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Educación Física y Ciencia

On-line version ISSN 2314-2561

Educ. fís. cienc. vol.24 no.3 Ensenada Aug. 2022

http://dx.doi.org/https://doi.org/10.24215/23142561e232 

Artículos

Motivação para a permanência na práctica do slackline: Uma análise dos atletas de trickline

Motivación para la permanencia en la práctica de Slackline: un análisis de atletas de trickline

Motivations to continue practicing Slackline: an analysis of trickline athletes

1Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil

2Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, Brasil

3Centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil

4Centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil

Resumo

A fascinação das pessoas pela arte do funambulismo ultrapassou gerações e adquiriu novos significados ao longo dos tempos. Na contemporaneidade, fitas de nylon dispostas nas mais variadas alturas caracterizaram a emergência do slackline, um esporte que adquiriu nas últimas décadas um número pronunciado de adeptos. Apesar dessa maior popularidade, compete ressaltar que ao consultarmos algumas das principais bases de dados (Scielo, Web of Science, Scopus, SPORTDiscus e Science Direct), observamos escassa produção acadêmica no que concerne à esse esporte, o que corrobora a necessidade de estudos que contemplem os protagonistas dessa prática, bem como suas características enquanto atividade física orientada para a competição. Assim, o objetivo desse estudo foi apresentar e discutir a motivação para a permanência na prática de slackline em sua vertente esportiva, mais especificamente, na categoria trickline. Para a obtenção dos dados, entrevistamos 14 atletas do sexo masculino por meio de entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados segundo a prerrogativa da Análise de Conteúdo de Bardin (2011). Os resultados do estudo apontaram a presença de fatores intrínsecos e extrínsecos de motivação para a permanência na prática do slackline. Torna-se essencial distinguir esses fatores com o intuito de atender as necessidades e anseios dos esportistas com o fim de favorecer a permanência duradoura na prática esportiva.

Palavras-chave Slackline; Esporte; Motivação

Abstract

People’s fascination with the art of funambulism has traversed generations and acquired new meanings over time. In contemporary times, the use of nylon straps arranged at varied heights marked the emergence of slackline, a sport that has attracted a large number of followers in recent decades. Despite this great popularity, it should be noted that, when some of the main research databases (Scielo, Web of Science, Scopus, SPORTDiscus and Science Direct) were consulted, little academic research was seen to have been conducted on the field, which shows the need for studies that address the practitioners of the sport, as well as its characteristics as a competitive physical activity. Thus, the aim of this study was to present and discuss the motivations to persist in slackline practice, more specifically, in the discipline of trickline. To obtain data, 14 male athletes were surveyed through semi-structured interviews. The data were analyzed according to the prerogative of Bardin’s (2011) Content Analysis . The results showed the presence of intrinsic and extrinsic motivational factors to continue slackline practice. It is therefore essential to distinguish these factors in order to meet the needs and desires of athletes to promote permanence in the sport over time.

Keywords Slackline; Sport; Motivation

Resumen

La fascinación de la gente por el arte del funambulismo ha atravesado generaciones y adquirido nuevos significados con el tiempo. En la contemporaneidad, las cintas de nailon dispuestas en diferentes alturas caracterizaron el surgimiento del slackline, deporte que ha adquirido un gran número de aficionados en las últimas décadas. A pesar de esa gran popularidad, cabe señalar que cuando consultamos algunas de las principales bases de datos (Scielo, Web of Science, Scopus, SPORTDiscus y Science Direct), observamos la escasa producción académica relacionada con este deporte. Esto corrobora la necesidad de estudios que contemplen también a los protagonistas de esta práctica y también sus características como actividad física orientada a la competición. De este modo, el objetivo de este estudio fue presentar y discutir la motivación para la permanencia en la práctica del slackline en su variante deportiva, específicamente en la categoría de trickline. Para obtener datos, encuestamos a 14 atletas masculinos a través de entrevistas semiestructuradas. Los datos se analizaron de acuerdo con la prerrogativa del Análisis de Contenido de Bardin (2011). Los resultados del estudio mostraron la presencia de factores intrínsecos y extrínsecos de motivación para continuar con la práctica de slackline. Es fundamental distinguir estos factores con el fin de satisfacer las necesidades y deseos de los deportistas para favorecer la permanencia en el deporte a lo largo del tiempo.

