scores indicates lower QoL.
Objective. To analyze the QoL of HF patients after three years of follow-up at the specialized outpatient service of a teaching hospital.
Methods. Unicentric, descriptive, prospective study that voluntarily and confidentially applied MLHFQ in patients with HF with reduced ejection fraction followed at the HF clinic. The results of the patients' MLHFQ compared at the time of inclusion in the study in 2014 and after the three-year follow-up in 2017/18 were analyzed.
Results. Of 76 interviewed patients, 74 (97.4%) answered the questionnaire and were included in the study in 2014. After three years, 39.2% (29/74) answered the questionnaire again and in 59.8% (45/74) cannot apply MLHFQ a second time (deaths: 11; loss of follow-up at the service: 21; not found: 13). The mean score reached by the MLHFQ was 40.3 ± 21 points after inclusion and 31.6 ± 23 points after three years of follow-up at the service (p=0.001).
Conclusion. We observed low QoL in the patients with HF included on this study, providing improvement of QoL after three years of follow-up at the specialized service. The HF clinics may significantly increase the QoL of HF patients, providing potential prognostic benefit.

Keywords: Heart failure; Quality of life; Multi-professional; Questionnaire


Introdução

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome cuja prevalência e incidência têm aumentado no Brasil, o que pode decorrer do crescimento da população idosa, bem como do prolongamento do tempo de vida dos portadores dessa afecção1. Sua elevada morbidade afeta em demasiado a qualidade de vida (QV) dos pacientes. O grande impacto da IC na QV se refere, principalmente, às limitações das atividades cotidianas, condição que pode ser agravada pela presença de comorbidades, idade avançada, hospitalizações recorrentes e uma pior classificação funcional de acordo com a New York Heart Association (NYHA), escala que estratifica a gravidade dos sintomas do portador de IC2.
Entre as limitações mais frequentes encontram-se: inabilidade de autocuidado, dificuldade ao subir escadas, ao caminhar e com os cuidados do lar. Pode ainda haver importante repercussão sobre o estado emocional do paciente, como ansiedade e depressão, seja pelas limitações às atividades diárias, seja pelo estado de portador dessa doença3. Em virtude disso, o manejo multidisciplinar, ou seja, acompanhamento ambulatorial regular pelas clínicas de IC, educação, busca ativa e visita domiciliar dos pacientes, associado à terapia medicamentosa são recomendações de nível de evidência IA no tratamento da IC por sabidamente reduzirem o desfecho combinado de reospitalização e morte. Além disso, essa estratégia viabiliza maior adesão ao tratamento e maior QV durante o curso natural da doença1,4.
Um dos maiores impactos das clínicas de IC parece recair sobre o aumento da QV dos pacientes em longo prazo. Porém, este benefício carece de confirmação científica em países em desenvolvimento, especialmente na América Latina. O presente estudo tem como objetivo avaliar a QV de portadores de IC após três anos de seguimento em um serviço ambulatorial especializado de um hospital-escola no Brasil.

Material e métodos

Estudo unicêntrico, descritivo e prospectivo que aplicou o Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) - versão validada para língua portuguesa - em pacientes com IC com fração de ejeção menor que 50% (Tabela 1). O MLHFQ é composto por 21 itens e o escore global varia de zero a 105 pontos, representando uma relação inversa entre a pontuação obtida e a QV.


Tabela 1. Escores do Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire MLFHQ

A população do estudo foi composta de 29 pacientes portadores de IC com fração de ejeção menor que 50% que permaneceram em acompanhamento clínico por um período de três anos após a primeira aplicação do MLHFQ. Em 2014, o MLHFQ - versão validada para a língua portuguesa, foi aplicado pela primeira vez em pacientes maiores de 18 anos, com fração de ejeção menor que 50% e que faziam acompanhamento regular na clínica de IC de um hospital de ensino em Vitória-ES. Os dados coletados, além dos escores do MLHFQ, foram idade, sexo e fração de ejeção do ventrículo esquerdo.
A segunda aplicação do MLHFQ ocorreu no período de abril de 2017 a abril de 2018 nos pacientes que permaneceram em acompanhamento. Em adição, nesta aplicação foi calculada a média referente a cada item do MLHFQ.
Para a análise dos dados, foram comparados os escores do MLHFQ, obtidos no momento de inclusão no estudo (2014) e após seguimento de três anos (2017/18), de uma amostra consecutiva e por conveniência dos pacientes que permaneceram em acompanhamento na clínica de IC. Além disso, na segunda aplicação (2017/18), as subanálises compreenderam as seguintes comparações: escores do MLHFQ somente dos 29 pacientes que permaneceram em acompanhamento no serviço (escore médio inicial versus final) e de acordo com o sexo (masculino versus feminino). Para a comparação entre os sexos, foi utilizado o teste t de student pareado com uso do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-quisa da instituição, sob o nº 289038. Todos os sujeitos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram respeitadas as normas de ética em pesquisa clínica de acordo com a Declaração de Helsinque.

