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Historia de la educación - anuario

versión On-line ISSN 2313-9277

Hist. educ. anu. vol.23 no.2 Ciudad autonoma de Buenos Aires. dic. 2022

 

Artículos

Memorias de ex-alunos(as) do Internato da Escola Normal Evangélica em Sao Leopoldo/RS (1950-1966)

Estela Denise Schütz Brito1 

Luciane Sgarbi S. Grazziotin1 

1 Possui Pós-doutorado na Universidade Nacional de Educado a Distancia, em Madri, doutorado em Educado, enfase em História da Educado pela Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2008). Fez doutorado sanduiche na Universidade Clássica de Lisboa (2007). Fez Mestrado em Ciencias na Universidade Federal de Pelotas (1991). Lider do Grupo de pesquisa EBRAMIC -Educado no Brasil: memória, instituides e cultura escolar (CNPq)-. É professora e pesquisadora na graduado e no Programa de Pós-Graduado em Educado da Escola de Humanidades da Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS. Possui bolsa Produtividade-CNPq. Contato: lsgarbi@unisinos.br.

Resumen

A partir del relato de la memoria de seis exalumnos, el estudio indaga en las prácticas cotidianas de un internado evangélico y analiza sus elementos de la cultura escolar, entre los años 1950 y 1966. Su objeto de estudio es la Escola Normal Evangélica (ENE), que fue ubicada en la ciudad de Sao Leopoldo/RS. Para ello, se utilizó la metodología de la Historia Oral, a partir de los estudios de Paul Thompson (1992), Marieta de Moraes Ferreira, Janaína Amado (1998) y Ecléa Bosi (1987), quienes entienden la memoria como documento. Las narrativas fueron analizadas a partir de los estudios de Maurice Halbwachs (2003), Roger Chartier (1987, 1991, 2011) y Michel de Certeau (2014). Fue posible comprender que las representaciones de los entrevistados recomponen el tiempo y el espacio del internado a partir de prácticas que involucran la mente, el cuerpo, el arte y la fe. Así, tales representaciones engloban la cultura escolar generada en esta institución educativa en el período estudiado.

Palabras clave: Historia de la educación; historia oral; cultura escolar; prácticas Cotidianas

Resumo

A partir da narrativa de memória de seis ex-alunos(as), o estudo investiga as práticas cotidianas de um internato evangélico e analisa seus elementos da cultura escolar, entre os anos de 1950 e 1966. Tem como objeto de estudo a Escola Normal Evangélica (ENE), que localizava-se na cidade de Sao Leopoldo/RS. Para isso, utilizou-se da metodologia da História Oral, a partir dos estudos de Paul Thompson (1992), Marieta de Moraes Ferreira, Janaina Amado (1998) e Ecléa Bosi (1987), que entendem a memória como documento. As narrativas foram analisadas com base nos estudos Maurice Halbwachs (2003), Roger Chartier (1987, 1991, 2011) e Michel de Certeau (2014). Foi possivel compreender que as representares dos entrevistados recompoem o tempo e o espado do Internato a partir de práticas que envolviam a mente, o corpo, a arte e a fé. Tais representares abarcam, assim, a cultura escolar gerada nessa instituido de ensino dentro do periodo estudado.

Palavras-chave: História da educando; história oral; cultura escolar; práticas cotidianas

Abstract

From the narrative of memories of six former students, this paper investigates the daily practices of an evangelical boarding school and analyses its school culture elements, between theyears of 1950 and 1966. It has as study object the Escola Normal Evangélica (ENE), which was located in the city of Sao Leopoldo/RS. To this end, it used the methodology of Oral History, from the studies of Paul Thompson (1992), Marieta de Moraes Ferreira and Janaína Amado (1998) and Ecléa Bosi (1987), which understands memory as a document. The analysis of the narratives was based on the studies of Maurice Halbwachs (2003), Roger Chartier (1987, 1991, 2011), and Michel de Certeau (2014). It was possible to understand that the representations of the interviewees reconstitute the time and the space of the boarding school from practices that involved mind, body, art, and faith. Such representations include, thus, the school culture generated in this educational institution during the studiedperiod.

Keywords: History of education; oral history; school culture; daily practices

Notas introdutórias

O artigo que aqui se apresenta é um recorte selecionado a partir de uma pesquisa mais ampla. Construiu-se por meio de narrativas de memórias de ex-alunos(as) que estudaram em regime de internato na Escola Normal Evangélica (ENE), localizada no municipio de Sao Leopoldo/RS, entre os anos de 1950 e 1966. O tema central que envolve esta investigando é a análise das práticas produzidas na ENE, bem como a identificando de determinada cultura escolar desenvolvida nessa instituido de ensino, no contexto da temporalidade elencada.

