SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.22 número2La imagen y el museo. Espacios educativos y redes culturales a partir del Museo Municipal de Bellas Artes «Juan. B. Castagnino» (1937-1946)Panorama de la televisión educativa en América Latina en la década del 60 y 70 y suinfluencia en Uruguay índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

  • No hay articulos citadosCitado por SciELO

Links relacionados

  • No hay articulos similaresSimilares en SciELO

Compartir


Historia de la educación - anuario

versión On-line ISSN 2313-9277

Hist. educ. anu. vol.22 no.2 Ciudad autonoma de Buenos Aires. dic. 2021

 

Dossier

O microscópio na escola e a observado

Kazumi Munakata1 

1 Kazumi Munakata é bacharel em Filosofia, pela Universidade de Sao Paulo; mestre em Historia Social do Trabalho, pela Universidade Estadual de Campinas; e doutor em História da Educanao, pela Pontificia Universidade Católica de Sao Paulo. Atualmente, é pesquisador e doutor assistente na Pontificia Universidade Católica de Sao Paulo. Contato: kazumi.munakata@gmail.com.

Resumo

O microscopio é um instrumento óptico, cuja funnao é tornar visível seres (vivo sou nao) extremamente pequeños. Inventado no século XVI, a sua grande difusao ocorreu no decorrer do século XIX, impulsionada pela produjo de milhares de publicares a respeito e a fundando de associanóes que promoveram atividades com esse artefato. Na escola, ele foi introduzido nas aulas de Ciencias, para contribuir com o ensino de Física e de Ciencias Naturais. A difusao do microscopio nas escolas também favoreceu e ao mesmo tempo foi favorecido pela adonao, no ensino escolar, do método intuitivo (ou linóes de coisas), que pressupóe que todo o conhecimento tem como origem a observando das coisas, animadas ou nao, do mundo. A observando propiciada pelo microscópio, no entanto, reque uma série de procedimentos prévios. Isto significa que a realidade de coisas pequenas, observáveis apenas por esse instrumento, nao pode ser a realidade imediatamente dada, mas algo construído, incluindo a postura do próprio observador. Esses temas remetem, portanto, a questóes ontológicas e epistemológicos que requerem elucidanao. Para a realizanao deste trabalho procedeu-se a uma ampla investiganao em fontes bibliográficas publicados em diversos países. Tais documentos foram catalogados em um banco de dados para facilitar a sua leitura e interpretanao. Para tal contou-se com a inestimável colaboranao da professora doutra Joana Borges de Faria.

Palavras chave: Microscópio; observanao; realidade; método intuitivo

Resumen

El microscopio es un instrumento óptico, cuya función es hacer visibles seres (vivos o no) que son extremadamente pequeños. Inventado en el siglo XVI, su amplia difusión se dio durante el siglo XIX, impulsada por la producción de miles de publicaciones sobre el tema y la fundación de asociaciones que promovieron actividades con este artefacto. En la escuela, fue introducido a las clases, para contribuir a la enseñanza de la Física y las Ciencias Naturales. La difusión del microscopio en las escuelas también favoreció y al mismo tiempo se vio favorecida por la adopción, en la educación escolar, del método intuitivo (o lecciones de las cosas), que asume que todo conocimiento se origina en la observación de las cosas, animadas o no, del mundo. La observación proporcionada por el microscopio, sin embargo, requiere una serie de procedimientos previos. Esto significa que la realidad de las pequeñas cosas, observable solo por este instrumento, no puede ser la realidad inmediatamente dada, sino algo construido, incluida la postura del propio observador. Estos temas, por lo tanto, se refieren a cuestiones ontológicas y epistemológicas que requieren una aclaración. Para llevar a cabo este trabajo se realizó una extensa investigación en fuentes bibliográficas publicadas en varios países. Dichos documentos fueron catalogados en una base de datos para facilitar su lectura e interpretación. Para ello contamos con la inestimable colaboración de la profesora doctora Joana Borges de Faria.

Palabras clave: Microscopio; observación; realidad; método intuitivo

Abstract

The microscope is an optical instrument, whose function is to make visible extremely small beings (living or not). Invented in the sixteenth century, its great diffusion occurred during the nineteenth century, driven by the production of thousands of publications about it and the foundation of associations that promoted activities with this artifact. It was introduced into schools to contribute to the teaching of physics and natural sciences. The spread of the microscope in schools also favored and at the same time was favored by the adoption, in school education, of the intuitive method (or lessons of things), which assumes that all knowledge has its origin in the observation of things, animate or not, in the world. The observation provided by the microscope, however, requires a series of priorprocedures. This means that the reality of small things, observable only by this instrument, cannot be the reality immediately given, but something constructed, including the posture of the observer himself. These issues refer, therefore, to ontological and epistemological questions that require elucidation. To build this work, we carried out a broad investigation in bibliographic sources published in several countries. These documents were catalogued in a database to facilitate their reading and interpretation. This enterprise counted on the invaluable collaboration of Professor Dr. Joana Borges de Faria.