Palabras clave Slackline; Deporte; Motivación

Introdução

O ato de caminhar e equilibrar-se sobre cordas remonta ao período de nossos ancestrais. Estes utilizavam esse recurso para atravessar terrenos íngremes ou separados por rios em pontes feitas de cordas que requisitavam competências físicas e psicológicas (Qifeng e Xining, 2003). Com o passar do tempo, acrobacias e equilíbrios evoluíram a partir desse ato acrobático utilitário, sendo inseridos no âmbito do espetáculo.

Qifeng e Xining(2003), ao analisarem o contexto histórico do oriente, destacam que no período da dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.) o equilíbrio sobre cordas era uma forma de entretenimento popular na sociedade chinesa. As evidências disso estão gravadas em tumbas que datam desse período nas províncias de Shandong e Henan. E, no transcorrer do tempo, outros materiais passaram a ser utilizados nas apresentações, o que contribuiu com o desenvolvimento dessa arte (Qifeng e Xining, 2003).

No ocidente, Soles (2008) cita que, desde tempos antigos, há relatos de funâmbulos que se equilibravam sobre cordas e atraiam multidões para admirar a audácia e os desafios intrínsecos a essa prática. De tal modo, assim como observamos na China, verificamos que se trata de uma atividade presente em distintos períodos históricos da civilização humana e que continua presente nos dias de hoje em apresentações circenses.

Além do universo do espetáculo, notamos que essa prática continua viva no âmbito das atividades de lazer. Em meados do século XX, mais especificamente nos Estados Unidos, Ashburn (2013) expõe que um cabo de aço sobre o desfiladeiro de Eldorado, local frequentado por escaladores, adquiriu notoriedade e pode ter contribuído com a emergência do slackline. O autor cita que o slackline surgiu inserido nessa cultura de escaladores que frequentavam o Vale Yosemite, no início dos anos 1960, na Califórnia. Compreendemos que a partir de desafios criados para melhorar a capacidade física e o equilíbrio, assim como passar o tempo entre o período de descanso e as escaladas, houve a emergência do slackline como prática de lazer e que se consolidou no meio desse público.

Posteriormente, na década de 1980, os escaladores Adam Grosowsky e Jeff Ellington implementaram o uso de materiais de escalada nessa prática corporal ao utilizarem uma fita de nylon no lugar de correntes ou cabos de aço. E, também, desenvolveram um método de auto-travamento para esticar a fita, o qual ficou conhecido como Sistema Primitiv que é utilizado até os dias de hoje.

Com o tempo, o slackline ultrapassou as fronteiras dessa microcultura de escaladores e adquiriu espaço como atividade física de lazer em parques e praias. Anlauff, Cooperstock e Fung (2013) alegam que o slackline adquiriu grande popularidade nas últimas décadas. E, se antes era apenas popular entre escaladores, no atual momento, alcançou o público em geral (Vallery e Neumann, 2014).

Com o desenvolvimento de sua prática e a conformação de diferentes formas de ser praticado, observamos o advento de competições de slackline. No ano de 2009, mais precisamente, na Internationale Fachmesse für Sportartikel und Sportmode (ISPO), uma das maiores feiras de esportes do mundo, notamos a primeira competição internacional de slackline. Segundo a Gibbon Slacklines Brasil (2020) e Ashburn (2013), a disputa foi na categoria do trickline com a participação de atletas renomados, como: Andy Lewis, Alpha Mike e Momo Wiesse.

Concordamos com Vallery e Neumann (2014) que o slackline é um esporte jovem que, segundo Kroiss (2007), pode ser caracterizado pelo seu equilíbrio dinâmico. A primeira vista, assemelha-se com um número circense de corda bamba. No entanto, as características do material utilizado o distinguem da prática dos funâmbulos. Leon (2014) destaca que os atletas de slackline não utilizam nenhum recurso que possa auxiliar na manutenção do equilíbrio. E a maneira como a fita é afixada, bem como a sua tensão, possibilita a realização de acrobacias e equilíbrios que impressionam o público, pois oferece mais possibilidades e dinamismo do que o cabo de aço utilizado convencionalmente.