O recorte temporal escolhido, justifica-se porque, no ano de 1950, a instituido reiniciou suas atividades na cidade de Sao Leopoldo/RS, passando a ser reconhecida sob o nome de Escola Normal Evangélica, permanecendo nesse local até o ano de 1966, quando ocorreu sua transferencia para a cidade de Ivoti/RS. Nesse sentido, a enfase recai sobre o periodo em que a instituido funcionou em Sdo Leopoldo/RS.

A presente pesquisa visa a contribuir para a historiografía da educando da cidade de Sdo Leopoldo, como mais uma pena do mosaico histórico que passa a ser desenhado a partir de pesquisas anteriores sobre imigrando no Vale dos Sinos, a exemplo daquelas realizadas por Martin Dreher (2015), Isabel Arendt (2008), Marcos Witt (2015), Lucio Kreutz (2004), entre outros. A continuidade desses estudos é concretizada por meio do projeto de pesquisa intitulado Instituigóes escolares na Regiao Metropolitana de Porto Alegre e Vale dos Sinos: acervos, memorias e cultura escolar - sec.

XIX e XX, que tem como um dos seus focos a produndo histórica das instituinoes de ensino da regido do Vale dos Sinos. Vale destacar que a entidade pesquisada foi uma das primeiras instituinoes confessionais com internato a propor o sistema de coeducando aos alunos da comunidade que atendia, já nas primeiras décadas do século XX -algo que pode ser considerado raro, se analisarmos as Histórias das Instituinoes Educativas do Brasil e, especificamente, do Rio Grande do Sul nesse periodo-.

A história da ENE nos remete, temporalmente, ao fim do século XIX e ao inicio do século XX, quando imigrantes alemdes, após chegarem ao Brasil, perceberam a ausencia de escolas nas regioes nas quais se encontravam. Conforme Hoppen (s. f.), houve uma organizando entre eles, entendendo que, para oferecerem aos seus filhos uma educando como recebiam na Alemanha, ofertada pela igreja ou pelo governo de forma gratuita, teriam de aqui criar e manter instituinoes que formassem professores teuto-brasileiros. Em 1909, iniciaram-se as atividades do Seminário Evangélico de Formando de Professores Alemdes junto aos asilos Pella e Bethania, na cidade de Taquari/RS. Foi esse seminário que, com o passar dos anos e após a transferencia de cidade, mudou seu nome, no ano de 1950, para Escola Normal Evangélica.

Oikos. E Dreher, M. (2015). 190 Anos de Imigragao Alema no Rio Grande do Sul: esquecimentos e lembrangas. Sdo Leopoldo/RS: Oikos.

Consideramos que a instituido aqui apresentada como objeto da pesquisa deu origem a outra que continua a escrever sua historia atualmente. Sendo assim, a Escola Normal Evangélica já nao mais existe no espado e no tempo, a nao ser nas memorias daqueles que a conheceram e vivenciaram seu ambiente em tempos pretéritos. Essa é uma das justificativas para a escolha da metodologia que utilizamos nesta investigando, a Historia Oral.

A opnao metodológica nao tem a pretensao de encontrar respostas absolutas e/ou únicas para os questionamentos referentes a vida dos alunos nesse espado do internato evangélico luterano em Sao Leopoldo, mas busca dar a ver as representares construidas pelos alunos que nela viveram um cotidiano escolar, bem como construir, por meio das memorias de cada um, uma verdade possivel que nos permita entender determinados aspectos do processo de educando produzido na lógica da colonizado alema.

Trabalhar esse objeto de estudo por meio da Historia Oral faz sentido, levando em conta os objetivos que determinamos, uma vez que «[...] a Historia Oral é capaz apenas de suscitar, jamais de solucionar questoes; formula as perguntas, porém nao oferece as respostas» (Amado y Ferreira, 1998: xvi).

Além das memorias individuais, analisadas coletivamente, também nos valemos de documentos iconográficos e livros memorialísticos dessa instituido. As entrevistas foram realizadas entre os anos de 2016 e 2017, com seis ex-alunos(as) que estudaram em regime de internato, sendo quatro homens e duas mulheres. Apos realizar as devidas transcrinoes, as narrativas orais se transformaram em documento escrito, contendo um total de 131 páginas, possibilitando-nos a organizanao de algumas categorias de análise que emergiram apos a leitura e o olhar minucioso sobre cada uma delas. As práticas cotidianas e a cultura escolar produzidas na ENE configuraram-se em uma dessas categorias e sao apresentadas no decorrer do presente estudo.

Repertorio teórico e caminhos percorridos na pesquisa

Para a realizanao deste estudo, organizamos documentos e narrativas pessoais sobre a ENE e escolhemos, assim, a metodologia da Historia Oral por ser «[...] um dos meios que promovem aproximanoes entre a Historia e a memoria», de modo que «[...] possibilita certo afastamento da documentanao de caráter oficial das instituyes educativas, que muitas vezes nao traduzem as experiencias vividas no contexto escolar» (Grazziotin y Almeida, 2012: 36).

