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Revista de enseñanza de la física

versão impressa ISSN 0326-7091versão On-line ISSN 2250-6101

Rev. enseñ. fís. vol.34  supl.1 Cordoba dez. 2022

 

INVESTIGACIÓN DIDÁCTICA

Una propuesta, centrada en la noción de riqueza léxica, para el estudio del contenido informativo de explicaciones científicas escolares

Guillermo Cutrera1 

Marta Massa1 

Silvia Stipcich1 

1 instituto de Matemática, Estatística e Física, Universidade Federal do Rio Grande, Rua Barao do Cahy 125 - CEP 95500 000 - Santo Antonio da Patrulha, RS, Brasil.

Resumo

As crengas de autoeficácia sao um construto psicológico desenvolvido por Bandura (2005) que nos auxilia a compreender o com portamiento humano. Tais crengas sao as percepgoes que um individuo possui acerca de sua própria capacidade de realizar deter minada tarefa, buscando determinado desempenho. Nesse trabalho, realizamos uma revisao de literatura sobre as crengas de autoeficácia no Ensino de Física. Foram encontrados 11 estudos que versavam sobre: a motivagao de professores da Educagao Básica e seus alunos; a relagao entre as crengas de autoeficácia e a formagao académica dos professores; procedimentos para validagao de questionários; as crengas de autoeficácia de professores em relagao a tópicos específicos da Física; as crengas de autoeficácia de estudantes universitários em relagao a metodologia ativas de ensino; a influencia do PIBID na mudanga das fontes das crengas de autoeficácia; e motivagoes de licenciandos quanto a permanencia no curso.

Palavras-chave: Crengas de autoeficácia; Ensino de Física; Revisao de literatura

Abstract

Self-efficacy beliefs are a psychological construct developed by Bandura (2005) that helps us to understand human behavior. Such beliefs are the perceptions that an individual has about his own ability to perform a certain task, seeking a certain performance. In this work, we conducted a literature review about the self-efficacy beliefs in Physics Teaching. Eleven studies were found that dealt with the motivation of Basic Education teachers and their students; the relationship between self-efficacy beliefs and the academic education of teachers; procedures for validating questionnaires; teachers' self-efficacy beliefs in relation to specific Physics topics; the self-efficacy beliefs of university students in relation to active teaching methodology; the influence of PIBID in changing the sources of self-efficacy beliefs; and motivations of undergraduate students regarding the permanence in the course.

Keywords: Self-efficacy beliefs; Physics Teaching; Literature review

INTRODUJO

A desmotivagao dos estudantes da Educagao Básica para estudar Física pode resultar em inúmeras dificuldades de aprendizagem. Segundo Bonadiman e Nonenmacher (2007), "o elemento motivagao é fundamental nesse processo [aprendizagem do aluno], cabendo ao professor oferecer ao aluno condigoes favoráveis e necessárias para seu desen volvimiento e para um bom desempenho". Seguindo esse entendimento, aumentar a motivagao dos estudantes é um dos meios possíveis para melhorar sua aprendizagem.

Diferentes teorías explicam, sob diferentes aspectos, a motivagao dos estudantes. Algumas delas sao: a Teoría da Autodeterminagao (Deci e Ryan, 1985), desenvolvida a contar dos conceitos de motivagao intrínseca e extrínseca (Cle- ment, Custódio e Alves Filho, 2014); a Teoria da Atribuigao da Causalidade por Heider (1970), com os conceitos de causas disposicionais (Lourengo e Paiva, 2010); e por fim a Teoria Social Cognitiva de Bandura (2005) que discorre entorno dos conhecimentos da autorregulagao e das crengas de autoeficácia.

Neste trabalho, nos debrugamos sobre o conceito das crengas de autoeficácia definidas por Bandura. Segundo Pajares e Olaz (2008), há evidencias empíricas que sustentam as afirmagoes de Bandura sobre as crengas de autoefi cácia influenciarem praticamente todos os aspectos da vida humana. Além disso, as crengas de autoeficácia sao um fator determinante de como os individuos regulam seu pensamento e comportamento (ibid., 2008). Detalharemos melhor o conceito das crengas de autoeficácia ao longo deste trabalho. Dessa forma, estudar tais crengas se torna relevante devido a sua aplicagao na área do ensino e na motivagao dos estudantes em especial para aprender Física.

Seguindo essa perspectiva, realizamos um estudo bibliográfico, do tipo estado da arte, em torno das crengas de autoeficácia de Bandura (2005). Para compreendermos o campo das crengas de autoeficácia, desenvolvemos uma revisao de literatura nos periódicos A1 e A2 de acordo com a classificagao do Banco de Dados Qualis Periódicos da Coordenagao de Aperfeigoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), 2013 - 2016. Além dos periódicos seleciona- dos, buscamos estudos de interesse para essa investigagao no Google Scholar e no Portal de Periódicos da CAPES. A busca foi direcionada a artigos no ámbito do Ensino de Física. Desse modo, encontramos 11 artigos sobre crengas de autoeficácia no Ensino de Física e que foram analisados, discutindo-se suas metodologias e resultados.

