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Mastozoología neotropical

versión impresa ISSN 0327-9383

Mastozool. neotrop. vol.19 no.1 Mendoza jun. 2012

 

ARTÍCULOS Y NOTAS

Variação espacial e sazonal atropelamentos de mamíferos no bioma cerrado, rodovia BR 262, Sudoeste do Brasil

 

Nilton C. Cáceres1, Janaina Casella2 e Charla dos Santos Goulart3

1 Laboratório de Ecologia e Biogeografia. Departamento de Biologia, CCNE, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 97.110-970, Brasil.
2 Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, CCBS, Cx.P. 549, Campo Grande, MS, 79.070-900, Brasil [correspondência: <janacas@gmail.com>].
3 Departamento de Biociências. Campus II. Rua Oscar Trindade de Barros, s/n. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS, 79.200-000, Brasil.

Recibido 1° febrero 2011.
Aceptado 16 noviembre 2011.
Editor asociado: D Astua

 


RESUMO: Foram examinadas a composição e abundância das espécies de mamíferos atropeladas em dois trechos da rodovia BR 262, a relação dos atropelamentos com a distância de centros urbanos, a escala espacial dos atropelamentos, a distribuição dos atropelamentos segundo a sazonalidade e a relação dos atropelamentos com o número de veículos. Os animais atropelados foram registrados durante 2 anos e 4 meses entre Campo Grande e Miranda, estado do Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil. Ao todo foram registrados 231 espécimes de mamíferos distribuídos em 20 espécies, sendo Carnivora, Cingulata e Pilosa as principais ordens. Os atropelamentos foram mais intensos conforme o distanciamento dos grandes centros urbanos. Na análise de distribuição espacial e sazonal dos atropelamentos, Cerdocyon thous e Tamandua tetradactyla apresentaram picos definidos de atropelamentos em certos trechos da estrada, marcados sazonalmente. Não houve diferença na riqueza de espécies entre os trechos estudados nem entre as estações climáticas. Porém, o número total de atropelamentos se mostrou mais acentuado no trecho da rodovia que estava mais próximo ao Pantanal, com destaque para as ordens Carnivora e Pilosa. Em geral, houve mais atropelamentos durante o período chuvoso, com destaque para a ordem Cingulata. Recomendações de manejo são feitas com o objetivo de diminuir o efeito prejudicial da estrada, tais como uso de placas sinalizadoras de locais e épocas críticas de atropelamentos, uso de cercas de contenção de fauna em trechos críticos e facilitação para a movimentação da fauna através da rodovia, de modo seguro.

ABSTRACT: Spatial and seasonal variation of mammal road kill in the BR-262 highway, Cerrado biome, southwestern Brazil. The composition and abundance of mammal road kills were examined on two stretches of the BR-262 Federal Road, besides relationship between city distance and road kill, road-kill spatial distribution, seasonality effects, and relationship with vehicles daily volume. The killed animals were registered over 2 years and 4 months, between Campo Grande and Miranda, in southwestern Brazil. A total of 231 mammal specimens was found, which were distributed in 20 species, being Carnivora, Cingulata and Pilosa the main orders. The road-kill frequency was more intense far from big urban centers. Analyzing the spatial distribution of road kills, Cerdocyon thous and Tamandua tetradactyla showed defined peaks of road kill, in specific sites of the road, being also seasonally marked. There were no differences in the species richness between road stretches or between seasons. However, the number of road kills was higher in the stretch near the Pantanal biome, with emphasis to Carnivora and Pilosa. Overall, there were more road kills during the rainy season, with Cingulata as the main order. Management recommendations are done in order to diminish the road impact, such as the use of road sign in critical locations for road kills, use of fences for faunal contention in critical stretches, and facilitation of faunal movements for crossing safely the road.

Palavras-chave: Carnivora; Cingulata; Ecologia de estradas; Escalas de atropelamento; Myrmecophaga tridactyla.

Key words: Carnivora; Cingulata; Myrmecophaga tridactyla; Road ecology; Road-kill scale.