As memorias narradas para este trabalho nao foram operadas como sendo únicas e verdadeiras desse tempo de internato, por entendermos que documentos oficiais ou memorias orais produzem regimes de verdade, conceito entendido a partir de Foucault, que afirma:

A verdade é deste mundo; ela é produzida nele granas a múltiplas coernoes e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua «política geral» de verdade, isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instáncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros (1979: 12).

Deste mundo, olhados neste tempo, sao os documentos oficiais e as memorias orais. Ambos, mesmo que tragam a dimensao passada, sao analisados e interpretados com os códigos de hoje. Organizar e decifrar os documentos é sempre um desafio e é sempre uma construido histórica a partir de um ponto de vista. Além disso, conforme aponta Amado (1995), a memoria é subjetiva; as narrativas de memorias possuem certa dose de criando, imaginando e fic^ao; mas, como afirma Bosi (1987: 1), «[...] com certeza seus erros e lapsos sao menos graves em suas consequencias que as omissoes da Historia oficial» (1987: 1).

Por se tratar de uma escrita histórica que, nesse caso, visibiliza a historia daqueles que, até entao, nao tiveram oportunidade de fazer parte dela, parece-nos fazer sentido nomear seus atores. Os sujeitos desta investiganao, partícipes desta historia sao, em certa medida, heróis locáis e seus nomes, salvo a nao autorizanao, precisam estar registrados na historia da educado de sao Leopoldo.

Como forma de legitimar suas memorias, todos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido sobre a divulgado de seu nome e de sua imagem. Á excenao de um, aqui identificado como Magnus, todos os demais optaram pela divulgado de sua identidade na escrita do trabalho, autorizando tanto o uso de suas narrativas enquanto documentos para análise, quanto o uso dos seus nomes verdadeiros e de suas imagens.

Esse aspecto é caro aos historiadores que trabalham com memorias, uma vez que eles sao sujeitos da Historia. Nao possuem o destaque dos grandes herois, imortalizados em monumentos e/ou livros clássicos; mas, se esses tem seus nomes eternizados, por que nao eternizar também os nomes daqueles que estudaram, moraram e, com suas memorias, ajudaram a construir a historia da ENE? Nessa direnao, Thompson afirma que

[...] a Historia Oral é uma historia construida em torno de pessoas. Ela lanna a vida dentro da propria historia e isso alarga seu campo de anao. Admite herois vindos nao so dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo [...] (1992: 44).

compreendemos as memorias desses ex-alunos como representares desse espado vivido na Escola Normal Evangélica. Assumimos esse documento memorialístico como representado do passado, pois, so assim, nos é permitido relativizar a verdade que por eles nos foram narradas. Para Chartier, as representares sao «[...] esquemas intelectuais incorporados que criam as figuras grabas as quais o presente pode adquirir sentido, o outro tornar-se inteligível e o espano ser decifrado» (Chartier, 1987: 17). Aqui o pesquisador nao está se referindo as representanoes mentais no sentido de cogninao, mas de organizanoes a partir de aproprianoes singulares. Ou seja, as narrativas de memorias produzidas para este trabalho sao representanoes dos sujeitos entrevistados desse tempo e espado do internato, que foram, ao longo dos anos, atravessadas por vivencias posteriores, outras memorias, silenciamentos e esquecimentos.

Entendemos que as memorias nao sao a verdade desse passado vivido; contudo, por meio daquilo que se entende por aproprianao, ou seja, a leitura e a interpretando que o individuo faz do seu meio e que possibilita sua anao sobre ele ou, em outras palavras, «[...] uma historia social dos usos e das interpretares, referidas a suas determinares fundamentais e inscritas nas práticas especificas que as produzem» (Chartier, 1991: 180).

Apesar das suas limitanoes, distornoes, lapsos e esquecimentos a que a memoria está suscetivel, vale destacar que a pesquisa, utilizando-a enquanto documento, é instigante e provoca no pesquisador os mais diversos sentimentos. É um trabalho de profunda cumplicidade que se torna motivador, tanto para quem se propoe a faze-lo como para quem se habilita a dele participar. Estabelece diálogos entre sujeitos antes desconhecidos; cria lanos e conexoes entre um presente e um passado até entao distante para quem o pesquisa.

Muitas sao as possibilidades que as instituyes de ensino oferecem para a pesquisa. O tempo e o espado das escolas sao ricos produtores daquilo que podemos chamar de habitus6, a partir do qual pessoas que vivenciam esses estabelecimentos, em regime de internato ou nao, se reconhecem pela sua formando (Escolano Benito, 2017). Esse habitus, que é internalizado pelos individuos e pela sociedade como um todo e que faz com que nos reconhenamos por meio de movimentos, desenvolvendo posturas e criando práticas que desencadeiam uma marca cultural, é provocado por meio do ambiente escolar que frequentamos enquanto alunos.

