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Revista Argentina de Ciencias del Comportamiento

versión On-line ISSN 1852-4206

Rev Arg Cs Comp. vol.8 no.2 Córdoba mayo 2016

 

ARTICULO ORIGINAL

Psicologia como Ciência do Comportamento na atuação e obra de Carolina Martuscelli Bori: décadas de 1950 e 1960.

Cândido, Gabriel Vieiraa , Massimi, Marinab

a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil.
b Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto, Brasil
Enviar correspondencia a: Cândido, G. V. E-mail: gaviecan@gmail.com


Resumen

O objetivo deste estudo é analisar como a atuação e obra de Carolina Martuscelli Bori (1924-2004), nos anos de 1950 e 1960, contribuíram para o desenvolvimento da psicologia como ciência do comportamento no Brasil. Os documentos analisados foram produzidos a partir do método de história oral, assim como artigos escritos por ela. Sua atuação aqui apresentada ocorreu em um período de constituição da Psicologia no Brasil e os setores em que trabalhou mostra sua preocupação com a formação em Psicologia e a inclusão da experimentação nesta formação. O conceito de comportamento utilizado por ela não é único e se baseia em várias perspectivas em Psicologia. Sua atuação estava relacionada à pratica docente, o que permitiu transmitir suas ideias sobre a ciência e a psicologia. Por esta razão, podemos dizer que ela difundiu suas ideias na Universidade no Brasil.

Palavras chave:
História da Psicologia, Comportamento, Formação, Carolina Martuscelli Bori.

Abstract

Psychology as behavioral science in the professional practice and publications of Carolina Martusceli Bori: 1950s and 1960s. The aim of this study is to analyze how the professional practice and publications of Carolina Martusceli Bori (1924-2004) in 1950s and 1960s contributed to the development of psychology as a behavioral science in Brazil. The documents analyzed were produced from the oral history method as well as article written by her. Her acting presented here happened in a period of constitution of Psychology in Brazil and the sectors in which she worked shows her preoccupation with the training in psychology and the inclusion of experimentation in this training. The concept of behavior used by her is not unique and is based on several perspectives in Psychology. Her acting was relating to the teaching practice which allowed to transmit her idea about Science and Psychology. For this reason, we can say she spread her ideas in the academy in Brazil.

Key Words:
History of Psychology, Behavior, Training, Carolina Martuscelli Bori.

Recibido el 21 de diciembre de 2014; Recibida la revisión el 12 de noviembre de 2015; Aceptado el 13 de noviembre de 2015.

Editaron este artículo: Ricardo Pautassi, María Soledad Sartori y Yanina Michelini


 

 

1. Introdução

Pretende-se, com este estudo, analisar como a atuação e obra de Carolina Martuscelli Bori (1924-2004), nas décadas de 1950 e 1960 contribuíram para o desenvolvimento da Psicologia como uma ciência comportamental no Brasil. Este período foi escolhido devido ao contato que ela estabeleceu com diversas frentes de trabalho, no período que se deu o processo de regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil.
Como a literatura sobre as ciências comportamentais aponta, há inúmeros modelos de compreensão do comportamento, o que tornaria impreciso realizar uma apresentação da maneira de entender tais ciências. Entre as disciplinas que apresentam o comportamento como uma das principais preocupações estão a Economia, Biologia, Antropologia, Sociologia, Psicologia, Ciências Políticas e, em menor medida, a História, Direito e Filosofia. Além disso, os modelos de comportamento com os quais se trabalha nas ciências do comportamento não são apenas diferentes, mas em muitos casos, incompatíveis (Biglan & Hayes, 1996; Gintis, 2007; Piñeda, 2010).
Para Piñeda (2010) as ciências do comportamento buscam "a identificação objetiva das unidades de resposta e as variáveis orgânicas e ambientais que a controlam como o propósito de compreender, analisar e alterar o comportamento" (p. 2). Entretanto, o processo de recepção e assimilação destas teorias produziria uma maneira completamente nova de encarar esta problemática, pois se dá dentro de quadro de referências de um determinado grupo inserido em um momento histórico.
Encarar o processo de recepção e assimilação das ciências comportamentais, então, exigiria uma compreensão das preocupações existentes pelo grupo que está entrando em contato com a teoria, assim como de suas produções teóricas. Do ponto de vista historiográfico, analisar o desenvolvimento da psicologia como ciência do comportamento no Brasil não deve ser feito a partir de um modelo atual preestabelecido, mas buscando conhecer objetos do passado analisados de acordo com o período histórico (tempo e local) em que eles foram apresentados. Esta atitude do pesquisador abriria espaço para o reconhecimento de toda a pluralidade de contribuições e desenvolvimentos, lutas travadas ao longo da história, interesses individuais e políticos, condições sociais, entre outros aspectos que a história mais tradicional da psicologia não reconhece (Smith, 1988).

