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Educación Física y Ciencia

On-line version ISSN 2314-2561

Educ. fís. cienc. vol.23 no.2 Ensenada  2021

http://dx.doi.org/https://doi.org/10.24215/23142561e171 

Artículos

A produção do conhecimento da Educação Física sobre Educação Infantil como tema de pesquisa

The production of knowledge of Physical Education about Early Childhood Education as a research theme

La producción del conocimiento de la Educación Física sobre la Educación Infantil como tema de investigación

1Universidade Federal do Espírito Santo

2Universidade Federal do Espírito Santo

3Universidade de Valparaíso

Resumo

Este artigo analisa e discute as produções acadêmicas da Educação Física sobre Educação Infantil a partir de uma breve apresentação e análise dos estudos que tomaram tal produção como tema de investigação. Em termos metodológicos se constitui numa revisão integrativa dos artigos, teses e dissertações que se propuseram a estudar a referida produção e estão disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES, no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Apresenta uma síntese e análise dos principais aspectos da produção que os estudos nos permitem conhecer, aponta algumas lacunas e indica algumas relações entre os referenciais teóricos que embasam as produções e as proposições apresentadas para a prática pedagógica da Educação com a Educação Infantil que vêm sendo sistematizadas. Conclui que, embora importante, a ênfase dada pelos estudos de revisão e estado da arte aos aspectos quantitativos e descritivos da produção tem dificultado uma compreensão mais abrangente dos discursos que são produzidos sobre a Educação Física na Educação Infantil.

Palavras-chave Produção do conhecimento; Educação Física; Educação Infantil

Abstract

This article analyzes and discusses the academic productions of Physical Education on Early Childhood Education, from a brief presentation and analysis of the studies that took such production as a research theme. In methodological terms, it constitutes an integrative review of the articles, theses and dissertations that set out to study the referred production and are available on the CAPES Journal Portal, the CAPES Theses and Dissertations Catalog and the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD). It presents a synthesis and analysis of the main aspects of production that studies allow us to know, points out some gaps and indicates some relationships between the theoretical frameworks that support the productions and the proposals presented for the pedagogical practice of Education with Early Childhood Education that have been systematized. It concludes that, although important, the emphasis given by the studies of revision and state of the art to the quantitative and descriptive aspects of production has hindered a more comprehensive understanding of the discourses that are produced about Physical Education in Early Childhood Education.

Keywords Knowledge production; Physical Education; Early Childhood Education

Resumen

Este artículo analiza y discute las producciones académicas de la Educación Física en Educación Infantil, a partir de una breve presentación y análisis de los estudios que tomaron dicha producción como tema de investigación. En términos metodológicos, constituye una revisión integradora de los artículos, tesis y disertaciones que propusieron estudiar la producción referida y están disponibles en el Portal de la Revista CAPES, en el Catálogo de Tesis y Disertaciones CAPES y en la Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Presenta una síntesis y análisis de los principales aspectos de la producción que los estudios nos permiten conocer, señala algunos vacíos e indica algunas relaciones entre los marcos teóricos que sustentan las producciones y las propuestas presentadas para la práctica pedagógica de la Educación Física con la Educación Infantil que han sido sistematizadas. Concluye que, aunque importante, el énfasis que los estudios de revisión y estado del arte dan a los aspectos cuantitativos y descriptivos de la producción ha dificultado una comprensión más integral de los discursos que se producen sobre la Educación Física en la Educación Infantil.

Palabras clave Producción de conocimiento; Educación Física; Educación Infantil

1. Introdução

Ao pensar sobre o contexto de inserção da Educação Física na Educação Infantil brasileira, entendemos ser pertinente compreender como a área acadêmica da Educação Física tem pensado sua relação com a educação da pequena infância. Assim, neste texto optamos por discutir as produções acadêmicas da Educação Física sobre Educação Infantil, a partir de uma breve apresentação e análise dos estudos que tomaram tal produção como tema de investigação.

Nesse sentido, realizamos um mapeamento dos estudos que tiveram as pesquisas de revisão e estado da arte como abordagem metodológica para discutir a produção da Educação Física sobre a Educação Física na Educação Infantil. Segundo Ferreira (2002), esses tipos de pesquisas têm em comum o desafio de mapear e de discutir a produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento. Contudo, Romanowski e Ens (2006) esclarecem que as pesquisas do tipo “estado da arte” se configuram em estudos que abrangem toda uma área do conhecimento, nos diferentes aspectos que geraram produções, como exemplo, teses, dissertações, publicações em periódicos, produções em congressos científicos, entre outros. Já o estudo que aborda apenas um setor das publicações sobre o tema estudado vem sendo denominado, segundo as autoras, de “estado do conhecimento”. Por sua vez, as pesquisas de revisão se constituem no processo de busca, análise e descrição de um corpo do conhecimento em busca de resposta a uma pergunta específica. E se diferenciam de acordo com o seu método de elaboração em: revisão narrativa - que não utiliza critérios explícitos e sistemáticos para buscas e análise; revisão sistemática - que na busca por responder uma pergunta de pesquisa claramente definida, utiliza métodos sistemáticos e explícitos para seleção dos materiais; e, revisão integrativa – que se configura pelo potencial de combinação de dados da literatura empírica e teórica que podem ser direcionados à definição de conceitos, identificação de lacunas nas áreas de estudos, revisão de teorias e análise metodológica dos estudos sobre um determinado tópico (Sousa, Firmino, Marques-Vieira, Severino & Pestana, 2018).

De maneira geral, Ferreira (2002) argumenta que tais pesquisas, ao mapearem e discutirem a produção acadêmica de diferentes campos do conhecimento, possibilitam a efetivação de um balanço da produção científica de uma determinada área. De maneira complementar, Romanowski e Ens (2006) afirmam que essas pesquisas contribuem para a constituição do campo teórico de uma área de conhecimento, à medida que buscam identificar que teorias estão sendo construídas, os procedimentos empregados nas pesquisas, os referenciais utilizados, bem como sua contribuição para a produção científica e para a prática social. Diante disso, acreditamos que esse mapeamento proposto nos possibilita conhecer e indicar aspectos relevantes do conjunto de análises já produzidas a respeito da produção acadêmica e científica da Educação Física sobre a Educação Infantil.