Keywords: Microscope; observation; reality; intuitive method

Introdugao: tipos de microscopio

A invengo, no final do século XVI, do microscopio -um instrumento óptico para ampliar a imagem de objetos muito pequenos- é geralmente atribuida ao holandés Hans Janssen e seu filho Zacharias, embora autores como Morrison-Low (2007: 23) afirmem que há muita controvérsia a esse respeito: afinal, a época, a qualidade das lentes nao era muito aprimorada. Um dos tipos de microscópio que foram inventados, embora com muita precariedade, foi o microscopio solar, que utilizava grandes espelhos para receber a iluminando oriunda da luz solar, e que era frequentemente utilizado para projetar a imagem do objeto observado numa tela, como na lanterna mágica. Ao longo do século XIX, esse modelo perdeu o prestigio de que gozara no século anterior, passando a ser considerado objeto de entretenimento (Heering, 2010: 19) e «... instrumento de interesse das senhoras e por elas utilizável» (Wilson, 1995: 228, apud Heering, 2010: 36, nota 3). Hoje, esses artefatos tornaram-se penas de museu.

Em todo caso, a evolunao tecnológica promoveria a invennao de outros tipos de microscopio: o simples, o composto e, mais recentemente, o eletronico (que nao será aqui abordado). O microscopio simples, segundo o británico Ellison Hawks, em The microscope (1920: 18), um livro de difusao científica, «... consiste em uma única lente, ou as vezes de duas dessas lentes colocados próximos uns dos outros». O autor prossegue:

O microscópio composto ... consiste em dois conjuntos de lentes. O primeiro conjunto é colocado na extremidade do tubo que está mais próxima do objeto a ser examinado e, portanto, é chamado de «objetiva». O segundo conjunto de lentes está situado na outra extremidade do tubo e é chamado de «ocular», porque está mais próximo do olho do observador (1920: 19-20).

Instrugoes para o uso de microscópio

A grande difusao do microscópio ao longo do século XIX pode ser comprovada pelo surgimento, em várias localidades, de associanoes de microscópio, com seus respectivos periódicos. Fundado em 1839, O británico The Royal Microscopical Society edita até hoje Journal of Microscopy (antigo Journal of the Royal Microscopical Society) e tem como objetivo «... promover a ciéncia da microscopia», mediante «... uma ampla gama de atividades que apoiam a pesquisa e a educanao em microscopia ...» . O também británico Quekett Microscopical Club, segundo seu site4, foi fundado em 1865, e se declara «... principal organizanao para todos os interessados em microscópio e microscopia». A associanao, que edita o periódico The Journal of

Cfr. https://www.quekett.org/, consultado em 31/3/2021.

the Quekett Microscopical Club, tem como «... objetivos declarados ... promover a compreensao e o uso de todos os aspectos do microscopio» e seu nome homenageia o microscopista John Quekett. Nos Estados Unidos também há associanóes similares, como a New York Microscopical Society, que publicou The American Quarterly Microscopical Journal (primeiro número em 1878), dois anos depois rebatizado como The American Monthly Microscopical Journal 5 . Há também uma sociedade com nome curiososo de Postal Microscopical Society, criada em 1873, «... tendo como objetivo principal a circulando de caixas de láminas de microscopio e informales notes aos associados» .

Ao mesmo tempo, o mercado livreiro foi inundado por incontáveis publicares sobre o microscopio. O livro de Hawks, acima mencionado, é apenas um entre milhares de títulos encontrados no repositorio do site archive.org, identificados sob a rubrica microscope. Em outros repositorios ou nas lojas de livros usados encontram-se muitas outras publicares sobre o microscopio, o que revela a grande popularidade que o artefato obteve praticamente em todo o Ocidente, ao longo do século XIX e inicio do XX. Essas obras podem ser distribuidas, grosso modo, em quatro categorias.

Manuais técnicos sobre a construgao e o funcionamento do microscópio

Frequentemente sao acompanhados de explicanóes sobre a teoria optica e as lentes, além de instrunóes sobre a preparando em láminas do material a ser observado. Sao publicanóes voltadas a divulgando científica e muitas delas estao associadas aos fabricantes de instrumentos opticos, como é o caso de L’étudiant micrographe, de 1864, publicada na Franna, de Arthur Chevalier, neto de Vincent Chevalier, e filho de Charles Chevalier, criadores da lente acromática7 e insistentemente enaltecidos pelo autor.

Fazem também parte dessa categoria as obras como El microscopio (c. 1900), publicado em Barcelona (Espanha), de Ernesto Caballero; Il microscopio, de Camillo Acqua, publicado em Milao (Itália), em 1907 (segunda edinao); Microscope in theory and practice, publicado em Nova York (Estados Unidos), em 1892 (segunda edinao), a partir do original em alemao, de Carl Naegeli e S. Schwendener; The microscope and microscopical methods, de Simon Henry Gage, publicado em 1896 (sexta edinao), em Ithaca (Estados Unidos), além de muitos outros.