A perspectiva biográfica é uma adequada maneira de abordar o desenvolvimento das ciências comportamentais, pois a atividade científica é, necessariamente, identificada com os interesses de seus praticantes. Uma das contribuições de estudos biográficos na ciência é a apresentação da relação entre atuação de cientistas e atividades cotidianas, envolver os leitores nas lutas, sucessos e fracassos de cientistas. Também é um meio eficaz para explorar e analisar as políticas da prática científica e da formação cultural do conhecimento (Nye, 2007; Porter, 2006). Com isso, analisar a atuação de Bori no contexto das ciências do comportamento implica identificar, em seu percurso profissional, preocupações quanto às formas de estudar o comportamento, considerando aspectos metodológicos e teóricos. Este texto está organizado em três partes: 1) uma breve apresentação do contexto de atuação de Bori no período em questão; 2) uma apresentação da atuação institucional desta professora e pesquisadora; e 3) uma análise do conceito de comportamento e de métodos de pesquisa a partir de seus artigos. Acredita-se que, assim, o objetivo proposto para este artigo será atendido.

2. Questões metodológicas

Os documentos estudados foram depoimentos produzidos a partir de entrevistas com pesquisadores que atuaram com Carolina Bori nas décadas de 1950 e 1960 e foram analisados de acordo com os procedimentos da história oral, conforme Meihy e Holanda (2007). Foram entrevistados 11 pesquisadores que trabalharam com Carolina Bori em algum momento durante as décadas de 1950 e 1960: Isaias Pessotti, Maria do Carmo Guedes, Walter Hugo de Andrade Cunha, Rachel Kerbauy, Maria Helena de Souza Patto, João Claudio Todorov, Geraldina Porto Witter, Arno Engelmann, Frederico Guilhermo Graeff, João Bosco Jardim, Silvio Paulo Botomé. O relato dos entrevistados foi utilizado para a redação do tópico "Atuação Institucional de Carolina Martuscelli Bori".
Também foram utilizados artigos de autoria de Carolina Martuscelli Bori1, levantados nas bibliotecas da Universidade de São Paulo, nos campus de Ribeirão Preto e São Paulo, buscando identificar questões teóricas e metodológicas relacionadas ao estudo do comportamento. Assim, buscou-se analisar os principais acontecimentos na ciência brasileira cuja participação de Carolina M. Bori foi importante, descrevendo repercussões e desdobramentos, sempre os relacionando ao contexto social e cultural mais amplo. Também foi realizada análise do conceito de comportamento em artigos publicados por Bori nas décadas de 1950 e 1960, assim como algumas mudanças apresentadas nestes conceitos.

3. A regulamentação da Psicologia no Brasil

O período em destaque neste trabalho foi marcado por ações de vários setores, instituições e sociedades científicas que imprimiram um jeito de se fazer Psicologia no Brasil. Por exemplo, houve diversos embates defendendo maneiras de compreender a própria área, pois o que estava em questão era o reconhecimento da profissão e regulamentação da formação de psicólogos (Antunes, 1998, 2004; Baptista, 2004, 2010; Pessotti, 1988; Sá, 2012; Vilela, 2012).
O movimento pelo reconhecimento legal da profissão de psicólogo e a regulamentação da formação em Psicologia marcou a história da área no Brasil durante a década de 1950. Baptista (2010) afirma que este processo se iniciou com a "exposição pública das primeiras ideias sobre a regulamentação" (p. 172) no início da década de 1950, passou pela regularização da profissão pela Lei nº 4119/62 e foi finalizado apenas com a aprovação do código de ética e da instalação dos Conselhos de Psicologia, no ano de 1975. A análise que a autora faz, além de considerar os vários projetos que visavam a regularização da profissão, inclui o que se fazia nas diferentes regiões do país em que a psicologia se fazia presente, as diversas associações que lutaram pelo reconhecimento da profissão e outras que também estavam relacionadas à psicologia (e.g. Associação Brasileira de Psicotécnica, Sociedade Brasileira de Psicologia, Sociedade de Psicologia de São Paulo, Associação Mineira de Psicologia, Instituto de Psicologia da Universidade do Brasil), a discussão sobre o tempo que a formação do psicólogo deveria ter, os níveis de formação (bacharelado e a licença), as diversas comissões e encontros que discutiam a formação e regularização, a necessidade de formalizar a formação daqueles que trabalhavam com a Psicologia, a nome que o profissional da Psicologia deveria ter (psicologista, psicólogo ou psicotécnico), os cursos que foram sendo oferecidos antes 1962 e um movimento dos médicos para que alguns pontos do projeto não fossem aprovados.
Após a aprovação da lei que regulamenta a profissão, foi formada a Comissão de Avaliação de Registros de Diplomas, com o objetivo que conferir os títulos àqueles que haviam realizado formação em Psicologia e estavam atuando na área. Esta comissão era formada com profissionais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais era presidida por Lourenço Filho2, Pe. Antonius Benkö3, Carolina Bori, Enzo Azzi4 e Pedro Parafita Bessa5
(Baptista, 2010).
Com a criação dos primeiros cursos de psicologia, um dos grandes problemas foi a escolha do material didático, quase inexistente no Brasil. Esta característica só mudaria quando alguns professores começaram a encontrar bibliografia da área de Psicologia, já que a ênfase dos cursos de então era o ensino de uma Psicologia voltada para a educação. De todo modo, nas décadas de 1950 e 1960 começaram a ser publicados vários livros específicos traduzidos para o português (Vilela, 2012).

