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Palabra clave

On-line version ISSN 1853-9912

Palabra clave vol.11 no.2 Ensenada Apr. 2022

http://dx.doi.org/https://doi.org/10.24215/18539912e155 

Artículos de temática libre

Makerspace e biblioterapia em hospitais: um estudo bibliométrico

Makerspace and bibliotherapy in hospitals: a bibliometric study

1Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação

2Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação

3Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação

4Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação

5Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação

Resumo

No mundo contemporâneo, pressões de ordem informacional, social, econômica, entre outras, incidem sobre os indivíduos em sociedade, propiciando a proliferação de doenças mentais. Nesse cenário, estratégias de complemento às terapias psicológicas/psiquiátricas convencionais passaram a ser levadas em conta no trabalho com a saúde mental em hospitais. Dentre elas, duas contam com a participação do profissional de informação, ou seja, a biblioterapia, que proporciona uma auto-reflexão por meio de livros; e o espaço maker, no qual o sujeito pode criar objetos, expressando-se e exercitando a sua criatividade. Isto posto, esta pesquisa objetivou verificar o volume do corpus de artigos que tratam da interação entre ciência da informação, espaço maker e biblioterapia em hospitais que trabalham com saúde mental, destacando como as palavras-chave utilizadas ajudam a entender essa relação. Ademais, buscou-se verificar como se dá a prática da biblioterapia e do espaço maker em bibliotecas brasileiras. Como procedimentos metodológicos, usou-se a análise de co-ocorrência de palavras-chave, além do emprego de questionário online com bibliotecários de diversos estados brasileiros. Apurou-se que o corpus de trabalhos é ainda incipiente, com oito grupos de artigos, constando 105 palavras-chave. O estudo empírico demonstrou que ainda não está consolidada a prática do makerspace em bibliotecas. Contudo, essas instituições contribuem para a saúde mental dos seus usuários, por meio de seus acervos e do encaminhamento de indivíduos a profissionais especializados.

Palavras-chave Makerspace; Biblioterapia; Ambientes informacionais de hospitais; Saúde mental; Análise de co-ocorrência

Abstract

Currently, informational, social, and economic pressures, among others, are affecting individuals in society, favoring the proliferation of mental illnesses. In this scenario, complementary strategies to conventional psychological/psychiatric therapies started to be taken into account in the work with mental health in hospitals. Two of them rely on the participation of the information professional, that is, bibliotherapy, which provides self-reflection through books; and the maker space, in which the person can create objects, expressing themselves and exercising their creativity. From this perspective, this research aimed to verify the corpus of articles dealing with the interaction between Information Science, the maker space and bibliotherapy in hospitals that work with mental health, highlighting how the keywords used in these articles could help the understanding of this relationship. As methodological procedures, keyword co-occurrence analysis was used. It was found that the corpus is still incipient, with eight groups of articles, consisting of 105 keywords. However, the therapies mentioned give autonomy to patients, with no side effects, through which the information professional has an active role in collaborating with health professionals.

Keywords Makerspace; Bibliotherapy; Hospital’s informational environments; Mental health; Co-occurrence analysis

Resumen

Actualmente, las presiones informativas, sociales y económicas, entre otras, afectan a los individuos en la sociedad y favorecen la proliferación de enfermedades mentales. En este escenario, se comenzó a tomar en cuenta estrategias complementarias a las terapias psicológicas/psiquiátricas convencionales en el trabajo con la salud mental en los hospitales. Dos de ellas cuentan con la participación del profesional de la información: son la biblioterapia, que proporciona la autorreflexión a través de los libros; y el espacio maker, en el que la persona puede crear objetos, expresándose y ejercitando su creatividad. Desde esta perspectiva, esta investigación tuvo como objetivo verificar el corpus de artículos que tratan sobre la interacción entre la Ciencia de la Información, el espacio maker y la biblioterapia en los hospitales que trabajan con la salud mental, destacando cómo las palabras clave utilizadas en estos artículos podrían ayudar con la comprensión de esta relación. Como procedimiento metodológico, se utilizó el análisis de coocurrencia de palabras clave. Se constató que el corpus es aún incipiente, con ocho grupos de artículos que contienen 105 palabras clave. Sin embargo, las terapias mencionadas dan autonomía a los pacientes, sin efectos secundarios, por lo que el profesional de la información tiene un papel activo en la colaboración con los profesionales de la salud.

Palabras clave Makerspace; Biblioterapia; Entornos informativos hospitalarios; Salud mental; Análisis de co-ocurrencia

1. Introdução

O movimento maker, cultura do “faça você mesmo”, parte da premissa de que qualquer pessoa é capaz de criar, produzir, fabricar ou melhorar produtos e serviços, a partir de uma determinada tecnologia. Nesse sentido, os makerspaces são espaços designados para a criação e o desenvolvimento de ideias, a fim de se dar vida aos projetos de uma localidade.

As técnicas de makerspace contribuem para com o estabelecimento de espaços inovadores de criação, e essa é uma temática que vem sendo trabalhada, atualmente, no âmbito da ciência da informação (CI). Nesse sentido, a biblioterapia, que possui relação direta com a saúde mental, pode utilizar o makerspace como um método de terapia para a construção do sujeito. Logo, a sua compatibilidade com a informação e saúde, nicho da CI que busca, para além de variados assuntos, refletir a relação entre os ambientes informacionais e a saúde mental, em prol de contribuir para com o compartilhamento de conhecimento junto à sociedade.

Outra forma de contribuição que a CI pode ter no âmbito da saúde mental, prática já consagrada pelo tempo, de eras tão remotas quanto a Idade Média, é a biblioterapia (Jack & Ronan, 2008). Tal estratégia se refere à uma estreita colaboração de profissionais da informação e da saúde, na recomendação de material bibliográfico para fomentar no paciente uma auto-reflexão sobre seu problema, auxiliando no processo terapêutico (Cook, Earles-Vollrath & Ganz, 2006). Portanto, observa-se que o espaço maker e a biblioterapia se complementam na promoção da saúde mental, por intermédio da CI.

Destaca-se que “de todos os males vividos pelo homem, a loucura, a doença mental e o sofrimento psíquico e emocional, parecem atingir indistintamente pessoas de qualquer nacionalidade” (Andrade et al., 2009, p. 676). Isso decorre, também, mas não somente, da sobrecarga informacional advinda da chamada Sociedade da Informação, em que “a educação é [...] condição essencial para que as pessoas e organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar, e, assim, a garantir seu espaço de liberdade e autonomia” (Takahashi, 2000, p. 6). Esse cenário traz uma superestimulação constante de ideias, podendo gerar quadros de ansiedade de informação e, consequentemente, afetar a saúde mental dos indivíduos (Wurman, 2005). Ademais, as constantes pressões econômicas, sociais, laborais e afins, do mundo contemporâneo, que é cada vez mais exigente e competitivo, cobram seu preço em relação à saúde mental dos sujeitos.