 

INTRODUçãO

Entre os fatores antrópicos que ameaçam as espécies da fauna silvestre, o atropelamento pode ser uma importante causa de mortalidade em todo o mundo, como tem sido reportado na Europa (Sorensen, 1995; Forman et al., 2003; Baker et al., 2004; Jaeger e Fahrig, 2004). No Brasil, apesar de novos artigos terem sido publicados nos últimos anos enfocando mamíferos (e.g. Bager, 2006; Cherem et al., 2007; Melo e Santos-Filho, 2007; Coelho et al., 2008; Zaleski et al., 2009; Cáceres et al., 2010b), ainda são escassos os estudos sobre ecologia de rodovias, principalmente quando relacionam a mortalidade por atropelamento com a conservação ambiental.
Recentemente tem-se demonstrado que as colisões envolvendo carnívoros são influenciados por fatores temporais (Philcox et al., 1999; Guter et al., 2005; Orlowski e Nowak, 2006) e por fatores espaciais (Clarke et al., 1998; Clevenger et al., 2003; Malo et al., 2004; Ramp et al., 2005). Variações sazonais são também relatadas para outras espécies para as quais, nas estações reprodutivas ou de recrutamento, as frequências de atropelamento são maiores (Grilo et al., 2009). Na estação seca, quando os recursos são escassos, pode haver um aumento na mobilidade dos animais, aumentando a frequência de atropelamento nas rodovias (Melo e Santos-Filho, 2007). Colisões com veículos mostram significantes aglomerações espaciais e parecem depender da densidade populacional, biologia e habitat das espécies, estruturas da paisagem, e características do tráfego de veículos na rodovia (Clevenger et al., 2003; Baker et al., 2004; Malo et al., 2004; Orlowsky e Nowak, 2006; Cáceres, 2011).
A rodovia BR 262 atravessa o gradiente ambiental formado entre o cerradão e o pantanal sul-mato-grossense (Ab'Sáber, 1988; IBGE, 1992), apresentando diferentes níveis de urbanização e extensas áreas de pastagem intercaladas à vegetação nativa. O fato da rodovia BR 262 abranger a zona de transição Cerrado-Pantanal (Veloso et al., 1991) a coloca como um importante fator para o entendimento dos impactos causados sobre a fauna atropelada, proveniente de duas diferentes regiões biogeográficas.
A diversidade da fauna regional é potencialmente elevada, sendo frequente a ocorrência de atropelamentos de mamíferos silvestres que utilizam as áreas de entorno da estrada como parte de seus habitats (Cáceres, 2011; Cáceres et al., 2010b).
Neste estudo são apresentados os resultados de um monitoramento de dois anos e quatro meses de duração referente aos atropelamentos de mamíferos na rodovia BR-262 em dois trechos (entre Campo Grande e Aquidauana e de Aquidauana a Miranda, no sudoeste do Brasil), avaliando o efeito do trânsito de veículos sobre os mamíferos silvestres e analisando os padrões sazonais e espaciais de atropelamentos nestes dois trechos.
Os objetivos deste estudo são: (i) avaliar a relação da distância das cidades com os atropelamentos; (ii) avaliar a distribuição espacial dos atropelamentos em termos de escalas de agrupamento de mortalidade ao longo da rodovia; (iii) avaliar as diferenças nos fluxos de veículos entre trechos de rodovia e entre estações climáticas; (iv) avaliar as diferenças de abundância e riqueza de mamíferos atropelados em dois trechos da rodovia, (v) avaliar as diferenças de abundância e riqueza de mamíferos atropelados entre estações climáticas (chuvosa e seca); e (vi) fazer recomendações de manejo da rodovia com o intuito de diminuir o efeito da estrada sobre a fauna silvestre.
Nossas hipóteses são: haverá influência da distância das cidades de maior porte sobre as frequências de atropelamentos; a distribuição espacial dos atropelamentos não será aleatória e sim agrupada para cada espécie; haverá diferença nos atropelamentos entre os dois trechos da rodovia já que um deles se situa entre dois grandes centros urbanos; a sazonalidade climática influenciará nos atropelamentos, com o período chuvoso sendo aquele com maior índice; o volume de tráfego de veículos diferirá entre os postos de contagem e influenciará na frequência de atropelamento da fauna.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo: A rodovia BR 262 é de pista única e mão dupla, predominantemente retilínea, mas com alguns trechos sinuosos de serra. A área estudada consiste em um trecho de 200 km, entre as cidades de Campo Grande e Miranda, no estado de Mato Grosso do Sul, no sudoeste do Brasil. Padronizamos chamar a junção de duas cidades adjacentes, Aquidauana e Anastácio, separadas apenas pelo Rio Aquidauana, como "Aquidauana" (Fig. 1).