A popularidade do slackline, mais especificamente a modalidade trickline, cresce cada vez mais no Brasil e no mundo. Ashburn (2013) explica que o trickline se distingue das demais categorias de slackline devido às suas características dinâmicas e estáticas, no qual o maior atrativo são os movimentos acrobáticos aéreos. Podemos observar a prática desse esporte, principalmente, em meio à natureza, como: praias e parques. Com o crescente número de adeptos podemos perguntar: o que orienta e coordena a direção e a intensidade de esforço dos indivíduos que se mantêm na prática do slackline? A partir desse questionamento, o objetivo deste estudo foi apresentar e discutir a motivação para a permanência na prática de slackline em sua vertente esportiva na categoria trickline.

Como aporte teórico, recorremos à teoria da autodeterminação de Deci e Ryan (1985). Sabemos que os aspectos motivacionais para permanecer na prática de esportes podem ter relação com a diversão, o desejo de aprender novas habilidades, a vivência, a superação de desafios e o relacionamento social (Weiss e Petlichkoff, 1989). E, Ryan e Deci (2017) afirmam que, etimologicamente, a motivação está relacionada ao que move um indivíduo à ação. Assim, podemos compreender a motivação como a direção e a intensidade de nossos esforços em realizar uma determinada atividade. Essa concepção, que também foi compartilhada por Sage (1977), nos auxilia a entender a motivação, mas é essencial apreender o que consiste esses dois elementos que constituem a motivação: intensidade e direção.

Weinberg e Gould (2017) explicam que a direção de um esforço se refere “ao fato de que um indivíduo procura, aborda ou é atraído por certas situações” (p. 47). Enquanto a intensidade do esforço está vinculada “a quanto esforço a pessoa dispende em uma dada ação” (p. 48). Nesse sentido, esses dois componentes que conformam a motivação são influenciados, em uma perspectiva fenomenológica, por características pessoais e situacionais (Weinberg e Gould, 2017). De tal forma, é preponderante que se busque compreender e interpretar o indivíduo em si, mas também o ambiente que incide sobre o mesmo.

Por isso, tendo em vista essa complexidade, a motivação tem sido classificada de formas distintas, o que inclui desde necessidades de origem fisiológica, perpassando por fatores psicológicos, até elementos que são influenciados pela vida em sociedade (De Marco e Junqueira, 1995). E, na teoria da autodeterminação observamos que a motivação pode ser classificada de acordo com a sua origem: intrínseca e extrínseca (Ryan e Deci, 2000). Ryan e Deci (2017) alertam que, baseados em estudos recentes, também podemos observar a presença da amotivação.

A partir dessa conjuntura, ponderamos que conhecer e discutir os aspectos motivacionais dos atletas de slackline pode nos auxiliar a compreender um pouco mais dessa prática corporal contemporânea e os seus protagonistas: os atletas. Destacamos que se trata de uma modalidade esportiva pouco abordada na literatura. E, ao consultarmos algumas das principais bases de dados (Scielo, Web of Science, Scopus, SPORTDiscus e Science Direct), advertimos que são escassos os artigos que versem sobre a modalidade e, principalmente, sobre quem são os seus praticantes e as suas motivações para permanecer na prática dessa modalidade esportiva.

Procedimientos Metodológicos

Como procedimentos metodológicos, optamos por um estudo descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa, uma vez que possibilita uma aproximação com o cotidiano e as experiências vividas pelos próprios sujeitos (Minayo, 1993), aspecto necessário para o desenvolvimento deste estudo.

A obtenção dos dados ocorreu por meio da abordagem da entrevista semiestruturada que consiste em uma das principais técnicas de obtenção de dados na pesquisa qualitativa. Triviños (1987) opina que essa abordagem de entrevista valoriza a presença do investigador e oferece aos sujeitos perspectivas para que eles alcancem a liberdade e a espontaneidade necessárias, o que torna o processo de investigação enriquecedor. Enfatizamos que as perguntas, previamente formuladas, serviram como um roteiro de apoio ao pesquisador e que novos questionamentos foram formulados ao longo da entrevista.