Nesse contexto, temos a impressão de que, dado o contexto de inserção da Educação Física nesse segmento educacional, a produção acadêmica relacionada a esse campo de atuação tem se ampliado. Ampliação essa que potencializa o aparecimento de pesquisas com as características citadas anteriormente. Por essa razão, optamos por produzir uma pesquisa que, ao apresentar uma síntese e análise desses estudos, nos possibilite vislumbrar o esforço que tem sido empreendido pelo campo em pensar sua própria produção. Desse modo, interessa-nos apreender em que medida os trabalhos analisados demonstram quais são as bases teórico-epistemológicas que têm orientado a produção acadêmica da Educação Física sobre Educação Infantil e, a partir delas, quais discursos são produzidos pelo campo para pensar a prática pedagógica com as crianças de 0 a 5 anos.

Com isso, reiteramos que o presente estudo tem o objetivo de analisar a produção sobre a Educação Física na Educação Infantil a partir das pesquisas de estado da arte, estado do conhecimento e estudos de revisão realizados sobre essa mesma produção, e de permitir uma compreensão dos modos como essas produções têm sido analisadas. Importa dizer que não temos a intenção oferecer uma classificação desses estudos, mas, sim, indicar a partir deles, algumas sínteses que podem ser feitas da produção acadêmica da Educação Física sobre Educação Infantil, bem como, dos discursos produzidos sobre a educação da infância, do corpo e do movimento das crianças de 0 a 5 anos a partir dessas produções.

2. Metodologia

Em termos metodológicos, esta pesquisa se configura como uma revisão integrativa, que é considerada como a abordagem metodológica mais ampla em termos das revisões, pois, possibilita a realização de uma síntese do conhecimento já produzido sobre determinado tema (Souza, Silva & Carvalho, 2010; Gomes & Caminha, 2014). Segundo Souza, Silva e Carvalho (2010), a revisão integrativa permite combinar dados da literatura teórica e empírica, além de permitir a definição de conceitos, revisão de teorias e analise de problemas metodológicos. Sua realização pressupõe algumas etapas como: elaboração da pergunta norteadora; busca ou amostragem na literatura; coleta de dados; análise crítica dos estudos incluídos e discussão dos resultados (Souza et.al., 2010; Gomes & Caminha, 2014).

Desse modo, a partir dos nossos objetivos, definimos como critério de inclusão a seleção de artigos publicados em periódicos científicos, teses e dissertações que se propuseram a estudar a produção acadêmica da Educação Física sobre Educação Física na Educação Infantil. Assim, as plataformas de buscas elegidas foram: o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Selecionamos essas plataformas por considerar a ampla abrangência que apresentam para pesquisas com artigos, teses e dissertações.

A busca foi realizada nas referidas plataformas no período de janeiro a dezembro de 2019. Os descritores utilizados para consulta no sistema foram: educação física, educação infantil, produção do conhecimento e estudos de revisão. Em nossas buscas sempre situamos que os termos poderiam aparecer em qualquer parte dos estudos. Assim, após identificar os materiais, realizamos um mapeamento por meio da leitura dos títulos e resumos. Isso nos possibilitou incluir uma tese de doutorado que, mesmo não tendo como objetivo principal a referida análise da produção, dedicou um capítulo para elaboração de um estado da arte da produção da Educação Física sobre Educação Infantil.

Após essa etapa, procedemos com a leitura completa dos trabalhos selecionados, para confirmar sua inclusão ou descarte. Nessa fase foi possível excluir da amostra estudos de um mesmo autor que tenha passado por um processo de atualização, ou seja, ao analisar algumas produções e as relações que guardam entre si, observamos que elas podem ser entendidas como um tipo de continuidade e ampliação dos trabalhos anteriores. Como exemplo podemos citar o estudo de Mello, Votre, Santos e Rodrigues (2012), que analisa a produção em cinco periódicos da Educação Física no período de 1979 a 2010, encontrando 53 artigos, mas é atualizado pelo trabalho de Martins (2015) que amplia esse período de análise para dezembro de 2014 e para seis revistas científicas da Educação Física, encontrando aí o quantitativo de 74 publicações. Por fim, em 2018, Martins (2018) amplia ainda mais esse exercício de análise da produção, realizando por sua vez um estado da arte sobre a Educação Física na Educação Infantil, utilizando como fontes as teses e dissertações produzidas nos programas de Pós-Graduação em Educação Física do Brasil no período de 1979 a dezembro de 2016, os artigos publicados em sete revistas científicas da área, também no período de 1979 a dezembro de 2016, e os trabalhos acadêmicos veiculados nos Anais do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE), no período de 1997 a 2015. Portanto, por se tratar de estudos com características de continuidade no que se refere as análises empreendidas, optamos por dialogar com aquele que, em função do recorte temporal e da amostra selecionada, pode ser considerado o mais atual e completo.

Também nessa etapa excluímos um trabalho que apesar de realizar uma análise da produção cientifica da Educação Física sobre Educação Infantil, o faz a partir de uma temática muita específica, ou seja, realiza um estado do conhecimento sobre formação docente. Dessa forma, dos 13 trabalhos identificados, seguindo nosso critério de inclusão/exclusão, foram excluídos 05 e selecionados 08 trabalhos para compor nossa pesquisa.

No que diz respeito à análise, privilegiamos o caráter qualitativo e nos embasamos em Bardin (2011) para propor a elaboração de categorias que nos permitiram agrupar elementos comuns identificados nos estudos selecionados, tais como: as características dessas produções em termos temporais; os tipos de estudos e métodos utilizados; os resultados encontrados; e as principais conclusões/apontamentos. Nesse sentido, organizamos nosso diálogo com essas produções com intenção de compreender o esforço empreendido pelos autores e elaborar sínteses sobre a produção do campo que elas nos permitem fazer, para, em seguida, apresentar nossas análises a respeito dessas investigações.

3. Resultados e Discussões

3.1 A produção do conhecimento da Educação Física sobre Educação Infantil na ótica das pesquisas de revisão e estado da arte

A partir de nosso levantamento, identificamos 08 trabalhos que tem como tema a análise da produção acadêmico-científica sobre a Educação Física na Educação Infantil. Conforme podemos ver na Tabela 1, esses trabalhos correspondem a uma dissertação de mestrado, uma tese de doutorado e seis artigos publicados em periódicos da área da Educação Física.