Fig. 1. Área de estudo, mostrando a rodovia BR 262, trecho entre Campo Grande e Miranda, no estado de Mato Grosso do Sul, no sudoeste do Brasil. Bioma Pantanal em cinza e Cerrado em branco.

Para este estudo, a rodovia foi dividida em dois trechos. O primeiro trecho (#1) se estende de Campo Grande a Aquidauana, com 130 km de extensão. Este primeiro trecho tem acostamento e zona de amortecimento mantidos sempre com poucas árvores e vegetação baixa. No segundo trecho (#2), entre Aquidauana e Miranda, com 70 km, a estrada é muitas vezes sem acostamento ou com baixa manutenção na zona de amortecimento. O trecho #2 se situa nas adjacências do bioma Pantanal (Fig. 1).
A vegetação da região é típica de savana do bioma Cerrado, principalmente arbórea (cerradão), apresentando florestas de galeria ao longo de rios que cortam a rodovia, sendo os principais o Rio Cachoeirão (km 430) e Rio Dois Irmãos (km 460) no trecho 1; o trecho 1 segue em muitos quilômetros quase paralelamente o Rio Aquidauana (entre km 460 e 490), que recebe as águas dos dois rios citados acima (Fig. 1). A Serra de Maracaju, em seu trecho oeste, é cortada pela rodovia principalmente entre os km 440 e 470. O trecho 2 tem o bioma Pantanal muito próximo, em seu lado norte (Fig. 2).


Fig. 2. Perfil da região de estudo, mostrando a rodovia BR 262 (linha tracejada), trecho entre Campo Grande e Miranda, no estado de Mato Grosso do Sul, no sudoeste do Brasil. Altitude se refere à área cinza e a latitude à linha tracejada. O principal trecho da Serra de Maracaju, cortado pela rodovia, é ressaltado na figura.

Coleta de dados: Os dados foram computados através de registros sistemáticos, sempre que possível com periodicidade quinzenal no ano de 2002 e a partir de fevereiro de 2003 a agosto de 2004, com periodicidade semanal. Foram realizadas 50 viagens no trecho 1 e 30 no trecho 2, além de 45 viagens durante a estação chuvosa e 35 durante a seca.
As viagens foram realizadas de motocicleta e as saídas eram feitas logo no início da manhã, para que fosse observado o maior número possível de carcaças, antes que
essas fossem destruídas pelo tráfego de veículos ou removidas por animais necrófagos. Um indivíduo de cada, das seguintes espécies, teve seu crânio preparado como testemunho e estão depositados na Coleção de Mamíferos da UFSM: Cerdocyon thous, Chrysocyon brachyurus, Eira barbara, Leopardus pardalis e Puma yagouaroundi. A velocidade média percorrida foi de 60 km/h e, para cada animal atropelado, dados detalhados do local, espécie, data, quilômetro da rodovia e coordenadas geográficas foram anotados. Espécimes de difícil identificação em campo, devido às condições da carcaça, foram levados ao laboratório para exame detalhado e correta identificação. As coordenadas geográficas de cada registro de atropelamento foram obtidas com um GPS de navegação (Global Position System), sempre com erro PDOP menor que 10 m.
Após identificação e anotação, a carcaça era removida para a área de refúgio contígua para evitar que fosse contabilizada novamente na viagem seguinte. Foram consideradas todas as espécies de mamíferos silvestres atropelados visualizados na faixa de domínio da rodovia compreendendo a faixa de rolagem e o acostamento. A classificação e nomes específicos utilizados seguiram Wilson e Reeder (2005).
Os dados provenientes do tráfego de veículos na BR 262 para os dois trechos da rodovia foram obtidos a partir do volume diário médio (VDM), disponibilizados pelos postos de contagem do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) e pelo CETRAN (Centro de Excelência em Engenharia de Transportes), que são órgãos governamentais brasileiros.

Tratamento dos dados: Para testar a hipótese de influência de grandes centros sobre a frequência de atropelamentos, utilizamos a análise de regressão linear múltipla entre abundância de atropelamentos para cada espécie em trechos de 20 km da rodovia e as distâncias dos dois principais centros urbanos na região, Campo Grande e Aquidauana. Essas duas variáveis preditoras foram transformadas (raiz quadrada) antes das análises para torná-las homocedásticas para com a variável dependente.
Para verificar em quais escalas a distribuição espacial dos atropelamentos foi mais intensa, utilizou-se uma modificação da estatística K de Ripley que avalia a não-aleatoridade da distribuição espacial de eventos de atropelamentos ao longo de diversas escalas de agrupamento. O método utiliza também uma função para sua interpretação (Ripley, 1982; Levine, 2000) proposta por Clevenger et al. (2003), modificada por Coelho e colaboradores (2008). Os atropelamentos foram avaliados através do conjunto total de dados e depois por estação (chuvosa e seca). As espécies com maior ocorrência foram avaliadas individualmente quanto a esses parâmetros, através do software SIRIEMA 1.0 (Coelho, 2006). O raio inicial foi de 100 m e o intervalo de raio foi de 500 m. Os valores de significância acima dos limites de confiança (99%) obtidos a partir dessas simulações indicam escalas com agrupamentos significativos e os valores abaixo desses limiares indicam escalas com dispersão significativa (Coelho, 2006).
Para avaliar se a riqueza de espécies atropeladas diferiu significativamente entre os dois trechos analisados e entre as duas estações climáticas, utilizou-se o teste G. Optou-se por não corrigir a riqueza quanto ao comprimento do trecho ou esforço amostral devido ao fato de se tratar de uma medida de composição de espécies, que é menos sensível à variação do esforço amostral; porém, para a abundância de atropelamentos, essa correção foi realizada (ver adiante).
O teste G foi utilizado para avaliar se houve diferença significativa nas abundâncias totais de atropelamentos entre trechos e estações do ano. O mesmo teste foi utilizado para as principais ordens de mamíferos, tanto para trecho quanto para sazonalidade.
Os dados de VDM foram mantidos separados por posto de contagem e por estação do ano. O posto de contagem localizado em Terenos, denominado 262BMS1338, leva em consideração os veículos que transitaram entre Campo Grande e Aquidauana (#1). O posto localizado em Aquidauana, denominado 262BMS2362, leva em consideração os veículos que transitaram entre Aquidauana e Miranda (#2). As diferenças entre os valores de VDM entre os trechos e períodos do ano foram averiguadas se significativas através do teste t.
Todos os dados foram padronizados previamente para todas as análises estatísticas, de acordo com a extensão do trecho de rodovia (Baker et al., 2004) e com o número de viagens em cada trecho da rodovia ou estação climática. O trecho 2 foi padronizado multiplicando-se o valor absoluto pelos quocientes da divisão do comprimento do trecho 1 pelo comprimento do trecho 2 e da divisão do esforço amostral no trecho 1 pelo esforço no trecho 2; a estação seca foi padronizada pela multiplicação do valor absoluto pelo quociente da divisão do esforço amostral na estação chuvosa pelo esforço na estação seca. Os testes estatísticos foram realizados através do programa BioEstat 5.0 (Ayres et al., 2007).

RESULTADOS

Um total de 231 animais atropelados foram registrados, distribuídos em 20 espécies distribuídas em 6 ordens e 10 famílias de mamíferos. As ordens mais registradas foram Carnivora (N = 91), Cingulata (N = 73) e Pilosa (N = 55), com destaque para C. thous, Euphractus sexcinctus e Myrmecophaga tridactyla (Tabela 1).

Tabela 1 Frequência de atropelamento segundo diferentes espécies de mamíferos durante as estações chuvosa e seca na rodovia BR 262, trecho 1, de Campo Grande a Aquidauana, e trecho 2, de Aquidauana a Miranda, no estado de Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil, entre os meses de maio de 2002 a agosto de 2004.

Distância de centros urbanos
Um gradiente de intensidade de atropelamentos foi observado ao longo da rodovia amostrada, sendo maior quanto mais se afasta do maior centro urbano (Campo Grande; 766.461 habitantes; IBGE, 2010), havendo nova diminuição quando se aproxima de outro centro urbano de menor tamanho (Aquidauana e Anastácio, juntas com 68.876 habitantes), mas parece não haver tanto efeito perto de um centro urbano menor ainda (Miranda; com 25.481 habitantes (Fig. 3a). A regressão múltipla entre abundância de fauna e distâncias dos principais centros urbanos foi significativa para C. thous (F = 9,2; R2 = 0,40; P = 0,01), M. tridactyla (F = 7,3; R2 = 0,33; P = 0,02) Tamandua tetradactyla (F = 5,3; R2 = 0,22; P = 0,04), E. sexcinctus (F = 9,9; R2 = 0,42; P = 0,01), exceto para Dasypus novemcinctus (P = 0,63). De fato, houve uma relação explanatória muito forte das distâncias dos grandes centros urbanos explicando a abundância geral de mamíferos atropelados (F = 19,1; R2 = 0,62; P = 0,002).


Fig. 3. a) Número total de mamíferos atropelados por trechos de 20 quilômetros (eixo horizontal) na rodovia BR-262 no oeste de Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil, durante os anos de 2002 a 2004. b) Número de indivíduos atropelados de Cerdocyon thous; c) de Myrmecophaga tridactyla; d) de Tamandua tetradactyla; e) de Euphractus sexcinctus e f) de Dasypus novemcinctus. Localizações dos perímetros urbanos no eixo horizontal: início da cidade de Campo Grande está situado nos quilômetros 360-379; cidade de Aquidauana está localizada nos quilômetros 480 e 499 e cidade de Miranda após o quilômetro 559.

Escalas espaciais de atropelamentos
Nas análises de distribuição espacial envolvendo todos os atropelamentos, houve formações de agrupamentos para todas as escalas avaliadas, não havendo nítida distinção entre os períodos chuvoso e seco; porém, houve agrupamentos nítidos para determinadas espécies. O padrão espacial de C. thous foi inverso em relação aos picos de agrupamentos de atropelamentos durante a estação seca frente à estação chuvosa. Cerdocyon thous apresentou um pico de agregação (na escala de 10 km) de atropelamentos durante a estação seca (Fig. 4b), ao passo que um pico similar foi observado para T. tetradactyla (13 km), porém durante a estação chuvosa (Fig. 4d). Dasypus novemcinctus apresentou um pico de agrupamento em maior escala, em torno de 50 km, durante a estação chuvosa. Para M. tridactyla e E. sexcinctus, em geral não houve picos significativos de agrupamento, apenas em escalas muito grandes (135 km; Fig. 4c).


Fig. 4. Estatística L (Kobs-Kexp) com função de agrupamento (linha mais escura) conforme a distância de escala (raio) e limite de confiança de 99% (linhas em cinza) para a distribuição de espécies atropeladas de mamíferos na BR 262, sudoeste do Brasil, entre os anos de 2002 e 2004. Legendas: todas as espécies (a); Cerdocyon thous (b); Myrmecophaga tridactyla (c); Tamandua tetradactyla (d); Euphractus sexcinctus (e) e Dasypus novemcinctus (f).

Os padrões específicos de atropelamentos das cinco espécies foram mais nítidos para e C. thous e T. tetradactyla, ocorrendo principalmente entre os km 420 e 460 da BR 262, havendo também um pico para a primeira espécie entre os km 500 e 520 (Figs. 3b, 3d). Myrmecophaga tridactyla apresentou pico de atropelamentos similar a um dos picos de C. thous, entre os km 420 e 440; as duas espécies de tamanduás apresentaram um segundo pico entre os km 540 e 560, próximo à cidade de Miranda (Figs. 3c, 3d). O padrão para D. novemcinctus foi também nítido entre os km 460 e 480, que é um trecho logo após os principais trechos observados para C. thous e T. tetradacyla (Figs. 3b, 3c, 3d, 3e, 3f), estando relacionado à proximidade com o Rio Aquidauana. De forma geral, os principais trechos com atropelamentos das espécies foram aqueles entre os km 420 e 440 com 30 casos, entre os km 460 e 480 com 29 casos (trecho 1) e aquele entre os km 500 e 520 com 27 casos (trecho 2) (Fig. 3a).

Diferenças entre trechos e estações climáticas
Não houve diferença significativa entre as riquezas de espécies observadas entre os dois trechos da rodovia (G = 2.9; P = 0.09) ou entre as estações climáticas (G = 0.0; P = 0.86). Porém, o número total de atropelamentos se mostrou mais acentuado no trecho 2 (G = 14.5; P < 0.001) ou no período chuvoso (G = 7.6; P = 0,006), quando corrigidos pelo comprimento do trecho de rodovia e/ou esforço amostral (Tabela 2).

Tabela 2 Número de atropelamentos totais e para cada ordem, riqueza de espécies de mamíferos silvestres e volume diário médio (VDM) de veículos por trecho da rodovia BR 262 e por estação do ano no estado de Mato Grosso do Sul, sudoeste do Brasil. Número entre parênteses é um valor estimado de atropelamentos para o trecho 2 ou para a estação seca, por um fator de correção que leva em conta as diferenças de extensão entre trechos e/ou esforço amostral em dias de viagem.

Entre os dois trechos analisados, houve diferença significativa para as ordens Pilosa (G = 3.9; P = 0.05) e Carnivora (G = 9.2; P = 0.003), mas não para Cingulata (G = 2.7; P = 0.10), havendo maiores valores de abundância para o trecho 2 (Tabela 2). Porém, Cingulata foi o grupo mais atropelado na estação chuvosa quando comparada à estação seca (G = 21.8; P < 0.0001), sendo que não houve diferença para as outras ordens de mamíferos (Pilosa: G = 0.6; P = 0.44; Carnivora: G = 0.2; P = 0.69).
Os meses com maior número de animais atropelados foram aqueles do período entre novembro de 2003 e março de 2004, com elevadas frequências de atropelamento, principalmente de C. thous e E. sexcinctus, além de outras espécies de tatus e tamanduás (Fig. 5). Fora desse período, em julho de 2003 e em maio de 2004, os atropelamentos de C. thous (Fig. 5b) e M. tridactyla (Fig. 5c) foram notórios também, respectivamente.


Fig. 5. Distribuição mensal de espécies atropeladas de mamíferos (não corrigida) na BR-262, entre os trechos de Campo Grande a Miranda, MS, sudoeste do Brasil, entre os anos de 2003 e 2004. Legendas: todas as espécies (a); Cerdocyon thous (b); Myrmecophaga tridactyla (c); Tamandua tetradactyla (d); Euphractus sexcinctus (e) e Dasypus novemcinctus (f).

Volume diário médio de veículos (VDM)
O VDM de veículos nos anos de 1994 a 1998 no posto de contagem de Terenos (trecho 1) foi de 2722 ± 226 veículos, significativamente maior (t = 9.4; P < 0,001) do que no posto de contagem de Aquidauana (trecho 2), no qual o VDM foi de 1641 ± 25 veículos entre os anos de 1997 a 2001. Não houve diferença no VDM entre as estações chuvosa e seca.

DISCUSSãO

A fauna de mamíferos atropelada na BR 262, no trecho entre Campo Grande e Miranda, é composta principalmente por carnívoros, tamanduás e tatus, que são espécies de ampla distribuição. Mesmo as espécies mais características de savana ou ambientes de vegetação aberta, como M. tridactyla, são geralmente espécies de ampla distribuição (Fonseca et al., 1996; Medri et al., 2006; Miranda e Medri, 2010). Embora existam pequenas diferenças na composição de espécies entre localidades, outros estudos desenvolvidos no bioma Cerrado também apontam C. thous, M. tridactyla, T. tetradactyla, E. sexcinctus e D. novemcinctus como espécies de maior mortalidade nas rodovias do bioma (Vieira, 1996; Prado et al., 2006; Melo e Santos-Filho, 2007), indicando que essas espécies são comuns ao longo dessas rodovias (Cáceres, 2011).
Espécies ameaçadas de extinção (MMA, 2010), como M. tridactyla, C. brachyurus, Tapirus terrestris e L. pardalis, são frequentemente ou eventualmente encontradas atropeladas em regiões de Cerrado (Prado et al., 2006; Melo e Santos-Filho, 2007), como observamos aqui.