Como a atuação de Bori neste contexto se desenvolveu em posições de destaque (e.g. a presidência da Sociedade de Psicologia de São Paulo e integrando a Comissão de Avaliação de Registros de Diplomas) e também se focou na formação de novos pesquisadores e profissionais, uma análise de sua atuação permitiria identificar o desenvolvimento de uma visão de psicologia moldada a partir desta atuação.

4. Atuação institucional de Carolina Martuscelli Bori6

A década de 1950 foi um período de intensa atividade de Bori em prol da instituição da Psicologia como ciência, no Brasil. Contratada para lecionar a disciplina "Psicologia Experimental" para alunos de graduação em Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), em 1948. Ainda não havia cursos de graduação em Psicologia no Brasil, mas existiam duas Cadeiras de Psicologia nesta universidade: uma delas era Psicologia Educacional e estava sob regência de Noemy da Silveira Rudolfer7; a outra era Psicologia, mais geral, que estava sob regência de Annita Cabral e era a Cadeira para a qual Bori havia sido contratada. Vale comentar que o regente da cadeira tinha total poder para tomar decisões em todas nas disciplinas integrantes, contratar professores e decidir os rumos teóricos e científicos da área que a cadeira abrangia (Angelini, 2011; Cândido & Missimi, 2012).
Foi assim que, por decisão de Annita Cabral, Bori passou por um período na Graduate Faculty for Social Research para o curso de mestrado, que foi concluído em 1951, sob orientação de Tamara Dembo8. Lá, realizou uma revisão das pesquisas sobre "tarefas interrompidas" (Martuscelli, 1959).
Como era o foco da cadeira, Bori levava seus alunos a fazerem experimentos clássicos da Psicologia da Gestalt, adaptados para as condições que a universidade tinha na época. Um deles era o experimento sobre insight, de Wolfgang Köhler.
Além de ser uma representante da Psicologia Experimental, Bori atuou como psicóloga social entre os anos de 1956 e 1962, no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) que tinha o objetivo de conhecer a população brasileira e discutir questões relacionadas à educação. Entre as pesquisas que desenvolveu estão uma avaliação da personalidade de integrantes de um grupo do interior do estado de Minas Gerais que tinham se envolvido em uma série de crimes (Martuscelli, 1957a) e o julgamento que pessoas faziam do status social de diferentes ocupações (Martuscelli, 1957b). Na ocasião, ela trabalhou com grandes nomes da Sociologia no Brasil, como Bertram Hutchinson9, Florestan Fernandes10, Octávio Ianni11 e Antônio Cândido12. A atuação de Bori junto a marcou uma visão da Psicologia junto à estudiosos da população brasileira.
Ainda nesta década, integrou grupos que trabalhavam pela regulamentação da profissão e formação de psicólogo no Brasil. Dessa forma, participou ativamente da luta tanto na representação dos interesses dos psicólogos, debatendo com políticos, quanto no pedido de assinaturas para que o projeto de lei fosse votado. Neste contexto, ela teve a oportunidade de marcar sua posição em relação aos rumos que a psicologia, no Brasil, deveria tomar.
Durante a década de 1950, Bori atuou em três diferentes áreas: 1) era professora assistente na Cadeira de Psicologia, lecionando Psicologia Experimental na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo; 2) desenvolvia pesquisas como psicóloga social no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, ao lado de importantes sociólogos no Brasil; e 3) participou da luta pelo reconhecimento da profissão e regulamentação da formação de psicólogo no Brasil. Em todos estes setores, a sua maneira de entender a psicologia acabou marcando uma linha de desenvolvimento da própria área, seja na formação de profissionais e pesquisadores (alguns de seus alunos se tornaram importantes pesquisadores de áreas como Psicologia Animal, Psicofísica, Psicologia Experimental e, como será discutido mais adiante, Análise Experimental do Comportamento), seja no conteúdo que é parte da formação de psicólogos.
Uma quarta área de atuação começou a ser desenvolvida na virada da década de 1950 para 1960. Por problemas pessoais com a catedrática Annita Cabral, que fogem o escopo desta pesquisa, Bori foi afastada desta Cadeira em 1958, passando a integrar, temporariamente, a Cadeira de Psicologia Educacional. Ainda nesta ocasião, Bori foi convidada a coordenar o Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) de Rio Claro. Nesta instituição, ela continuou a ensinar Psicologia Experimental, desta vez, para alunos de graduação em Pedagogia e, durante o período que coordenou este Departamento, contou com três professores assistente, todos eles, ex-alunos de Bori: Geraldina Witter13, Isaias Pessotti14 e Nilce Mejias15.