Tabela 1 Estudos que analisaram a produção do conhecimento na área da Educação Física sobre Educação Infantil 

Fonte: Elaboração própria

Em termos temporais, destacamos que o exercício de analisar a produção acadêmico-científica da Educação Física sobre a Educação Infantil vem sendo desenvolvido desde o ano de 2002. Salvo a observância de um intervalo de oito anos com ausência dessas publicações, que corresponde ao período de 2007 a 2015, podemos afirmar, de modo geral, que o campo mantém uma periodicidade deste tipo de análise. Tal periodicidade pode ser compreendida a partir de dois pontos. O primeiro está relacionado com o recorte temporal utilizado por cada estudo. Se analisados em conjuntos, como mostra o gráfico ilustrado na Figura 1, podemos ver que de 1979 a 2018 não existem lacunas de análise da produção. Já o segundo está relacionado com o fato de que alguns trabalhos, como é o caso de Martins (2018) e Farias et al. (2019), analisaram produção a partir de um recorte temporal ampliado, que representa praticamente todo o período. Em outras palavras, queremos dizer que se tomarmos o ano de 1979 como ponto de partida para a análise da produção acadêmico-científica da Educação Física sobre Educação Infantil, a partir dos textos analisados é possível afirmar que de 1979 a 2018 diferentes aspectos da produção são estudados e analisados, tanto em trabalhos individuais, quanto na sobreposição dos diferentes estudos realizados.

Figura 1 Recorte temporal das análises empreendidas sobre a produção acadêmica da Educação Física na Educação Infantil 

Fonte: Elaboração própria

Antes de prosseguir, ressaltamos que o ano de 1979 é considerado para muitos autores que pesquisam a produção acadêmica da Educação Física uma referência, pois, marca o ano de defesa da primeira dissertação de mestrado de um curso de pós-graduação em Educação Física. Representando assim, processo de construção do campo acadêmico e o desenvolvimento da Educação Física como área de conhecimento. Já no que diz respeito as discussões sobre Educação Infantil e em alguns casos pré-escola, nos embasamos em Sayão (1999) para esclarecer que,

[...] apesar de inúmeros pedagogos, filósofos e educadores preocupados com a infância terem considerado a atividade física fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças, a transposição e consequente sistematização deste conhecimento para o interior do espaço educacional de zero a seis anos, como objeto da Educação Física, surge no século XX e a partir da década de setenta mais frequentemente quando [...] é concebida como ‘especialização’ (p. 226).

Nesse sentido, quando nos referimos a Educação Física na Educação Infantil, estamos nos referindo a ela como componente curricular, seja da pré-escola (anterior a LDB de 1996), ou da Educação Infantil. Portanto, estudos que investigam práticas de atividades físicas/ motoras com crianças fora desse contexto não são aqui contemplados para análise.

No que diz respeito aos aspectos metodológicos, os textos analisados se configuram como pesquisas bibliográficas que utilizam distintas estratégias de revisão da literatura. Nesse sentido, identificamos que: Picelli (2002), Silva e Pinheiro (2002), Oliveira (2005), Mezzari et al. (2007) e Moura et al. (2016) realizam uma revisão bibliográfica; Stein et al. (2015) empreendem uma revisão sistemática; Farias et al. (2019) operam com uma revisão integrativa; e, Martins (2018) desenvolve um estado da arte com indicadores bibliométricos. Essas pesquisas investigadas também se diferenciam em termos da realização de um estudo qualitativo, como é o caso dos trabalhos de Silva e Pinheiro (2002), Oliveira (2005), Mezzari et al. (2007) e Moura et al. (2016), e de um estudo quanti-qualitativo, como o realizado por Picelli (2002), Stein et al. (2015), Martins (2018) e Farias et al. (2019).

Outro aspecto metodológico que merece ser destacado é o fato dessas pesquisas analisarem a produção acadêmico-científica da Educação Física sobre Educação Infantil publicada em diferentes veículos de comunicação científica, como por exemplo, artigos, livros, teses, dissertações e anais de eventos. Nesse sentido, identificamos que os artigos foram considerados como fontes pelos trabalhos de Oliveira (2005), Mezzari et al. (2007), Stein et al. (2015), Moura et al. (2016) e Martins (2018); Teses e dissertação compuseram a amostra dos estudos de Picelli (2002), Silva e Pinheiro (2002), Mezzari et al. (2007), Martins (2018) e Farias et al. (2019); Livros foram analisados exclusivamente por Oliveira (2005); e, anais de evento compuseram a amostra de Martins (2018).

Considerando as análises empreendidas por esses trabalhos, entendemos que eles possuem contornos de estudos epistemológicos, pois, ao analisar a produção acadêmico-científica, eles se configuram uma pesquisa sobre a pesquisa. Assim, ao revisá-los, podemos afirmar que eles nos permitem conhecer alguns aspectos importantes da produção do conhecimento em Educação Física sobre Educação Infantil no Brasil, entre eles destacamos: a) a quantidade de teses e dissertações produzidas sobre a temática nos Programas de Pós-Graduação em Educação Física (Picelli, 2002; Silva & Pinheiro, 2002; Martins, 2008; Farias et al., 2019) ou a frequência com que o tema da Educação Infantil aparece nas publicações de periódicos e anais de eventos (Martins, 2018); b) as temáticas privilegiadas nas pesquisas sobre a Educação Infantil no campo da Educação Física (Picelli, 2002; Silva & Pinheiro, 2002; Oliveira, 2005; Stein et al., 2015; Moura et al., 2016; Martins, 2018; Farias et al., 2019); c) a distribuição temporal das pesquisas (Martins, 2018; Farias et al., 2019); d) os autores e universidades que mais publicam sobre a temática (Martins, 2018; Farias et al., 2019); e) no caso das teses e dissertações, suas distribuições entre mestrado e doutorado e os programas de pós-graduação nos quais são desenvolvidas (Picelli, 2002; Martins, 2018; Farias et al., 2019); f) os tipos de metodologias e técnicas de pesquisa utilizadas (Farias et al., 2019); g) as concepções de infância e de educação infantil presente no campo (Picelli, 2002; Oliveira, 2005; Mezzari et al., 2007); h) os referenciais teóricos mais utilizados pelo campo para pensar as interfaces da Educação Física com a Educação Infantil (Martins, 2018).