Todas as obras dessa categoria insistem na importáncia do microscopio para a pesquisa científica e apresentam várias de suas aplicanóes possíveis. Há, no entanto, a obra de William B. Carpenter, The microscope and its revelations (1883, sexta edinao), que, além de ressaltar o uso do artefato na ciencia, também o

Lente acromática reduz os efeitos de certas distornóes na imagem dos instrumentos opticos.considera «... como meio de satisfazer uma curiosidade louvável e de obter uma recreando saudável» (1883: III). Esse é o espirito de outra categoria dos livros sobre microscopio.

Obras destinadas ao público em geral, sem objetivos explicitamente científicos

John Brocklesby, comenta no inicio de seu The amateur microscopist (1871: 5):

Fui levado a acreditar que um trabalho popular sobre o microscópio e suas revelares seria ao mesmo tempo interessante e útil, e essa crena resultou no presente tratado, que simplesmente exibe e descreve alguns dos objetos mais raros e curiosos do mundo microscópico e os modos de prepará-los para observando ao microscopio; juntamente com uma breve describo deste instrumento.

John Phin, em How to use the microscope, being practical hints on the selection and use of that instrument, intended for beginners, editado em Nova York (Estados Unidos), em (1882, quinta ediqao), esclarece no prefácio:

conforme declarado no titulo, o livro é destinado a iniciantes e nao apenas a iniciantes no uso do microscopio, mas aqueles que tiveram pouca ou nenhuma experiéncia no uso de instrumentos de qualquer tipo. Dai as instruyes dadas sao do tipo mais simples, e todas as explicares teóricas foram evitadas.... Nosso objetivo tem sido unicamente transmitir tais informares que permitirlo ao leitor iniciar-se na prática da microscopia, esperando que a largada assim dada o leve a prosseguir com seus estudos e, finalmente, adquirir conhecimento, habilidade e destreza que o capacitará a aproveitar-se dos poderes extraordinários e das vantagens que o uso deste instrumento confere, tanto nas pesquisas cientificas quanto na vida cotidiana (1882: X).

Como o microscopio pode participar da vida cotidiana? Segundo a obra The romance of the microscope (1921), de C. A. Ealand, publicada em Londres (Gra-Bretanha), o instrumento pode ser utilizado no lar para verificar se os mantimentos estao contaminados ou nao. O cirurgiao británico Edwin Lenkester, em Half-hours with the microscope (1874), propoe que se empreenda meia hora por dia em atividades com o artefato, enquanto o naturalista británico Philip Henry Gosse, autor de Evening at the microscope (1859), sugere que atividades com o microscopio seja um hobby de todas as tardes. O reverendo Joseph Henry Wythe, británcio emigrado para os Estados Unidos, escreveu Curiosities of the microscope (1852) como obra de ficqao protagonizado por dois irmaos, William e Thomas Peale, e seu tio, Mr. Simons, um naturalista.

Obras sobre campos de investigando científica

Salvo engano, nenhum livro sobre o microscópio deixou de incluir comentários sobre áreas de aplicando do instrumento, mesmo porque nao faz sentido uma publicando que falasse apenas sobre o artefato. No caso dessa categoria de livros, no entanto, a situando se inverte: o microscópio é um assunto suplementar; o foco é sobre um campo de saber que recebe reforno fundamental do instrumento. os campos de saber abrangidos por esses livros sao, por exemplo: Química (Francis Carter Wood, Chemical and microscopical diagnosis, 1905); Histologia (A. A. Bohm e M. Von Davidoff, A text-book of histology, including microscopic technic, 1906, segunda edinao); Botánica (Julius Wilhelm Behrens, The microscope in Botany. A guide for the microscopical investigation of vegetable susbstances, 1885); Mineralografia (Joseph Murdoch, Microscopical determination of opaque minerals, 1916); Petrologia (Herbert Gladstone Smith, Minerals and the microscope. An introduction to the study of petrology, 1914); Anatomia humana (Albert Kolliker, Manual of human microscopical anatomy, 1854), etc.

Microscópio na escola

Essa última categoria de livros abrange obras com caráter didático, que, nao raras vezes, fazem referencia a estudantes, debutantes ou iniciantes. Certamente, a maioria delas sao para uso em cursos superiores, mas há também pelo menos um livro cujo título é El microscopio en la escuela primaria: 25 prácticas: un primero ciclo de prácticas sencillas que puede realizarse sin técnica ni conocimientos especiales (1933), do espanhol Modesto Bargalló. Bocchi (2013: 108) constatou que no Colégio Marista

Arquidiocesano -uma escola secundária confessional privada de Sao Paulo (Brasil)- um livro didático de Física, com fortes indícios de ter sido ali adotado, apresenta, como conteúdo, tópicos sobre o microscópio. Além disso, como relatou Bocchi (2013: 107), o microscópio fazia parte do acervo científico da referida escola. Do mesmo modo, como relata Marchi da Silva (2021), o Museu Pedagógico Nacional -Pedagogium-, fundado em 1890, no Rio de Janeiro (Brasil), para subsidiar a formanao de professores, contava no seu acervo com um microscópio solar.