Nessa perspectiva, a pesquisa pautou-se em dois questionamentos: “Há produção científica expressiva na área da CI que relacione o makerspace e a biblioterapia aos sistemas de saúde mental?” e “Como o makerspace e a biblioterapia podem colaborar para com o desenvolvimento das atividades dos ambientes informacionais e de saúde mental?”. Logo, o estudo girou em torno do seguinte problema de pesquisa: “Quais as temáticas que estão sendo trabalhadas nas pesquisas da área da CI quando se busca relacionar o makerspace e a biblioterapia aos ambientes informacionais localizados em hospitais e ambientes informacionais?” “Como se dá a prática da biblioterapia e do makerspace nas bibliotecas brasileiras?”; e “Como as características do acervo, perfil das bibliotecas e políticas/normas institucionais influenciam no emprego das duas práticas acima consideradas, na visão dos bibliotecários?”. Compreende-se que a biblioterapia não é um campo da Biblioteconomia, mas, da saúde mental. Todavia, há a necessidade de participação de um profissional da informação nesse processo.

Objetivou-se, de modo geral, analisar a produção científica e a atuação profissional, na área da CI, referente às técnicas de makerspace e biblioterapia em ambientes informacionais (bibliotecas ou arquivos) de hospitais voltados ao trabalho com a saúde mental. De modo mais específico, buscou-se desenvolver um estudo qualiquantitativo das temáticas que estão sendo trabalhadas na base de dados SciVerse Scopus (Scopus) nesse contexto, bem como um estudo de caso de bibliotecas brasileiras sobre o conhecimento, práticas, políticas institucionais e características do acervo, referentes ao makerspace e à biblioterapia em suas instituições.

A hipótese é a de que os ambientes informacionais localizados em hospitais, assim como a maior parte das bibliotecas e dos arquivos do mundo todo, necessitam descobrir meios de se levantar recursos para o desenvolvimento das suas atividades cotidianas, uma vez que não contam com investimentos intensivos para tal. O makerspace e a biblioterapia, então, são possibilidades de inovação para essas conjunturas.

Uma busca preliminar feita na base de dados Scopus utilizando-se as palavras-chave 'bibliotherapy' (biblioterapia) e ‘information science’ (ciência da informação) demostrou que são poucos os trabalhos que contemplam esses assuntos. Foram recuperados apenas três pesquisas, sendo que nenhuma delas se caracterizou como um estudo bibliométrico de escopo mais amplo, que possa trazer uma perspectiva geral do panorama da interação da CI para com a biblioterapia. A seguir, são descritos, brevemente, os temas tratados nos documentos levantados; a saber: 1. Estudo de campo sobre os efeitos da biblioterapia no desenvolvimento de autoconfiança em mães de crianças com necessidades especiais (Öztemiz & Tekindal, 2021); 2. Utilização da informação como medida de combate ao preconceito contra pessoas com deficiência no contexto de trabalho (Dali, 2018); e 3. Discussão filosófica sobre as bases hermenêuticas da biblioterapia enquanto cuidado do ser (Sousa & Caldin, 2018).

De modo semelhante, a busca introdutória na Scopus utilizando os termos ‘Information Science’ e ‘makerspace’ retornou apenas quatro trabalhos. Como na busca anterior, mencionada acima, nenhuma das pesquisas levantadas trazia um enfoque bibliométrico de escopo amplo sobre a temática, concentrando-se em estudos de campo. Os temas tratados pelos artigos foras: 1. Descrição de práticas de ensino envolvendo recursos computacionais e makerspace em curso de mestrado na área de CI (Maceli, 2020); 2. Influência do makerspace no currículo de cursos de graduação na área de CI (Maceli, 2019); 3. Estudo de campo sobre as tecnologias utilizadas por profissionais da informação e suas necessidades de conhecimentos neste respeito (Maceli & Burke, 2016); e 4. Estudo de campo sobre competências e necessidades de treinamento no âmbito do makerspace em unidades de informação (Moorefield-Lang, 2015). Desse modo, destaca-se a originalidade e a necessidade da presente pesquisa que, para mais de integrar duas temáticas afins, na intersecção da CI com a saúde mental, a biblioterapia e o makerspace, faz uma apreciação tanto quantitativa quanto qualitativa do corpus de conhecimento, de modo amplo.

Neste artigo, apresentou-se uma pesquisa exploratória, qualiquantitativa e pautada no método de bibliometria, por meio da análise de co-ocorrência de palavras-chave, decorrente da leitura e interpretação dos artigos mais citados. Ademais, adicionou-se um componente empírico ao trabalho, referente ao emprego de questionário online, verificando as perspectivas de bibliotecários de vários Estados e regiões brasileiras, acerca do emprego da biblioterapia e do makerspace em bibliotecas.

O software utilizado para a análise bibliométrica foi o VOSviewer, pois, é uma ferramenta capaz de criar mapas relevantes e redes a partir de dados de publicações científicas, pesquisadores, organizações de pesquisa, países, palavras-chave ou textos (Van Eck & Waltman, 2014, 2019).

Compreende-se, assim, que este estudo contribui para a CI ao se destacar como um referencial teórico de valia para basear pesquisas posteriores. Para a sociedade, sua relevância está nas possibilidades que oferece aos ambientes informacionais de hospitais de se desenvolverem de maneira pró-ativa, o que contribui para com os produtos e serviços que esses venham a oferecer à população.

2. Ciência da Informação e suas práticas interdisciplinares: ambientes informacionais, biblioterapia e saúde mental

A CI celebra parcerias interdisciplinares para tentar lidar com os problemas da contemporaneidade. Enfatiza-se, primeiramente, que a informação é um aspecto presente em virtualmente todos os âmbitos do trabalho e da vida privada dos seres humanos, nas mais distintas formas. Assim, destacando a presente configuração de modernidade líquida, com a desagregação dos grupos sociais, incertezas e pressões geradas sobre os indivíduos, problemas psicológicos afloram com ainda mais força. Portanto, o intuito da presente pesquisa é justamente discutir as possibilidades de colaboração da CI neste respeito. Dentre as referidas contribuições, encontra-se a prática da biblioterapia, no campo da saúde mental.

O termo biblioterapia é de origem recente. No entanto, o uso da leitura como um meio de produzir mudança no comportamento humano foi reconhecido e usado nos primeiros tempos. Ao longo da história, ocorreram desenvolvimentos significativos, cada um desses desenvolvimentos refletindo um interesse crescente na biblioterapia como uma ferramenta terapêutica (Jack & Ronan, 2008, p. 162, tradução nossa).

A leitura, portanto, pode se tornar uma importante ferramenta no âmbito terapêutico, ajudando os sujeitos a compreenderem e a lidarem com suas emoções e, assim, reavaliarem seus comportamentos. De fato, é de conhecimento comum que as pessoas procurem literaturas para ajudá-las com seus problemas emocionais, familiares, com seu trabalho, enfim, haja visto a abundância de livros chamados de ‘autoajuda’ disponíveis no mercado, e pela sua popularidade. Contudo, a biblioterapia é uma prática que exige a intervenção de profissionais de saúde e de informação, visando a eficácia e segurança do tratamento, para que o conteúdo acessado pelo paciente não venha a agravar seu quadro, ao invés de melhorá-lo.