O conjunto dos processos, momentos, tempos e objetos utilizados e desenvolvidos pelas instituinoes educativas é o que podemos denominar como a cultura desses espanos (Viñao Frago, 1995). A partir da observanao e análise de ritos, regras, currículo, vestimenta, práticas, bem como de objetos materiais -mobiliários, cadernos, livros didáticos, símbolos, objetos punitivos e de coanao-, conseguimos caracterizar a produnao da cultura escolar estabelecida nos espanos educativos em pesquisa.

No que tange a essa temática, o pesquisador Escolano Benito, acaba tranando caminhos parecidos aos de Viñao Frago, ao inferir que a cultura escolar é «[...] entendida como um conjunto de práticas e discursos que regularam ou regulam a vida das instituyes de educanao formal e a profissao docente» (2017: 119).

Acreditamos que, com o passar dos anos, muitos fragmentos, materiais e elementos que um dia constituiram a cultura escolar de determinada escola sao esquecidos e se perdem, apagando, dessa maneira, as memorias de uma instituinao escolar.

Fotografía 1: A Escola Normal Evangélica em Sao Leopoldo (1960). Fonte. Arquivo pessoal das autoras.

Pensando nisso, procuramos, nesta pesquisa, evocar memorias daqueles que vivenciaram a cultura escolar na ENE em décadas passadas, problematizando sua historia a partir da representando trazida em suas narrativas.

Mente e corpo, arte e fé: as práticas cotidianas na Escola Normal Evangélica

Maurice Halbwachs (2003) explica que, para que se constitua uma comunidade de memoria ou uma memoria coletiva, as memorias individuais necessitam apresentar pontos de contato entre elas; somente assim, as memorias individuais formam a memoria de um grupo. Os seis entrevistados que contribuíram para este trabalho com suas reminiscencias -Danilo, Helga, Hermedo, Luiz, Magnus e Roswitha- se constituíram, portanto, em uma comunidade de memoria. O internato da Escola Normal Evangélica passou a ser o principal ponto de contato entre todas as narrativas.

Com base no entrelanamento das memorias com os demais documentos, apresentamos as práticas desenvolvidas no internato da Escola Normal Evangélica, bem como as reminiscencias que permitem construir determinada cultura escolar que se estabelecia no interior dessa instituido de ensino, entre os anos de 1950 e 1966.

É importante enfatizar duas questoes sobre a possibilidade de análise das narrativas de memorias. A primeira delas é que toda a análise está permeada pelo conceito escolhido para ser operado nesta pesquisa, que é o de cultura escolar. A segunda questao se refere a possibilidade de análise das memorias. Isso so foi possível porque reconhecemos as memorias desses sujeitos como uma reconstruido do seu passado a partir de fragmentos de memoria, vislumbrando-os como representando desse passado vivido e experienciado no internato e no espano que circundava a ENE.

O acesso como aluno(a) a Escola Normal Evangélica se dava por meio de um exame de admissao. Esse exame consistia em «[...] uma prova de conhecimentos gerais, de portugues e de matemática para conhecer o nível, como vinham muitos alunos» (Wagner, 2017). Danilo recordou-se de que esse exame era aplicado pela escola em duas etapas: a primeira em dezembro, e a segunda no início do ano. Como morava em um município distante, caemborá, distrito de Nova Palma/Rs, e se levava em média dois dias para chegar de onibus em Sao Leopoldo, «Aí a opnao nossa foi, tanto a do meu irmao como pra mim, foi de fazer apenas a segunda chamada, do início do ano, quer dizer, ou tudo ou nada» (Streck, 2016).

A escola possuía cinco séries: a primeira era nomeada pré-normal, turma que correspondia a uma recuperando dos primeiros anos da escola primária; e os quatro anos restantes concerniam ao curso normal. O exame de admissao servia também para selecionar os alunos que ingressariam diretamente no primeiro ano do curso normal ou ficariam na turma do pré-normal, para reforjar as matérias do primário.

Helga, assim como Hermedo, nao necessitou realizar o exame de admissao na ENE, uma vez que já havia feito uma prova para ingressar no curso ginasial de outra institui^ao, na qual também estudava em regime de internato. Entretanto, ela explicou como recordava serem essas provas:

Esses exames de admissao era um exame, assim, do MEC, era baseado com uns conhecimentos lá do Rio. Eu me lembro quando eu fiz o exame de admissao, e aí as coisas nao batiam o currículo, até a linguagem eu lembro, assim, que a nossa redando era pra vocé descrever um quadro que eram «os folguedos», eram uns meninos empinando pipa, aí todo mundo falou sobre as pipas, e na verdade eram os folguedos, né? Nem sabíamos nós o que era folguedos! Aí a gente achou que eram os meninos empinando pipa, entao todo mundo na verdade fugiu do tema (Porcher, 2017).