Enquanto o grupo de Rio Claro desenvolvia suas atividades, Bori havia recebido a informação de que um professor estadunidense chamado Fred S. Keller16 iria dar um curso, durante o ano de 1961, na Universidade de São Paulo. A informação que teria chegado até ela é que este professor era especialista em auto-ensino (self-teaching). Interessados na questão educacional, assim que o curso começou, este grupo foi para São Paulo assistir a um curso sobre Análise Experimental do Comportamento, área apresentada no Brasil pela primeira vez. Neste curso, os alunos eram levados a fazer sessões experimentais com ratos em uma caixa de Skinner improvisada. Muito do que se fez e se discutiu durante o curso foi inserido no Departamento do Psicologia de Rio Claro. Lá foi montado um laboratório de Psicologia Experimental que contava tanto com equipamentos para estudo de psicofísica quanto com unidades de condicionamento operante feitas no Brasil (Bori, 1964). Foi ainda neste contato com Keller que Bori conhece a Programação de Ensino. Como agora ela era a regente da Cadeira e responsável pelo seu desenvolvimento, parece que a maneira como Keller apresentava o conteúdo, além da proposta que tinha para o ensino, interessou Bori por ser, ao mesmo tempo, um laboratório que permitia apresentar aos alunos, de uma só vez, conceitos de laboratório e processos comportamentais (Bori, 1964).
Neste laboratório, começou-se a trabalhar o condicionamento operante em abelhas, uma espécie que até então nunca havia sido utilizado como sujeito experimental na Análise Experimental do Comportamento. Parte dos equipamentos do laboratório de Rio Claro foi adquirida com financiamento para pesquisas sobre discriminação com abelhas17 que Isaias Pessotti iniciou.
Além do laboratório, em Rio Claro ocorreu a primeira utilização do ensino programado no Brasil. A tradução de The Analysis of Behavior18
de James Holland e B. F. Skinner (1961) foi iniciada, assim como as primeiras avaliações da tradução do livro e uma versão da máquina de ensinar de Skinner. A primeira utilização do curso programado no Brasil ocorreu em uma espécie de parceria desenvolvida com Rodolpho Azzi19 na Universidade de São Paulo, que também utilizava a tradução do texto programado com bolsistas da América Latina.
Mas no ano de 1962, Bori recebeu um convite de Darcy Ribeiro, com quem trabalhara no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), para criar o Departamento de Psicologia da recém-criada Universidade de Brasília (UnB). Em 1964, então, Bori deixou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro e a Universidade de São Paulo para dar início a outro momento de sua carreira. A Universidade de Brasília havia sido inaugurada há pouco tempo, assim como a cidade de Brasília, construída pelo então presidente Juscelino Kubitschek com o objetivo de transferir a capital do Brasil para o centro do país.
Inicialmente, o grupo que estava em Brasília era formado por Luis Otávio, João Cláudio, Luiz de Oliveira e Rachel Kerbauy, que eram alunos de pós-graduação já formados na tradição iniciada com o curso de Keller, em 1961. Os professores que iniciaram o curso foram Carolina Bori, Mario Guidi20, Rodolpho Azzi, Isaias Pessotti e Fred Keller. Mas ao longo do curso, outros professores foram contratados, como Jean Nelson Nazzaro que deu a disciplina de Estatística. Como tudo estava sendo criado, as atividades desenvolvidas pelo grupo de professores e alunos de pós-graduação eram muitas e variadas: monitoravam os alunos na graduação, ajudavam a escrever as instruções para os experimentos, traduziam materiais didáticos, etc. O método de ensino utilizado em todas as disciplinas de Psicologia da Universidade de Brasília era baseado nos conceitos estudados em laboratório de psicologia nos moldes que Keller havia apresentado em 1961.
Contudo, o curso de Brasília coordenado por Bori se iniciou em 1964, mesmo ano em que a ditadura militar brasileira foi instalada, e terminou em 1965 por intervenção deste governo (Bori, 1974; Bori & Azzi, 1964; Bori, Pessotti, & Azzi, 1965; Keller, Bori, & Azzi, 1964; Zannon & Bori, 1996).
A função de Carolina Bori era dar cursos de pós-graduação e, como coordenadora do Departamento, era responsável pela aquisição de verbas, comunicação com a reitoria entre outras questões de política universitária. Outra atividade que desenvolvia estava relacionada à preparação do material didático que seria utilizado nas aulas. Foi nesta época que Bori pediu a João Claudio Todorov que traduzisse o livro Science and Human Behavior, de B. F. Skinner21.
Com a tomada do governo pelos militares, alguns professores foram cassados e, então, ocorreu uma demissão coletiva de mais de duzentos professores da instituição, o que significou o fim das atividades que estavam desenvolvendo em Brasília. Com o fim da participação de Bori no Departamento de Psicologia da UnB, ela retornou à USP. Neste momento, era professora universitária há 17 anos, tinha concluído o mestrado há 14 e o doutorado há 11. Somava, em seu currículo, a criação de dois Departamentos de Psicologia (um em Rio Claro, outro em Brasília – e ambos com base na experimentação), trabalhos como psicóloga social, participação ativa na luta pelo regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil, participação na Comissão de Avaliação de Registros de Diplomas e pesquisas em diferentes áreas.
A Psicologia na USP ainda estava dividida nas Cadeiras de Psicologia e Psicologia Educacional no ano de 1965. Os problemas entre os professores das duas Cadeiras eram grandes e um grupo de professores encabeçou um movimento contra a então regente da Cátedra de Psicologia. Além disso, os alunos, insatisfeitos com a organização da universidade, buscavam uma representação maior dos estudantes nas decisões do curso.
Todas as disciplinas da Cadeira de Psicologia, regida por Annita Cabral, incluíam experimentos em alguma parte. A experimentação que Bori ensinava na década de 1950 se relacionava à psicofísica e à psicologia da Gestalt, mas na década de 1960 se tornou Análise Experimental do Comportamento.