Para Cook et al. (2006), a biblioterapia promovida por um profissional da saúde leva a um processo interativo com discussões guiadas para atingir as metas definidas. Segundo esses autores, a técnica de biblioterapia pode ser classificada em dois tipos principais: desenvolvimental, usada na educação, buscando identificar problemas de relacionamento na escola, lidar com problemas emocionais e comportamentais, ou prover instruções sobre as mudanças no desenvolvimento da criança; e clínica, que se desenvolve em ambientes terapêuticos apropriados, mediada por um psicólogo ou terapeuta, visando lidar com indivíduos que passam por sérios problemas emocionais e comportamentais (Cook et al., 2006).

Conforme Jack & Ronan (2008), práticas de biblioterapia remontam à Idade Média, quando livros eram receitados aos enfermos, tendo um caráter de cura espiritual/moral, frequentemente versando sobre temas religiosos. Para os autores, a prática passou a ter um caráter mais científico a partir do século XIX, nos estabelecimentos de saúde mental, sendo contemporaneamente utilizada em vários tipos de instituições, embora a literatura aponte que há um envolvimento muito maior dos profissionais de Biblioteconomia do que dos de saúde em sua execução.

No âmbito da biblioterapia, é uma estratégia eficaz descobrir as necessidades do paciente e recomendar obras com as quais este possa se identificar e nelas projetar seus problemas internos. De acordo com Sevinç (2019), as técnicas de biblioterapia, geralmente, seguem quatro etapas: o sujeito identifica claras similaridades entre sua situação e o contexto ou protagonistas da obra considerada; o próximo passo é uma catarse, no sentido da auto identificação e aceitação de seus sentimentos, revelação de suas realidades internas e alívio; o passo final é uma auto-reflexão dos problemas do paciente e discussão desses com o analista, visando a elaboração de soluções factíveis.

O papel do profissional da informação na biblioterapia é de fazer uma ‘ponte’ entre o paciente e os livros, auxiliando na escolha dos materiais, sua organização e disponibilização. É, essencialmente, um trabalho de mediador. A mediação da informação é um conceito desenvolvido originalmente por Almeida Júnior (2015), que diz respeito à toda interferência realizada pelo profissional de informação, na presença do usuário (explícita) ou longe deste (implícita), no âmbito dos equipamentos informacionais (bibliotecas, arquivos e museus), visando que o referido usuário faça a efetiva apropriação (assimilação) da informação. Ou seja, mediar é mais do que repassar ou dar acesso à informação, mas é um trabalho cuidadoso e atento que busca identificar a necessidade informacional do sujeito e atendê-la do modo mais efetivo possível.

Embora se enfoque nos equipamentos informacionais tradicionais, é preciso destacar que a informação é um elemento ubíquo na sociedade contemporânea. De fato, informação é um elemento essencial para que o ser humano se situe na realidade e consiga sobreviver. Dito isso, a ideia de Souza, Santos Neto & Moraes (2020) é que a mediação pode ocorrer em qualquer ambiente de uso intensivo de informação, em qualquer tipo de organização, desde que haja um esforço genuíno do sujeito ‘provedor’ da informação em compreender o problema ou necessidade do potencial receptor, selecionando para este último a informação mais adequada à situação. Os fatores que motivam essa mediação informal da informação podem ser tanto altruístas (empatia pelo próximo, busca do bem-estar do grupo, valores éticos / morais internalizados), quanto egocêntricos (busca de uma reciprocidade futura, ganho em reputação e status perante os demais) (Souza et al., 2020).

O momento em que a mediação se mostra mais visível é durante a entrevista de referência. Esse é o momento em que o usuário aborda o profissional de informação com uma pergunta, visando atender a uma necessidade informacional. Para Brown (2008), a missão fundamental do bibliotecário é traduzir os questionamentos dos usuários em algo que possa ser atendido por meio dos itens de seu acervo. Esta é uma atividade que exige empatia e paciência. Para que a entrevista seja bem sucedida, o bibliotecário deve: se mostrar acessível, sendo cortês e mantendo contato visual com o usuário; identificar o perfil do usuário, estudante, dona de casa, paciente, acadêmico, para definir que tipo de material seria adequado às suas necessidades; demonstrar interesse genuíno pela pergunta do usuário; saber ouvi-lo e fazer novas perguntas, para ajudar a clarificar o real problema do sujeito; ajudar o sujeito a buscar a informação de maneira autônoma; buscar feedback do sujeito a respeito de suas percepções sobre o material encontrado.

Esse trabalho ‘investigativo’ do profissional de informação é importante, porque nem sempre o usuário tem uma ideia clara do que necessita, apenas um vago anseio, ou perturbação, que se pode chamar de necessidade visceral de informação (Taylor, 1967). Dessa forma, o interesse atento e paciente do profissional da informação se mostra imprescindível para profissionais de saúde e pacientes no contexto da biblioterapia, provendo a ambos os materiais mais adequados aos seus casos.

3. Makerspaces nos hospitais: algumas reflexões

As últimas décadas foram marcadas por grandes transformações tecnológicas e um vasto processo de industrialização. Porém, de outro lado, foi sendo retomada a tendência “Do it yourself” (DIY), ou seja, do faça você mesmo. Movimento popularizado a partir da década de 1980, que vem sendo aderido por diferentes pessoas e instituições. O movimento engloba desde a customização de roupas, a produção de vinhos e cervejas artesanais, móveis de madeira e até produtos frutos de impressoras 3D. “O movimento faça você mesmo” pode se consolidar num pequeno espaço, na própria casa do “artesão” ou “inventor”, no seu estabelecimento comercial, ou até mesmo em espaços compartilhados, como em escolas, em bibliotecas e hospitais.

Na proporção comunitária do espaço coletivo - enfoque que nos interessa neste estudo - esses espaços têm sido chamados de makerspace, palavra derivada do movimento maker e do contexto da cultura maker, oriunda dos Estados Unidos, em meados da década de 1970, com o objetivo principal de garantir às pessoas um modo de aprendizagem prática, estilo “mão na massa”. Nesse sentido, na acepção de Gasque (2016, p. 17, grifo nosso).

[...] faça-você-mesmo é a expressão-chave desse movimento, em que empresários, estudantes e interessados encontram oportunidades de fazer o que querem e determinar os próprios caminhos criativos. “Fazedores” tiram proveito da disponibilidade das novas tecnologias e ferramentas artesanais tradicionais, melhoram a comunicação entre os membros da comunidade, e criam novos caminhos de mercado (economias de compartilhamento, comércio eletrônico, crowdsourcing).

Assim, os makerspaces são espaços agregadores, capazes de florescer a criatividade e o empreendedorismo, à medida que possibilitam que as pessoas usem ferramentas diversificadas para construir, projetar e criar inúmeros objetos num espaço comunitário e agregador. “São locais onde o espírito de comunidade e a colaboração são estimulados” (Marcial, 2017, p. 52). Eles são tidos, então, como espaços de transformação das ideias em realidades, amparadas pelo conhecimento e incentivo, compartilhados entre os membros de uma comunidade e fundados na ideia de economia social ou colaborativa (Alonso-Arévalo & Vázquez, 2018).