No livro didático Nociones Elementales de Ciencias (s. d.), de G. M. Bruño, publicado na cidade do México (México), na senao referente á Luz, subitem Aparatos de óptica, pode-se ler:

Os principais instrumentos de óptica sao os microscopios, os óculos de longa visao, os telescopios (s. d.: 209). os microscópios servem para obter imagens amplificadas dos objetos de dimensoes reduzida que nao podem ser observados ao simples olhar: dizemos que esses aparatos aumentam ... (s. d.: 209).

Por meio do microscópio foram feitos descobrimentos importantes na botánica, zoologia, fisiologia, mineralogia. Puderam ser observados seres infinitamente pequenos, estudar os micróbios que ocasionam as enfermidades contagiosas, conhecer as falsificares em algumas matérias alimenticias, como as farinhas, etc. (s. d.: 210-211.)

O livro Lecciones de Cosas, para terceiro ano elementar, de Manuel E. Villaseñor, também publicado no México, descreve o microscopio ao abordar a Refragao da luz (p. 92). Por fim, Adolfo Ferriere, em seu livro La práctica de la escuela ativa (1928), reproduz artigos de El eco de la escuela, publicado em Bruxelas, com relatos de várias professoras. Num deles, pode-se ler:

28 de novembro de 1910. - A senhorita D. reuniu alguns microscopios na aula de quimica, entre outros um grande microscopio, muito preciso, muito forte, muito caro, que pertence ao senhor D. A senhorita tratou de fazer-nos ver amebas e outros animaizinhos contidos no barro ou no po que iamos buscar de vez em quando. Há um microscopio para cada uma das alunas. cada uma o prepara pondo cuidadosamente entre a lámina e a laminula um pouco de barro. Quebramos muitas laminulas, porque nao estávamos habituadas a manejar essas coisas delicadas, mas agora cada vez mais se faz mais raro ouvir o grito: «Ouf!, quebrei minha lamínua». Em um microscopio vimos o interior de uma larva, em outro um animalzinho transparente que se enrolava e se desenrolava. Mas o microscopio grande era mais interessante, e vimos nele protozoários que comeramplantas verdes e se tornaram de cor verde. Apareciam e desapareciam e se fundiam ao lodo.

Definitivamente, o microscopio havia sido incorporado as práticas escolares, embora nao se saiba exatamente quando isso ocorreu.

Alguns livros sobre microscopio fazem referencia a microscópios educacionais e microscópios estudantis, como tipos desse artefato adequados ao uso educacional. Esse é o caso de The microscope and its revelations (1883, sexta ediqao), de William B. Carpenter, que distingue educational microscopes de students’ microscopes. Embora o autor nao explique em que consiste a diferenqa entre um tipo e o outro, certamente o tipo educacional atende a propositos coletivos, de uso no laboratorio da escola, enquanto o estudantil destina-se a alunos individuais, para uso caseiro. Ambos os tipos sao mais simples e baratos do que os modelos mais apropriados para fins específicos, o que os torna adequados para o uso de iniciantes. o autor apresenta cada tipo de microscopio segundo os modelos produzidos pelos fabricantes. um modelo de microscopio educacional teria a vantagem de nao permitir ajustes ao que foi preparado pelo professor, evitando, assim, que os alunos desregulem a qualidade da imagem. O francés Jules Pelletan, em seu livro Le Microscope, son emploi et ses applications (1876: 78), recomenda a aquisiqao de modelos chamados de estudante, produzidos por um determinado fabricante. Também John Brocklesby, em The amateur microscopist (1871: 8), sugere o modelo de Student’s Microscope de um fabricante. Por sinal, muitos autores fazem resenhas de produtos existentes no mercado.

Na contracorrente, o naturalista francés Eugene Trutat, em Traité élémentaire du microscope (1883: 109), advertiu: «Eis um ponto sobre o qual convém insistir, a fim de alertar os jovens contra os microscopios ditos de estudante, que sao equipados de objetivas absolutamente insuficientes». Além disso, aconselha para fins educacionais o uso do microscopio solar como «... um método muito simples, essencialmente prática, que permite eliminar todas as dificuldades e mostrar a todo um auditorio imagem amplificadas de objetos microscópicos ...» (1883: 90-91).