Dito isso, optamos por apresentar a seguir aqueles que consideramos os principais resultados encontrados nos textos analisados e que dialogam mais diretamente com nosso objetivo nessa pesquisa. Portanto, em relação a quantidade de publicações, com base em Picelli (2002) e Silva e Pinheiro (2002), podemos afirmar que de 1979 até os anos 2000, à produção sobre Educação Física na Educação Infantil correspondia apenas 3% do total de publicações dos programas de Mestrado e Doutorado em Educação Física no Brasil. A baixa incidência de estudos sobre a temática em questão, também é sinalizada nos trabalhos de Stein et al. (2015) e Moura et al. (2016). Por outro lado, apesar de não apontarem números relativos, os estudos de Martins (2018) e de Farias et al. (2019) sinalizam que a partir dos anos 2000 é possível observar um aumento considerável no volume de publicações a respeito da Educação Infantil no campo da Educação Física. Segundo Martins (2018), a partir desse período há uma consolidação dessa produção com a manutenção de uma média anual de 5,7 publicações. Na visão de Farias et al. (2019), esse aumento considerável nos estudos está relacionado com a publicação da LDB n.9.394 em 1996, e, particularmente em 2015 tem um pico de produção chegando a ser identificados 17 estudos publicados. Embora estes não sejam números absolutos de toda a produção, eles representam as fontes consultadas pelos autores em suas análises.

Já em relação às temáticas dos estudos que o campo da Educação Física vem desenvolvendo sobre a Educação Infantil, a tabela 2 demostra que os textos analisados identificaram a existência de uma grande variedade de interesses e assuntos abordados nas pesquisas. Nesse sentido, notamos que cada um a seu modo criou categorias para identificar aquelas que poderiam ser consideradas como as temáticas dominantes.

Tabela 2 Temáticas de estudos identificados na produção 

Entretanto, em nosso entendimento, a utilização de critérios distintos para tal categorização torna difícil afirmar qual seriam os temas e assuntos predominantes nas produções. Ou seja, cada trabalho, a partir de seus critérios, identifica temáticas que muitas vezes não correspondem as identificadas por outros autores. Diante disso, o que podemos afirmar é que prática pedagógica ou questões relacionadas a pedagogia, currículo e formação docente, são temas muito contemplados nas produções.

Por outro lado, destacamos que alguns desses critérios de categorização parecem indicar uma vinculação do tema de estudo com determinada área do conhecimento, perspectiva teórica ou tendência de pesquisa. Nesses termos, Picelli (2002), Silva e Pinheiro (2002) e Oliveira (2005) ao observarem os diferentes temas/assuntos abordados nas pesquisas, identificam que eles têm como principais influências as perspectivas teóricas pautadas na psicomotricidade/psicologia, desenvolvimento motor e ludicidade/recreação. Segundo Picelli (2002), apesar de temáticas variadas, o que prevalece até década de 1990 é o interesse da área em diagnosticar o desempenho e desenvolvimento motor das crianças e comparar currículos. Com resultado parecido, Farias et al. (2019) afirma que,

[...] os estudos que versam aspectos do desenvolvimento motor, aprendizagem motora, testes de aptidão física, nível de atividade física, análise psicomotora e validação de testes têm ocupado um número significativo de dissertações e teses (p 9-10).

Partindo dessa estreita relação que alguns trabalhos fazem entre temáticas de estudo e perspectivas teóricas, optamos por já apresentar na sequência uma síntese dos principais resultados encontrados no que diz respeito aos referenciais teóricos mais utilizados pelo campo para pensar as interfaces da Educação Física com a Educação Infantil. Entretanto, convém destacar que apenas o estado da arte realizado por Martins (2018) se propõe a mapear e quantificar tais referenciais. Outros estudos, como o de Picelli (2002), Silva e Pinheiro (2002) e Mezzari et al. (2007), o fazem de maneira indireta ao discutirem a relação entre perspectivas teóricas e sua articulação com temas e objetivos apresentados pela produção estudada. Já Oliveira (2005), ao analisar as concepções de infância presentes nas publicações, apresenta uma breve síntese de algumas perspectivas teóricas identificadas no campo.

Assim, os principais resultados encontrados pelas pesquisas analisadas indicam que, ao longo desses 39 anos de produção do conhecimento, o que predomina nas discussões sobre Educação Infantil no campo da Educação Física é a influência dos referenciais teóricos do campo da Psicologia e do Desenvolvimento/Comportamento motor (Martins, 2018), ou, em outros termos, perspectivas teóricas pautadas na psicomotricidade/psicologia, desenvolvimento motor e ludicidade/recreação (Picelli, 2002; Silva & Pinheiro, 2002; Oliveira, 2005). E em virtude dessas perspectivas teóricas, particularmente até os anos 2000, predominavam na área concepções biológicas e instrumentais do corpo infantil, assim como, concepções naturalistas e idealistas de criança/infância, e uma perspectiva de Educação Infantil que visava compensar supostas carências cognitivas e de desenvolvimento infantil, e, preparar a criança para as etapas de escolarização posteriores. No caso das concepções de Educação Física Infantil presentes no campo até esse período, os autores identificaram que o que predomina é uma visão fragmentária entre Educação Física, infância e Educação Infantil e uma articulação entre distintas abordagens como psicomotricidade, recreação e desenvolvimento motor.

As produções também evidenciam que a partir dos anos 2000 o diálogo com outros referenciais começa a ganhar força no campo da Educação Física Infantil, particularmente, o diálogo com a Sociologia da Infância. Com isso, observa-se na área uma ampliação de trabalhos que reconhecem a criança como sujeito de direitos, histórico e social, ou ainda, como produtora de cultura e protagonista de seus processos de socialização (Oliveira, 2005; Mezzari et al., 2007; Moura et al., 2016; Martins, 2018). Além disso, Farias et al. (2019) identificam um aumento de trabalhos que tomam como referência a perspectiva da Cultura Corporal de Movimento para pensar as discussões sobre Educação Física na Educação Infantil, assim como, um movimento de ampliação dessas discussões, tais como: o trabalho pedagógico inter e multidisciplinar; as atividades rítmicas e danças; as questões de gênero na infância; discussões sobre o se-movimentar e sobre emancipação, perspectiva cultural, multiculturalismo crítico e currículo transdisciplinar; discussões que envolveram as questões circenses; discussões que envolveram as questões da capoeira; discussões que envolveram o brincar; discussões que envolveram o jogo; discussões que envolveram as crianças com deficiência.

Como principais conclusões, os estudos analisados sinalizam o aumento significativo do interesse da área em pesquisar sobre Educação Física na Educação Infantil. Assim como indicam que apesar do predomínio da influência de referenciais teóricos advindos da Psicologia e do Desenvolvimento Motor numa perspectiva mais biológica, é possível notar, a partir dos anos 2000 uma ampliação de estudos que estabelecem diálogos tanto com outros referenciais ou perspectivas, como a Histórico-Social, a Teoria Crítica, a Sociologia da Infância, e as abordagens críticas elaboradas pelo próprio campo da Educação Física. Além disso, de maneira geral, os estudos investigados concluem que a falta de sistematização de um subsídio teórico que oriente propostas de intervenção da Educação Física com a Educação Infantil pode ser considerada como uma grande lacuna na produção (Moura et al., 2016; Oliveira, 2005). Pois, para os autores, os artigos analisados, embora reconheçam a dificuldade de atuar nesta etapa da Educação Básica, não indicam uma orientação ou proposta de intervenção. Na visão deles, a discussão tem ficado presa à reafirmação da importância da Educação Física no currículo da Educação Infantil.