Ainda quanto ao exame de admissao, Roswitha narrou sobre o sentimento de expectativa, dela e de sua família, para receber o retorno da instituido frente a sua avaliaqao de ingresso na escola: «Aí aquele Estresse, né? Tu faz aquela prova, acho que foi dois dias, ou foi de manha e de tarde? [...] isso foi bem antes do Natal, logo no comeqo de dezembro, essa seleqao» (Dreher, 2017).

A prática de aplicar o exame de admissao para o acesso de alunos no Curso Normal nao era exclusividade somente da Escola Normal Evangélica, uma vez que fazia parte da legislado vigente que regia o ensino secundário do período. o exame de admissao passou a ser aplicado a partir do Decreto-Lei n.° 4.244, de 9 de abril de 1942, que instituiu a Lei Orgánica do Ensino Secundário (Brasil, 1942). A aplicando desse exame para a entrada de alunos no ensino secundário foi extinta com a Lei de Diretrizes e Bases da Educanao n.° 5.692, de 11 de agosto de 1971 (Brasil, 1971). Nao somente no Brasil, mas também em escolas normais de Portugal, tal prática também era exercida desde a década de 1940, conforme apontam os estudos desenvolvidos por Mogarro (2008).

O ritmo de uma escola/internato é marcado, dentre outros fatores, pelo tempo, como dizem Fernandes e Mignot (2008), um tempo prescrito, vivido, a ser seguido; um tempo burlado, livre e, ao mesmo tempo, controlado. E é nesse ritmo, de um tempo diferente do tempo biológico dos alunos, que uma escola em regime de internato funciona, uma vez que cria e estipula atividades as quais, muitas vezes, fogem as de um currículo formal escolar, com a intenso de ocupar seus alunos, procurando nao os deixar com grande tempo ocioso no seu dia a dia dentro desse espado de educando.

Nao sendo diferente de outras instituiqóes que funcionam em regime de internato, o dia na ENE iniciava-se cedo, conforme narraram os ex-alunos entrevistados. Hermedo e Roswitha lembram uma prática em comum que realizavam, mesmo nao tendo frequentado a instituido no mesmo período: o esporte da manha. Enquanto, na narrativa de Hermedo, isso era algo desenvolvido por todos os alunos, Roswitha afirmou ser uma prática por escolha de quem quisesse aderir.

Seis horas, seis e pouco, o professor plantao abria a porta do dormitório com um apito e apitava, e todo mundo tinha que saltar da cama, tirar pijama e botar callao; e nós íamos fazer educando física matutina no pátio da escola [...] no inverno e no verao, e o banho de manha era frio, porque nao tinha chuveiro elétrico, pra ter água quente, assim, fim de semana ou nos sábados, a gente se dava ao luxo de tomar um banho quente, tinha uma... Tinha que fazer fogo, uma caldeia, entao passava a ter água quente (Wagner, 2017).

A essa atividade física do inicio da manha, Roswitha chamou de freesport. Como gostava muito de esporte, ela acordava juntamente com outros colegas as cinco horas da manha para participar dessa prática. Segundo ela, essa atividade envolvia desde quilómetros de corrida na Rodovia BR-116 até outras atividades esportivas na quadra da escola, como basquete e vólei, e isso ocorria tanto no inverno como no verao (Hermedo afirmou o mesmo). Segundo Roswitha, essa atividade era prática da escola, mas nao fazia parte do currículo oficial; por isso, ocorria na madrugada, porque todos os alunos deveriam estar prontos as 07h45min para o café, servido no refeitório.

Helga, com relaqao a essa prática matutina, afirmou: «Freesport, eu nao participava nao, porque acordar cedo pra mim sempre foi uma dificuldade» (Porcher, 2017). Corroborando a fala da amiga, Roswitha complementa: «A Helga ficava no último minuto, tinha que ficar puxando as cobertas. Eu me lembro quando a gente dormiu juntas no último ano do internato» (Dreher, 2017).

Magnus afirmou que havia uma diversidade de atividades na escola e que cultivar o esporte era uma das práticas da ENE. Os intercámbios com outras instituiqóes da Rede Sinodal nas olimpíadas Sinodais, atividade ainda recorrente nas escolas que pertencem a essa rede, também foram mencionados por Roswitha:

universitário, prestando servido as escolas vinculadas a Comunidades ou Paróquias Evangélicas.

Eu fazia atletismo, volei e corrida; bom, a corrida estava dentro do atletismo, entdo eu passava as tardes nas atividades esportivas [...] Muitos intercambios de futebol, muitas olimpíadas, porque a Rede Sinodal faz olimpíadas; participei de muitas olimpíadas, muita, muita coisa (Dreher, 2017).