Distância de centros urbanos
Estudos têm mostrado relações estreitas e diretas entre o maior tráfego de veículos e o número de atropelamentos de animais silvestres (Baker et al., 2004; Orlowsky e Nowak, 2006; Coelho et al., 2008). Porém, um fator importante revelado neste estudo é a distância de grandes centros urbanos e o efeito da estrada. Quanto mais distante das cidades, maior é impacto direto da rodovia sobre fauna. A partir disso, há dois fatos que devemos ressaltar: 1) que a fauna se encontra depauperada perto dos grandes centros urbanos (e.g. Santos e Tabarelli, 2002) e 2) que a fauna ainda se encontra melhor conservada longe dos centros urbanos, pois é justamente onde o efeito da estrada é maior atualmente.

Escalas espaciais de atropelamentos
As agregações significativas observadas indicam que existem concentrações de animais atropelados em determinados trechos da rodovia (como para T. tetradactyla e D. novemcinctus na estação chuvosa e para C. thous na estação seca), porém as agregações que se formaram sob escalas muito grandes (maior que 50 km) não conferem precisão à análise já que praticamente alcançam a extensão da rodovia monitorada (Coelho et al., 2008). Os distintos agrupamentos espaciais observados e mesmo a ausência desses para as demais espécies analisadas sugerem diferenças nos seus comportamentos, como o uso diferencial de habitat do entorno da rodovia. Aqui salientamos a provável influência das matas ciliares úmidas dos rios Cachoeirão e a proximidade do Rio Aquidauana nas frequências de atropelamentos observadas, principalmente para C. thous e D. novemcinctus. Essa coincidência indica que essas espécies podem depender sazonalmente desses habitats, já que ambas as espécies revelaram padrões espaço-temporais nítidos de atropelamentos.
Cerdocyon thous é uma espécie abundante nas imediações das estradas da região estudada (Cáceres, 2011). A maior concentração de atropelamentos em certos trechos da estrada durante a estação seca para essa espécie ocorreu provavelmente devido ao início do período reprodutivo (Berta, 1982), o que faz com que os animais se movimentem mais. Padrão similar pode ser atribuído a T. tetradactyla, que apresentou picos concentrados de atropelamentos, embora durante a estação úmida. Acreditamos que a concentração de atropelamentos de D. novemcinctus na escala de agrupamento de 50 km esteja relacionada ao fato da espécie ter afinidade com ambientes mais florestados e próximos a matas ciliares (Goulart et al., 2009). Para essa espécie, esses trechos estão relacionados à Serra de Maracaju que corta a BR 262 (entre km 440 e 480) e também à proximidade com as matas ciliares do Rio Aquidauana (entre km 470 e 490).
Euphractus sexcinctus e M. tridactyla, ao contrário, são espécies de área aberta no bioma Cerrado (Redford e Wetzel, 1985), o que explica suas elevadas taxas de mortalidade na rodovia e a ausência de agregação espacial nos atropelamentos. Esse fato mostra que essas espécies devem estar distribuídas mais homogeneamente na paisagem que circunda a rodovia estudada, que é dominada por pastagens onde essas espécies devem circular livremente entre fragmentos florestais, que utilizam como abrigo diurno (Mourão e Medri, 2007, para M. tridactyla).

Diferenças entre trechos e VDM
Embora o número de veículos que transitaram em média no trecho 1 tenha sido maior que no trecho 2, a riqueza de espécies não diferiu entre os dois trechos, o que pode estar relacionado à presença da Serra de Maracaju no trecho 1 e à proximidade do Pantanal no trecho 2, sendo que ambos os fatores levariam a um incremento de espécies ou de indivíduos nas cercanias da rodovia. Em ambos os casos, tanto a Serra de Maracaju (Cáceres et al. 2010a) quanto o Pantanal (Swartz, 2000; Tomas et al., 2001; Harris et al., 2005) funcionam como reservatórios de espécies, sendo atenuados pelos efeitos prejudiciais da rodovia através dos atropelamentos e os efeitos indiretos da estrada (Laurance et al., 2009). Isso explica também porque Carnivora e Pilosa foram mais atropelados no trecho 2 da BR 262, o qual está localizado muito próximo às vastas áreas conservadas do Pantanal, ao passo que a região da Serra de Maracaju tem sofrido relativamente mais com o desflorestamento
(NCC, observação pessoal). O menor trânsito de veículos e os maiores números estimados de atropelamentos no trecho 2 apontam para uma maior importância dessa região em termos de conservação.