Nas segoes seguintes apresentamos a Teoria Social Cognitiva e as crengas de autoeficácia, a metodologia da busca pelos artigos, assim como a análise das informagoes e as consideragoes finais.

TEORIA SOCIAL COGNITIVA E CRENGAS DE AUTOEFICÁCIA: ASPECTOS FUNDAMENTAIS

No início do século XX, a teoria mais aceita para explicar os processos de aprendizagem era o behaviorismo, que tra- tava a aprendizagem como uma associagao entre estímulos ambientais e as respectivas respostas do indivíduo. Entre tanto, em 1941, Neal Miller e John Dollard publicaram o trabalho Social Learning and Imitation sobre aprendizagem observacional e modelagao social. Na aprendizagem por modelagao, proposta pelos autores, o indivíduo observa um modelo, executa uma resposta e um reforgo o incentiva a agir da mesma forma que o modelo. Contudo, em 1965, em um capítulo intitulado Vicarious Process: a case of no-trial learning, Albert Bandura apresentou resultados de estudos que mostraram que a aprendizagem observacional nao exigia execugao de respostas ou reforgamentos para estabe- lecer uma imitagao. A modelagao social ocorreria apenas através de fungoes cognitivas (Bandura, 2005).

Além disso, em 1977, Bandura foi além e introduziu o conceito de autoeficácia. Segundo ele, os indivíduos criam e desenvolvem percepgoes pessoais de si mesmos, e essas percepgoes influenciam seus objetivos e o controle que exer- cem sobre suas vidas (Pajares e Olaz, 2008). Em 1986, Bandura mudou o rótulo de sua teoria, de aprendizagem social para social cognitiva devido a importancia dos processos cognitivos no comportamento humano (ibid., 2008).

Na Psicologia, há um grande interesse em se compreender o comportamento humano. Esse comportamento pode ser explicado em termos de um conjunto limitado de determinantes, sendo eles o determinismo ambiental e o deter- minismo pessoal (Bandura, 1978). Para Skinner (1971), o comportamento era influenciado principalmente por aspec tos ambientais, conforme ele descreve em sua obra Beyond freedom anddignity, "uma pessoa nao age sobre o mundo, o mundo age sobre ela". Já outros teóricos, como os humanistas e os existencialistas, acreditavam que o próprio indivíduo determinaria o que se tornaria através de sua capacidade humana de julgamento e de sua agao intencional, ou seja, através de aspectos pessoais (cognitivos). Entretanto, Bandura acreditava em uma relagao recíproca entre o comportamento, influencias ambientais e influencias pessoais, na qual ele chamou de determinismo recíproco. Na figura 1, observamos como a relagao entre esses tres aspectos foi evoluindo com o tempo.

Na concepgao unidirecional, tem-se que o comportamento é uma fungao de influencias pessoais e ambientais, de modo que esses sao independentes um do outro. Na concepgao parcialmente bidirecional, novamente o comporta mento é uma fungao de influencias pessoais e ambientais, porém, agora, esses dois aspectos se combinam para formar o comportamento. E no determinismo recíproco, todos os tres aspectos se influenciam de maneira mútua, de modo que nenhum deles é mais importante que outro. Nesse modelo, o comportamento deixa de ser apenas um resultado determinado pelo ambiente e aspectos pessoais e passa a influenciá-los, além de também ser influenciado por eles.

FIGURA 1: Esquema evolutivo da relagao entre comportamiento, ambiente e aspectos pessoais. C significa comportamiento; P, aspectos pessoais; e A, ambiente externo. Adaptado de Bandura, 1978. 

Além do determinismo recíproco, outra ideia central da Teoria Social Cognitiva é o conceito de agencia humana. Segundo Bandura (2005), "ser agente significa influenciar o próprio funcionamento e as circunstancias de vida de modo intencional". Nessa visao, os individuos sao auto-organizados, proativos, autorregulados e autorreflexivos. A agencia humana possui quatro características básicas: intencionalidade, antecipagao, autorreatividade e autorrefle xao (Bandura, 2001). Uma intensao é uma representagao de um curso de agao futuro a ser seguido. Por exemplo, um estudante universitário que deseja ser aprovado em uma disciplina de Física Básica. Após estabelecer um objetivo a ser cumprido, vem o planejamento e é isso que caracteriza a antecipagao. Seguindo com o exemplo anterior, a ante cipagao seria o planejamento de estudos para que a aprovagao na disciplina ocorra. Mas para que o objetivo seja cumprido, nao basta planejar, é necessário realizar as agoes do planejamento. A autorreatividade engloba a motivagao e as agoes necessárias para que o objetivo se cumpra. O estudante precisa estudar para realizar as avaliagoes da disciplina e consequentemente ser aprovado. Por último, a autorreflexao é uma avaliagao sobre si mesmo. Nesse cenário, o estudante precisa se autoavaliar e refletir se está fazendo o necessário para atingir seu objetivo ou se pre cisa aperfeigoar seu curso de agao para que o mesmo seja atingido.