Assim como a prática esportiva, o incentivo da escola aos alunos para a prática artística foi constantemente mencionado pelos entrevistados. Dentre as atividades que envolviam as artes, encontravam-se o teatro, as danqas folclóricas, o canto e o ensino de instrumentos musicais diversos. Essas atividades eram consideradas extraclasse: ocorriam no turno da tarde, enquanto as disciplinas curriculares ocorriam na parte da manhd, recordam-se alguns alunos. Isso era uma forma de envolver os estudantes durante todo o dia na escola, ou seja, de ocupar o seu tempo na instituido.

A narrativa de Luiz, referente a essa prática proposta pela escola, apresenta sua dedicando a música, em especial ao violino, e sua participando em orquestra. Quando lhe é perguntado se sua formando na música veio por parte da escola, eis que responde: «Eu diria 80 % veio de casa, os outros 20 %, entdo, foram aperfeiqoados lá no instituto, na Escola Normal na época» (Bencke, 2016).

Além disso, ao recordar-se dos seus momentos enquanto aluno da instituido, a música, o violino e a orquestra envolveram suas lembranqas a todo momento naquela tarde da entrevista. Mesmo após sair da escola, Luiz continuou a trilhar o caminho da música, dividindo sua vida entre a prática musical e a docencia de portugués/alemdo. Nesse contexto, cabem as palavras de Bosi quando explica que «[...] a memória das pessoas também dependeria desse longo e amplo processo, pelo qual sempre “fica o que significa”» (1987: 27).

Segundo Naumann (2009), uma atividade realizada já na década de 1930 por alunos e professores do antigo Seminário de Formando de Professores foi colocada novamente em exercício em 1951, um ano após a reabertura da instituido, sob sua direndo, na cidade de Sdo Leopoldo: as excursoes artísticas, ou, conforme recordou Helga, as Spielfahrt.

Essas excursoes consistiam em uma saída da escola, de duas a trés semanas durante as férias de inverno no més de julho, para apresentanoes culturais em comunidades distantes no Rio Grande do Sul. Participavam alunos e professores da ENE que se organizavam e ensaiavam, ao longo do ano, apresentanoes de dannas folclóricas, penas de teatro e músicas do coral, incluindo a participando de alguns instrumentistas da orquestra. Hermedo assim recordou: «A primeira que eu participei foi bem pertinho. Comenou na Estancia Velha, aqui em Ivoti, depois foi a Nova Petrópolis, dali foi pra Linha Nova. [...] em julho de 1951, ali nós fomos de caminhdo de carga aberto, né» (Wagner, 2017).

Luiz descreveu a excursdo artística de que participou, já na década de 1960, como um fato interessante, afirmando que «[...] até eu teria que anotar isso um dia, o que a gente fazia naquela época» (Bencke, 2016). Contou que foram, nessa ocasido, para municípios da regido sul do estado do Rio Grande do Sul: Cangunu, Pelotas, Sao Lourenno, dentre outros. Um grupo de nove pessoas participou dessa excursao, deslocando-se em uma Kombi e pernoitando nas casas de familias das comunidades pelas quais passavam. Helga participou de uma excursao durante seu periodo de internato, que ocorreu durante as férias de inverno: «[...] tu ia nas comunidades, né, fazia um evento ali para fazer propaganda [...], e a gente apresentava pena de teatro e o coral; nós tinhamos um coral muito bom» (Porcher, 2017).

Naumann (1999) categoriza essas excursoes como eventos de grande importáncia educativa, além de propagandística, para a ENE, assim como apontado também por Helga. Servia como uma forma de desenvolver nos alunos «[...] um espirito de coesao, colaborando e alegre dedicando, mesmo considerando situares de tensdo e até pequenas explosoes emocionais em virtude do trabalho ser enfrentado ao lado dos demais compromissos diários» (Naumann, 1999: 114).

Alguns alunos explicitaram, em suas memórias, determinados sentimentos que a música e a prática instrumental lhes causavam. Helga, por exemplo, evidenciou que «[...] todos os alunos tinham que aprender pelo menos um instrumento, pra mim foi um sofrimento, né, porque eu nao tenho dom nenhum pra isto, mas eu aprendi» (Porcher, 2017). Seu instrumento foi a flauta; ela explicou que, com o tempo, foi se aprimorando -aprendeu a pau e corda até a flauta contralto-. Nessa mesma direnao, seguiu a narrativa de Danilo: «[...] a gente entrava lá, todos tinham uma vocanao pra... Pra músico, né?! Tipo, tinha que ter [...] era muito incentivado que pelo menos se tocasse algum instrumento, senao... Nem que fosse flauta» (Streck, 2016).

As reminiscencias de Magnus também percorreram esse mesmo caminho, destacando esse determinado dom que os alunos da ENE deveriam ter para a música:

Havia uma certa pressao sobre aqueles que nao eram muito hábeis na música né, essas coisas. Até um dia, um aluno, um ex-aluno, escreveu no Elos, uma revista interna, que isso era uma coisa que nao afinava bem. Que nem, as pessoas sao diferentes e cada uma tem, cada um tem um dom, tem um dom pra isso (Magnus, 2016).