Assim, de modo geral, os estudos que analisaram a produção acadêmica da Educação Física sobre Educação Infantil, também concluem que a construção de um subsidio teórico e propostas metodológicas coerentes com as novas perspectivas de Educação Infantil é urgente no campo. Como possibilidades, nas conclusões dos diferentes textos analisados, identificamos que alguns autores sinalizam que a articulação da Educação Física com a Educação Infantil deveria seguir no sentido de colaborar para a consolidação de um campo de conhecimento que se constitui articulado a outros campos do saber. Assim, pudemos notar que a pedagogia da infância, a perspectiva da cultura corporal de movimento, a perspectiva histórico-cultural e a sociologia da infância, são apontadas como perspectivas teóricas que poderiam possibilitar a referida construção de um subsídio teórico-metodológico da Educação Física na Educação Infantil.

Diante do exposto, destacamos que apesar das diferenças em termos temporais e das distintas estratégias metodológicas utilizadas, as pesquisas sobre a produção acadêmica têm sinalizado aspectos semelhantes e que se complementam a respeito das pesquisas sobre a Educação Física na Educação Infantil. O único trabalho que apresenta uma disparidade em relação as sínteses apresentadas é o estudo de Stein et al. (2015). Os resultados encontrados pelos autores vai na contramão do que os demais estudos sinalizam pois além identificar apenas 05 trabalhos sobre a Educação Física na Educação Infantil no período de 2004 a 2014, sinaliza a partir desses estudos que a vinculação da Educação Física com essa etapa da escolarização está associada ao aumento do nível de atividade física e melhora aspectos do desenvolvimento motor das crianças de 0 a 5 anos. A nosso ver, uma explicação possível está nos critérios de inclusão de artigos e da plataforma utilizada para pesquisa. Nesse sentido os próprios autores reconhecem que apesar de realizarem uma investigação sobre a Educação Física na Educação Infantil, tema que, em função do seu caráter, estaria vinculado a área pedagógica ou da Educação Física escolar, a base de dados escolhida para busca é voltada para publicações da área da saúde, sendo apenas a SCOPUS considerada uma base multidisciplinar.

Dito isso, reiteramos que nessa primeira parte do texto optamos por apresentar as principais sínteses que a análise dos estudos que investigam a produção acadêmica sobre Educação Física na Educação Infantil nos permitiu fazer. Mesmo considerando que outras sínteses podem ser elaboradas, ou, que outros dados possam ser destacados dessas análises, aqui adotamos como estratégia a apresentação dos resultados a partir das categorias de leitura criadas, para, na sequência, aprofundar as análises e levantar algumas reflexões que consideramos centrais no exercício de discutir a produção de conhecimento de determinada área do saber.

3.2 Educação Física na Educação Infantil, produção acadêmica e os estudos de revisão: algumas reflexões

A partir dos dados apresentados até o momento, não temos dúvida de que as pesquisas analisadas apresentam contribuições para os estudos da Educação Física na Educação Infantil, pois, dentre outras coisas, nos permitem estabelecer relações com produções anteriores, determinar a frequência dos estudos sobre a Educação Infantil no campo acadêmico da Educação Física, identificar temáticas recorrentes, identificar os objetivos mais contemplados nas pesquisas e, mapear os referenciais teóricos que embasam tal produção. De maneira geral, podemos afirmar também que essas pesquisas apresentam diversas maneiras de analisar e avaliar a produção do conhecimento sobre Educação Física na Educação Infantil, ao passo que cada uma enfatiza algum aspecto dessa produção em suas análises.

Nesse sentido, o exercício de analisar essas pesquisas tem nos possibilitado elaborar algumas sínteses importantes sobre a produção acadêmico-cientifica da Educação Física e suas interfaces com a Educação Infantil. Como exemplo, podemos citar o aumento considerável dessa produção nas últimas décadas, mas, principalmente, citar que elas nos apontam mudanças significativas no que diz respeito aos seus objetos e temáticas de estudo, bem como nos referenciais teóricos utilizados. Dito isso, importa destacar que, das sínteses apontadas anteriormente, interessa-nos retomar a discussão a respeito dos referenciais teóricos que tem orientado a produção acadêmico-científica da Educação Física sobre a Educação Infantil, sob o seguinte questionamento: além de mapear e quantificar os referenciais teóricos, é possível conhecer os discursos e/ou proposições que o campo da Educação Física tem elaborado para pensar a prática pedagógicas com a Educação Infantil? Em que medida o exercício de compreender as implicações epistemológicas e teórico-metodológicas do diálogo com esses referenciais identificados, e, suas relações com a intervenção pedagógica da Educação Física na Educação Infantil, têm sido realizadas pelos estudos que, em nosso campo, têm assumido a tarefa de realização de um estado de arte da área?

Elaborar essas questões significa demarcarmos que, apesar de reconhecermos a importância dessas pesquisas, nos parece fundamental compreender que tipo de diálogo o campo da Educação Física tem estabelecido com os referenciais teóricos identificados, ou, em que medida, esses diálogos expressam algumas proposições para pensar a prática pedagógica da Educação Física na Educação Infantil. Desde já, destacamos que analisar esse aspecto permitiu nosso entendimento de que essa tem sido uma das lacunas presentes no exercício de analisar a produção. Em outras palavras, queremos dizer que, de maneira geral, observamos nas pesquisas acessadas um exercício em mapear, identificar e quantificar elementos das publicações, contudo, poucos são os esforços de analisar os usos que o campo da Educação Física tem feito desses referenciais e como eles contribuem para o campo pensar sua relação com a Educação Infantil.