Vinculado ao conceito de autorreflexao temos as crengas de autoeficácia. O sujeito reflete sobre as próprias agoes e altera o rumo das agoes seguintes a partir dessa reflexao. Um dos elementos centrais desse processo é a crenga de autoeficácia. De acordo com Bandura (1997), "autoeficácia percebida se refere as crengas nas capacidades de alguém para organizar e executar os cursos de agao requeridos para produzir certas realizagoes", ou seja, crengas de autoefi cácia podem ser entendidas como o julgamento que alguém tem de sua capacidade de realizar alguma tarefa bus cando certo desempenho. Conforme Bzuneck (2001), as crengas de autoeficácia se tratam de "uma avaliagao ou percepgao pessoal quanto a própria inteligencia, habilidades, conhecimentos etc., representados pelo termo capacidades." Além disso, o fato de se possuir ou nao tais capacidades nao é o debate aqui, mas sim a crenga de que se possui essas capacidades. Por exemplo, um aluno pode ter altas habilidades sobre determinada área da Física, mas pode ter crenga de autoeficácia baixa em relagao a certa tarefa sobre este assunto. Isso nos leva a diferenga entre crenga de autoeficácia e autoconceito. Enquanto o primeiro sempre se refere a execugao de uma tarefa específica buscando uma determinada performance, o segundo tem um caráter mais genérico. Em nosso último exemplo, o estudante possui autoconceito elevado, mas crenga de autoeficácia baixa.

A origem das crengas de autoeficácia é outro aspecto relevante da Teoria Social Cognitiva. Segundo Bandura (1977), existem quatro fontes principais de crengas de autoeficácia. Sao elas: desempenho de realizagoes , experiencia vicária, persuasao verbal e estados fisiológicos e afetivos. A primeira fonte, também denominada de experiencias de exito, se refere as experiencias, positivas ou negativas, que as pessoas tem ao realizarem determinadas tarefas e é a fonte mais influente. Sucessos sucessivos podem aumentar as crengas de autoeficácia, enquanto fracassos podem as diminuir. A segunda fonte se refere as experiencias dos outros e é mais fraca que a primeira. Quando alguém se iden tifica com outra pessoa e a ve obtendo sucesso, entao suas próprias crengas de autoeficácia podem ser elevadas, entretanto se a pessoa modelo fracassa entao suas crengas podem ser diminuídas. Além disso, a fonte de experiencia vicária é especialmente importante para modificar as crengas de autoeficácia de induvíduos que nao tém muito co- nhecimento prévio naquela tarefa. A terceira fonte, persuasao verbal, se refere as sugestoes, conselhos ou atitudes que podem encorajar ou desencorajar uma pessoa a realizar determinada tarefa, podendo aumentar ou diminuir suas crengas de autoeficácia. E por último, os estados fisiológicos e afetivos se referem a sintomas físicos como estresse e ansiedade que determinada pessoa pode desenvolver frente a alguma tarefa. Tais sintomas podem alterar suas cren gas de autoeficácia, apesar de seu efeito ser possivelmente menor do que o das outras fontes.

Apesar das crengas de autoeficácia terem surgido no contexto da Psicologia, elas possuem várias implicagoes edu- cacionais. Analisando as fontes das crengas de autoeficácia, percebemos que o professor pode, em muitos casos, agir de maneira a aumentar tais crengas dos estudantes. Por exemplo, através da persuasao verbal, com frases motivaci- onais do tipo "vocé consegue!". Mas é importante ressaltar que o estudante precisa obter sucesso, pois caso fracasse, essa estratégia pode ter efeito contrário (Bzuneck, 2001). No contexto do Ensino de Física, conforme Selau et al. (2019), feedback positivo do professor em relatórios experimentais agem, através da persuasao verbal, como motiva- dores dos alunos, da mesma forma que trabalhos em grupo podem, através das experiéncias vicárias, aumentar as crengas de autoeficácia dos estudantes.

Associada a Teoria Social Cognitiva, podemos trabalhar com as metas e objetivos, da chamada teoria do estabele- cimento de metas (Locke e Latham, 2002), para aumentar os níveis de autoeficácia dos estudantes. Segundo Schunk (1991), "os benefícios motivacionais das metas dependem de suas propriedades: proximidade, especificidade e dificuldade". Metas próximas podem promover um aumento das crengas de autoeficácia e da motivagao porque os es tudantes podem perceber seu progresso mais facilmente quando as metas sao mais próximas do que quando sao mais distantes. Pela mesma razao, metas mais específicas tendem a aumentar a autoeficácia e a motivagao mais do que metas mais genéricas. O nível de dificuldade adequado também é muito importante. Nos primeiros estágios da apren- dizagem de determinado conteúdo, as metas devem ser mais fáceis para aumentar a eficácia e a motivagao, enquanto que, posteriormente, sao as metas mais difíceis que se mostrarao mais efetivas para o desenvolvimento das capaci dades (ibid., 1991).