Para a seleção dos indivíduos do estudo, investigamos os atletas participantes do 1º Open Slackline Qualify Tour realizado na cidade de Vitória, na praia da Curva da Jurema, no Espírito Santo. O evento foi realizado em 2016, mas continua a ser o mais importante e significativo no território espírito-santense, pois reuniu atletas, amadores e profissionais, capixabas e dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ressaltamos que os competidores desse evento permaneciam em atividade no momento da realização do estudo com destaque para atletas de renome nacional e internacional, como: Robson de Souza Júnior que foi tetracampeão brasileiro da modalidade (Rodrigues, 2020); e Alisson Ferreira que foi campeão brasileiro, sul-americano e mundial (Araújo, 2018).

Nesse contexto, o universo da pesquisa foi constituído pelos participantes do sexo masculino pertencentes à categoria profissional, com um total de quinze atletas. Por motivo de falecimento, o N final da pesquisa foi reduzido para quatorze. A média de idade dos participantes era de 23,57 anos e o tempo médio de prática dos atletas era de 4,86 anos (Figura 1). A fim de preservar a identidade dos colaboradores da pesquisa, utilizaremos a sigla S de Slacker, nome pelo qual são conhecidos os praticantes desse esporte, seguida por um número (exemplo, S1) para efeito de organização

Figura 1 Idade e tempo de prática dos atletas. 

Fonte: autoria própria.

Para a análise dos dados coletados nas entrevistas, utilizamos a Análise de Conteúdo, conforme estabelece Bardin (2011), como técnica de organização, redução e análise. Cabe recordar que a Análise de Conteúdo é entendida “como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (Bardin, 2011, p. 44). De acordo com a autora, os dados são codificados, classificados e categorizados tornando-se possível uma análise sobre as mensagens que emergem do conteúdo e que se referem aos pontos de interesse para a pesquisa.

Dentre as várias possibilidades de categorização, objetivamos uma análise temática que “consiste em descobrir núcleos de sentido que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido” (Bardin, 2011, p. 135). Esse procedimento permitiu a construção de quadros de resultados com o fim de condensar e revelar as informações fornecidas pela análise, o que facilita a inferência e a interpretação dos resultados de acordo com os objetivos estabelecidos (Bardin, 2011).

A organização dos dados, para atender as prerrogativas do método desenvolvido por Bardin, foi dividida em três etapas: pré-análise, descrição analítica e interpretação inferencial (Triviños, 1987). Por fim, informamos que a pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) recebendo parecer favorável para a sua realização (CAAE: 56027716.4.0000.5542).

Resultados

Os depoimentos dos praticantes de slackline revelaram fatores de origem intrínseca e extrínseca que incidem na motivação para a permanência na prática esportiva, conforme observamos no Quadro 1.

Quadro 1 Motivação para a permanência na prática do slackline. 

Fonte: elaborado pelos autores.

Com base na categoria e nas respectivas subcategorias, elencamos as Unidades de Registro a partir de temas norteadores. Ressaltamos que não focamos a análise no aspecto quantitativo dos fatores elencados pelos indivíduos do estudo, mas no conteúdo das mensagens. Compete mencionar que alguns slackers mencionaram mais de uma Unidade de Registro que os motivou a permanecer na prática esportiva.

Na sequência do texto, optamos por discutir os dados em suas respectivas subcategorias: motivação intrínseca e motivação extrínseca. Advertimos que, devido ao volume de respostas, elegemos algumas Unidades de Contexto que melhor as representam e que exemplificam os fatores motivacionais.

Motivação Intrínseca

Na literatura, Deci e Ryan (1985, 2000) definem a motivação intrínseca como uma propensão inata de cada indivíduo, a qual está relacionada ao interesse autônomo em realizar determinada tarefa. A partir de Weinberg e Gould (2017), podemos complementar esse conceito ao refletirmos que pessoas intrinsecamente motivadas se esforçam internamente para serem competentes e autodeterminadas, com o objetivo de dominar a tarefa proposta.

Nesse sentido, Weinberg e Gould (2017) explicam que se trata de indivíduos que participam no esporte por amor ou jogam por orgulho. Também querem aprender o máximo de habilidades possíveis, gostam da competição, da ação e da ativação, e mantém foco no divertimento. Na continuação do texto, apresentaremos as Unidades de Contexto relacionadas à motivação intrínseca.