Método intuitivo e observagao

O que parece consenso é que a utilizando do microscopio nas escolas foi-se generalizando durante o século XIX, para o que concorreu o barateamento do instrumento. Mas nao se pode ignorar que a difusao desse instrumento aconteceu concomitante a generalizando, nos sistemas educacionais do Ocidente, do método intuitivo, muitas vezes conhecido também como ligóes de coisas (object teaching, em inglés; enseñanza objetiva, em México; lecciones de cosas em muitas localidades de fala espanhola; legons de choses, em francés). A palavra-chave dessa concepnao, que a pedagogia germánica denominou «... ensino pelo aspecto» ou «... pelos olhos» (Dubois, 2002: 138), é, como se sabe, a nonao de observagao, de que o microscopio é um artefato emblemático. contra a chamada cultura livresca, o método intuitivo preconiza, como ponto de partida do conhecimento e do ensino, a observanao direta das coisas, da realidade. O espanhol Aurelio R. Charenton, em El microscopio en la escuela. Su construcción y aplicaciones (1932: 7-8), comenta a respeito do uso escolar desse instrumento optico:

... a área que limita a avidez intelectual da crianna fica maravilhosamente amplificada ...; porque nao será possível nunca chegar a compreensao de certos fenómenos naturais como a circulando de sangue, a nutrinao das plantas, a fecundanao das flores, a fermentanao de algumas substancias, a propaganao de certas enfermidades, a adaptanao do ser vivo ao ambiente que o rodeia, etc., etc., se nao descermos ao estudo do infinitamente pequeno, mas o suficientemente interessante, para, através disso e unicamente assim, elevarmo-nos a uma explicanao racional desses fenómenos que presenciamos diariamente.

O microscopio, entao, possibilita ampliar e amplificar a realidade observável, possibilitando o entendimento de fenómenos os quais restaria incompreensível sem esse alargamento do campo visível. Mas o que é isto -a realidade-, que se apresenta nao mais diante dos olhos, mas da objetiva, um pedano de vidro colocado na extremidade de um tubo? Como se certificar que aquelas estranhas figuras que se esbonam no microscopio estao lá mesmo, dentro da gota de água colocada na lámina imediatamente abaixo da objetiva e, de resto, invisíveis a olho nu?

Os contemporáneos de Galileu devem ter sido acometidos de mesmas dúvidas, quando convidados a olharem pelo tubo do telescopio. Como comenta Rossi (2001: 44):

Para acreditar naquilo que se vé com o telescopio é preciso crer que aquele instrumento serve nao para deformar, mas para potenciar a visao. É preciso considerar os instrumentos como uma fonte de conhecimento, abandonar aquela antiga e enraizada concepto antropocéntrica que considera a visao natural dos olhos humanos como um critério absoluto de conhecimento. Fazer entrar os instrumentos na ciencia, isto é, concebé-los como fonte de verdade nao foi um empreendimento fácil. Ver, na ciéncia do nosso tempo, significa, quase que exclusivamente, interpretar sinais gerados por instrumentos (grifos do autor.) esse sentido, observar nao é propriamente ver; sao práticas diferentes. Por isso, no Dictionnaire de Pédagogie et d’Instruction Publique (Primeira parte, Volume II, 1888), de Buisson, o autor do verbete Observation, Alfred Espinas, afirma que a observando nao consiste em uma atitude passiva em relaao a natureza. Ele prossegue:

O observador nao intervém na produjo dos fenómenos, nao muda nem a ordem, nem as condióes, nem as proporóes; mas age com muita energia sobre si mesmo. Ou ele se move para encontrar o fenómeno, ou espia sua aparéncia, ou o mantém sob seu olhar por muito tempo, ou se esforna para inventar dispositivos que aumentem o alcance de seus órgaos, ou se descobre, após prolongadas reflexóes, o único ponto para o qual sua atennao deve ser dirigida, ou o ángulo de onde deve considerar o fenómeno a fim de evitar alguma aparéncia ilusória, é sempre ele mesmo: sao seus membros, seus sentidos, seu pensamento, especialmente seu pensamento, os quais é obrigado submeter-se a mais severa disciplina (1888: 2150).

Como afirma Daston (2017: 92), há aqui uma questao ontológica: «A ontologia diz respeito a como os cientistas preenchem o universo com objetos que sao passíveis de investigares e sondagens continuas, mas que raramente correspondem aos objetos de percepnao cotidiana ...». Esses objetos com que o universo é preenchido, por sua vez, só podem tornar-se objetos mediante o acúmulo de experiéncia. Daston cita Ludwik Fleck (1953: 92, apud Daston, 2017: 94), um biólogo e filósofo polonés, «... a propósito da observado microscópica das bactérias»:

A percepnao direta da forma Gestaltsehen exige treinamento no campo de pensamento relevante. A habilidade de perceber diretamente o sentido, forma e unidade contida em si mesma é adquirida somente depois de muita experiéncia, talvez com um treinamento preliminar. Ao mesmo tempo, claro, perdemos a habilidade de ver algo que contradiga a forma. Mas é apenas a prontidao para a percepnao direta que é o principal constituinte do estilo de pensamento Denkstil.

Daston (2017: 94) concluí: «O noviqo ve apenas borróes e manchas sob o microscopio; experiencia e treinamento sao exigidos para que seja possível dar sentido a este caos visual, para que seja capaz de ver coisas» (grifos da autora). Por isso mesmo, os sentidos -em particular, a visao- devem ser educados, treinados, adestrados.