No contexto do Ensino de Física, as pesquisas sobre crengas de autoeficácia se dividem em dois grupos: crengas de autoeficácia docente e crengas de autoeficácia discente. Dentro desses dois grupos, apresentam-se diferentes es- tudos, tais como: construgao e validagao de instrumentos de pesquisa (Rocha e Ricardo, 2014; 2019), evasao univer- sitária (Pigosso, Ribeiro e Heidemann, 2019), metodologias de ensino (Espinosa, Selau, Araujo e Veit, 2017; Espinosa, Araujo e Veit, 2019; Selau et al., 2019), influéncias na escolha da carreira docente (Simoes, Custódio e Rezende Junior, 2014; 2016), resolugao de problemas (Ferreira e Custódio, 2013), formagao académica de professores (Silva, Barros, Laburú e Santos, 2011) e formagao inicial de professores (Neto, Lima, e Struchiner, 2019). Com o intuito de compre- ender como o construto psicológico da autoeficácia, criado por Bandura, é utilizado no Ensino de Física em contexto brasileiro, foi realizada uma revisao de literatura em periódicos nacionais de Qualis A1 e A2.

REVISAO DE LITERATURA: A BUSCA PELAS INFORMALES

O presente estudo abrangeu a consulta em periódicos online, da área do ensino, classificados como A1 e A2 no qua- driénio 2013 - 2016 de acordo com o Banco de Dados Qualis Periódicos da Coordenagao de Aperfeigoamento de Pes- soal de Nível Superior (CAPES). Para esse estudo selecionamos apenas artigos publicados em língua portuguesa. De acordo com esta classificagao, recuperamos 30 periódicos A1 e 66 periódicos A2. Para refinar a busca por periódicos, foram desconsiderados seis periódicos por serem da área de medicina, enfermagem e música e um periódico do campo do jornalismo científico. Dessa forma, constituíram o estudo 27 periódicos A1 e 62 periódicos A2 (anexo 1).

No sistema de busca de cada periódico, utilizamos os termos "autoeficácia", "auto-eficácia", "crengas de autoeficácia" e "crengas de auto-eficácia". Com isso, inicialmente a busca nao se restringiu apenas ao campo do Ensino de Física, recuperando estudos das demais áreas do conhecimento nos periódicos selecionados. Na tabela I, apresenta mos o quantitativo de artigos recuperados referentes a cada termo.

É importante mencionar que todos os artigos recuperados em "crengas de autoeficácia" e "crengas de auto-eficácia" também foram encontrados usando os termos "autoeficácia" e "auto-eficácia", respectivamente. O objetivo foi expandir a busca para além dos termos restritos de "crengas de autoeficácia". Muitos dos artigos encontrados apenas em "autoeficácia" ou em "auto-eficácia" também tratavam dos conceitos de crengas de autoeficácia de Bandura. Os termos com hífen foram utilizados devido a mudanga na ortografia da língua portuguesa em 2009. Além disso, apenas em uma revista (A2) foi encontrada o mesmo artigo para os dois termos "autoeficácia" e "auto-eficácia".

TABELA I: Quantitativos de artigos recuperados referentes a cada termo. 

Utilizando esses termos foram encontrados 52 artigos diferentes em um total de 28 revistas. Encontramos 23 ar tigos em 12 revistas A1 e 29 artigos em 16 revistas A2. O processo de busca dos artigos está sistematizado na figura 2.

FIGURA 2: Esquema de busca dos artigos. 

Em uma primeira leitura, foi possível classificar este conjunto de 52 artigos em seis categorias de acordo com o foco do estudo: a) professores, b) estudantes universitários, c) estudantes da educagao básica, d) revisoes de litera tura, e) saúde e f) estudos teóricos. A referida classificagao está apresentada na Tabela II:

TABELA II: Quantitativo de artigos por categoria. 

A categoria a) apresenta artigos relacionados a autoeficácia de professores de diversas áreas do conhecimento, abrangendo professores da Educagao Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. Além disso, nessa categoria encontramos estudos envolvendo gestores de escolas e profissionais, além de professores, do campo da Educagao Inclusiva.

A categoría b) apresenta artigos relacionados a cursos do Ensino Superior. Nela encontramos pesquisas com alunos ingressantes e concluintes da graduagao, alunos da área de Física, Matemática, Estatística, Educagao Física, Adminis trado e alunos de cursos online.

