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Educación Física y Ciencia

versión On-line ISSN 2314-2561

Educ. fís. cienc. vol.19 no.1 Ensenada set. 2017

 

ARTICULOS

Jogos Escolares do Paraná: análise da competição no Município de Curitiba

 

Isabelle Plociniak Costa*
belle_ploc@hotmail.com

Emilia Devantel Hercules**
myla_hercules@hotmail.com

André Felipe Caregnato***
andre.caregnato@hotmail.com

Camile Luciane da Silva****
camileufpr@yahoo.com.br

Fernando Renato Cavichiolli*****
cavicca@hotmail.com

***************Universidade Federal do Paraná, Brasil

 

Cita sugerida: Plociniak Costa, I., Devantel Hercules, E., Caregnato, A., Silva, C. L. da y Cavichiolli, F. R. (2017). Jogos escolares do Paraná: análise da competição no Município de Curitiba. Educación Física y Ciencia19(1), e023. https://doi.org/10.24215/23142561e023

 

Recibido: 28/08/2016
Aceptado: 09/12/2016
Publicado: 15/08/2017


Resumo
: Este estudo procura estabelecer a participação dos estudantes da cidade de Curitiba nos Jogos Escolares do Paraná, com o objetivo de discutir a efetividade da competição enquanto política pública ou apenas uma política de governo. A pesquisa caracteriza-se por ser documental exploratória e descritiva e tem por base os dados e informações, disponibilizados pelo Núcleo Regional de Educação de Curitiba, entre os anos de 2004 a 2013, com exceção dos anos 2010 e 2012 nas modalidades coletivas. Observa-se a predominância dos esportes futsal e voleibol, com destaque no futsal que é a preferência dos estudantes. Assim, é importante compreender que os Jogos Escolares não realiza uma política pública efetiva, devido à diferença dos seus objetivos propostos com o que acontece na prática.

Palavras-chave: Jogos Escolares do Paraná; Política pública; Modalidades coletivas.

Paraná School Games: Competition analysis in Curitiba

Abstract: This study is focused on the participation of students in the city of Curitiba in the Paraná School Games, in order to discuss the effectiveness of these competitions as a public policy or just as a governmental policy. The research, which is documentary, exploratory, and descriptive, is based on data and information about collective sports disciplines from 2004 to 2013, except for 2010 and 2012, provided by the Regional Nucleus of General Education in Curitiba. Futsal and volleyball are more popular, but it is clear that students prefer futsal. Thus, it is important to understand that School Games do not represent an effective public policy due to the difference between their objectives and what really happens.

Keyword: Paraná School Games; Public Policy; Collective Sports Disciplines.


Introdução

Este artigo busca estabelecer a participação dos estudantes curitibanos nos Jogos Escolares do Paraná, competição esta que faz parte do calendário de Jogos Oficiais do Paraná e que é realizada pelo governo paranaense em parceria com a Secretaria de Estado da Educação(SEED), com os Núcleos Regionais de Educação do Paraná e com a Paraná Esportes, discutindo a efetividade destes enquanto politica pública deste estado ou apenas uma politica de governo, sendo assim passageira. A partir das perspectivas de que o esporte está evidenciado neste evento, pode-se indicar que existem indicativos do desenvolvimento do esporte educacional.
Segundo Martinez (2008), o evento tem documentos e textos produzidos pela SEED que relacionam os Jogos Escolares com as politicas publicas deste estado, mas a autora ainda indica que os governantes cancelam e resgatam a competição de acordo com seus interesses governamentais independente dos encaminhamentos pedagógicos e sem consulta aos interessados como alunos e professores.
Este evento teve seu início em 1953, ano do Centenário da Emancipação Política do Estado. O evento caracterizou-se como um marco, pois como aponta Mezzadri (2000) a partir deste momento o governo incentiva a formação esportiva:

[...] a prática esportiva, que antes se restringia aos clubes, começava a ser inserida pelo governo nos estabelecimentos de ensino constituindo-se um dado significativo na formação dos alunos e passando a ser prioridade do governo. (Mezzadri, 2000, p. 67).

Os mesmos foram organizados 61 vezes. As condições de participação para esta competição é que os alunos estejam matriculados em instituições de ensino público ou privado. As disputas no feminino e no masculino acontecem em diferentes modalidades e estão divididas em: categoria A (entre 15 e 17 anos), categoria B (entre 12 e 14 anos) e categoria C (para alunos com algum tipo de deficiência). As modalidades esportivas que fazem parte do cronograma dos Jogos são: Atletismo, Badminton, Basquete, Bocha Adaptada, Ciclismo, Futsal, Ginástica Rítmica, Goalball, Golf 7, Handebol, Judô, Luta Olímpica, Natação, Skate, Taekwondo, Tênis de Mesa, Voleibol, Vôlei de Praia e Xadrez.
A estrutura do evento acontece em cinco fases: Intra Escolar, Municipal, Regional, Macro Regional e Estadual. Na Intra Escolar, são escolhidos dentro da escola os alunos que irão representá-la nos Jogos. Na fase Municipal, as escolas de uma mesma cidade jogam entre si, e o primeiro colocado de cada esporte, nas categorias apresentadas acima, avança para a fase regional. Na Regional, a competição ocorre entre munícipios de um mesmo Núcleo Regional de Educação. Nessa fase ocorre uma divisão dos 399 municípios do Paraná em 32 Núcleos Regionais de Educação (NREs). O primeiro colocado de cada núcleo avança para a fase Macro Regional. Esta se organiza em 32 equipes classificadas na fase Regional que são divididas em 8 grandes regionais, onde os dois primeiros colocados de cada regional avançam à fase Final. O campeão da fase Final, tem o direito de disputar os Jogos Escolares Brasileiros, nos quais cada estado é representado por um colégio, em um determinado esporte (Secretaria Do Esporte e Turismo,2016).
Percebe-se nos Jogos Escolares que existe uma grande diferença entre o número de inscritos nos esportes coletivos comparado aos individuais, tendo como base este referencial, optou-se por analisar os esportes coletivos que atraem o maior número de atletas (masculino e feminino) e equipes (masculino e feminino) e discutir como essas participações podem indicar o apoio ou não governamental em relação as politicas públicas para o esporte.

Metodologia

A pesquisa caracteriza-se por ser documental exploratória e descritiva e tem por base os dados e informações, disponibilizados pelo Núcleo Regional de Educação de Curitiba, entre os anos de 2004 a 2013. Os dados de 2010 não foram disponibilizados, pois não se encontravam em bom estado, já os dados de 2012 não puderam ser inseridos nesta pesquisa, pois neste ano os Jogos Escolares foram organizados pela Prefeitura Municipal de Curitiba e não pelos órgãos estaduais.
A escolha dos anos (2004 a 2013) para investigação justifica-se, por ser a década mais recente, e também pelo fato de que o esporte tornou-se conteúdo hegemônico das aulas de Educação Física. Algumas dentre as modalidades esportivas são mais privilegiadas na escolha dos conteúdos ministrados nas aulas de Educação Física escolar no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, como o futebol, o basquetebol, o handebol e o voleibol.
Outro fator é o resultado final por modalidade coletiva no ano de 2013 dados estes, adquiridos junto ao site da Paraná Esportes, utilizando-se dos campeões de cada esporte coletivo, divididos em categoria e gênero, analisando qual o caráter (público ou privado) do colégio, o bairro em que ele se encontra e a setorização de cada escola na divisão do Núcleo Regional de Curitiba. Posteriormente, com este material, será realizado um mapeamento que relaciona os colégios vencedores e as suas localidades (seguindo a divisão dos Núcleos Regionais de Educação de Curitiba).
Propôs-se a análise, através de gráficos do número de atletas e equipes, dividindo-os por gênero e categoria dentro de cada esporte coletivo (futsal, basquete, handebol e vôlei).

O esporte no espaço escolar e a competição como um de seus componentes

A competição está intimamente ligada ao esporte, o trabalho com as modalidades esportivas no espaço escolar podem estar vinculadas a esse fundamento. Aponta-se, ainda, que a aprendizagem de uma prática esportiva pode ocorrer por um método competitivo. Scaglia et al. (2001) citado por Reverdito et al. (2008) explica da seguinte forma:

A competição é elemento fundamento do esporte, que dá sentido a sua existência, e é nela que a manifestação do esporte se realiza em sua plenitude. Portanto, qualquer ação orientada para o ensino e aprendizagem do esporte não está desvinculada da necessidade de se aprender a competir. Seja nas aulas de Educação Física Escolar (ensino formal) ou nas Escolas de Esportes ou Centro de Treinamento (ensino não-formal). (Reverdito, 2008, p. 38)

Ferraz (2002) afirma que: “a competição em si não é boa ou má, ela é o que fazemos dela”. O trabalho pedagógico realizado pelo professor, sua abordagem e métodos determinam como a competição se efetiva no espaço escolar. Partindo desse pressuposto, pode se refletir que os métodos competitivos utilizados para o ensino de esportes e como eles podem agir em prol de benefícios ou malefícios a educação do estudante. Há uma necessidade de transformação na concepção sobre a competição no âmbito escolar, que pode assumir um papel facilitador de interação e de relações entre os alunos e que consiga possa ser mantido por ideias, princípios e procedimentos pedagógicos. Paes (2006) aponta:

(...) observa­se hoje que a adesão ao esporte cresce de forma nunca antes verificada. Sendo assim, buscando proporcionar ao praticante uma melhor convivência com o fenômeno, faz­se necessário dar ao esporte um tratamento pedagógico (2006, p.35).

Assim, o trabalho com o esporte no espaço escolar não pode ser realizado de forma inconsequente, ele necessita de objetivos e abordagens claras que demonstrem sua intencionalidade formativa e educacional. Para Saldanha Junior (2009) o esporte:

Pode ser caracterizado em três vertentes. A primeira delas refere-se ao esporte desempenho, objetivando o rendimento dentro de uma obediência que existe às regras de cada modalidade esportiva; a segunda ao esporte-participação, na qual sua finalidade é o bem estar e a participação do praticante; e a terceira vertente ao esporte-educação, que possui uma meta de caráter formativo. ( Saldanha Junior, 2009, p.5)

Nessa perspectiva, é importante pensar um esporte mais inserido e engajado as propostas educacionais, que proporcionem aos estudantes uma visão ampliada da realidade social em qual se encontra, que possa perceber e ler o esporte enquanto espetáculo social e que busque princípios para transpor a competição acirrada e desmedida. Para Assis (2001) seria necessária uma reinvenção do esporte,

E pensar o esporte da escola, a partir de uma visão crítica em relação aos códigos, valores e sentidos do esporte moderno, da sociedade capitalista, implica reconhecer a necessidade e a possibilidade de pensá-lo à luz de um determinado projeto político-pedagógico que aponta para a construção de uma sociedade baseada em outros códigos, valores e sentidos. (Assis, 2001, p.20)

Análise dos dados dos Jogos Escolares de 2004 a 2013 – Fase regional de Curitiba

Neste momento apresenta-se os dados referente as participações dos estudantes em equipes nos esportes coletivos durante a fase regional de Curitiba. Os dados foram divididos por esportes coletivos, sexo e categorias de participação nos jogos e a análise se concentra na participação geral dos esportes e sua evolução a cada ano.
Observa-se que em 10 anos de Jogos Escolares as participações são bem efetivas, sendo que as masculinas são bem superiores as femininas. Ainda aponta-se que os da categoria de 15 a 17 anos elas ficam mais intensas. Acompanhe com o gráfico abaixo.

Figura 1. Número de equipes por sexo e categoria nos anos de 2004-2013

Quando subdividimos esses números em modalidades especificas temos resultados mais expressivos no futsal masculino, sendo este esporte um impulsionador dos Jogos Escolares tanto no masculino quanto no feminino. O voleibol fica na segunda colocação e tem participações significativas mais efetivas no feminino. Handebol e Basquete têm as menores participações por equipe, dados esses que são menores se considerarmos ano a ano.


Figura 2. Número de equipes por modalidade e sexo nos anos de 2004-2013

Ao analisar os dados na temporalidade, pode-se perceber que as participações iniciais de 2004 são superiores as de 2013 em todos os esportes analisados. Esse fator nos indica que os Jogos Escolares, apesar de ser uma competição de tradição e de grande importância estadual, estão perdendo o fôlego em relação ao número de equipes participantes.
Observa-se ainda que Modalidades como Basquete e Handebol possuem menos participantes em todas as edições. Isso aponta para a falta de tradição esportiva que essas modalidades possuem. Quando se trata os dados em separado, constata-se que o Basquetebol é o esporte que menos mobiliza equipes para os jogos. Ou seja, a cultura escolar para o trabalho com essa modalidade não é realmente efetivo, uma vez que se pode notar uma oscilação significativa durante os anos.


Figura 3. Participação das Equipes na modalidade basquete nos anos de 2003-2014.

Ao observarmos as participações na modalidade de Handebol obtemos dados parecidos aos do Basquete, uma vez que o esporte possui poucas equipes participando de forma geral e que há quedas importantes e significativas durante os anos. É possível apontar que o Handebol conseguiu nos últimos anos estabilizar o número de participações, esse dado pode indicar uma continuação e uma sequência de trabalho nas unidades escolares.


Figura 4. Participação das equipes na modalidade handebol nos anos de 2003-2014

Quanto ao voleibol pode-se afirmar que é a segunda modalidade coletiva mais procurada nesta competição. Suas participações também caíram durante o tempo, mas observa-se um equilíbrio sempre constante entre os anos de 2008 a 2013, como se o trabalho realizado pelos professores estivesse estabilizado nos espaços escolares.


Figura 5. Participação das equipes na modalidade voleibol nos anos de 2003-2014

Os dados referentes ao futsal são os mais impactantes, pois demonstram que as participações das equipes nesta modalidade se mantêm com as menores oscilações durante os anos, ainda apontam que muitos estudantes participam deste esporte. Com este panorama pode-se dizer que esses valores ocorrem por estarmos em uma sociedade em que a prática do “futebol” esta imersa culturalmente. Ao consideramos o trabalho com as escolas participantes pode-se apontar que este esporte é fácil de ser trabalhado, principalmente com os meninos, uma vez que ele faz parte do imaginário social masculino da sociedade brasileira.
Ainda deve-se mencionar que o futsal apesar de não ser o futebol em si, ocorre nos Jogos Escolares como única modalidade que se aproxima do mesmo. Considerando todas essas evidencias é possível dizer que este esporte movimenta muito mais do que as aulas de Educação Física Escolar, movimenta escolinhas que se reproduzem na cidade, nas escolas e em outros espaços. O domínio cultural deste conteúdo demonstra que professores e estudantes o compreendem e praticam com mais frequência do que qualquer outro esporte coletivo proposto pelos Jogos Escolares.


Figura 6. Participação das equipes na modalidade futsal nos anos de 2003-2014

Através deste estudo foi possível perceber, por meio dos referenciais teóricos e das pesquisas realizadas, como se efetiva o trabalho relacionado à prática desportiva nas escolas, as modalidades esportivas de preferência ensinadas nas escolas são, via de regra, as que têm ressonância nos Jogos Escolares do Paraná.
As análises dos gráficos permitem concluir que, dentre os quatro esportes coletivos selecionados para a pesquisa, o futsal destaca-se pela preferência dos estudantes, observando-se que foi a modalidade que em todos os anos apresentou o número mais elevado de equipes e de atletas, chegando, muitas vezes, ao dobro de participação comparado às outras três modalidades (basquete, handebol e vôlei).

Análise dos campeões nos esportes coletivos dos Jogos Escolares de 2013

Realizando uma análise dos dados de 2013, sobre quais colégios foram campeões neste ano compõem-se a tabela abaixo referente aos quatro esportes coletivos (basquete, futsal, handebol e vôlei), na qual apresenta-se informações relevantes para a compreensão dessa pesquisa, como: esporte, ano e a categoria que o colégio foi campeão, caráter (privado ou público), localização.
Os dados informam que na sua maior parte os campeões dos Jogos Escolares deste ano são representantes do setor privado, o enfoque principal esta no basquete e no handebol, nos quais não existem representantes campeões do setor público.
No futsal apresenta-se um equilíbrio, encontra-se duas equipes de colégios privados e 2 do setor publico. Ainda vale ressaltar que as equipes públicas não são escolas de periferia, as localizações apontam para escolas de renome e que são centrais no Município de Curitiba. Assim pode-se apontar para o fator financeiro preponderante, pois apenas colégios de “algum status social” alcançam bons resultados na Fase Regional da Competição. Observe a tabela abaixo:

Figura 7. Tabela com o caráter das escolas campeãs das modalidades coletivas no ano de 2013

ESPORTE

ANO

CATEGORIA

CARÁTER

BAIRRO

Basquete

2013

Masc. A

Privado

Batel

Basquete

2013

Masc. B

Privado

São Lourenço

Basquete

2013

Femin. A

Privado

Batel

Basquete

2013

Femin. B

Privado

Batel

Futsal

2013

Masc. A

Privado

Batel

Futsal

2013

Masc. B

Público

Rebouças

Futsal

2013

Femin. A

Privado

Bom Retiro

Futsal

2013

Femin. B

Público

Centro

Handebol

2013

Masc. A

Privado

Prado Velho

Handebol

2013

Masc. B

Privado

Prado Velho

Handebol

2013

Femin. A

Privado

Prado Velho

Handebol

2013

Femin. B

Privado

Ahú

Vôlei

2013

Masc. B

Público

Centro

Vôlei

2013

Masc. B

Privado

Ahú

Vôlei

2013

Femin. A

Privado

São Francisco

Vôlei

2013

Femin. A

Privado

Ahú

Estes resultados ressaltam as condições indicadas por Martinez (2008, p.357), que indica que professores da rede pública não recebem incentivos financeiros ou organizacionais para prepararem os alunos para os Jogos Escolares, assim comprometendo a implantação e desenvolvimento do esporte educacional. Em outras vias, o esporte educacional nas instituições privadas pode até tornar-se polo de investimento, uma vez que agrega qualidades educacionais a instituição.

Considera ções Finais

Na discussão desta perspectiva pode-se questionar a real importância dos Jogos Escolares uma vez que o mesmo não tem a amplitude real que uma competição a nível estadual possa atingir, devido a capital dominar a competição em relação aos primeiros colocados. Ao perceber que o número de participantes caiu dentre os anos pode-se indicar que esta competição pode estar muito mais ligada a uma politica governamental, pois se fica evidente que nos primeiros anos de implantação e desenvolvimento estava em um governo. Com a transferência de poder percebe-se que a importância deste evento diminui.
Martinez (2008, p. 353), pontua que os professores participantes da competição podem estabelecer subsídios para definir como a politica pública se define na prática. A autora também aponta a partir das falas dos profissionais que não existem condições especificas para o desenvolvimento deste evento, uma vez que os professores que decidem levar seus alunos, o fazem voluntariamente e sem condições especificas de trabalho. Indica ainda que a falta de investimentos na preparação dos alunos revela ainda uma contradição entre um dos objetivos dos que a revelação de talentos. Para além desse objetivo o de inclusão dos estudantes também não se concretiza, pois os Jogos não garantem o acesso a todos os estudantes durante todo o processo.
Neste sentido apontamos que muitas vezes as inserções esportivas não fazem parte efetivamente das politicas públicas, mas sim podem ser considerados “projetos promocionais” (Gadotti, 2009) de alguns governos que aos poucos podem ser abandonadas com o passar de governos e dos anos. O que parece acontecer com o os Jogos e Escolares do Paraná, uma vez que foi utilizado por vezes como divulgação midiática para governantes (Martinez, 2008).
Uma vez que os participantes devem estar devidamente matriculados e frequentando o espaço escolar, seria importante mencionar que os Jogos Escolares são uma ampliação do território escolar, ou seja, é um espaço diferente e com potencialidades de aprendizagens importantes. A inscrição e a participação dos estudantes neste tipo de atividade ampliam as possibilidades de trabalhar com as técnicas, valores e temas inclusos e inerentes a esses eventos.
Assim a prática dos esportes coletivos nas aulas de Educação Física Escolar, gera um espírito competitivo nos alunos para com os adversários e um espírito de coletividade, cooperação para com os seus companheiros e, também uma série de outros valores sociais e éticos.
É importante compreender que os Jogos Escolares, neste formato, não cumprem com suas perspectivas governamentais, uma vez que sua realização não condiz com seus objetivos propostos e que ao invés de uma politica pública efetiva desenvolve-se apenas como uma atividade a mais, que cumpre como “mídia” para alguns governos e é esquecido em outros. Neste sentido, pode-se apontar que o efetivo valor deste evento não está em consonância com uma sociedade pluralista e inclusiva.

 

Referencias

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