Chamou-nos a atennao o fato de Hermedo, durante toda sua narrativa, nao ter comentado sobre a prática musical e sobre os instrumentos, somente sobre as excursoes artísticas. Ao final da entrevista, ele foi questionado sobre a música, e entao respondeu que «[...] da música eu nao falei muito porque eu nao tenho lá muita habilidade musical; se eu aprendi a tocar um pouquinho de violino, se eu aprendi a tocar um pouquinho de harmonio, foi, mais assim, por um processo mecánico!» (Wagner, 2017).

Um sofrimento, uma vocagao, tinha que ter, certa pressao e por um processo mecánico sao expressoes que suscitam possibilidades de reflexao a respeito da música enquanto uma prática pedagógica realizada pelos alunos dessa instituinao. Ao mesmo tempo em que era uma atividade prazerosa para alguns deles, que dedicavam seu tempo a ensaios, buscando aprimorar os.

Nesse sentido, podemos considerar a hipótese de que as práticas desenvolvidas e propostas pelas escolas nem sempre sao uma op^ao de escolha para os alunos, de forma que tais atividades estao passíveis de crítica por parte dos discentes, que podem nao as aceitar de forma espontánea. Isso ocorre porque a escola, conforme aponta Escolano Benito, «[...] é uma construyo cultural complexa» que está «[...] gestada em um contexto no qual operam intenses que sao também culturais, as quais produzem ao mesmo tempo outras modalidades de cultura» (2017: 118). Sendo assim, as atividades realizadas nas instituyes educativas fazem parte de um conjunto muito bem elaborado e estruturado, com vistas a moldar e aculturar os sujeitos conforme as suas ideologias e o meio no qual se inserem.

Em rela^ao as meditares, que tinham caráter religioso, alguns alunos recordam-se de tais atividades ocorrerem no inicio e no término do dia; já outros rememoraram que as meditares ocorriam no inicio da manha. Sobre essas recordares, Halbwachs (2003: 69) explica que «[...] cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva»; nesse sentido, os pontos de vista, as narrares e as lembran^as apoiam-se a partir do lugar que o sujeito ocupa e das relaces que estabelece com o meio em que se encontra. Assim, «[...] nao é de se surpreender que nem todos tirem o mesmo partido do instrumento comum» (Halbwachs, 2003: 69).

Segundo os entrevistados, as meditares ocorriam no auditório da escola. Para Luiz, esses momentos foram fundamentais para ajudá-lo a enfrentar a distáncia da familia e amenizar a saudade que tinha de casa nos primeiros tempos de internato. Tornava-se um consolo, para ele, cantar os hinos nessas ocasióes, rememoradas como uma coisa marcante, pois «[...] eram hinos lá de casa, que eu cantava em casa com a familia, com os pais» (Bencke, 2016).

os entrevistados recordaram que alunos podiam utilizar esse espado das meditares para treinarem seus instrumentos, conduzindo os hinos a serem cantados entre uma mensagem e outra que era lida. Mas a regra, apontada por Danilo em sua narrativa, era: «[...] a partir de terceiro ano, tu devia tocar algum hino nesse período de meditado, e ai a gente tremia» (Streck, 2016).

Esses dois trechos das narrativas de Luiz e Danilo apresentam seus sentimentos provocados pela música, quer pelo ouvir e cantar, quer pelo tocar e se apresentar frente a um público. De um lado, evocou-se um sentimento de saudade; de outro, o sentimento de medo e inseguran^a. Entre uma entrevista e outra, percebemos que os sentimentos e as emo^óes dos narradores foram sendo despertadas e expressas, seja no olhar marejado, ou no desvio dele; seja na contengo de algumas palavras, ou na própria palavra dita. E é dessa forma que Thompson nos ajuda a entender essas ocorrencias, ao afirmar que «[...] a maioria das pessoas conserva algumas lembran^as que, quando recuperadas, liberam sentimentos poderosos» (1992: 205).

A prática religiosa na Escola Normal Evangélica era algo coerente, já que seguia os preceitos de uma congregando evangélica que, como tal, tinha seus principios e valores claros pregados aos alunos. Por esse motivo, muitas das atividades promovidas e desenvolvidas pelos estudantes da ENE estavam regidas, parafraseando Cunha (2008: 144), pelo ritmo da fé, envolvendo a igreja luterana e seus ensinamentos nas atividades e práticas cotidianas da escola.

As práticas cotidianas, ou as maneiras de fazer (Certeau, 2014), estabelecidas pelos sujeitos envolvidos nesse internato, ajudam a compreender a organizando e a constituido desse espano por meio das representanoes desse tempo vivido, apresentadas nas narrativas de memorias desses(as) ex-alunos(as) da Escola Normal Evangélica.