A categoria c) apresenta artigos relacionados a estudantes da Educagao Básica. Foram encontrados estudos sobre Educagao Matemática, Ensino de Física, Educagao Física na escola e desempenho escolar. Além disso, encontramos artigos sobre aprendizagem multimídia e estudos sobre entrevistas como método de avaliagao na aprendizagem au- torregulada.

A categoria d) apresenta estudos de revisao da literatura conexos ao conceito de autoeficácia. As revisoes versam sobre o contexto educacional brasileiro, Ensino de Ciencias (Física), Educagao Matemática, Educagao Estatística e Edu cagao Especial.

A categoria e) apresenta artigos relacionados a educagao em saúde na formagao médica e tratamentos para de pendencia química. Tais pesquisas foram feitas com idosos, pacientes diabéticos e trabalhadores afastados por trans tornos mentais. Vale ressaltar que a Teoria Social Cognitiva e as crengas de autoeficácia tem diversas aplicagoes na área médica.

A categoria f) apresenta apenas um artigo sobre competencia educativa.

Como o objetivo dessa revisao bibliográfica foram estudos sobre crengas de autoeficácia no Ensino de Física, pas- samos a analisar os estudos com foco nesse campo do conhecimento. Com isso, o quantitativo se reduz a cinco artigos: Espinosa et al. (2019); Neto et al. (2019); Rocha e Ricardo (2014); Rocha e Ricardo (2016); e Selau et al. (2019).

Tendo em vista o quantitativo pequeno de artigos recuperados para análise, desenvolvemos uma segunda busca para encontrar outros artigos de revistas A1 e A2, que acabaram nao sendo recuperados na primeira busca. Esta se gunda busca foi feita no Google Scholar e no Portal de Periódicos da CAPES. No Google Scholar utilizamos os seguintes termos simultaneamente: "crengas de autoeficácia" e "física". Nessa busca, recuperamos mais quatro artigos: Ferreira e Custódio (2013); Goya, Bzuneck e Guimaraes (2008); Silva et al. (2011); e Simoes et al. (2014). No Portal de Periódicos da CAPES foi utilizado os mesmos termos, "crengas de autoeficácia" e "física". Verificando todos os artigos em portu gués e revisado por pares, encontramos muitos artigos já recuperados anteriormente na pesquisa, além de dois dife rentes: Pigosso et al. (2020); e Simoes et al. (2016). Ressalta-se que estes artigos estao publicados nas revistas A1 e A2 da primeira busca, ou seja, passaram despercebidos pelos filtros de pesquisa e isso indica uma falha nos sistemas de busca dos próprios periódicos. Dessa forma, recuperamos um total de 11 artigos sobre crengas de autoeficácia no Ensino de Física. Na Tabela III, descrevemos algumas informagoes sobre os artigos recuperados.

TABELA III: Informações básicas dos artigos selecionados. 

A film de ampliar o escopo da revisao, nao restringimos ao ano de publicagao dos artigos, de modo que a busca resultou em artigos publicados de 2008 (o artigo mais antigo encontrado) até maio de 2020 (período da realizagao da revisao).

ANÁLISE DAS INFORMALES

Após a leitura dos 11 artigos recuperados, a contar dos critérios apresentados na segao anterior, passamos a descrevé- los. Na referida descrigao, buscamos evidenciar aspectos metodológicos e os conhecimentos construidos em cada um destes estudos.

Para melhor organizar a apresentagao da descrigao, dividimos os artigos em trés grupos: o primeiro grupo reúne investigagoes que envolvem estudantes da Educagao Básica, o segundo grupo abrange estudos que tenham como sujeitos de pesquisa professores da Educagao Básica e o terceiro grupo é constituido de pesquisas com estudantes do Ensino Superior.

Iniciamos a descrigao pelo grupo que reúne os estudos de Ferreira e Custódio (2013) e Goya et al. (2008) com enfoque em estudantes da Educagao Básica. Este segundo estudo também envolve professores da Educagao Básica.

Ferreira e Custódio (2013) investigam o dominio afetivo de estudantes de ensino médio ao realizarem atividades de resolugao de problemas em Física. O estudo foi desenvolvido com 27 estudantes do 3° ano do ensino médio, du rante 52 aulas de um semestre. A coleta dos dados foi realizada através de um questionário e cinco estudantes foram escolhidos para uma entrevista para aprofundar o estudo. Esse trabalho relata em detalhes alguns resultados de dois destes cinco estudantes. Ambos os estudantes apresentaram altas crengas de autoeficácia na resolugao de problemas de Física, entretanto um deles apresenta emogoes geralmente positivas em relagao as atividades de resolugao de problemas, enquanto que o outro apresenta emogoes geralmente negativas. Os resultados nos mostram que o inte- resse intrínseco e as crengas de autoeficácia ao resolver problemas de Física podem determinar o direcionamento das emogoes desses indivíduos.