O movimento maker, nas bibliotecas, é uma iniciativa da American Library Association (ALA), que ofereceu acesso do usuário às variadas tecnologias, a fim de desenvolver suas habilidades e competências, além de aumentar suas capacidades informacionais e digitais, para que os mesmos possam viabilizar suas ideais e seus projetos com este enfoque (Mello, Martinez-Ávila, Araujo & Valentim, 2020). Todavia, nos dias hodiernos, a concepção do makerspace é mais macro, abrangendo os vários espaços das bibliotecas, muito além do tecnológico. Como afirma Gasque (2016, p. 17):

Bibliotecas além de proverem materiais e espaço de criação podem adotar novas funções propiciando acesso à materiais criados por outros, prover comunidades com oportunidades para criar ou co-criar conteúdo para o próprio uso, ou uso da comunidade ou ainda para inclusão no acervo da biblioteca.

Nesse sentido, alia-se bastante ao conceito de biblioterapia, colocado seção anterior, em que o profissional da CI pode proporcionar, juntamente com o agente de saúde mental, o uso terapêutico não só dos livros, mas de todos os recursos que o espaço da unidade de informação pode oferecer, a fim de revelar todo seu potencial criativo e curativo.

No ramo hospitalar o makerspace tem sido mais usado por profissionais da saúde que aprimoram equipamentos hospitalares com o objetivo de torná-los mais seguros e eficientes, bem como criam os inexistentes, visando um procedimento específico. Para tanto, possuem impressoras 3D, cortadores a laser e outros equipamentos que permitam criar ou modificar dispositivos em geral. Essa é a ideia que norteia um programa inovador chamado MakerNurse - uma iniciativa apoiada pela Fundação Robert W. Johnson (Vlahov, 2013). A ideia é estimular o enfermeiro a ser inventor, um protagonista na gestão hospitalar.

Além dessa função inovadora e primordial dos makerspaces nos hospitais, os profissionais da saúde atuam como inventores, buscando salvar vidas ou oferecer melhores condições de trabalho aos seus colegas.

Contudo, há o makerspace terapêutico, cujo protagonista é o próprio paciente. Um exemplo disso pode ser vislumbrado no Hospital Infantil Monroe Carrell Jr. da Universidade de Vanderbilt, em Nashville, Tennessee nos Estados Unidos da América, o espaço maker é apresentado sob a forma de um grande carrinho de metal, transportando materiais e ferramentas que as crianças podem usar para criar os mais variados objetos. O hospital atende jovens pacientes de toda a região onde está localizado e alguns deles passam por longos períodos de internação. Assim, tem sido fundamental para recuperação dessas crianças a possibilidade de trazer o lúdico ao tratamento (Nelson, 2015).

Todavia, ao trabalho voltado à saúde mental, a literatura apresenta poucos resultados. Porém, um protótipo de makerspace se encontra no Brasil, no Hospital Pinel, em São Paulo, idealizado e implementado pelo engenheiro aposentado José Michel, que viajou pela Europa e EUA, buscando encontrar pessoas entusiastas pelo movimento maker objetivando a troca de experiências. Fato que o fez construir uma oficina com amigos e, posteriormente, realizar um trabalho benemérito no Hospital Pinel (Valenza, 2017).

Movidos por esse entusiasmo por expandir o movimento maker no Brasil, Michel e sua esposa, Alice, todas as quartas-feiras oferecem oficinas às pessoas em tratamento, adaptando um espaço no hospital. A ideia é que cada paciente que aderisse ao movimento maker pudesse idealizar e confeccionar um objeto que gostasse. A aceitação foi tão surpreendente que houve paciente pedindo ao psiquiatra para adiar sua alta, a fim que pudesse concluir a confecção do objeto por ele idealizado (Valenza, 2017). O processo criativo, artístico e reflexivo que a cultura maker propicia é capaz de conferir mais segurança, motivação, protagonismo e autoestima aos pacientes em recuperação num hospital.

O movimento, que se iniciou apenas com pacientes dependentes químicos, estendeu-se aos pacientes esquizofrênicos, e às mães dos pacientes autistas, que acompanham seus filhos no tratamento, também passaram a ter acesso ao makerspace, a fim de extravasarem um pouco seus sentimentos, cansaços e angústias na criatividade dos trabalhos manuais. Michel e sua esposa levam kits de montagem para que os pacientes possam confeccionar o que desejam (Valenza, 2017).

Os resultados das oficinas têm sido muito auspiciosos, porém, sugere-se que o ideal seria que os hospitais pudessem ter um makerspace “fixo”, não apenas um protótipo, movido por oficinas de voluntários. Um espaço que funcionasse todos os dias e que pudesse unir convidados aos próprios funcionários do hospital, como os terapeutas ocupacionais e psicólogos. Vislumbrando também a contratação de um profissional da CI, que poderia transformar o espaço numa verdadeira unidade de informação, agregando uma eficaz gerência ao projeto, tornando, assim, a informação mais acessível aos usuários - tanto aos pacientes, seus acompanhantes, quanto aos funcionários. Tudo isso, para além da confecção de objetos, tornando possível também a implementação de outras propostas, como a biblioterapia.

No caso do papel do bibliotecário, podemos incluir a realização de pesquisas, a fim de ofertar indicações de leituras a serem trabalhadas pelos terapeutas no tratamento dos pacientes, além de atividades de extensão, como a contação de histórias, oficinas de leitura e saraus literários que ensejam o acesso à diversidade cultural (Mello et al., 2020). Ademais, esses profissionais também são essenciais na mediação entre as fontes de informação e o tratamento psicoterapêutico a ser designado pelos profissionais da saúde. Neste sentido, "o tratamento humanístico é um diferencial inarredável e inovador nas relações médico-paciente-profissional da informação" (Finamor & Lima, 2017, p. 105).

E com as diretrizes desses profissionais individualizadas para cada paciente, podem promover uma espécie de "hora da informação", atualizando e informando o interno acerca dos acontecimentos do mundo. Portanto, o trabalho do bibliotecário pode ser de grande valia nos hospitais, tanto no auxílio às equipes de saúde quanto aos pacientes, com a conotação terapêutica.

4. Procedimentos metodológicos

Quanto aos procedimentos metodológicos, esta pesquisa apresenta natureza quali-quantitativa, do tipo exploratória e de caracterização básica (não aplicada). Os métodos de escopo são a bibliometria, por meio da análise de co-ocorrência de palavras-chave, complementada com a utilização de questionário, para verificar as opiniões de bibliotecários sobre os temas biblioterapia e makerspace, de acordo com sua experiência advinda da prática profissional.

Inicialmente, efetuou-se um levantamento e análise quantitativa dos artigos encontrados na base de dados Scopus. A escolha dessa base decorreu do fato de ela ser considerada de excelência por especialistas, pelo seu impacto internacional, por publicar estudos atualizados na área da CI, além de ter recuperado o maior número de documentos durante o levantamento de dados. Assim, por meio do desenvolvimento de um protocolo de busca, que definiu as metas e os objetivos da análise, os critérios de inclusão e exclusão, bem como o plano de análise do material coletado (Nightingale, 2009), foi possível contribuir para com o desenvolvimento de uma pesquisa seletiva e concisa acerca do objeto de pesquisa proposto. O quadro 1, a seguir, demonstra o protocolo desenvolvido neste estudo:

Quadro 1 Protocolo de busca. 

Fonte: elaborado pelos autores.

Os artigos foram coletados entre os meses de janeiro e fevereiro de 2021. Recuperou-se capítulos de livro, artigos de periódico e de anais de evento em inglês, chinês, croata, italiano e português. No entanto, a limitação da busca se deu por artigos de periódicos, no campo da CI, disponíveis integralmente on-line e nos idiomas de domínio linguístico dos autores, isto é, inglês e português. Excluiu-se os resultados repetidos.