Antes de aprofundarmos em nossa interpretação, consideramos pertinente retomar os estudos que analisaram os referenciais teóricos utilizados nas produções sobre Educação Física na Educação Infantil. Ressaltamos que apenas a pesquisa de Martins (2018) anuncia mais diretamente o objetivo de identificar esses referenciais. Isso porque, nos demais estudos, tais como Silva e Pinheiro (2002), Oliveira (2005), Mezzari et al. (2007) e Moura et al. (2016), esse tema atravessa suas discussões de maneira indireta. Nesse contexto, portanto, ao identificar e quantificar os referenciais teóricos mais utilizados na produção que discute Educação Física na Educação Infantil, Martins (2018, p. 80/81) argumenta que estes não devem “[...] ser examinados de forma isolada, mas sim, pela conjunção deles em campos do conhecimento que os aglutinam sob uma mesma perspectiva teórica [...]”. Para tanto, o autor elabora um quadro no qual apresenta uma classificação dos 36 referenciais mais encontrados nas publicações analisadas por campos do conhecimento. Conforme podemos ver na Tabela 3 a seguir:

Tabela 3 Quadro de classificação de referenciais teóricos 

Fonte: Martins (2018, p. 81)

A partir desses dados, a discussão apresentada pelo autor, inicialmente, vai na direção de destacar a grande variedade de referenciais teóricos presentes nas produções. Porém, apesar de concordar com as ideias de Silva e Pinheiro (2002), de que é a partir do cruzamento de diversos campos do saber que a articulação da Educação Física com a Educação infantil se consolida, notamos que o autor opta por operar com uma classificação desses referenciais por campo de conhecimento, sem contudo apresentar ou discutir a articulação entre eles. A nosso ver, isso pode dificultar as possibilidades de compreensão sobre os diálogos e articulações que possam existir entre esses diferentes campos nas discussões.

Na sequência de suas análises, Martins (2018, p.84) também destaca e problematiza o fato das “[...] concepções biologicistas de Educação Física infantil e de criança sob forte influência de referenciais teóricos provenientes do campo da Psicologia e do Comportamento Motor [...]”, ainda serem influências massivas nessas produções. Indica também, os referenciais teóricos que vão na contramão desses campos, como Coletivo de autores, Sayão, Sarmento e De Certeau, principalmente, no que diz respeito a categoria infância e a proximidade com os documentos curriculares da Educação Infantil. E por fim, em sua análise, o autor articula essa discussão com os pressupostos dos atuais documentos norteadores da Educação Infantil, argumentando que, concepções de Educação Física infantil destoantes destes “[...] podem “depor contra” a presença/permanência nessa etapa de ensino” (Martins, 2018, p.85).

Todavia, ainda que consideremos os resultados encontrados por Martins (2018), julgamos ser possível uma análise diferente. Quer dizer, nossa compreensão é a de que, apesar de expressiva, a presença dessa concepção biologicista e desses campos na produção acadêmica da Educação Física sobre Educação Infantil pode não ser mais a predominante na área. Ilustra isso o próprio fato de que, se somados, em termos quantitativos, os demais campos de conhecimentos presentes nas publicações compõem a maioria. Ou seja, se observarmos a diversificação dos demais campos e, talvez considerarmos alguns pontos de convergências entre eles, veremos que, atualmente, a predominância de referenciais advindos das ciências naturais e biológicas está perdendo espaço na produção analisada. Além do mais, podemos também considerar que dentro do campo da própria psicologia é possível encontrar perspectivas teóricas como a histórico-social de Vygotsky que não necessariamente pode ser classificada como uma concepção biologicista. E, isso, pode trazer inúmeras mudanças nos discursos produzidos sobre o corpo, o movimento e a educação das crianças de 0 a 5 anos.

Nessa esteira, também destacamos nossas dúvidas quanto aos critérios usados para a classificação do referencial teórico nos campos do conhecimento. Os casos que mais nos chamam atenção são aqueles nos quais autores da Educação Física, como o Go Tani, Edison de Jesus Manoel e Francisco Rosa Neto, por exemplo, são classificados no campo do conhecimento do Comportamento Motor, enquanto outros, como é o caso do Elenor Kunz, permanecem classificados na própria Educação Física. Assim, se o critério foi considerar as teorias de base que orientam o pensamento e produção desses autores no campo da Educação Física, como por exemplo a de Go Tani com o campo do Comportamento motor, poderíamos questionar o porquê de Elenor Kunz não ser classificado na Filosofia, já que em suas proposições o autor estabelece diálogo com Meleau-Ponty, ou ainda João Batista Freire na psicologia. Nesse contexto de classificação, também interessa ressaltar nossas dúvidas quanto aos critérios utilizados para definição de Jogos/Brincadeiras e Documentos Orientadores como um campo de conhecimento.

Ressaltamos essa questão, pois, entendemos que o exercício de quantificar e classificar a partir da categoria “campo de conhecimento” muitas vezes é insuficiente para caracterizar as complexidades, nuanças e diversidade teórica presente na área. Nesse sentido, concordamos com Almeida, Bracht e Vaz (2012) quando afirmam ser necessário operar com cautela diante do exercício de classificações epistemológicas. Pois, apesar de sua importância para compreensão da configuração de determinado campo acadêmico e suas produções, elas, as classificações, podem, “[...] ao invés de qualificar o debate e fazê-lo avançar”, produzir “[...] mal-entendidos e avaliações frágeis das perspectivas que nelas são enquadradas” (Almeida et al., 2012, p. 242).

Em nosso entendimento, uma alternativa ao identificarmos a grande variedade de referenciais teóricos presentes nas produções acadêmicas da Educação Física sobre Educação Infantil seria considerar os possíveis diálogos existentes entre esses referenciais, ao invés de adotarmos o critério de classificá-las em determinados campos. Ou seja, embora haja uma variedade em referenciais teóricos, é importante compreender onde eles se encontram e se distanciam, quais tem se consolidado no campo, bem como, quais conceitos e mesmas perspectivas de ação estão sendo elaborados a partir deles.

Assim, parafraseamos Almeida et al. (2012, p.259) para afirmar que, uma alternativa aos reducionismos criticados no manuseio das classificações, seria a realização de estudos pontuais e cuidadosos tanto dos autores que fundamentam o debate da Educação Física na Educação Infantil, quanto das apropriações que a área vem fazendo de tais autores. Pois, entendemos que em muitos estudos da Educação Física na Educação Infantil também é possível identificar sobreposições ou diálogos entre referenciais teóricos distintos, ou que, em função da classificação, situam-se em campos de conhecimento distintos, mas, que mesmo assim, compõem determinados estudos. Como exemplo podemos citar o estudo de Gomes-da-Silva (2007), que, ao apontar alguns elementos propositivos para a prática pedagógica da Educação Física na Educação Infantil, o faz a partir do entrecruzamento da Teoria do Se-movimentar Humano de Kunz, com o conceito de “Pensamento” de Pierce, operando a partir do referencial da Semiótica, da Fenomenologia e, inclusive, de alguns pressupostos da Sociologia da Infância.