Enquanto que os autores Goya et al. (2008) buscaram verificar as crengas de eficácia de professores e a motivagao de seus respectivos estudantes. Para isso os autores desenvolveram dois questionários, ambos seguindo a escala Li- kert. O primeiro instrumento, composto por 20 itens foi respondido por 20 professores de Física, enquanto que o segundo questionário, constituído por 20 itens foi respondido por 200 estudantes. A partir deste estudo, os autores buscaram relacionar as crengas de eficácia dos professores com a motivagao dos estudantes e suas estratégias de aprendizagem. Os resultados estatísticos dos questionários mostram que existe uma correlagao moderada entre as crengas de eficácia dos professores e a motivagao de seus estudantes. Isso significa que professores motivados tém alunos motivados e alunos motivados alimentam as crengas de autoeficácia de seus professores, motivando-os.

O segundo grupo de artigos abrange os estudos de Silva et al. (2011) e Rocha e Ricardo (2014; 2016). Silva et al. (2011) tratam da relagao entre as crengas de autoeficácia de professores ao ensinar Física no ensino médio, a sua motivagao e a sua formagao académica. Essa pesquisa é quantitativa e os dados foram coletados através de um questi onário (escala Likert) aplicado a 136 professores de Física do ensino médio, de escolas públicas e privadas. As formagoes dos professores desta pesquisa foram separadas em trés categorias: Física, Cs. Exatas (Matemática, Química e Engenha- rias) e Cs. Biológicas. Utilizando o teste estatístico de Kruskal-Wallis , os autores verificaram que a formagao académica dos professores está diretamente relacionada com seus níveis motivacionais e crengas de autoeficácia. Dessa forma, foi concluído que professores de Física com formagao específica em física sao mais motivados.

Rocha e Ricardo (2014) tratam da validagao de um questionário sobre crengas de autoeficácia de professores de Física do ensino médio sobre tópicos de Física Moderna e Contemporánea. Os autores realizaram uma revisao biblio gráfica das pesquisas sobre crengas de autoeficácia de professores. Além disso, foi desenvolvido um questionário de 23 questoes (escala Likert) que foi aplicado a 78 professores de Física do ensino médio que participaram de um curso de formagao continuada de professores sobre Física Moderna e Contemporánea da Universidade de Sao Paulo (USP). Para validar este questionário foi empregada a metodologia de Silva (2007), através da validagao de conteúdo, valida- gao de critério e validagao de constructo. Ao final, mostrou-se que o questionário era confiável e que poderia ser utilizado em conjunto com outros instrumentos de pesquisa de natureza qualitativa para a compreensao do papel das crengas de autoeficácia no comportamento humano.

No estudo publicado em 2016, os autores socializam resultados de uma investigagao em torno das crengas de autoeficácia de professores de Física do ensino médio sobre tópicos de Física Moderna e Contemporánea. Utilizando o questionário e resultados de Rocha e Ricardo (2014), os autores selecionaram 20 professores (os 10 com os maiores índices de crengas de autoeficácia e os 10 com os menores índices) dos 78. A seguir realizaram uma segunda selegao através de outro questionário de quatro questoes e escolheram seis professores para uma análise mais profunda através de entrevista. Os autores observaram que a formagao destes professores e o contexto em que estao inseridos importam para a construgao de suas crengas de autoeficácia. Os professores formados especificamente em Física mostraram possuir as maiores crengas de autoeficácia; os professores com maiores crengas de autoeficácia se mos- traram mais propensos a inserir Física Moderna e Contemporánea em suas aulas; e diferentes níveis de crengas de autoeficácia podem resultar em diferentes interpretagoes de situagoes semelhantes.

O terceiro grupo de estudos, constituído pelas pesquisas de autoria de Simoes et al. (2014; 2016), Espinosa et al. (2019), Neto et al. (2019), Selau et al. (2019) e Pigosso et al. (2020), abrange investigagoes com enfoque no Ensino Superior.

Simoes et al. (2014) abordam a influencia das crengas de autoeficácia de estudantes de Licenciatura em Física para a escolha da carreira docente. A pesquisa é orientada em dois eixos: a influencia das crengas de autoeficácia em rela gao a docencia; e a influencia das crengas de autoeficácia em relagao as atividades da disciplina de Física no ensino médio para seguir a carreira de professor de Física. Para a coleta dos dados, foram utilizadas entrevistas semiestrutu- radas (guiadas por quatro questoes) que foram realizadas com 26 licenciandos em Física oriundos de duas universida des federais brasileiras. Os resultados mostraram que 80% dos entrevistados declararam que acreditavam que seriam bons professores de Física (1° eixo) e 84% declararam que as atividades de Física no ensino médio foram decisivas na escolha do curso (2° eixo). Dessa forma, aumentar as crengas de autoeficácia dos estudantes de ensino médio podem influenciá-los a seguir carreiras científicas, dentre elas docentes de Física.