A atuação de Bori aqui apresentada ocorreu em um período de constituição da Psicologia no Brasil e os setores aos quais ela estava ligada evidencia sua preocupação com a formação de psicólogo e a inclusão da experimentação ainda na graduação. Considerando este aspecto, uma análise da publicação de Bori auxiliaria na compreensão das ideias presentes nas diferentes instituições em que ela esteve coordenando ou criando espaços para o desenvolvimento da Psicologia. A seguir, buscou-se em artigos de Bori que foram publicados nas décadas de 1950 e 1960, pontos de vista da autora acerca do estudo do comportamento.

5. O estudo do comportamento

A literatura sobre história da Análise do Comportamento no Brasil apresenta inúmeras referências à contribuições de Carolina M. Bori para o desenvolvimento da área no país, sobretudo na criação de laboratórios de Análise Experimental do Comportamento a partir de 1961 (Matos, 1998; Lopez Miranda & Dias Cirino, 2010; Todorov & Hanna, 2010). Este papel desempenhado na história da Psicologia no Brasil também pode ser identificado em alguns de seus artigos. Em 1964, por exemplo, ao discutir o ensino de Psicologia ou métodos para o ensino que seria utilizado na UnB, observam-se alguns conceitos skinnerianos:
"O objetivo do ensino consiste, em geral, em incrementar e diversificar o repertório de comportamentos dos indivíduos. Como isto supõe aprendizagem, os bons métodos educacionais devem utilizar o que há de melhor na compreensão que se tem do processo de aprendizagem" (Keller, Bori & Azzi, 1964, pp. 397).
No trecho acima, em coautoria de Keller e Azzi, os autores definem aprendizagem a partir do incremento e diversificação do repertório comportamental, conceito que se refere às possibilidade de ação de um indivíduo em relação ao ambiente.
Em outro texto, ao discutir o desenvolvimento do Personalized System of Instruction no Brasil, Bori (1974) afirma que o sistema de ensino que ela propunha não enfatizava a programação de cursos porque, ao assumir as contingências de três termos como unidade de análise, as atividades propostas para o ensino já não podem mais identificar tal sistema: "Claramente falando, nós já não ensinamos pessoas à programar cursos, mas buscar por contingências dentro das atividades e programá-las" (Bori, 1974, p. 72). Isto significa que a proposta de atividades de ensino deve envolver
"Um completo exame dos antecedentes do qual o específico comportamento é uma função, o comportamento, por ele mesmo, e suas consequências. Uma vez que as contingências de três termos são agora nossa unidade de estudo, as próprias atividades já não mantém sua identidade. Nosso trabalho crescentemente se tornou um estudo das contingencias" (Bori, 1974, pp. 72).
Entretanto, este referencial teórico não esteve presente desde o início de sua carreira. É comum encontrar o uso de conceitos que fazem referência a processos internos como explicativos do comportamento em artigos publicados por Bori até 1960. Em 1959, por exemplo, afirmou que "os fenômenos estudados pela Psicologia só poderão ser ordenados num sistema coerente quando se relacionar o que diretamente se vê (os dados fenotípicos) com as construções (isto é, conceitos de fatores conhecidos através de inferências)" (Martuscelli, 1959, p. 17). Para ela, não havia apenas uma ligação direta entre um comportamento e um estímulo: "É preciso considerar o fato de que a resposta não é uma função linear do estímulo" (Martuscelli, 1959, p. 17). Assim, haveria uma ligação indireta entre um determinado comportamento e certos fatos observados. Tal ligação se daria, na Psicologia, através de constructos. Alguns deles podem ser identificados em artigos publicados anteriormente.