De acordo com Tague-Sutcliffe (1992, p. 1), a Bibliometria “é o estudo de aspectos quantitativos da produção, distribuição e uso da informação registrada”, desenvolvendo modelos matemáticos e medidas para a análise de um objeto de estudo. Nesta pesquisa, a Bibliometria foi utilizada para analisar a variável temática dos artigos levantados, por meio da frequência de palavras ocorrentes nos textos.

Logo, pautou-se na Lei de Zipf - “lei quantitativa fundamental da atividade humana” (Tarapanoff, 1995, p. 91), que busca analisar a frequência de palavras, por meio da ocorrência de cada palavra num dado texto. Os campos utilizados para a análise bibliométrica foram todas as palavras-chaves. O software escolhido para a contagem dessa frequência foi a versão 1.6.14 do VOSviewer (CWTS, 2021).1 Este software é uma ferramenta que permite ao pesquisador criar mapas relevantes a partir de campos como autor, instituição, país, referências e palavras-chaves. Os itens, nessas redes, podem ser conectados por coautoria, co-ocorrência, citação, acoplamento bibliográfico ou links de co-citação (Van Eck & Waltman, 2019).

A análise quantitativa de co-ocorrência de palavras chave ressaltou a intensidade de suas inter-relações, configurando grupos de termos afins, ou clusters. A análise se baseou na leitura e discussão dos artigos mais citados que utilizavam os termos acima referidos, para compreender o sentido desses conceitos e melhor contextualizá-los na problemática de pesquisa proposta.

Na parte aplicada, ou empírica, da pesquisa elaborou-se um questionário com oito questões abertas e quatro fechadas (Anexo A), versando sobre as percepções dos bibliotecários sobre os temas biblioterapia e makerspace, como também acerca do acervo e das políticas institucionais relativas a esses dois temas. O questionário foi aplicado online, em dois grupos no Facebook.

A escolha por esses grupos ocorreu por eles reunirem profissionais da informação de todo o Brasil, sendo eles: “Bibliotecários do Brasil”, constando de 16.300 membros até a data de elaboração deste artigo, e “Bibliotecários”, constando de 4.700 membros. O instrumento foi disponibilizado via Google Forms, durante o mês de dezembro de 2021.

A escolha do método de pesquisa e do instrumento se justificam em decorrência das medidas de profilaxia contra o Coronavírus, permitindo a coleta de dados sem o deslocamento dos pesquisadores e respeitando o distanciamento social. A técnica de análise dos dados de questionário foi qualitativa, devido ao formato das respostas. Os dados de perfil das bibliotecas foram estruturados em forma de quadro, enquanto que as demais respostas foram transcritas integralmente, quando possível, e discutidas na seção de resultados.

O critério de amostragem se deu por conveniência, sendo selecionados os participantes que voluntariamente aceitaram participar do presente estudo, mediante concordância com um termo de consentimento livre e esclarecido. Para assegurar-se da fidedignidade e imparcialidade das respostas, o questionário não coletou dados pessoais de identificação dos participantes, sendo a pesquisa anônima. Os já mencionados grupos no Facebook foram selecionados levando em consideração sua expressiva quantidade de membros e sua abrangência em território nacional.

5. Resultados

A busca na Scopus resultou em 73 artigos científicos, que fizeram parte desta análise. Com o auxílio do software VOSviewer, foi possível detectar as principais palavras-chaves utilizadas pelos pesquisadores ao longo dos anos. Essas palavras refletem as temáticas tratadas nos artigos, com base na sua co-ocorrência.

Utilizando todas as palavras-chaves no VOSviewer, conseguiu-se um total de 508 palavras-chaves, mas, com o uso do tesauro, chegou-se a 433 palavras. Optou-se, a fim de tornar a rede mais legível, por analisar as palavras-chaves que possuíam ao menos duas ocorrências, totalizando 109 itens. Contudo, excluiu-se quatro termos utilizados na busca dos artigos, a fim de apresentar resultados mais consistentes, uma vez que os termos de busca teriam nodes maiores, já que apresentam maior número de ocorrência. Os referidos termos excluídos foram: bibliotherapy, mental health, makerspace e psychology. Na análise de rede de co-ocorrência de palavras-chave foi gerada uma clusterização, ou agrupamento, utilizando como parâmetro atração 10, aproximando o que é comum; e repulsão um (1), afastando elementos dentro dos grupos e facilitando a visualização da rede e dos clusters.

Na figura 1 é possível observar que oito clusters foram formados, a partir de 105 palavras. Tais grupos refletem as temáticas relacionadas ao uso das técnicas de makerspace e biblioterapia em ambientes informacionais no contexto da saúde mental, trabalhadas na área da CI. As cores apresentadas na figura são aleatórias, fazendo apenas a separação dos grupos de palavras. Cada círculo representa um termo, relacionado com a sua força por representatividade (total de vezes que aparecem nos textos), o que reflete no seu tamanho. As palavras presentes nos clusters têm relação direta entre si, e o tamanho de cada palavra refere-se ao seu peso, ou sua ocorrência nas publicações.

Figura 1 Mapa das temáticas relacionadas ao uso das técnicas de biblioterapia e makerspace em ambientes informacionais de hospitais. 

Fonte: dados da pesquisa desenvolvidos no VOSviewer (CWTS, 2021).

Relativo ao mapa da figura 1, o cluster verde refere-se aos cuidados com o ser humano, relacionado à idade e aos idosos, desordem mental, ambiente organizacional (organizações), atividades desenvolvidas em espaços como a biblioteca e as atividades que podem ser desempenhadas pelo profissional bibliotecário. Também podem ser observados termos como psicoterapia, cuidados com a saúde mental e agentes antidepressivos.

Em relação ao termo “humanos”, que foi o mais utilizado nesse cluster, destaca-se como trabalho mais citado o de Landreville, Landry, Baillargeon, Guérette & Matteau (2001), que versa sobre a preferência de pacientes depressivos idosos em relação a diferentes tipos de tratamentos. Segundo esses autores, ao contrário da crença prevalecente, muitos idosos creem ser a biblioterapia e a terapia cognitiva mais seguras e tão eficazes quanto medicação, que pode ter efeitos colaterais. Ainda, na visão desses autores, no que se refere aos profissionais da informação, é importante entender as preferências dos usuários com quem se vai trabalhar, ao mesmo tempo, conscientizando a classe médica sobre as terapias não-medicamentosas, pois, os médicos são a primeira opção de vários pacientes em busca de ajuda psicológica.

No cluster vermelho se identificam termos mais voltados à metodologia de pesquisa, como testes controlados e aleatórios (randomized controlled trial), voltados ao gênero homem e mulher (male e female, destacando-se o último), crianças, adolescentes, pais e família. Identificou-se alguns estudos voltados à população hispano-americana e, também, à comunidade rural. Cabe destacar aqui, o trabalho de Gadelha, Tanus & Tanus (2019), que analisou as publicações sobre a biblioterapia no Brasil, mais especificamente, as indexadas na Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI). Os autores concluíram que a maior parte das pesquisas levantadas envolviam crianças e idosos, sendo os hospitais e os asilos os ambientes mais recorrentes para o trabalho com a biblioterapia, o que mostra uma semelhança de resultados com este estudo. Nesse sentido, a biblioterapia seria uma perspectiva de atuação para os profissionais bibliotecários que desejam se inserir na área humanística.