Outro exemplo que ilustra nosso argumento e que merece ser destacado diz respeito ao reconhecimento pela própria Sociologia da Infância da necessidade de um efetivo diálogo interdisciplinar para os estudos da infância e da criança. Em entrevista a Richter, Bassani e Vaz (2015), Sarmento argumenta,

De alguma maneira, a Sociologia da Infância, ao assinalar a construção histórica da infância e ao denunciar essa concessão biologicista e psicologizante, pode ter caído, em alguns momentos, no extremo contrário, que consiste em ignorar que a criança também é corpo, também é natureza – natureza culturalmente construída, mas também natureza (p.15).

Com essa afirmação, Sarmento indica que há na sociologia da infância hoje, o reconhecimento de que estabelecer relações a partir de dicotomias de pares opostos não é mais viável para os estudos da infância. Nesse contexto, o autor aponta como fundamental o estabelecimento de diálogos da Sociologia da Infância com algumas abordagens da Psicologia, nomeadamente a Psicologia Social e Histórica e também a Psicologia Cultural.

Com base no que vimos expondo, reiteramos que apesar de consideramos a fragilidade do exercício de classificações, reconhecemos a relevância da realização de algumas análises de diagnóstico mais geral do conhecimento produzido pela área. Contudo, particularmente no caso das análises que envolvem o referencial teórico utilizado, acreditamos que a ênfase dada a dimensão quantitativa e as classificações não dão conta de captar e demonstrar a centralidade que algumas perspectivas emergentes parecem assumir nas propostas e os caminhos alternativos que vêm se delineando no campo da Educação Física na Educação Infantil.

Os estudos sobre produção acadêmica da Educação Física na Educação Infantil têm indicado que, se em determinado período as perspectivas teóricas que exerciam maior influência na produção eram oriundas de uma matriz mais biológica, psicológica e desenvolvimentista, nos estudos mais atuais há uma sinalização da presença de uma matriz mais pedagógica, sociológica e filosófica (Oliveira, 2005; Mezzari et al., 2007; Martins, 2018). Por outro lado, nesses estudos de revisão, são escassas as análises que buscam operar com perspectivas mais interpretativas a respeito dos diálogos que são produzidos pelo campo da Educação Física com esses referenciais para pensar a prática pedagógica da Educação Física com a Educação Infantil. Quer dizer, temos observado que falta, nos estudos de revisão, análises mais qualitativas a respeito das teorias que o campo da Educação Física têm produzido como possibilidade de pensar e orientar a prática pedagógica com as crianças na Educação Infantil.

Na direção do que temos sinalizado, Richter et al. (2015) argumentam que, grosso modo, na trajetória da Educação Física na Educação Infantil é possível evidenciar três modelos que têm orientado sua prática. Segundo os autores, o primeiro se fundamenta nas perspectivas do desenvolvimento motor e da psicomotricidade. Assim, tem como ênfase uma intervenção pautada no desenvolvimento de habilidades básicas, eficiência dos gestos e correção de distúrbios no âmbito da dimensão motriz. Já o segundo modelo está baseado em concepções ligadas a recreação, ocupação produtiva do tempo e reprodução de jogos e brincadeiras presentes em manuais pedagógicos. Por fim, Richter et al. (2015) afirmam que diferentemente dos modelos anteriores, o terceiro modelo é caracterizado por pesquisas e projetos que em diálogo com a Sociologia da Infância, enfatizam os direitos das crianças, o respeito aos seus interesses e desejos, bem como sua autonomia e capacidade de decisão, abrangendo assim, as brincadeiras espontâneas das crianças e a diversão como elementos centrais.

Em nosso entendimento, a definição desses modelos a partir de concepções que orientam a prática da Educação Infantil apontados por Richter et al. (2015) contempla parte daquilo que esperávamos ter encontrado nos estudos que se propuseram a investigar a produção sobre Educação Física na Infantil. Inclusive, aquilo que os autores caracterizam como terceiro modelo pode ser considerado um exemplo do que denominamos anteriormente de perspectivas emergentes nos estudos sobre a Educação Física na Educação Infantil. Entretanto, a partir do que temos observado dessa produção, podemos afirmar que apesar da centralidade que a sociologia da infância vem adquirindo nos debates da Educação Física, seja por compor os estudos como perspectiva principal ou ainda aparecer em diálogo com outros referenciais como, De Certeau, Merleau-Ponty e Charles Pierce, outras perspectivas teóricas também têm fundamentado algumas proposições. Nesse sentido, tal qual sinalizamos a necessidade de uma revisão da classificação elaborada por Martins (2018), também ampliaríamos aos modelos indicados por Richter et al. (2015).

Antes, contudo, queremos ressaltar algumas peculiaridades inerentes a essas novas perspectivas teóricas que tem subsidiados as produções. Advindas de distintas matrizes, como sociológica, filosófica e pedagógica, muitas vezes, como já sinalizado, algumas são utilizadas a partir de um diálogo entre si, como o caso da Sociologia da infância com De Certeau, ou com Merleau-Ponty e Charles Pierce, outras, como possibilidade de estabelecer algumas críticas tanto as perspectivas tradicionais, como à própria sociologia da infância. E ainda, é possível notar autores do próprio campo da Educação Física que figuram como referências para pensar a Educação Física na Educação Infantil a partir do próprio conhecimento que a área já acumulou, como por exemplo as abordagens críticas, particularmente a partir dos conceitos de Cultura Corporal, Cultura Corporal de Movimento e a Teoria do Se-Movimentar. Portanto, são exatamente essas nuances presentes no processo de produção do conhecimento sobre a Educação Física na Educação Infantil que, a nosso ver necessitam ser mais compreendidas. Dentre essas perspectivas, temos observado que algumas, além de importantes debates, têm de fato fundamentando proposições para pensar a prática pedagógica da Educação Física com a Educação Infantil.