Diferenças entre estações climáticas e VDM
Visto que a média de veículos que trafegam diariamente na BR 262 foi a mesma nas duas estações do ano, as variações sazonais de mamíferos atropelados devem estar relacionadas a outros fatores, como a sazonalidade climática. Diferenças sazonais podem estar relacionadas às épocas de maiores deslocamentos dos animais devido aos diferentes ciclos biológicos das espécies, como épocas de maior atividade reprodutiva e de picos populacionais decorrentes (Flowerdew, 1987; Grilo et al., 2009). A disponibilidade sazonal de fontes de alimentos, como frutos, e as condições climáticas diferenciais de temperatura e umidade no Cerrado devem influenciar nos movimentos das espécies de mamíferos (Reys et al., 2005; Mourão e Medri, 2007; Vieira et al. 2010). Isto está de acordo com nossos resultados em termos de incidências de atropelamentos em determinadas estações do ano, como ocorreu para Cingulata na estação chuvosa.

CONCLUSãO

Concluímos que os atropelamentos na BR 262 (entre km 360 e 560) são mais intensos sobre mamíferos com maior distribuição geográfica, podendo ser espécies de área aberta como tamanduás e tatus. Os atropelamentos são mais severos em locais onde a rodovia cruza por zonas próximas a áreas bem conservadas do Pantanal e da Serra de Maracaju ou em regiões com matas ciliares bem desenvolvidas. A distribuição espacial dos atropelamentos é espécie-dependente, sendo menos intensos nas adjacências de grandes centros urbanos. Os períodos de chuva e de seca também contribuem para os agrupamentos de atropelamentos para algumas espécies, sendo o período chuvoso aquele com mais registros de mamíferos atropelados. O volume diário médio de veículos que trafegam nos trechos avaliados parece interferir nas frequências de atropelamentos.
Sugerimos que medidas mitigadoras sejam executadas nos trechos monitorados mais relevantes da BR 262, em particular nas proximidades do Rio Cachoeirão entre os km 420 e 440, nas proximidades da Serra de Maracaju entre os km 440 e 480 e nas proximidades do Pantanal entre os km 500 e 560. Assim sendo, várias espécies seriam salvaguardadas e não somente as principais alvejadas neste estudo.

RECOMENDAçÕES

I. Uso de placas sinalizadoras nos trechos críticos, indicando risco de animais na pista; recomenda-se mostrar a silhueta das espécies mais prováveis de atropelamento e a época do ano com maior incidência, através de símbolos de fácil entendimento;
II. Uso de redutores de velocidade de veículos nesses trechos segundo as normas de trânsito nacionais, caso não exista um sistema que facilite a passagem de fauna, de modo seguro, através da rodovia;
III. Uso de cercas de contenção (cercas-guia) nos trechos em que grandes fragmentos de cerradão ou de mata ciliar encostam-se à rodovia, evitando com que os mesmos atravessem-na em locais impróprios;
IV. Experimentar a construção de túneis amplos que passem sob a rodovia, para que sejam usados como passadouros de fauna, aliados à instalação de cercas-guia, nos trechos com maiores freqüências de atropelamentos. Pontes já existentes deveriam ser adequadas a esses propósitos, já que matas de galeria são corredores naturais de fauna.
V. Monitorar o efeito de cada uma dessas medidas e suas combinações, antes, durante e após suas execuções. Monitorar também espécies ameaçadas de extinção, como M. tridactyla, em função da utilização do entorno de rodovias.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus de Aquidauana, pelo auxílio logístico e, em especial, a Andreas Kindel e Igor P. Coelho da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em Porto Alegre por cederem o software SIRIEMA e pela ajuda com o programa. O artigo foi melhorado em algumas ideias apontadas por revisores, para quem agradecemos. NCC é bolsista-pesquisador do CNPq/Brasil.

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