O cluster azul está relacionado a educação, grupos como estudantes e adultos, psicologia positiva relacionada com jovens adultos e auto-ajuda. Observa-se também termos como engenharia, habilidades e fab lab, este apresenta características de makerspace, mas voltada ao espaço de fabricação digital.

O cluster amarelo está voltado a reabilitação e aspectos psicológicos, divórcio, abuso infantil, comportamento adaptativo e estresse. E o cluster roxo traz termos mais voltados a estudos de controle clínico em pacientes.

Sobre o tema reabilitação, o mais usado nesse cluster, o trabalho mais citado é o de Leach, Christensen, Griffiths, Jorm & Mackinnon (2007). Os autores destacam que as pessoas mais jovens têm uma maior tendência em procurar ajuda psicológica pela biblioterapia ou sites de Internet, pois, têm a percepção de que certos problemas são melhor resolvidos sozinhos. Contudo, problematizam o fato de que tentar resolver questões de saúde mental de maneira independente pode resultar em estigmas sociais relacionados às doenças mentais. Sugere-se que os profissionais de informação devam preparar materiais que ajudem a quebrar esses estigmas.

Os termos relacionados à biblioterapia estão inseridos no grupo vermelho, esses referentes às temáticas, quando traduzidas para o português, imagem do corpo; transtornos de apego; saúde mental de crianças, mulheres negras e adultos; e esquemas de prescrição de livros. O grupo marrom, interligado à temática biblioterapia, trabalhou, em especial, com a literatura para crianças. O mesmo ocorre com o grupo azul escuro, que traz as narrativas como integrantes da biblioterapia.

Relacionado diretamente ao cluster vermelho, o grupo verde escuro traz à tona as temáticas psicologia positiva, aceitação e comprometimento. Tais clusters se interligam com o grupo roxo, que resulta da terapia comportamental cognitivista e os fatores parentais.

O grupo rosa escuro traz a perspectiva da psicoterapia e da geriatria. No grupo rosa claro é possível observar que os artigos analisados trabalharam a Cultura BDSM (Bondage e Disciplina, Dominância e Submissão, Sadismo e Masoquismo).

Do outro lado da figura, o grupo de cor laranja enfatiza a saúde mental, o bem estar, a literatura de saúde e as bibliotecas escolares. Observa-se no grupo verde claro a palavra fab lab, que remete a um tipo de makerspace, com enfoque digital. Por fim, o grupo amarelo destaca o makerspace em si e os interesses de desenvolvimento trazidos pela técnica.

A figura 2 traz um mapa que reflete o ano de publicação dos artigos aqui analisados. Ressalta-se que o ano de publicação interfere na cor do grupo, logo, os grupos com a cor azul são referentes às palavras extraídas de publicações entre os anos de 2010 e 2013; os de cor verde, entre 2013 e 2018; e os de cor amarela, entre 2019 e 2020.

Figura 2 Mapa das principais palavras presentes na amostra, por ano de publicação. 

Fonte: dados da pesquisa desenvolvidos no VOSviewer (CWTS, 2021).

Da figura 2, é possível observar que as primeiras temáticas trabalhadas na área da CI relacionando o makerspace às unidades informacionais de hospitais foram: psicoterapia; geriatria; autoajuda; divórcio; e assuntos relacionados às mulheres negras. De 2013 a 2018, começaram a ser tratados temas como biblioterapia, como complemento da CI à saúde mental; terapia cognitiva comportamental; aceitação e comprometimento; saúde mental; transtornos de apego; imagem do corpo; literatura infantil; fab lab; makerspace; interesses de desenvolvimento; e narrativas. Mais recentemente, vieram à tona assuntos como Cultura BDSM; fatores parentais; bem-estar; literatura de saúde; e bibliotecas escolares. Destaca-se que o tema bibliotecas só começou a ser trabalhado na literatura pesquisada a partir de 2019, se configurando como um assunto emergente nesse campo.

Tendo em vista esse cenário, e buscando atingir os objetivos propostos nesta pesquisa, pode-se dizer que as temáticas que estão sendo trabalhadas na base de dados Scopus, na área da CI, sobre o uso das técnicas de makerspace em unidades de informação de hospitais são: 1. Psicoterapia; 2. Geriatria; 3. Autoajuda; 4. Divórcio; 5. Mulheres negras; 6. biblioterapia, relacionada à saúde mental; 7. Terapia cognitiva comportamental; 8. Aceitação e comprometimento; 9. Saúde mental; 10. Transtornos de apego; 11. Imagem do corpo; 12. Literatura infantil; 13. fab lab; 14. Interesses de desenvolvimento; 15. Narrativas; 16. Cultura BDSM; 17. Fatores parentais; 18. Bem-estar; 19. Literatura de saúde; e 20. Bibliotecas escolares. Desse modo, infere-se que o makerspace seja uma técnica utilizada em bibliotecas e arquivos de hospitais como um método de biblioterapia, abordando a psicoterapia e a literatura (autoajuda, terapia cognitiva comportamental etc.) para auxiliar no alcance de resultados positivos em tratamentos de saúde mental relacionados à aceitação e ao comprometimento do paciente para com o que a terapia lhe propõe (divórcio, transtornos de apego, imagem corporal, fatores parentais, Cultura BDSM, dentre outros), de pessoas de diferentes idades, sexo e etnia (mulheres negras, geriatria, crianças etc.).

Com relação aos dados empíricos, nove bibliotecários, suficientemente informados a respeito da pesquisa realizada, concordaram, de livre e espontânea vontade, em participar como colaboradores do trabalho. Dos respondentes, cinco atuavam em bibliotecas do tipo universitária, dois em escolar, um em especializada e um em comunitária.

As respostas foram obtidas nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil. Mais especificamente, Porto Alegre, Rio Grande do Sul (2 respostas); Vila Velha, Espírito Santo (1 resposta); Pirassununga, São Paulo (1 resposta), Tupã, São Paulo (1 resposta); Adamantina, São Paulo (1 resposta); Rio de Janeiro (1 resposta); e Fortaleza, Ceará (2 respostas). Os dados de perfil das unidades de informação dos respondentes estão sumarizados na Tabela 1.

Tabela 1 Perfil das unidades de informação pesquisadas. 

Fonte: elaborado pelos autores.

Como demonstrado na tabela acima, embora a quantidade de respondentes seja relativamente pequena, está bem distribuída em termos de representatividade nacional, sendo a maioria instituições sediadas na região mais populosa e economicamente relevante do país, a região Sudeste, seguida da região nordeste, a segunda mais populosa.

Tendo sido apresentado o perfil das bibliotecas, é pertinente tratar das questões centrais da pesquisa.