Iniciamos a apresentação e a discussão dos resultados com a Unidade de Registro “Desejo de Ser Campeão”. Sabemos que a motivação para a permanência na prática de uma determinada modalidade esportiva é influenciada por uma gama de fatores variados e o desejo de subir ao lugar mais alto do pódio é um deles. Ao analisarmos os discursos dos atletas de slackline, observamos que essa Unidade foi citada por S9 que relatou “(...) a ambição de conseguir ir longe na modalidade... de ser um campeão”.

Perez e Rubio (2013, p.12) citam que “a dinâmica da motivação interna está voltada para a superação dos limites individuais e na busca de resultados desejados, associado a uma intensa satisfação na realização dessas metas”. Isso explica o anseio de S9 em lograr o êxito competitivo e de percorrer uma trajetória esportiva de sucesso no alto rendimento. Em complementação, Weinberg e Gould (2017) explicam que a motivação intrínseca é multidimensional e, no caso de S9, podemos refletir que o atleta é motivado pela busca do prazer e da satisfação de se tornar campeão ao superar os seus limites e os adversários e, também, pelo estímulo de experimentar a alegria de subir no lugar mais alto do pódio.

A sensação de prazer que emerge na realização de movimentos pode ser um dos fatores para a permanência na prática esportiva (Chelladurai, 2014). Cumming (2012) cita que atletas intrinsecamente motivados podem buscar o prazer e a satisfação no esporte, aspectos que estão vinculados ao processo de aprendizagem, exploração e entendimento de uma determinada modalidade.

O “Prazer pela Prática” foi elencado por slacker S13 ao ser questionado sobre sua motivação para permanecer na prática do slackline. O atleta afirmou que: “(...) quando eu estou na fita, eu sou eu de verdade! (...) eu me conecto muito com o mundo quando eu tô na fita, porque aí eu posso tudo”. Essa fala de S13 remete ao estado de flow que consiste em uma relação positiva que caracteriza o envolvimento pleno do atleta com a atividade que ele desempenha, dando-lhe uma sensação de prazer, de satisfação pessoal única e de grande significado (Massarella, 2008). Csikszentmihalyi (1992) apresenta que o estado de flow ocorre quando as informações que chegam à consciência estão em concordância com as metas almejadas. Segundo Kobal (1996), emoções como prazer e interesse acompanham a motivação intrínseca, portanto o sentimento de flow pode significar uma das mais puras instâncias da mesma.

O “Gosto de Competir” também emergiu como Unidade de Registro durante a análise dos dados. Gallucci (2013) pondera que o efeito da competição na motivação está relacionado à escolha do esportista, pois, se ele for obrigado a competir, a motivação pode diminuir. Por outro lado, autores como Vallerand e Rousseau (2001) destacam que se a opção por enveredar no universo competitivo for de livre espontânea vontade e se houver bom desempenho, a motivação intrínseca pode melhorar.

Sabemos que o prazer está, muitas vezes, relacionado à motivação intrínseca (Kalat, 2015). E, para o sujeito S9, o sentimento que surge em um evento competitivo, o prazer de competir, o motiva a continuar na prática do trickline: “(...) continuar sendo um atleta profissional, com alto nível, porque me dá prazer de competir”.

A afirmação de Weinberg (2009) nos ajuda a compreender a fala supracitada, pois o autor cita que pessoas intrinsecamente motivadas tendem a gostar de competições e apreciam a ação e a excitação do fenômeno esportivo.

O “Desenvolvimento no esporte” também emergiu nas Unidade de Registro da categoria Motivação Intrínseca. Weinberg (2009), ao analisar a motivação na prática esportiva, cita que o anseio de aprender habilidades esportivas até alcançar o melhor desempenho possível, é uma das características de indivíduos intrinsecamente motivados.

O indivíduo S7, ao ponderar sobre a sua motivação para se manter na prática, afirma que: “(...) aquele incentivo, a evolução do esporte, acaba que influencia assim mesmo na motivação”. Na mesma direção, S10 cita em seu discurso que: “Você quer melhorar aquilo [as manobras]. Então, é uma busca totalmente sua. E isso me preenche demais... esse sentimento”. Por fim, S11 expõe que: “(...) cada campeonato que você participa, cada encontro ou cada treino que você pratica e que você evolui, você sente uma motivação a mais”.