Feita essas observações acerca das peculiaridades do que chamamos de novas perspectivas teóricas, ao retomar a discussão sobre os modelos destacados por Richter et al. (2015), articulando-os com aquilo que depreendemos de nossas análises dos estudos de revisão/estado da arte, julgamos possível a afirmação de que os dois primeiros modelos (desenvolvimentista e recreação) se apresentariam como concepções que já foram muito discutidas pelo campo, inclusive, duramente criticadas. Particularmente, em função do seu distanciamento quanto aos pressupostos da Educação Infantil. Nesse sentido, ao buscar nos estudos algumas características da produção a partir daquilo que os novos referenciais podem representar em termos de contribuição para área é que investimos nossos esforços de pensar e analisar propostas que vem sendo empreendidas para prática pedagógica com as crianças de 0 a 5 anos, a partir daquilo que Richter et al. (2015) destacam como terceiro modelo. Todavia, consideramos que além da concepção da sociologia da infância, que é destacada pelo autores como esse terceiro modelo que orienta a prática, existem também proposições a partir das abordagens críticas da Educação Física, com uma subdivisão entre a perspectiva da Cultura Corporal e Cultura Corporal de Movimento e a perspectiva do Se-Movimentar.

No entanto, no que diz respeito a concepção das perspectivas críticas da Educação Física, consideramos que a Teoria do Se-Movimentar deve ser analisada com maior atenção em função de contar com o encaminhamento de algumas propostas para a Educação Física na Educação Infantil pelo próprio autor. Quer dizer, Kunz, além de publicações próprias, tem empreendido um importante exercício de teorização sobre a Educação Física na Educação Infantil em algumas pesquisas e estudos com seus orientados de mestrado e doutorado. Talvez, em função disso, a referida perspectiva possa dar maiores subsídios no que diz respeito à especificidade da Educação Física na Educação Infantil.

Dito isso, reiteramos que, apesar de não ser evidenciado nos estudos de revisão, o campo da Educação Física já tem produzido algumas teorias, ou proposições, para a prática pedagógica da Educação Física com a Educação Infantil a partir de um diálogo com diferentes perspectivas teóricas. Ilustra isso o exemplo que vimos descrevendo; portanto, acreditamos que pensar em análises que tenham como pano de fundo a indagação acerca das concepções de infância, de corpo e movimento das crianças de 0 a 5 anos, a definição do papel do professor, bem como o apontamento de um objeto de ensino, podem ser algumas das categorias importantes para compreender essas proposições para a Educação Física na Educação Infantil.

Antes de finalizar, ressaltamos que não desconsideramos os trabalhos que já foram empreendidos por Oliveira (2005) e Mezzari et al. (2007), quando situam as concepções de infância que emergem na produção e discutem as contribuições da Educação Física para a constituição da Educação Infantil, respectivamente. Contudo, por serem estudos datados, portanto, de um período específico da produção, obviamente, não dão conta de acompanhar as possíveis diversificações das perspectivas orientadoras que podem implicar em novas concepções. Além disso, destacamos as conclusões de Moura et al. (2016) de que o campo não tem produzido subsídios teóricos para fundamentar a Educação Física na Educação Infantil, ponderando que, mesmo discordando dessa afirmação, entendemos que alguns aspectos das produções podem não ficar evidentes em função dos recortes e amostras utilizados para as análises. Associado a isso presumimos que atualmente, em função da configuração do próprio campo acadêmico da Educação Física, mapear produções em veículos tão diversos tem se tornado um grande desafio, haja vista que muitos autores que publicam sobre Educação Física na Educação Infantil têm suas pesquisas realizadas em outros programas de pós-graduação, tais como o da Educação, bem como, publicam seus artigos em revistas de outras áreas, ou multidisciplinares.

Em relação as problematizações que fizemos, não se trata de já apontar e delinear de forma rígida quais os contornos das proposições a partir dessas concepções, pois, para isso seria necessário um estudo mais específico. Se trata sim, de apontar alguns dos aspectos que esperávamos encontrar nas investigações dos estudos de revisão, para a partir deles estreitar as análises. Portanto, o que indicamos aqui, pode ser considerado como apenas algumas das vertentes observadas nos movimentos da produção que temos tido contato nesses últimos anos. Diante disso, sinalizamos que esse é um estudo que não está finalizado e segue em continuação, no sentido de aprofundar as análises em torno das teorias vêm sendo construídas pelo campo da Educação Física no que diz respeito à educação da pequena infância e sua articulação com as bases teóricos epistemológicas identificadas nesse trabalho.

Considerações finais

Neste artigo propusemos uma reflexão sobre os estudos que investigaram as produções acadêmicas da Educação Física sobre Educação Infantil. Particularmente, com o objetivo de apreender de suas análises, quais são as bases teórico-epistemológicas que tem orientado a referida produção, e, a partir delas, os discursos produzidos pelo campo para pensar a prática pedagógica com as crianças de 0 a 5 anos. Assim, conforme vimos descrevendo, observamos que os diferentes estudos que analisamos têm nos possibilitado conhecer diversos aspectos da produção. Nesse texto demos destaque aos apontamentos de que atualmente tem crescido a influência de diferentes perspectivas teóricas na produção investigada. Além disso, se em determinado período as pesquisas eram desenvolvidas com um predomínio maior de uma matriz mais biológica, psicológica e desenvolvimentista, nos estudos mais atuais há uma sinalização da presença de uma matriz mais sociológica e filosófica, como referências para essas produções.

Embora importante, a ênfase dada pelos estudos de revisão e estado da arte aos aspectos quantitativos e descritivos da produção tem dificultado uma compreensão mais abrangente dos discursos que são produzidos sobre a Educação Física na Educação Infantil. Neste sentido, consideramos a necessidade da realização de investigações que, além de mapear os referenciais teóricos que fundamentam as pesquisas, se dediquem a análises mais interpretativas sobre o vem sendo produzido pelo campo em diálogo com tais referenciais. Particularmente, por entendemos que a Educação Física na Educação Infantil se constitui como uma área de intervenção pedagógica, é que ressaltamos a importância de estudos que busquem compreender o conhecimento e/ou teorias vem sendo produzido pela Educação Física para pensar e/ou orientar a prática pedagógica com as crianças.

Por fim, consideramos que os resultados aqui encontrados suscitam a continuação desse nosso estudo, no intuito aprofundar nossas análises em torno das teorias vêm sendo construídas pelo campo da Educação Física no que diz respeito à educação da pequena infância e sua articulação com as bases teóricos epistemológicas identificadas nesse trabalho. Como perspectiva vislumbramos a necessidade de que as formulações da Educação Física na Educação Infantil, construídas a partir da sociologia da infância, da fenomenologia ou da articulação entre ambas possam ser assumidas como objeto de análise.

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Recibido: 22 de Noviembre de 2020; Aprobado: 13 de Marzo de 2021; : 01 de Abril de 2021

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