Cinco bibliotecários disseram não ter conhecimento anterior do conceito de makerspace, enquanto quatro responderam que já ouviram falar sobre o assunto, mas, que nunca tiveram interesse em saber mais sobre. Dito isso, apenas um respondente afirmou trabalhar com o makerspace, voltando-se para os aspectos de saúde mental/emocional de seus usuários. Esse mesmo bibliotecário informou ouvir comentários dos usuários sobre os benefícios dessa prática em seu bem estar psicológico/emocional. Assim, verifica-se, como esperado, que pelo makerspace ser uma prática ainda insipiente, são poucas as bibliotecas que o aplicam, mas percebe-se seu potencial de crescimento como prática profissional.

No que se refere à se a biblioteca tem um acervo destinado a aspectos de saúde mental/emocional, psicologia e auto-ajuda, essa era uma questão aberta. Dessa maneira, sete pessoas responderam que as instituições em que trabalham possuem esse acervo, ao passo que duas não. Verificou-se que o fato de a maioria das bibliotecas ter acervos voltados à promoção da saúde mental é coerente com o maior volume de publicações sobre biblioterapia encontrado na base de dados pesquisada, em relação às publicações que abordam o makerspace. Isso mostra que existe uma preocupação já consolidada com o bem-estar psicológico do usuário, independentemente do tipo da unidade de informação.

Em relação ao tamanho desse acervo, foram obtidas respostas como: aproximadamente 20 títulos (1); médio (2); espaço pequeno, reservado apenas em uma estante de livros (1); conteúdo bibliográfico para o curso de Psicologia, materiais obrigatórios e sugeridos das ementas (1); cerca de 2%, de um acervo de 5000 exemplares (1); e que o acervo se constitui como parte especializada em saúde do trabalho, dentro de direito do trabalho, além de um acervo geral sobre psicologia e auto-ajuda, com aproximadamente 200 livros (1). Notou-se, pelas respostas dadas, que os respondentes consideram o acervo sobre saúde mental e assuntos correlatos medianamente satisfatórios, o que é positivo para o usuário, que pode encontrar uma variedade de títulos disponíveis para anteder às suas necessidades específicas.

Quanto à quantidade de livros ligados à psicologia e auto-ajuda, emprestados anualmente nas bibliotecas analisadas, questão aberta, observou-se respostas como: quatro (1); 20 (1); entre seis e 10 livros (1); 15 (1); e que é difícil quantificar essa resposta, pois, alguns sistemas são limitados, e não permitem, de forma ágil, esse levantamento específico (1). Ademais, um respondente disse ainda estar em atendimento remoto, e que esses não são assuntos ao qual ele se deparou nesse momento. Outro bibliotecário mencionou que os livros mais emprestados são sobre inteligência emocional.

No que diz respeito à questão aberta acerca de se o bibliotecário que estava respondendo o questionário, ou algum colega, já foi abordado por usuários com questões específicas voltadas à saúde mental, depressão, suicídio ou assuntos correlatos, dois responderam que não, e quatro que sim. Desses quatro, apontou-se, sobretudo, a ansiedade, assim como relatos do tipo “Em nossa biblioteca, questões como essa são sempre voltadas à busca na literatura (apoio em revisões sistemáticas, por exemplo)” e “Sim, há alguns sujeitos que entram na biblioteca para saber de livros que tratem disso no acervo, ou mesmo para conversar e ser ouvido”. Essas respostas reafirmam a relevância e o papel mediador do bibliotecário em relação à promoção da saúde mental e, portanto, a necessidade de treinamento desse profissional para lidar com esse tipo de questão. O intuito é que ele satisfaça a necessidade do consulente, de maneira segura e ética.

A penúltima pergunta do questionário, aberta, buscou compreender qual o procedimento mais adequado a ser adotado quando o bibliotecário é abordado com uma requisição de material sobre saúde mental, indagando, ainda, se existiria alguma diretriz que previsse, nesses casos, o encaminhamento para as unidades de saúde especializadas. As respostas obtidas foram: 1. “Em nossa biblioteca não temos diretrizes nesse sentido, até por que nunca tivemos essa demanda. Casos específicos de demanda de livros sobre essa temática, foram encaminhados à Biblioteca que possui acervo específico (Psicologia, por ex.)”; 2. “Semanalmente a psicóloga da rede municipal de educação atende as crianças que necessitam de acompanhamento psicológico”; 3. “Sim, identificar a necessidade do usuário, não entrando no contexto de ajuda específica, pois não somos psicólogos”; 4. “Conversamos com o usuário para tentar entender qual a necessidade naquele momento, oferecemos materiais voltados para o assunto, uma recomendação é enviada para a orientadora psicopedagoga e ali ela realiza um trabalho de acompanhamento com o usuário e indicação para um acompanhamento mais especializado com psicólogas dependendo do caso”; 5. “Pesquisar com especialistas recomendações de materiais a serem adquiridos ou guias da área da psicologia que possam instruir nesse sentido”; 6. “O Bibliotecário deve orientar e disseminar a informação”; 7. Acho que como o bibliotecário é um profissional de nível superior, poderá e deveria ter essa diretriz para sugerir um encaminhamento”; e 8. “A escuta afetiva é importante. Conhecer os postos de atendimento psicológico da cidade também, sobretudo os gratuitos e que atendem a preços sociais”. É bastante positivo verificar que os profissionais brasileiros de biblioteconomia recebem certa medida de treinamento, de modo a ajudar o usuário mais efetivamente, e não agir de maneira invasiva ou que venha a agravar o seu quadro de saúde mental. Para mais, sugerir-lhes o encaminhamento para o profissional de psicologia, quando pertinente.

A última questão procurou interligar a rede de coocorrência de palavras desenvolvida nesta pesquisa (Figura 1), com o estudo empírico. Buscou-se identificar o que os respondentes compreendiam da rede, em modo de questão aberta. Um bibliotecário a achou complexa, outro não conseguiu visualizá-la, mas, a grande maioria conseguiu descrever os termos principais ali discriminados, destacando que a rede abrange uma vasta gama de temas sobre a vida dos indivíduos e estudos psicológicos. Isso mostra uma correspondência coerente entre a literatura acadêmica e a prática profissional, corroborando com a consistência da presente pesquisa, na integração dos aspectos teórico e aplicado.

Considerações finais

Evidencia-se que o trabalho em questão buscou relacionar, de modo original, dois temas de pesquisa e de atuação profissional, outrora ainda não relacionados. Diante das pressões diversas da realidade contemporânea, os problemas de saúde mental afloram de maneira cada vez mais perceptível e dramática entre a população. Como complemento às terapias convencionais, quais sejam a medicamentosa e a psicoterapia, colocam-se a biblioterapia e o espaço maker como estratégias sem efeitos colaterais, por intermédio das quais os profissionais da informação podem colaborar com os profissionais de saúde em promover o bem-estar dos pacientes. Levando-se em conta que os problemas mentais ainda apresentam certo estigma na sociedade, os livros e a Internet podem ser a porta de entrada de muitos na busca de ajuda.

Em relação aos problemas de pesquisa propostos, verificou-se que, embora o tema considerado na presente pesquisa seja bastante importante no momento presente, a produção acadêmica a respeito é ainda incipiente, tendo sido recuperados apenas 73 trabalhos, num lapso de vinte anos - de 2000 a 2020. Tal como no cenário analisado, Gadelha, Tanus & Tanus (2019) e Pinheiro & Ramirez (2020) chamam atenção para a baixa quantidade de trabalhos realizados com o tema no Brasil. Portanto, trata-se de uma constante em cenários nacional e internacional.