Este mesmo aspecto aparece ao apresentar uma posição acerca da experimentação em Psicologia. Para ela, mesmo reconhecendo opiniões divergentes quanto à eficácia do método experimental na Psicologia, a experimentação psicológica seria essencial para o próprio desenvolvimento da área; "é nossa opinião que as observações que fornecem os dados à Psicologia devem ser feitas o máximo possível sob condições controladas, isto é, devem ser experimentais" (Bori, 1953, p. 11). Em seguida, explora os diversos procedimentos de uma situação experimental, entre eles, o controle de variáveis, a busca de relação ordenada entre as variáveis controladas e as variáveis observadas, assim como características pessoais do sujeito que participa da pesquisa.
Segundo Bori, uma situação experimental pode envolver inúmeras variáveis das quais o experimentador não tem acesso, aumentando a dificuldade de controle experimental. Isto acontece porque, em experimentos introspectivos, o sujeito "pode introduzir material de experimento (geralmente motivos) sem o conhecimento do E [experimentador] e assim viciar os resultados experimentais" (Bori, 1953, p. 15). Assim, um dos problemas de uma situação experimental é a apresentação, pelo experimentador, de uma tarefa cujo "ego" do sujeito será envolvido: "Quando ele tem o ‘ego envolvido na solução da tarefa’ reage pessoalmente" (Bori, 1953, p. 15).
Outro conceito presente em artigos da década de 1950 tem origem na Teoria de Campo, de Kurt Lewin, e foi utilizado, por exemplo, em uma pesquisa feita com o objetivo de "estudar o grupo de sujeitos do ponto de vista psicológico a fim de esclarecer ou pelo menos propor hipóteses para esclarecer o comportamento exteriorizado durante o período de duração dos acontecimentos" (Martuscelli, 1957a, p. 84). Neste trabalho, o comportamento exteriorizado foi definido como "uma locomoção num campo com o intuito de modificar as forças que atuam no momento" (Martuscelli, 1957a, p. 85). O conceito de campo é usado para fazer referência à forças psíquicas que exerce influência sobre o indivíduo: "ele sente-se a si mesmo locomovendo-se sob a ação dessas forças em direção de um objetivo positivo ou afastando-se de um objetivo negativo" (Martuscelli, 1957a, p. 85).
Outro ponto importante no estudo do comportamento, nos trabalhos de Bori se refere ao método utilizado para compreendê-lo. Um deles, o do teste da figura humana, de Karen Machover, seria um teste adequado para o estudo da personalidade e permitiria acessar características do "comportamento mental e emocional e do ajustamento social ao seu ambiente" (Martuscelli, 1955, p. 60). Testes projetivos como este permitiriam examinar as reações de um indivíduo para se conhecer as motivações básicas e determinantes do comportamento, já que uma pessoa "revela a sua personalidade através de qualquer modificação que faz em qualquer tipo de material" (Martuscelli, 1955, p. 59).
Alguns destes conceitos permanecem até o final da década de 1950 e início da década de 1960, quando ela começa a usar conceitos relacionados ao estudo do comportamento operante. Em artigo publicado em 1963, Azzi, Rocha e Silva, Bori, Fix e Keller se intitulam pioneiros neste campo no Brasil e oferecem um lista de sugestão de tradução de termos do inglês para o português. Estes termos incluem palavras como "contingência", "reforço", "estímulo discriminativo", "comportamento operante" e "reforçador negativo". Além disso, nenhum dos conceitos apresentados fazem referência a processos internos como explicativos do comportamento tais como motivação, processos cognitivos, emoções, consciência, entre outros.
Por fim, outro artigo que aponta a aproximação de Bori ao estudo do comportamento operante foi publicado em 1964 com a finalidade de relatar a experiência de equipar um laboratório de Psicologia que contava com equipamentos para experimentos de percepção, latência de resposta, julgamento de pesos, orientação espacial, condicionamento pavloviano e uma ampliação feita visando a experimentação com animais. São três unidades de caixas de condicionamento operante para "uma série ampla de observações controladas sobre aprendizagem e extinção de comportamento" (Bori, 1964, p. 64). Além disso, segundo sua avaliação, "este campo de estudos que vem oferecendo apreciáveis contribuições à psicologia proporciona aos alunos oportunidade de observar uma vasta área de problemas de análise do comportamento" (Bori, 1964, p. 64).