Considerares fináis

O estudo aqui realizado possibilita uma reflexdo que destaca a potencia das narrativas memorialísticas para compreender a cultura escolar produzida na Escola Normal Evangélica. Escolano Benito escreve que «[...] a memoria ndo é somente um simples e emotivo exercicio nostálgico de lembrannas acumuladas e sedimentadas [...] a memoria é ao mesmo tempo uma cultura encarnada» (2017: 201). Nesse sentido, entendemos essa cultura encarnada como sendo a forma como esses(as) ex-alunos(as) foram moldados(as) pela escola e subjetivados(as) por ela.

No espano permitido pelas linhas de um artigo, elegemos problematizar os tempos e os espanos de um internato luterano, refletindo sobre aspectos relacionados, em alguma medida, as especificidades da colonizando alemd no Vale do Rio dos Sinos. As dimensoes que emergiram em cada narrativa dizem respeito, sobretudo, ao ensino de música, ao incentivo a prática de atividades ao ar livre, a meditando e aos momentos de sociabilidade. Esses aspectos ndo foram selecionados a priori no momento das entrevistas -foram categorias de análise construidas por meio de uma memoria coletiva dos alunos que lá estudaram-. Suas memorias, em nosso entendimento, foram consolidadas conforme eles se apropriaram desses ensinamentos adquiridos em sua formando docente, ou seja, de acordo com a cultura escolar por eles interiorizada.

A Escola Normal Evangélica, por ser uma instituido pensada por um grupo de imigrantes alemdes, buscou preservar tranos da cultura germánica por meio de atividades direcionadas aos seus educandos. Se formos analisar minuciosamente as práticas que neste estudo foram descritas, iremos perceber que há entre elas uma ligando que nos remete aos postulados do educador Pestalozzi (1746-1827). Pode-se entender, portanto, que a organizando da rotina desse internato, bem como as atividades que foram nomeadas como mente e corpo, arte e fé, retratam os ensinamentos de Pestalozzi para a formando humana e para uma educando integral do ser (Incontri, 1997). Retomando seus principais pressupostos, o autor divide o individuo a ser educado em tres esferas: cabena, mdo e corando. A cabena seria o intelecto, o conhecimento dos alunos a partir da aplicando de provas, da aprendizagem de instrumentos, das atividades artísticas; a mao, que representa o trabalho, o corpo, no contexto da ENE, está representada pelas práticas esportivas, pelas atividades físicas e pelo cuidado desse corpo para o labor; e, por fim, o corado, simbolizando a moral, a fé e os bons costumes, é contemplado pelos rituais religiosos realizados diariamente pelo grupo de alunos e professores.

Podemos, assim, considerar que tais práticas fundamentam um conjunto de atividades que foram estrategicamente pensadas e elaboradas pela instituido, no intuito de formar esses alunos nao só como bons professores, mas como individuos integrais, buscando contemplar, desta forma, um modo de ser determinado por uma sociedade civilizada do período em questao. Assim, essas atividades, hábitos e práticas cotidianas também colaboram com a formando de uma cultura escolar constituida na ENE, juntamente com as demais formas de sistematizado, como, por exemplo, a organizado do tempo, do espado e dos estudantes do educandário aqui pesquisado.

Recibido: 7 de enero de 2022.

Aceptado: 30 de mayo de 2022.

Notas

1 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenado de Aperfeiqoamento de Pessoal de Nivel Superior -Brasil (CAPES), Código de Financiamento 001-.

2 Doutoranda, com bolsa Capes/Proex, pelo Programa de Pós-Gradua^ao em

3 Educando na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Mestre em Educado e licenciada em Pedagogia pela mesma Universidade. Professora da educado básica na rede privada de educado da cidade de Sao Leopoldo/RS. Membro do Grupo de Pesquisa EBRAMIC (Educado no Brasil, Memórias, Instituides e Cultura Escolar). Contato: [schutzbrito@gmail.com].

4 Para saber mais sobre o contexto referente a esse periodo e os

5 desdobramentos da imigranáo alemá no periodo da pesquisa consultar: Tambara, E. C. (2016). “Cartografía da genese e consolidando do modelo republicano-castilisata de educando primária no Rio Grande do Sul”. Em Grazziotin, L. S. y Almeida, D. B. Colégios elementares e grupos escolares no Rio Grande do Sul: memórias e cultura escolar, séculos XIX e XX. Sdo Leopoldo/RS:

6 Entendido a partir de Norbert Elias (1994) como um conjunto das diferentes formas de pensar e agir que estruturam uma sociedade; algo produzido socialmente e individualmente.

7 A Rede Sinodal de Educagao é o órgao responsável, na IECLB (Igreja Evangélica de Confissao Luterana no Brasil), pelo setor educacional escolar e

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