Enquanto que em 2016, os autores abordam as motivagoes de estudantes de Licenciatura em Física. No referido estudo, Simoes et al. (2016) utilizam a Teoria da Atribuigao da Causalidade de Weiner (1986), as crengas de autoefi cácia de Bandura (1997) e a relagao dos estudantes com a ciencia de Osborne, Simon e Collins (2003) para descrever a motivagao dos estudantes em cursar Licenciatura em Física. Para a coleta dos dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas guiadas por um roteiro (esse roteiro foi submetido a validagao de dois especialistas e sete licenci andos em Física). Foram entrevistados 26 estudantes oriundos de duas universidades federais brasileiras. Como resul tados, os autores discutem diversos aspectos das falas dos sujeitos que mostram que a relagao entre aluno-professor no ensino médio, as influencias de terceiros (pais, amigos, professores...) e motivagoes intrínsecas sao decisivas para a escolha desta carreira.

Espinosa et al. (2019) investigam as crengas de autoeficácia de estudantes de Física em uma disciplina de Eletro- magnetismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nesta disciplina, os pesquisadores utilizaram o método Team Based Learning (TBL) por Espinosa et al. (2016). A investigagao se deu através de observagao partici pante, um questionário e entrevistas semiestruturadas. O questionário (aplicado ao final da disciplina) versava sobre dois aspectos: qual a opiniao dos estudantes sobre a metodologia da disciplina (TBL); e sobre os níveis de confianga em aprender Física e trabalhar colaborativamente. O estudo foi realizado em uma turma com 29 estudantes, de modo que 15 deles foram selecionados para a realizagao das entrevistas. Ao final da disciplina, de maneira geral, todos os estudantes apresentaram atitudes positivas em relagao ao método e além disso, 14 dos 15 estudantes afirmaram que suas crengas de autoeficácia aumentaram, enquanto que tal crenga se mostrou constante em um estudante. Devido ao impacto positivo do TBL nas crengas de autoeficácia dos estudantes, a implementagao de tais métodos em discipli nas de Física básica pode ajudar a melhorar a aprendizagem dos estudantes.

Neto et al. (2019) investigam as crengas de autoeficácia de estudantes de Licenciatura em Física no contexto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciagao a Docencia (PIBID). Os sujeitos da pesquisa foram oito estudantes do curso e um professor de Física da educagao básica. Para coleta e construgao dos dados, foram utilizados questionários, entrevistas individuais e gravagoes, as quais foram transcritas para posterior discussao e análise. Através de excertos dos diálogos entre estudantes do curso, professor da Educagao Básica e pesquisador (1° autor do trabalho), ocorridos nas reunioes do PIBID, os autores nos mostram as fontes e crengas de autoeficácia dos estudantes, em diversas di- mensoes (formagao profissional, papel docente...), antes e depois das reunioes e agoes do PIBID. Eles concluem que as experiencias vividas no ámbito do programa alteraram as fontes e as crengas de autoeficácia dos estudantes. Dessa forma, temos indicios de que esses programas de formagao de professores elevam as crengas de autoeficácia de estu dantes em relagao a docencia e o investimento nesses programas é um caminho a ser considerado.

Selau et al. (2019) abordam as crengas de autoeficácia de estudantes de Física ao realizarem atividades experi mentad. Associado as aulas experimentais, foi utilizado o método de Episódios de Modelagem por Heidemann, Araujo e Veit (2016). A investigagao se baseou em tres eixos: aprender Física, realizar atividades experimentais e trabalhar colaborativamente. Esta pesquisa foi feita com oito estudantes de Física da UFRGS em uma disciplina de Física Expe rimental II, através de observagao participante, dois questionários (um no comego da disciplina e outro ao final) e entrevistas semiestruturadas (guia de tres questoes). Ao final, os autores mostraram que sete dos oito estudantes tiveram suas crengas de autoeficácia aumentadas e concluíram que os Episódios de Modelagem propiciam o aumento das crengas de autoeficácia nos tres eixos estudados. Assim como no estudo de Espinosa et al. (2019), vemos aqui que metodologias ativas de ensino podem e devem ser implementadas em aulas de Física tendo como objetivo aumentar as crengas de autoeficácia dos estudantes nos diferentes aspectos estudados.

Por fim, Pigosso et al. (2020) tratam da evasao no curso de Licenciatura em Física da UFRGS. Os autores utilizam o Modelo da Motivagao da Persistencia do Estudante de Vincent Tinto (TINTO, 2017) para descrever a persistencia dos estudantes que se formaram no curso. Este modelo engloba tres construtos da motivagao dos estudantes: crengas de autoeficácia, senso de pertencimento e percepgao de currículo. Nesse trabalho, os autores realizaram 12 entrevistas semiestruturadas (com um guia de 24 questoes) com os egressos do referido curso. Como resultados, os autores con cluíram que, nesse caso particular, o senso de pertencimento é o construto mais relevante, seguido das crengas de autoeficácia e da percepgao de currículo. Conhecer as causas da evasao, e consequentemente as causas de persisten cia, podem sugerir solugoes alternativas para evitar que os estudantes evadam dos cursos.