De acordo com os documentos aqui analisados, pode-se afirmar que o conceito de comportamento usado por ela não é unívoco e se vale de diversas perspectivas de Psicologia. Percebe-se, neste período, uma identificação de Bori com métodos projetivos, teoria de campo e Análise Experimental do Comportamento, por exemplo, o que mostra a diversidade presente em seus artigos.

6. Considerações finais

Uma análise da atuação institucional de Bori e de suas publicações aponta que tanto a experimentação quanto a explicação do comportamento estão presentes ao longo do período estudado. Entretanto, a maior mudança observada se refere a sua posição em relação aos conceitos utilizados para a compreensão do comportamento. Mas como ela não tem muitos artigos publicados a partir da segunda metade da década de 1960, a identificação mais clara dos conceitos utilizados se torna mais difícil.
A atuação de Bori esteve, desde o começo de sua vida profissional, relacionada à prática de ensino. Deste modo, ela teve a possibilidade de transmitir sua visão de ciência e Psicologia, formando uma maneira de se pensar a própria Psicologia em um momento em que ela passava por um período de regulamentação. Este fato parece ter promovido a difusão de suas ideias no meio acadêmico brasileiro.
Além disso, um último aspecto a ser aqui mencionado é a importância da análise da atuação de Bori para identificação de suas contribuições para o desenvolvimento da Psicologia como ciência comportamental. A difusão de suas ideias se deu principalmente pelos posicionamentos por ela tomados em relação aos mais diversos aspectos da pesquisa e da profissão, posicionamentos estes compartilhados pelos seus alunos. Desse modo, Carolina Bori formou um grupo de pesquisadores que continuaria o estudo do comportamento, seja em laboratórios de Psicologia Experimental, utilizando os mais variados conceitos explicativos do comportamento, ou mais especificamente, em laboratórios de Análise Experimental do Comportamento.

Referencias
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1 Em alguns de seus artigos, a autora usa o nome Carolina Martuscelli. Após se casar, adotou o sobrenome de seu marido, passando a assinar Carolina Martuscelli Bori. Deste modo, a obra aqui estudada foram encontradas a partir dos dois sobrenomes.
2 Manuel Bergström Lourenço Filho (1897 – 1970), foi um educador brasileiro, escreveu livros em áreas como Geografia e História do Brasil, Psicologia (principalmente sobre testes e medidas na educação, maturação humana), Estatística e Sociologia.
3 Pe. Antonius Benkö (1920 – 2013), húngaro, chegou no Brasil em 1954 e a partir de 1957, foi contratado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Criou o Centro de Orientação Psicopedagógica – COPP.
4 Enzo Azzi (1921-1985), italiano, doutor em Medicina e Cirurgia, pela Universidade de Parma, e em Psicologia Experimental e Educacional pela Universidade Católica de Turim, foi o responsável pela organização do IPPUCSP (Instituto de Psicologia e Pedagogia da PUC/SP).
5 Pedro Parafita de Bessa (1923 – 2002), mineiro, foi o primeiro diretor do curso de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais, no ano de 1960. Teve aulas no Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Professoras com a professora Helena Antipoff. Ele foi uma das trinta pessoas que assinaram a ata da primeira reunião da Sociedade Mineira de Psicologia, na década de 1950.
6 O conteúdo apresentado nesta seção foram retirados, na sua quase totalidade, das entrevistas mencionadas anteriormente. Preferiu-se por texto narrativo, sem citações, mas as entrevistas, na íntegra, podem ser acessadas em Cândido (2014).
7 Noemy da Silveira Rudolfer (1902 – 1980) foi responsável pela cadeira de Psicologia Educacional após a incorporação do Instituto de Educação à Faculdade de Filosofia. Em 1936 defende sua tese de cátedra, A evolução da psicologia educacional através de um histórico da psicologia moderna.
8 Tamara Dembo (1902 – 1993): contribuiu tanto para a Psicologia aplicada quando para a Psicologia Experimental. Participou do desenvolvimento da teoria e dos processos experimentais que hoje fazem parte da Psicologia social. Foi aluna de Kurt Lewin e colega de Bluma Zeigarnik. Sua preocupação era investigar reações emocionais, como a raiva, do ponto de vista teórico de Lewin.
9 Bertram Hutchinson, sociólogo britânico, dirigiu um estudo sobre mobilidade social e trabalho na cidade de São Paulo junto ao Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) e financiado pela Unesco e pelo Ministério da Educação do Brasil.
10 Florestan Fernandes (1920 – 1995), sociólogo e político brasileiro, foi professor da Universidade de São Paulo (USP) na década de 40, foi afastado pelo regime militar em 1969. É considerado o fundador da sociologia crítica no Brasil.
11 Octavio Ianni (1926 – 2004) formou-se em ciências sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em 1954, é considerado um dos maiores sociólogos do país. Tornou-se professor na cadeira de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, sob a chefia de Florestan Fernandes
12 Antonio Cândido de Mello e Souza (1918 –    ), sociólogo, estudioso da literatura brasileira e estrangeira, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
13 Graduada em Pedagogia, especializou-se em Psicologia da Educação em 1965 e doutorou-se em Ciências em 1977. Toda a sua formação foi feita pela Universidade de São Paulo. Trabalhou, principalmente, com avaliação da produção científica, leitura-escrita, aprendizagem de ciências e matemática.
14 Formado em Filosofia e doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo. Publicou diversos livros e artigos sobre psicologia tanto em língua portuguesa quanto em língua italiana. Lecionou na Universidade de Brasília, na Universidade Federal de São Carlos, é professor visitante da Universidade de Urbino, na Itália.
15 Graduada em Pedagogia, especializou-se em Psicologia da Educação em 1965 e doutorou-se em Ciências em 1977. Toda a sua formação foi feita pela Universidade de São Paulo. Trabalhou, principalmente, com avaliação da produção científica, leitura-escrita, aprendizagem de ciências e matemática.
16 Fred S. Keller (1889 – 1996), um dos precursores da Psicologia Comportamental. Publicou importantes livros, entre eles Principios de Psicologia: um texto sistemático na ciência do comportamento (1950), junto com Schoenfeld e PSI, the Keller Plan Handbook: Essays on a personalized system of instruction (1964), em parceria com Sherman.
17 Pessotti, I. (1964). Condicionamento de respostas sob diferentes razões fixas sucessivas em MELLIPONA SEMINIGRA MERRILLAE. Jornal Brasileiro de Psicologia, 1(2), 97-100.
18 Holland, J. & Skinner, B. F. (1969) A Análise do Comportamento. São Paulo: Editora Universitária de São Paulo (Tradução de C. M. Bori e R. Azzi. Obra originalmente publicada em 1961).
19 Rodolpho Azzi (1927-1993), filósofo, esteve entre os precursores da Análise do Comportamento no Brasil como professor da USP e da UnB. Traduziu obras de B. F. Skinner e Fred S. Keller. No período do Regime Militar, devido à posições políticas, passou por dois períodos de prisão.
20
Mário Arturo Alberto Guidi foi um aluno de Carolina Bori e responsável pela construção de alguns equipamentos de laboratório. Em colaboração com Herma Bauermeister, publicou o livro Exercícios de Laboratório em Psicologia em 1968 e, anos depois, dedicou-se à áreas como Cinema e Fotografia.
21 Skinner, B. F. (1967). Ciência e Comportamento Humano. Brasília: Editora Universdade de Brasília. (Tradução de João Claudio Todorov e Rodolpho Azzi. Obra originalmente publicada em 1953).

Citar este artículo como: Cândido, G. V.; y Massimi, M. (2016). Psicologia como Ciência do Comportamento na atuação e obra de Carolina Martuscelli Bori: décadas de 1950 e 1960. Revista Argentina de Ciencias del Comportamiento, 8(2), 30-38

 

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