Concernente à análise de palavras-chave, foram formados, por meio do software VOSviewer, oito agrupamentos, ou clusters, contendo, no total, 105 itens. Dentre os clusters, os assuntos mais destacados, que ajudaram a entender melhor as configurações da inter-relação entre CI, espaço maker e biblioterapia, estão: cuidados com o ser humano; aspectos metodológicos; educação; reabilitação; biblioterapia em si; psicoterapia e geriatria; bem-estar. Com respeito à colaboração da biblioterapia e do espaço maker em ambientes informacionais voltados à saúde mental, apurou-se que essas estratégias, além de não terem efeitos colaterais, têm a vantagem de permitir certo nível de autonomia, ou até mesmo sigilo, dos sujeitos em entender e buscar resolver seus problemas internos, auxiliando nos casos menos graves de doenças mentais.

O estudo empírico aqui realizado demonstrou que os bibliotecários do Brasil ainda não têm a práxis de trabalhar com os makerspace, e temas relacionados, em suas unidades de informação. Contudo, estão buscando abordar a saúde mental de suas comunidades, por meio do acervo de suas bibliotecas, bem como do encaminhamento de usuários a profissionais especializados, principalmente, no cenário das bibliotecas escolares. Todavia, há ainda um longo caminho a ser percorrido nesse sentido.

Assim, sugere-se que o profissional de informação pode ter o importante papel de fornecer informação consistente para que o potencial paciente possa dar o próximo passo em busca de tratamento, bem como de conscientizar a classe médica de sua eficácia. Por fim, verificou-se uma necessidade de mais trabalhos com enfoque empírico, que aprofundem a relação entre o espaço maker e as unidades de informação na promoção da saúde mental, o que se coloca como sugestão para trabalhos futuros.

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ANEXO A – Questionário

Makerspace e biblioterapia

Prezados profissionais,

Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada Makerspace e biblioterapia em hospitais: um estudo bibliométrico. Observa-se cada vez mais que a quantidade de informações que a sociedade recebe nos diferentes meios de comunicação está gerando não apenas insegurança, mas também desperta problemas na saúde mentais. Compreendendo que a biblioteca é um ambiente seguro no que tange a busca pela informação adequada, além de proporcionar outras formas de interação para que a sociedade se sinta acolhida e bem informada, a pesquisa objetiva aferir se profissionais bibliotecários identificam e aplicam biblioterapia e makerspace em suas unidades de informação. O estudo busca atender uma pesquisa que está sendo realizada pelos pesquisadores do programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista. Esse documento possui todas as informações necessárias sobre a pesquisa que está sendo realizada. Sua colaboração neste estudo é muito importante, mas a decisão em participar deve ser sua. Para tanto, leia atentamente as informações abaixo e não se apresse em decidir. Se você não concordar em participar ou quiser desistir em qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. Se você concordar em participar, basta assinar esta declaração concordando, com a pesquisa. Se você tiver alguma dúvida, pode esclarecê-la com os responsáveis pela pesquisa. Para participar da pesquisa você terá que responder a um questionário contendo algumas perguntas abertas e fechadas sobre biblioterapia e makerspace. Todos os procedimentos para a garantia da confidencialidade aos participantes serão observados, procurando-se evitar descrever informações que possam lhe comprometer. Se, diante dessas explicações, você acha que está suficientemente informado(a) a respeito da pesquisa que será realizada e concorda, de livre e espontânea vontade, em participar como colaborador, coloque seu nome no local indicado. Caso você possua perguntas sobre o estudo, ou se pensar que houve algum prejuízo pela sua participação neste estudo, pode conversar com os pesquisadores responsáveis.

Pesquisadores responsáveis

Rafaela Carolina da Silva

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

rafaela.c.silva@unesp.br

Leonardo Pereira Pinheiro de Souza

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

leopinheirodesouza@gmail.com

Mariana Rodrigues Gomes de Mello

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

mariana.rg.mello@unesp.br

Fernanda Bochi

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho"

nandabochi@gmail.com

Cássia Regina Bassan de Moraes

Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

crbassan@gmail.com

1. Diante das explicações, você acha que está suficientemente informado(a) a respeito da pesquisa que será realizada e concorda, de livre e espontânea vontade, em participar, como colaborador ?

( ) Sim

( ) Não

2. Qual o tipo de biblioteca que atua?

( ) Escolar

( ) Universitária

( ) Pública

( ) Comunitária

( ) Outro:

3. Qual a REGIÃO, CIDADE e ESTADO do Brasil a biblioteca onde atua está localizada? Por favor, responda às três categorias.

4. Os makerspaces são espaços designados para a criação e o desenvolvimento de ideias, a fim de se dar vida aos projetos de uma localidade. As técnicas de makerspace contribuem para com o estabelecimento de espaços inovadores de criação, e essa é uma temática que vem sendo trabalhada, atualmente, em ambientes de biblioteca. Você já conhecia esse conceito?

( ) Sim! Minha biblioteca trabalha com makerspace.

( ) Já ouvi falar, mas nunca tive interesse em saber mais sobre o assunto.

( ) Conheço, mas não considero uma prática importante para ser inserida em ambiente de biblioteca.

( ) Não conheço o assunto.

5. Como informado na questão anterior, os espaços maker são destinados à criação e o desenvolvimento de ideias e contribuem para com o estabelecimento de espaços inovadores de criação. Se a sua biblioteca trabalha com makerspace, essa prática é usada para fins de trabalhar aspectos da saúde mental/emocional de seus usuários? *

( ) Sim

( ) Não

6. Se a sua resposta anterior foi SIM, informe como trabalham o makerspace na perspectiva da saúde mental. Se a sua resposta foi NÃO, informe para que fim utilizam o makerspace.

Resposta:

7. Se sua resposta à pergunta anterior foi SIM, informe se você observou, ouviu comentários dos usuários sobre os benefícios dessa prática em seu bem estar psicológico/emocional. Quais foram os benefícios?

Resposta:

8. Sua biblioteca tem um acervo destinado a aspectos de saúde mental/emocional, psicologia, auto-ajuda?

( ) Sim

( ) Não

9. Se a resposta à questão anterior foi sim e sua biblioteca tem um acervo destinado à saúde mental/emocional, psicologia, auto-ajuda, qual o tamanho desse acervo?

Resposta:

10. Quantos livros ligados à psicologia e auto-ajuda são emprestados anualmente em sua biblioteca?

Resposta:

11. Você, ou algum colega, já foram abordados por usuários com questões específicas voltadas à saúde mental, depressão, suicídio ou assuntos correlatos?

Resposta:

12. Em sua opinião, qual o procedimento mais adequado a fazer quando o bibliotecário é abordado com uma requisição de material sobre saúde mental? Existe alguma diretriz que preveja o encaminhamento para as unidades de saúde especializadas, nesses casos?

Resposta:

13. Quando você analisa essa rede de coocorrência de palavras, identifica termos buscados pelos usuários? Quais são eles? O que você compreende da rede?

Resposta:

Figura 1 Mapa das principais palavras presentes na amostra, por ano de publicação. 

Fonte: dados da pesquisa desenvolvidos (2021).

Received: September 28, 2021; Accepted: January 03, 2022; pub: April 01, 2022

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