Mas nao apenas os sentidos. Heering (2010: 22 e ss.) examina detidamente dois exemplares de microscopio solar, um deles para uso escolar. Ele descreve as operaqóes necessárias para po-los em funcionamento. Um dos problemas na manipulando desse instrumento é o deslocamento constante da luz solar, que permanece na mesma posiqao por apenas quatro minutos (Heering, 2010: 23). Nao por acaso, quase todos os livros sobre microscopio dedicam muitas páginas para descrever a manipulando desse instrumento. Recomenda, por exemplo, Charentón, em El microscopio en la escuela. Su construcción y aplicaciones (1932: 24-25):

Para utilizar o microscopio, este deve ser instalado frente a uma janela e o mais próximo possível, de forma que a luz difusa que entra por aquela janela seja recebida diretamente no espelho do instrumento .... ...

No modo de operar que acabamos de explicar, o olho que nao está sobre a ocular deve estar fechado; é conveniente acostumar-se a olhar com os dois olhos e a manter fechado o que está livre sem ter de recorrer a mao; com tempo se chegará a olhar através do microscopio, sem a necessidade de fechar o olho que nao é utilizado.

A construgao do objeto

A utilizanao do microscopio obviamente requer também o objeto a ser observado. Este, porém, nao pode ser o grau zero da natureza, mas deve passar por toda uma preparanao, que compreende desde o corte milimétrico do material até a aplicanao de solunóes (de água, de produtos químicos, corantes, etc.) para propiciar a nitidez da imagem. Por isso, os livros sobre microscopio mantem invariavelmente uma senao sobre a preparanao do objeto a ser observado, mostrando os procedimentos adequados para cada tipo de material (vegetais, animais, insetos, fungos, orgaos, etc.). Algumas obras chegam a descrever como se deve coletar esses materiais e os instrumentos necessários para faze-lo. um exemplo de preparanao é apresentado por Charenton (1932: 27 e ss.), acima mencionado:

As preparanóes que comumente utilizaremos podemos classificar em dois grupos: 1° Aquelas que por si mesmas estao em condinóes de ser observadas (gotas de água, de sangue, mofos, etc.); 2° As que exigem um trabalho prévio (cortes vegetais e animais, especialmente).

A primeira basta colocá-las na lámina e cobri-las ou nao com a lamínula, segundo os casos .... As segundas, entre as quais incluimos as preparanóes vegetais, exigem obter um corte fino, transparente, da parte vegetal que vai ser estudada.

Os cortes sao feitos com uma navalha do tipo das de barbear ....

Após mais instruqóes sobre o corte do material, o autor prossegue, apresentando os reagentes que devem ser introduzidas nas láminas:

chegando a esta parte nos assalta o temor de que os que nos tenham seguido até aqui, com um certo interesse, se desanimem e ainda se desconcertem ao ver como se vao complicando as manipulares com o microscópio. Esse desalento ou desorientando carece de fundamento, porque a técnica que vamos indicar é bem simples, ainda que outra coisa pareja indicar os nomes científicos que forzosamente se deve dar aos reagentes para designá-los com propriedade ....

...

Algumas fases da preparando sao comuns a todos os corpos, quer se trate de um inseto, de um infusório, de um tecido vegetal, etc. Podemos resumi-las dessa forma e nessa ordem:

Fixagao do objeto, isto é, submeté-lo a um tratamento que o mantenha em sua forma

primitiva, quaisquer que sejam as manipulares posteriores que tenham lugar.

Coloragao, para fazer mais visíveis certos detalhes da estrutura do objeto.

Clarificagao, se o objeto é opaco, para fazé-lo transparente.

Montagem da preparando na lámina, mediante uma substáncia que a mantenha fixa na lámina e a preserve ao mesmo tempo da ando de agentes externos (grifos do autor).

As instrunóes nao param aqui. Em todo caso, é possivel perceber as dificuldades que envolvem uma simples observando no microscópio. Tais dificuldades também explicam o fato de os microscópios colocados no mercado virem costumeiramente acompanhados de um kit de láminas preparadas. É possivel que a existéncia de uma associando de troca (ou venda) de láminas, como se viu acima, seja um meio de superar esses empecilhos para o uso de microscópio. Brives resume todos esses problemas da seguinte maneira:

Em primeiro lugar, os microscópios de que dispomos atualmente sao ... extremamente sofisticados e essa sofisticando implica que seus usuários controlem um saber minucioso em ciéncias físicas e matemáticas, sem falar da aprendizagem necessária para a compreensao do funcionamento básico do aparelho. Compreender o que vemos sob o microscópio passa efetivamente pela compreensao da maneira pela qual chegamos a essa visao.

Em segundo lugar, as entidades observadas nao podem em nenhum caso ser concebidas como objetos extraídos de uma natureza exterior ao laboratório. Elas devem ser preparadas, o que requer esforos de ajuste, negociares, assim como produjo de normas padronizadas. Em outras palavras, as entidades observadas sao já, elas mesmas, produces do laboratório e sua existéncia só pode ser concebida no seu interior. Qualquer pessoa que tenha já utilizado um microscópio pode perceber que a amostra a ser observada nao pode ser utilizada em sua forma bruta. Nos casos mais simples, é preciso cortá-la finamente; nos casos mais complexos, é preciso modificá-la geneticamente, colori-la, triturá-la, ressecá-la etc. Em suma, as entidades que observamos e que nossas observares fazem entrar em nosso mundo nao se deixam capturar tao facilmente pelo olhar (2011: 102 103).