Segundo Cumming (2012), o prazer e a satisfação que estão relacionados ao processo de aprendizagem motivam os indivíduos a permanecer no esporte. E, de acordo com Vallerand (2007), o engajamento no esporte satisfaz necessidades que estão relacionadas à aprender, à explorar e ao desenvolvimento pessoal.

A última Unidade de Registro relativa à motivação intrínseca versa sobre a “Satisfação em contribuir com a modalidade”. Os ídolos, também denominados de modelos esportivos, podem se constituir em um fator que incide na motivação para a iniciação e a permanência no esporte. Rychtecký (2013), ao estudar a influência de atletas olímpicos, cita que há associação entre a motivação de jovens e os esportistas de renome. O autor destaca que, em algumas situações, essa influência extrínseca possui melhor aceitação quando comparada aos pais e amigos.

O slacker S14 considera que, por meio da sua prática e participação em eventos, pode auxiliar na promoção do slackline, aspecto que traz motivação e satisfação para o indivíduo do estudo: “(...) é um esporte que nem todo mundo conhece. Então, fazer essa divulgação do esporte pra mim já é o mais gratificante de todos. E é o que me leva a continuar a praticar” (S14).

Costa, Oliveira, Carbinatto e Nunomura (2017) apontam que a exposição de determinadas modalidades na mídia e a criação de um imaginário social sobre os atletas como “heróis” influenciam na motivação e na escolha do esporte. Nessa direção, ponderamos que a fita, o desafio, o risco e a beleza dos movimentos do trickline tem potencial de incidir na motivação, principalmente, com a disseminação dos campeonatos dessa modalidade. Assim, torna-se compreensível essa busca de S14 em promover o esporte e sentir prazer em contribuir com a disseminação e a popularização dessa prática esportiva.

Motivação Extrínseca

A motivação extrínseca pode ser caracterizada quando o motivo que impulsiona o indivíduo à determinada ação está relacionado ao reconhecimento, às recompensas e/ou às influências de origem externas (Ryan e Deci, 2000).

Cumming (2012) acrescenta que na motivação extrínseca o indivíduo se mantém na atividade por razões que não são inerentes a ela própria. O autor expõe que “o indivíduo que é extrinsecamente motivado percebe a participação na atividade como um meio para determinado fim” (p. 831).

Nessa categoria de motivação, o atleta é encorajado, aprende e se dedica da melhor forma com o objetivo de lograr determinada recompensa ou feedback externo (Weinberg e Gould, 2017), que pode se materializar em medalhas, dinheiro, reconhecimento, não receber uma bronca, entre outros. Na sequência, abordaremos as Unidades de Registro e as Unidades de Contexto relacionadas à motivação extrínseca.

A apreciação e o apoio da família são aspectos relacionados à permanência na prática esportiva, Wylleman, De Knop, Verdet e Cecic-Erpic (2007) ressaltam que para muitos atletas o apoio familiar foi essencial para o êxito no esporte de alto rendimento. Os slackers S1 e S4 aludem à Unidade “Influência da família” para a sua permanência no esporte: “(...) eu falava que eu tenho que ser bom nisso pra ser melhor para ela (filha)” (S1); “(...), mas minha família também me ajudou muito [a permanecer]” (S4).

Robbins e Madrigal (2016) expõem que alguns atletas se mantêm no esporte para satisfazer a família, uma fonte de motivação externa, aspecto observado na fala supracitada de S1. Para esse sujeito, a aprovação da família, no caso da filha, é percebida como fator motivacional para seguir no esporte (Weiss e Amorose, 2008).

Por conseguinte, S4 fez emergir a importância do apoio dos pais para a continuidade da prática esportiva. Sabemos que o comportamento dos pais, ao apoiar jovens atletas, contempla o suporte financeiro, transporte para treinos e competições, presença durante os eventos competitivos e treinos, e amparo emocional (Wylleman et al., 2007). Esse apoio parental não se restringe aos jovens, Chu e Zhang (2019) e Keegan, Spray, Harwood e Lavallee (2014) sintetizam que o papel dos pais muda ao longo da carreira dos filhos na direção de diminuir a importância no apoio instrumental e social, quando os filhos são crianças e jovens, para um apoio financeiro e emocional em adultos.

Dentre os fatores que incidem na permanência na prática esportiva, observamos que os aspectos sociais são determinantes para a motivação extrínseca. A Unidade “Influência dos pares” apresentou maior incidência de respostas entre os sujeitos do estudo: “A galera me motiva até hoje! Essa vibe do esporte, o que rola além da fita me cativou bastante” (S1); “(...) convívio com a galera” (S2); “(...) compartilhar histórias” (S3); “Todo mundo sabe que é mais gostoso fazer slackline com todo mundo junto” (S5); “(...) nossa... boas lembranças... só trip doida, coisa boa, amizade!” (S6); “(...) slackline se transformou numa coisa que eu não via em outro esporte: o amigo, a família, o esporte mesmo de estar com as pessoas” (S9).

É perceptível na fala dos sujeitos que, a possibilidade de interagir com o grupo de amigos, é considerada uma razão importante para a permanência na prática do trickline, aspecto que encontra respaldo na literatura (Douge, 1999). Collins, Bailey, Ford, Macnamara, Toms e Pearce (2012) também mencionam que as pessoas permanecem na prática esportiva motivadas pelo sentimento de bem estar pessoal que, muitas vezes, está relacionado ao aspecto de melhora na vida social (fazer e manter amigos) e o aprimoramento da identidade social (sentir-se parte de um grupo).

Recompensas externas, como: troféus, reconhecimento, elogios e dinheiro, são exemplos de fatores externos aos indivíduos que influenciam a motivação extrínseca (Kornspan, 2009). O retorno financeiro foi elencado por um dos colaboradores do estudo, na Unidade “Recompensas”, como fator motivacional para a permanência na prática do slackline: “(...) comecei, também, a trabalhar com slackline e isso começou a me render lucro, retorno em dinheiro, em patrocínio” (S2).

O indivíduo S2 alude que além de receber aporte financeiro como atleta, logrou a possibilidade de trabalhar e receber um salário com o slackline ao ministrar aulas pela secretaria de esportes de seu município, o que motivou a sua permanência na prática esportiva.

O “Contato com a natureza” foi outra Unidade de Registro que emergiu durante a realização das entrevistas. Collyer (2014) discute que a prática do slackline adquiriu apreço do público, a partir de 2010, nas praias cariocas e, posteriormente, se disseminou por todo o Brasil. Desde então, ao percorrermos praias e parques, podemos acompanhar pessoas praticando o slackline, ao ar livre, e convidando novos adeptos.

O slacker S3 cita “(...) o contato com a natureza” como um dos aspectos de motivação para a continuidade dessa prática esportiva. Thomann (2012) destaca que o slackline se tornou tendência no meio dos esportes outdoor e, de acordo com o autor, o charme dessa prática esportiva está na possibilidade de adaptar a ancoragem em diferentes estruturas em espaços informais, não institucionalizados, em contato direto com a natureza.

As atividades em espaços abertos possuem benefícios físicos, psicológicos e sociais (Neuman, 2012), o que contribui para a qualidade de vida e a saúde dos indivíduos. Em um mundo cada vez mais urbanizado, o autor pondera que atividades ao ar livre, em ambiente natural, oferecem oportunidades de bem-estar de forma efetiva. Esse potencial nos auxilia a compreender o discurso de S3.

A relação entre esporte e turismo exibe convergências significativas e favoreceu o surgimento da Unidade “Oportunidade de Viajar”. O “esporte é uma atividade importante dentro do turismo e viajar está fundamentalmente associado com muitos tipos de esporte” (Hinch e Higham, 2011, p. 20). Atletas, membros da comissão técnica, árbitros, família, amigos, fãs, entre outros, estão inseridos nessa convergência. E, apesar da demanda e das atribuições inerentes à competição, a experiência da viagem para competir exerce papel significativo de seus envolvidos.