De modo geral, observamos que os estudos analisados apontam existir uma correlagao moderada entre as crengas de eficácia dos professores e a motivagao de seus estudantes; que a formagao académica e o contexto em que os professores estao inseridos sao relevantes para a construgao das crengas de autoeficácia; que metodologias ativas, como TBL e Episódios de Modelagem, propiciam um aumento das crengas de autoeficácia dos estudantes; que a rela gao entre aluno-professor no ensino médio, as influencias de terceiros como pais e amigos e motivagoes intrínsecas sao decisivas para a escolha da carreira docente; que experiencias vividas no ámbito de programas de formagao inicial de professores, como o PIBID, alteram as fontes das crengas de autoeficácia destes futuros docentes; e que dentre os vários construtos da motivagao dos estudantes, o senso de pertencimento é o mais decisivo para que os estudantes avaliem sua própria evasao do curso. Vale ressaltar que sao necessários mais estudos que corroborem ou interroguem os resultados dessas pesquisas.

CONSIDERALES FINAIS

O objetivo deste artigo foi desenvolver um estudo bibliográfico, em torno das crengas de autoeficácia, no contexto do Ensino de Física. As crengas de autoeficácia sao um construto psicológico que pode ser definido como as percepgoes que um indivíduo possui acerca de sua própria capacidade de realizar determinada tarefa, buscando um certo desempenho. Estas crengas possuem quatro possíveis fontes, que sao as experiencias de exito, as experiencias vicárias, a persuasao verbal e os estados fisiológicos e afetivos. Este construto surge a partir da Teoria Social Cognitiva, uma teoria baseada na agencia humana, ou seja, em que os indivíduos sao responsáveis pelo próprio funcionamento e que influencia sua própria vida de forma intencional.

Tendo em vista isso, foi realizada uma revisao de literatura nos periódicos A1 e A2 da área do ensino de acordo com a classificagao do quadrienio 2013 - 2016 do Banco de Dados Qualis Periódicos da CAPES. Também desenvolvemos uma busca no Google Scholar e no Portal de Periódicos da CAPES. Ao final dessa revisao foram encontrados 11 artigos sobre crengas de autoeficácia no Ensino de Física. Esses artigos versam sobre a motivagao de professores da Educagao Básica e seus alunos; a relagao entre as crengas de autoeficácia e a formagao academica dos professores; procedimentos para validagao de questionários; as crengas de autoeficácia de professores em relagao a tópicos específicos da Física; as cren gas de autoeficácia de estudantes universitários em relagao a metodologias ativas de ensino; a influencia do PIBID na mudanga das fontes das crengas de autoeficácia; e motivagoes de licenciandos quanto a permanencia no curso.

A principal dificuldade em pesquisas envolvendo as crengas de autoeficácia é conseguir mensurar tais crengas de forma correta, sem comprometer os resultados. De acordo com Pajares e Olaz (2008), "deve-se avaliar a autoeficácia em um nivel ótimo de especificidade que corresponda exatamente a tarefa sendo avaliada e ao dominio do funciona- mento que está sendo analisado", ou seja, o instrumento de avaliagao precisa ser especifico e corresponder a tarefa na qual a crenga de autoeficácia está sendo analisada. Por exemplo, ao se analisar as crengas de autoeficácia de estu- dantes de Física em relagao as atividades experimentais, o instrumento de pesquisa, seja ele questionário ou entre vista, necessita estar direcionado ao contexto de experimentagao em Física. Devido a própria definigao das crengas de autoeficácia como percepgoes especificas quanto a tarefa e ao desempenho, instrumentos de avaliagao muito gerais acabam por descontextualizar os resultados e dessa forma estes nao mais refletem as crengas de autoeficácia originais.

Dentre os desafios dessa linha de pesquisa estao a verificagao da eficiencia de novas metodologias ativas para o aumento das crengas de autoeficácia em determinadas situagoes especificas, como Espinosa et al. (2019) e Selau et al. (2019) o fazem para o caso do TBL e dos Episódio de Modelagem, respectivamente; e a investigagao de outros fatores, que nao a influencia do professor, de terceiros e a motivagao intrinseca dos estudantes, que podem influenciar a escolha da carreira docente como Simoes et al. (2014; 2016) o fazem.

Acreditamos que, apesar da Teoria Social Cognitiva e das crengas de autoeficácia já serem reconhecidas mundial mente pelas contribuigoes para a Psicologia, Medicina e Educagao, ainda há muito a se pesquisar no contexto brasi- leiro do Ensino de Fisica.

Anexo 1: Lista dos periódicos selecionados para a primeira busca.

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Recebido: 28 de Outubro de 2020; Aceito: 07 de Abril de 2021

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