Por tudo isso, a manipulando adequada do microscópio requer posturas precisas do corpo e destreza no manejo de partes do instrumento ou na preparando do material. Brives explica valendo-se de sua personagem ficticia, a bióloga Isabelle:

Nos propósitos de Isabelle, o campo lexical do cuidado é onipresente: é preciso «prestar ateneo», «ser precavida», «respeitar a fisiologia» do organismo sobre o qual se quer aprender algo novo. E como menciona explicitamente a bióloga, isso se baseia na aquisinao de um gestual. Trata-se de preparar físicamente uma manipulando complexa, geradora de estresse (2011: 111).

Em suma, fazer a observanao no microscópio é também uma prática corporal, que requer treino, repetinao de práticas, adestramento. o uso dos instrumentos ópticos (em particular, o microscópio) exemplifica cabalmente a relanao que o ser humano mantém com o mundo pela medianao dos artefatos, efetivada pelas práticas corporais (Warnier, 2005). Observanao, nesse sentido, é construnao do observável mediante práticas corporais.

Considerares fináis

Segundo Jonathan Crary (2012: 17), no «... inicio do século XIX houve uma radical transformanao na concepnao do observador (em uma variedade de práticas sociais e domínios do saber)». Essa transformanao teria correspondido ao abandono do paradigma representado pela camara escura, que havia fixado a relanao entre o observador e o mundo como duas instancias distintas, fazendo separanao entre «... o ato de ver e o corpo físico do observador» (2012: 46). É essa separanao, instituida paradigmaticamente pela camara escura, que vai entrar em crise no século XIX.

Taumatrópico, fenacistoscópio, zootrópico, diorama e estereoscópio sao artefatos analisados por crary, que teriam operado a ruptura com o paradigma da cámara escura. No caso do estereoscopio, este artefato

... sinaliza uma erradicado do «ponto de vista» em torno do qual, por muitos sáculos, significados foram atribuidos, reciprocamente, ao observador e ao objeto de sua visao. Com essa técnica de observado nao há mais a possibilidade da perspectiva. A relado do observador com a imagem nao á mais com um objeto quantificado em relado a uma posido no espado, mas, antes, com duas imagens distintas, cuja posido simula a estrutura anatómica do corpo do observador (2012: 126).

Isenta do ponto de vista, portanto da representando, institui-se, entao, uma nova objetividade, constituida da cumplicidade «... entre o olho e o aparato óptico» (2012: 126), uma relaqao «... metonimica: agora, ambos sao instrumentos contiguos no mesmo plano de atuaqao, com capacidades e características variáveis» (2012: 127).

É nesse trecho que Crary dedica uma das únicas menqóes ao microscopio. Ao referir-se a «... relaqao entre o olho e o aparato óptico», ele afirma:

Durante os sáculos XVII e XVIII, essa relado havia sido essencialmente metafórica: o olho e a cámara escura ou o olho e o telescopio (ou o microscopio) estavam unidos por uma semelhanna conceitual, em que a autoridade de um olho ideal permanecia incontestável (2012: 126-127).

Pode ser que no microscopio e no observador haja um espelhamento metafórico entre o olho e o aparato optico. Mas Crary abstrai todo o labor implicado na observando, mesmo porque ele nao está interessado na observando realizada nas atividades científicas e no seu ensino; o que lhe interessa sao os efeitos estéticos da ruptura na concepnao do observador.

O que, no entanto, interessa aqui é compreender o processo pelo qual a escola que, ao assumir e difundir o imperativo da observanao como critério do conhecimento, passa a ensinar a observar mediante a prescrinao de posturas, movimentos e habilidades corporais, com a medianao da materialidade dos artefatos, de que depende o resultado da observanao. A esse respeito, Braghini propóe uma reflexao com a qual se pede licenna para encerrar este artigo:

REFERENCIAS

Fleck, L. (1953). Genesis and development of a scientific fact. Chicago: University Chicago Press. [ Links ]

Heering, P. (2010). “The enlightened microscope. Working with Eighteenth-Century scholar microscopes”. Em Morris, P. J. T. e Staubermann, K. (eds.). Iluminating instruments. Washington D. C.: Smithsonian Institution Scholarly Press, pp. 19-38. [ Links ]

Marchi da Silva, C. (2021). História do Museu Pedagógico Nacional: Pedagogium - um museu de grandes novidades (1890-1919). Sao Paulo: Pontificia Universidade Católica de Sao Paulo. [ Links ]

Morrison-Low, A. D. (2007). Making scientific instruments in the Industrial Revolution. Science, technology and culture, 1700 1945. Hampshire: Ashgate. [ Links ]