No estudo, os slackers S3, S5, S6 e S9 destacam a motivação para viajar como incentivo para permanecer na prática esportiva: “(...) poder viajar, uma das coisas que o esporte te proporciona” (S3); “(...) e o melhor de tudo é poder viajar” (S5); “(...) conhecer lugares diferentes, pô muita coisa” (S6); “(...) conhecer cidades, tantos lugares que já conheci através do slackline (...)” (S9).

É perceptível na fala dos indivíduos entrevistados que a oportunidade de conhecer lugares diferentes, por meio do esporte, exerce influência para o seu engajamento esportivo. Higham e Hinch (2009) destacam que o ato de viajar para os atletas envolve períodos de aclimatação, treinamento, competição e, muitas vezes, envolve lazer e visita a lugares turísticos com o intuito de diminuir a pressão competitiva.

Por fim, aludimos a Unidade de Registro “Reconhecimento Social”. O ato de receber elogios e consideração do público incide no desejo de repetir um comportamento de sucesso. Segundo Weinberg e Gould (2017), os elogios verbais, as expressões faciais e gestos, como tapinhas nas costas, constituem-se em feedbacks positivos que fomentam a motivação.

Os atletas motivam-se com a aquisição de status na equipe, reconhecimento e fama, ou seja, almejam o prestígio que resulta de uma apresentação bem sucedida. No relato de S12, observamos que esse atleta busca e aprecia a valorização de seu desempenho pelo público que o assiste: (...) faço as pessoas, o público, rirem e se impressionarem com as minhas manobras, com a minha arte! (...) aquela expressão no rosto das pessoas de impressionada do que eu faço, isso me motiva a querer mais! (...) aplausos, gritos e expressões, isso me motiva bastante (S12).

Para manter-se motivado, S12 expressa o regozijo de se sentir reconhecido em seus êxitos perante o público. Sua recompensa, bem como a satisfação pessoal, se dá por meio do reconhecimento de quem o assiste ao demonstrar as competências e as habilidades durante as apresentações (Fortier, Vallerand e Guay, 1995).

Considerações Finais

Weinberg (2009) alerta que a motivação é um dos fatores mais importantes para alcançar o êxito no esporte de alto rendimento. Mas, muitos atletas e treinadores não são conscientes disso e negligenciam estratégias e técnicas que poderiam facilitar a permanência e a obtenção de resultados no âmbito esportivo.

Concordamos com Burton e Raedeke (2008) que sem motivação até mesmo os atletas mais talentosos deixariam de alcançar o seu potencial máximo no esporte, enquanto atletas motivados e não considerados talentosos podem obter grandes resultados devido à motivação e ao desejo de vencer. Por isso, é essencial conhecer os fatores motivacionais de um determinado público com o intuito de estabelecer estratégias para apoiar a permanência dos mesmos no esporte.

A partir dos resultados do estudo, observamos que os atletas envolvidos na categoria do trickline exibiram diferentes fatores que incidiram na motivação, os quais contemplaram fatores de origem intrínseca e extrínseca. Refletimos que a maior parte dos indivíduos se mantém na prática de exercícios físicos não porque a atividade é interessante ou agradável em si, mas porque eles possuem algo a ganhar com ela (Ryan, Willians, Patrick e Deci, 2009), seja de caráter intrínseco ou extrínseco.

Corroboramos Martens (1987) que é comum que o envolvimento na prática esportiva contemple motivos intrínsecos e extrínsecos que interagem entre si direcionando a ação dos indivíduos, mas a importância que o praticante confere a cada um desses fatores é fundamental para o conhecimento dos professores e treinadores esportivos com intuito de atender as necessidades e demandas dos esportistas. Nesse sentido, estudos que buscam a compreensão dos aspectos de motivação para a permanência no esporte são necessários para estabelecer ações que catalisam o engajamento e o consequente alcance do potencial máximo do atleta na modalidade.

Destarte, pesquisas que primam por entender os aspectos motivacionais para se manter na prática esportiva são necessários, especialmente, nos esportes como o slackline que são novas tendências no cenário competitivo. E, devido ao recente processo de esportivização, estudos posteriores poderiam ser realizados com grupos populacionais diversos, categorias diferentes, países de destaque, entre outros.

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Received: May 23, 2022; Accepted: July 30, 2022; pub: August 01, 2022

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