Resultados

Dos 74 pacientes que responderam ao MLHFQ pela primeira vez e que foram incluídos no estudo, 39,2% (29/74) permaneceram em acompanhamento clínico no serviço e responderam ao MLHFQ pela segunda vez após seguimento médio de 38 ± 5 meses. Ao fim do seguimento clínico, houve 11 (14,8%) óbitos, 21 (28,3%) perdas de acompanhamento no serviço e 13 (17,5%) não localizados.
A média da idade na primeira aplicação foi de 59,2 ± 12 anos. Do total de pacientes, 42 (56,8%) eram do sexo masculino e 32 (43,2%) do sexo feminino. Na segunda aplicação foi de 59,9 ± 13,3 anos, sendo que 17 (58,6%) pacientes eram do sexo masculino e 12 (41,3%) do sexo feminino. A fração de ejeção média no momento da inclusão foi de 41,2 ± 9%.
Houve redução significativa da média do escore na segunda aplicação do MLHFQ em relação aos valores obtidos na primeira (Figura 1). Quando comparados os escores apenas em relação aos pacientes que permaneceram em acompanhamento, não foi observada redução significativa do escore médio (Figura 2).



Figura 1. Escores nas duas aplicações do Minnesota Living With Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) refletindo a diferença na qualidade de vida (QV) no seguimento de três anos.
* Maior valor no escore MLHFQ reflete menor QV.



Figura 2. Escores nas duas aplicações do Minnesota Living With Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) refletindo a diferença na qualidade de vida (QV) no seguimento de três anos apenas nos 29 pacientes que permaneceram em seguimento.
* Maior valor no escore MLHFQ reflete menor QV.

Dentre as questões presentes no MLHFQ, o item 13, que corresponde a "Deixando você cansado, fadigado ou com pouca energia" apresentou a maior média entre os itens, representando o item com maior impacto naredução da QV. Já o item 14 "obrigando você a ficar hospitalizado" demonstrou a menor média, com menor impacto na redução da QV. (Figura 3).



Figura 3. Comparação entre as médias de cada item do Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) respondido pelos pacientes que permaneceram em seguimento após três anos.
* A menor média reflete menor impacto na redução da QV.

Na comparação entre os sexos, obteve-se para o sexo masculino um aumento não significativo no escore do MLHFQ da primeira para a segunda aplicação. Já para o sexo feminino, obteve-se uma redução significativa da primeira para a segunda aplicação (Figura 4).



Figura 4. Qualidade de vida (QV), segundo o sexo, entre os escores do Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ) na primeira e na segunda aplicações.
* Maior valor no escore MLHFQ reflete menor QV.

Discussão

No presente estudo os pacientes apresentaram redução do escore no MLHFQ após três anos de acompanhamento na clínica de IC de um hospital de ensino em Vitória-ES, o que representa aumento da QV ao longo do seguimento. No grupo do sexo feminino, principalmente, o escore obtido na segunda aplicação foi significativamente menor em relação à primeira, demonstrando maior QV nesse grupo ao final do seguimento. O item que apresentou maior pontuação e, consecutivamente, maior impacto na redução da QV foi o item "Deixando você cansado, fadigado ou com pouca energia", ao passo que o item "Obrigando você a ficar hospitalizado" obteve menor repercussão na redução da QV. Presume-se que as hospitalizações foram menos frequentes nos pacientes acompanhados no serviço especializado, e que os sintomas diários foram determinantes na redução da QV.
Estudos demonstram que o acompanhamento dos portadores de IC em clínicas especializadas é fundamental para o aumento da QV5-7. O estudo Repetitive Education and Monitoring For Adherence for Heart Failure (REMADHE)5, que comparou pacientes portadores de IC submetidos à educação repetitiva e acompanhamento em clínicas especializadas com um grupo controle, demonstrou maior QV nos pacientes que sofreram a intervenção. Nele, em um seguimento de 70 meses, com aplicação do MLHFQ para avaliação da QV, houve uma redução de cerca de 20 a 25 pontos no escore, indicando maior QV. Em outro estudo, baseado no registro norueguês de pacientes com IC, realizado com 517 pacientes que eram acompanhados em clínicas especializadas de IC, houve uma redução de 16 pontos no escore do MLHFQ ao longo do tempo6. Além disso, Whitaker et al. demonstraram a importância dessas clínicas imediatamente após a desospitalização, descrevendo uma redução média de 17,75 pontos no MLHFQ após quatro semanas de acompanhamento multidisciplinar7.
Em nosso estudo, o acompanhamento clínico de três anos dos pacientes do ambulatório especializado de IC levou à redução de 8,7 pontos na pontuação do MLHFQ em relação à primeira aplicação realizada em 20148. Esse achado, em concordância com os estudos supracitados, demonstra o impacto positivo que o acompanhamento em clínicas especializadas tem sobre a QV dos pacientes. Todavia, a menor redução no escore do MLHFQ, em comparação aos outros estudos, pode ser atribuída ao fato de os pacientes não terem sido incluídos no estudo no início do seu acompanhamento ambulatorial e, assim, algum grau de melhora na QV já poderia ter ocorrido e continuou de forma mais modesta ao longo do seguimento.
No que diz respeito à análise dos itens que compõem o MLHFQ, aqueles relativos à dimensão física, como fadiga e dificuldade para subir escadas, impactaram de forma mais significativa na QV dos pacientes.
Tal resultado se reproduz em outros estudos, sendo um deles um estudo de validação da versão sueca do MLHFQ, em que foram avaliados pacientes com IC acima de 65 anos6,9. Nele, as queixas mais prevalentes e com maior impacto na vida cotidiana da população analisada foram: fadiga (88%), dispneia (87%) e a dificuldade para caminhar ou subir escadas (84%)10.
Apesar de ser considerada um sintoma corriqueiro do curso da IC, a fadiga tem múltiplas consequências, as quais vão muito além da limitação física. Esse sintoma está fortemente associado a sentimentos de desmoralização e incapacidade que levam cada vez mais à inatividade e ao isolamento social por parte dos pacientes portadores da IC11. Assim, a fadiga é um sintoma com múltiplas etiologias e de natureza subjetiva, o que torna complexo o seu manejo. Dentre as intervenções que se demonstraram eficazes em reduzir o impacto da fadiga, deve-se destacar aquelas de caráter não farmacológico, como os programas educacionais e o apoio desenvolvido pelos profissionais de enfermagem e das clínicas de IC6,12. Ademais, uma revisão sistemática com metanálise demonstrou que os programas de reabilitação cardiovascular baseados em exercício físico apesar de não reduzirem a mortalidade por todas as causas, reduziram as reospitalizações e melhoraram a QV dos pacientes com IC13.
A hospitalização foi o item que obteve menor média no MLHFQ, ou seja, que menos interferiu na QV desses pacientes. Com a clínica de IC, há um manejo clínico agressivo e multiprofissional dos pacientes portadores de IC, com programas de educação continuada aos pacientes e suas famílias por meio de reuniões mensais, além de retorno precoce após alta hospitalar, o que pode justificar tal resultado. Isso é corroborado pelos dados de uma revisão sistemática que evidenciou a redução de hospitalizações em pacientes portadores de IC que foram acompanhados por equipes multidisciplinares especializadas14. Já em outra revisão sistemática com metanálise, Feltner et al. evidenciaram que programas de visitas domiciliares, bem como suporte educacional oferecido via telefone por algum profissional capacitado (em geral, o enfermeiro), reduziram as readmissões hospitalares relacionadas à IC em 30 dias15. As clínicas de IC representam um importante papel na redução das hospitalizações dos pacientes portadores da doença, uma vez que oferecem aos pacientes cuidado multiprofissional, bem como o monitoramento da adesão ao tratamento e orientações para os pacientes e familiares acerca da doença e do autocuidado16. Além disso, o serviço da realização do presente estudo preza pelo acompanhamento clínico frequente, permitindo a consulta em tempo mais precoce pela demanda espontânea dos pacientes, quer seja por dúvidas quanto às orientações, ou por sintomas iniciais de descompensação ou refratariedade. Isso explica o baixo impacto das hospitalizações na QV da população estudada.
Foi observado que pacientes do sexo feminino apresentaram maior QV em relação aos do sexo masculino após o seguimento clínico de três anos. Houve, portanto, uma inversão do padrão obtido em relação à primeira aplicação do MLHFQ em 2014, em que as mulheres apresentaram uma QV mais baixa em relação à dos homens8. De acordo com alguns autores, as mulheres têm, por motivos que ainda não estão em consenso, maior autocuidado e maior aceitação da sua condição de saúde e consequente maior adesão aos tratamentos, fatores que poderiam justificar os resultados do presente estudo16,17. O autocuidado em doenças crônicas e a QV se relacionam por meio da manutenção da sensação bem-estar físico e psicológico, maior autonomia e independência do paciente, menor recorrência aos serviços de saúde e maior grau de satisfação e responsabilidade do paciente com sua condição de saúde. Entretanto, devido à multiplicidade de fatores envolvidos na gênese da melhoria da QV, e que não foram analisados neste estudo, essa diferença entre a QV de homens e de mulheres ainda necessita de maior esclarecimento.
Configuram algumas limitações do presente estudo o fato de o instrumento de avaliação da QV dos pacientes (MLHFQ) possuir itens muito subjetivos e de difícil interpretação, aliado a uma população de nível socioeconômico e cultural geralmente baixo. Além disso, a perda de seguimento de 60,81% (45/74) dos pacientes reduziu de forma significativa a amostra inicial, o que pode ter comprometido os resultados obtidos.

Conclusões

Houve aumento da QV dos pacientes portadores de IC que permaneceram em acompanhamento ambulatorial especializado. As clínicas de IC proporcionam potencial benefício prognóstico aos pacientes e, portanto, merecem ser estimuladas nos serviços de cardiologia a fim de prestar assistência mais adequada.

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflitos de interesses pertinentes.

Fontes de financiamento

O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.

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