Rossi, P. (2001). O nascimento da ciencia moderna na Europa. Bauru: EDUSC. [ Links ]

Warnier, J.-P. (2005). Construire la culture matérielle. L’homme qui pensait avec ses doigts. Segunda tiragem. Paris: Presses Universitaires de France. [ Links ]

Wilson, C. (1995). The invisible world: early modernphilosophy and the invention of the microscope. Princeton: Princeton University Press. [ Links ]

Acqua, C. (1907). Il microscopio, guida elementare per piu facili osservazioni di microscopia. Segunda ediao. Milano: Ulrico Hoepli. [ Links ]

Bargalló, M. (1933). El microscopio en la escuela primaria: 25 prácticas: un primero ciclo de prácticas sencillas que puede realizarse sin técnica ni conocimientos especiales. Reus: Sard. [ Links ]

Behrens, J. W. (1885). The microscope in Botany. A guide for the microscopical investigation of vegetable substances. Boston: S. E. Cassino and Company. [ Links ]

Bohm, A. A. e Davidoff, M. Von (1906). A text-book of histology, including microscopic technic. Philadlphia e London: W. B. Saunders Company. [ Links ]

Brocklesby, J. (1871). The amateur microscopist or views of the microscopic world. A handbook of microscopic manipulation and microscopic objects. New York: William Wood & Company. [ Links ]

Carpenter, W. B. (1883). The microscope and its revelations. Sexta ediao. New York: William Wood & Company. [ Links ]

Charentón, A. R. (1932). El microscopio en la escuela. Su construcción y aplicaciones. Madrid: Estudio. [ Links ]

Chevalier, A. (1864). L’étudiant micrographe. Traité pratique du microscope, de la dissection, préparation et conservation des objets. Paris: Adrien Delahaye, Libraire-Éditeur. [ Links ]

Buisson, F. (1888). Dictionnaire de Pédagogie et d’Instruction Publique. Primeira parte, Volume II. Paris: Hachette. [ Links ]

Bruño, G. M. (s. d.) Nociones Elementales de Ciencias. México D. F.: Editorial Enseñanza. [ Links ]

Ealand, C. A. (1921). The romance of the microscope; an interesting description of its uses in all branches of science, industry, agriculture, and in the detection of crime, with a short accountof its origin, history & development. London: Seeley, Service & Co. Limited. [ Links ]

Ferriere, A. (1928). La práctica de la escuela activa . Experiencias y orientaciones. Madrid: Francisco Beltrán. Librería Española y Extranjera. [ Links ]

Gosse, P. H. (1883). Evening at the microscope or reserches among the minuter organs and forms of animal life. Nova ediao. London: Society for Promoting Christian Knowledge. [ Links ]

Hawks, E. (1920). The microscope. New York: Thomas Nelson and Sons. [ Links ]

Kolliker, A. (1854). Manual of human microscopical anatomy. Philadelphia: Lippincott, Grambo & Co. [ Links ]

Lenkester, E. (1874). Half-hours with the microscope; being a popular guide to the use of the microscope as a means of amusement and instruction. New York: G. P. Putnam’s Sons. [ Links ]

Murdoch, J. (1916). Microscopical determination of opaque minerals, an aid to the study of ores. New York e London: John Wiley & Sons e Chapman & Hall Ltd. [ Links ]

Naegeli, C. e Schwendener, S. (1892). Microscope in theory and practice. Segunda ediao. New York: McMillan & Co. [ Links ]

New York Microscopical Society. Disponível em https://www.nyms.org/, consultado em 31/3/2021. [ Links ]

Pelletan, J. (1876). Le Microscope, son emploi et ses applications. Paris: G. Masson, Éditeur. [ Links ]

Phin, J. (1882). How to use the microscope, beingpractical hints on the selection and use of that instrument, intended for beginners. Quinta ediao. New York: The Industrial Publication Company. [ Links ]

Postal Microscopical Society. Disponível em https://cutt.ly/LIi4QvZ, consultado em 31/3/2021. [ Links ]

Quekett Microscopical Club. Disponível em https://www.quekett.org/, consultado em 31/3/2021. [ Links ]

Smith, H. G. (1914). Minerals and the microscope. An introduction to the study of petrology. London e New York: Thomas Murby & Co e D. Van Nostrand Co. [ Links ]

The Royal Microscopical Society. Disponível em https://www.rms.org.uk/, consultado em 31/3/2021. [ Links ]

Trutat, E. (1883). Traité élémentaire du microscope. Premiére partie: le microscope et son emploi. Paris: Gauthier-Villars, imprimeur-Libraire. [ Links ]

Villaseñor, Manuel E. (1907). Lecciones de Cosas. Tercer año elemental. México D. F.: Herreo Hemanos. [ Links ]

Wood, F. C. (1905). Chemical and microscopical diagnosis. New York e London: Appleton and Company. [ Links ]

Wythe, H. (1852). Curiosities of the microscope; or, Illustrations of the minute parts of creation, adapted to the capacity of the young. Philadelphia: Lindsay and Blakiston. [ Links ]

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons